MUDANÇAS CLIMÁTICAS |
[Por: Francisco Luiz Noel Foto: Divulgação / Banco de Imagens CNseg / Marcelo Camargo ]
SEVERIDADE DOS ACIDENTES NATURAIS ACENDE A LUZ AMARELA DO SETOR Mantido o ritmo atual da série de eventos resultantes das mudanças climáticas, o cenário futuro de algumas das mais importantes cidades à beira-mar será dramático, exigindo um pacto entre Governo e o setor de seguros.
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ator de risco incorporado às operações do mercado segurador em vários países, as mudanças climáticas decorrentes do aquecimento global são motivo de preocupação crescente para o setor no Brasil. A atenção de companhias seguradoras e resseguradoras está focada sobretudo na exposição do extenso e populoso litoral brasileiro aos riscos climáticos – entre eles, a elevação do nível do Atlântico e o consequente avanço de suas águas sobre zonas urbanas. Com 8,7 mil quilômetros, a faixa costeira do País concentra mais de 125 milhões de pessoas (60% da população), em áreas metropolitanas e cidades de médio e pequeno portes. A amostra dos riscos que vão se tornando reais está traçada no relatório “Impacto, Vulnerabilidade e Adaptação das Cidades Costeiras Brasileiras às Mudanças Climáticas”, lançado em 2017 pelo Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), vinculado aos Ministérios do Meio Ambiente e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
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“Não falta ao setor no Brasil capital para disponibilizar capacidade de atendimento a essa demanda gerada pelas mudanças climáticas, incluídos o segmento de resseguro e outros mecanismos de distribuição de responsabilidades.” Frederido Knapp / Fenaber
O estudo adverte que, além de fazer subir o nível do mar, as mudanças no clima vão aumentar a temperatura das águas oceânicas e a frequência e intensidade de chuvas e tempestades na costa brasileira. O trabalho, que mobilizou cinco especialistas, foi coordenado pelos cientistas José Antonio Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), e Fábio Scarano, da UFRJ e da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS). O relatório do PBMC prevê, como efeito das alterações climáticas, a ocorrência de deslizamentos de terra, enchentes e, por força do avanço do mar, erosão de áreas litorâneas, avaria e destruição de moradias e instalações de infraestrutura à beira-mar, como hospitais, escolas, rodovias e portos. Como medida preventiva, os cientistas recomendam a realização de investimentos e ações “com foco na redução de riscos e minimização dos impactos ocasionados pelos eventos extremos climáticos e oceanográficos”. O mercado segurador tem, nesse contex-