Revista Comunità Italiana Edição 165

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O elixir de Salerno Vinícolas da bela região de Cilento abrem mercado no Brasil

jornada da juventude Governador e prefeito do Rio conversam com o Papa sobre o evento de 2013

O quente do design Comitiva brasileira desembarca em Milão para o Salão do Móvel www.comunitaitaliana.com

ISSN 1676-3220

R 7,00 R$ 11,90

Rio de Janeiro, abril de 2012

Ano XVIII – Nº 165

De Turim, o maior designer de carros do mundo, Lorenzo Ramaciotti, revela detalhes sobre o mercado de automóveis

Requinte

sobrerodas

Minas fecha acordo com a Fiat para nova fábrica no estado


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abril 2012 | comunitĂ italiana


comunitĂ italiana | a bril 2012

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A b ril de 2012

Ano XVIII

Nº165

Arqueologia 31 | Tesouros de Stabiae no Rio Exposição inédita vai trazer à Uerj, em maio, afrescos da cidade que, junto com Pompeia, sucumbiu à erupção do Vesúvio em 79 d.C.

Lucas Sampaio

Nossos colunistas 09 | Cose Nostre

28 A influência das artes italianas no Brasil foi impulsionada pela imperatriz napolitana Teresa Cristina no século XIX. A aquarela Campo degli Aimoré, representando um cenário da ópera O Guarani, de Carlo Ferrario, é exemplo disso. Faz parte da exposição Artistas italianos no Brasil imperial, no Museu de Petrópolis (RJ) até 5 de agosto

CAPA 32 | Simplesmente o melhor Com exclusividade, o maior designer de carros do mundo, Lorenzo Ramaciotti, recebe Comunità em seu escritório no Centro Estilo Fiat de Turim e fala sobre o mercado global

Mercado de vinhos 24 | Missão de Salerno Dispostas a entrar no mercado brasileiro, vinícolas da região do Cilento encontram importadores em rodadas de negócios no Rio

26 | Vinitaly A mais prestigiada feira italiana do setor reúne mais de quatro mil expositores em Verona e produtores locais comemoram exportações

22 | Expovinis São Paulo recebe 20 mil visitantes de 24 a 26 de abril em evento que promove concurso de rótulos nacionais e importados

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40 | Guilherme Aquino Bento XVI dará o ar da graça em Milão durante o Sétimo Encontro Mundial da Família, previsto para acontecer de 30 de maio a 3 de junho

Música 41 | Mafalda Minnozzi Os bastidores

prefeito do Rio são recebidos por Bento XVI e tratam dos preparativos para a 13ª JMJ, em 2013

Italian Style 53 | É primavera! As tendências da estação: do estilo retrô às estampas florais em bolsas, sapatos e colares

abril 2012 | comunitàitaliana

una storia dell’Italia in Brasile meno conosciuta: è quella dell’influenza italiana sulla politica In tutti i paesi le imprese possono licenziare; ció che importa è dare protezione e nuove opportunitá a coloro che perdono il lavoro

Com a presença do ministro Clini, Itália, Brasil e África discutem cooperação internacional para promover fontes de energia limpas e renováveis

Jornada da Juventude 18 | Com a bênção do Papa Governador e

12 | Fabio Porta C’è

13 | Ezio Maranesi

Preparando a Rio+20 15 | Biocombustível

do show da cantora italiana, que comemora 15 anos de carreira, em Niterói

O estilista Guillermo Mariotto trouxe à 12ª edição do Capital Fashion Week o vestido Omaggio al Brasile e uma outra peça dedicada à recuperação da economia italiana

Design 20 | Comitiva O Salão do Móvel recebe grupo brasileiro de profissionais e empresários que irão conferir as novidades mundiais, enquanto o Rio+Design Milão entra em seu quarto ano consecutivo

Museu 43 | A casa do criador da Ferrari Antiga residência de Enzo Ferrari em Modena abre suas portas com fotos, cartas e 19 carros de época

45 | Giordano Iapalucci L’arte grafica sbarca a Firenze con la terza edizione del Florence Design Week, dal 22 al 27 maggio

52 | Andrea Ratto Spesso ad aggiudicarsi la Coppa Italia sono state squadre in grande ascesa che si sarebbero presto dimostrate capaci di ottenere risultati ancora maggiori

