Missão no Nordeste

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tradicional visando alcançar novos adeptos. Entretanto, ainda está lenta na sua adequação e preparação para estas mudanças. Um exemplo disso está nos seus pastores, especialmente aqueles que trabalham no Nordeste. Muitos deles vieram para esta região recém-formados e reproduzem no seu início de ministério os mesmos modelos dos seus antecessores. Levam um bom tempo para perceber as nuances do local e se desprender um pouco do seu modelo de formação tradicional dando espaço a iniciativas que sejam mais autóctones. Um fator a ser considerado nesta inserção da IELB no meio urbano, que também tem as suas características próprias, é o fato de que até pouco tempo atrás sua atuação era maior no meio rural. Até o missionário se ambientar a sua nova realidade, urbana, leva-se um tempo grande. O crescimento maior é vegetativo71 do que através de um trabalho missionário. Por isso, entendemos com Mendonça que “as igrejas de imigração, como os luteranos [...] estão sujeitas às regras da etnia e com teologia mais definida na relação com as suas fontes – fontes mais estáveis e menos conflituosas –, essas igrejas passaram a gozar, há algum tempo, no campo religioso brasileiro, de maior objetividade e liberdade de ação. Quanto ao crescimento, embora vegetativo, por ocorrer dentro da etnia, constituem exceção em face das de origem missionária” (MENDONÇA, 1984, p. 24). O desafio da IELB no Nordeste sempre foi e será grande. Já houve muitos avanços, acertos e desacertos. É a partir de um olhar crítico que se pode resgatar os verdadeiros valores da Igreja bem como de cada membro individualmente. É preciso cada vez mais um aprofundar-se no seu contexto sócio/político/econômico a fim de ocupar espaços que abrem ao diálogo na evangelização. As questões levantadas na presente dissertação servem apenas para aguçar as reflexões sobre a prática da IELB, sem, contudo, ressaltar o quanto de aprendizagem já se observou nesta caminhada. Afinal de contas, a IELB está aí e tem uma grande mensagem do amor de Deus para este povo tão sedento da boa nova. Porém, a sociedade está em mudança e requer um olhar mais criativo na evangelização. Conforme dizia o poeta alemão Goethe: “A humanidade está sempre avançado e o homem continua o mesmo” (FLOR, p.23). 71 Filhos de pais luteranos.

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