58 | Claudia Monteiro de Castro No vilarejo de Alberobello, na Puglia, está uma das igrejas mais insólitas da Itália


www.telespazio.net.br


Editorial

Expediente

Além da formação

A

certa o governo brasileiro ao incentivar os jovens estudantes do país a buscarem em universidades no exterior o conhecimento necessário através do programa que prevê 6 mil bolsas somente neste ano. A Itália é um dos principais parceiros do “Ciência sem Fronteiras” e um dos principais celeiros de formação em tecnologia, design e inovação no mundo. Além do evidente atrativo cultural italiano para a geração de novos talentos canarinhos, também para a Itália esta abertura é de grande interesse. A internacionalização universitária, neste caso entre os dois países, cria de forma concreta uma troca de conhecimento entre os futuros cientistas, e possivelmente líderes, e é capaz de dar a justa dimensão da relação histórica e da necessidade de colaboração entre as duas potências mundiais. Oferecer aos estudantes brasileiros não só mais competências, mas uma visão global a partir da excelência italiana, irá refletir consequentemente num desenvolvimento recíproco e dará fôlego a projetos bilaterais sustentáveis. Grupos italianos que operam aqui, como a Telecom Itália (Tim Brasil), a montadora Fiat e outros, ao apoiarem esta medida do Governo Federal através do financiamento dessas bolsas de estudo, mostram que estão comprometidos com o Pietro Petraglia crescimento do território e não com a geração de riqueza no Editor país para o mercado financeiro internacional. Conforme registramos no último número, o presidente da multinacional em telecomunicação Franco Bernabè anunciou em Brasília, ao lado do presidente da operadora no Brasil, Luca Luciani, que os centros de pesquisas e inovação da Tim, presentes em Roma, Torino, Trento e Veneza, abrigarão 400 estagiários por semestre. A iniciativa foi comemorada pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antônio Raupp, como forma de reconhecimento ao esforço do governo brasileiro em investir na formação intelectual e técnica da população. Na mesma direção, com foco no crescimento sustentável, é necessário que o governo brasileiro pense em estratégias para a ampliação da capacidade de consumo para as maiorias. É urgente a criação de ferramentas para o apoio às pequenas e médias empresas. Esses empreendimentos dependem e dão sustentação à evolução da economia. A existência dessas cerca de 6 milhões de empresas brasileiras e a retirada de 64% da população economicamente ativa da informalidade dependem de políticas públicas. Na Itália, são essas pequenas realidades que fizeram com que o país crescesse após o sofrimento das guerras e são elas, com menos de 250 funcionários e grande parte com menos de 20, que impulsionam a economia do país com 3,8 milhões de empresas para uma população de 62 milhões. Nesta edição, Comunità, como sempre, traz as novidades que movimentam o intenso fluxo de iniciativas entre italianos e brasileiros e as boas dicas para o entretenimento rico de história e arte. Boa leitura!

Fundada

em

março

abril 2012 | comunitàitaliana

1994

Diretor-Presidente / Editor: Pietro Domenico Petraglia (RJ23820JP) Diretor: Julio Cezar Vanni Publicação Mensal e Produção: Editora Comunità Ltda. Tiragem: 40.000 exemplares Esta edição foi concluída em: 13/04/2012 às 12:00h Distribuição: Brasil e Itália Redação e Administração: Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói, Centro, RJ CEP: 24030-050 Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555 e-mail: redacao@comunitaitaliana.com.br Redação: Guilherme Aquino; Gina Marques; Cíntia Salomão Castro; Nathielle Hó Vanessa Corrêa da Silva; Stefania Pelusi REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco Projeto Gráfico e Diagramação: Alberto Carvalho arte@comunitaitaliana.com.br Wilson S. Rodrigues arte2@comunitaitaliana.com.br Capa: Divulgação Colaboradores: Pietro Polizzo; Marco Lucchesi; Domenico De Masi; Fernanda Maranesi; Beatriz Rassele; Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta; Venceslao Soligo; Paride Vallarelli; Aline Buaes; Franco Gaggiato; Walter Fanganiello Maierovitch; Gianfranco Coppola CorrespondenteS: Guilherme Aquino (Milão); Gina Marques (Roma); Janaína Cesar (Treviso); Quintino Di Vona (Salerno); Gianfranco Coppola (Nápoles); Stefania Pelusi (Brasília); Janaína Pereira (São Paulo); Vanessa Corrêa da Silva (São Paulo); Publicidade: Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-2555 comercial@comunitaitaliana.com.br RepresentanteS: Espírito Santo - Dídimo Effgen Tel: (27) 3229-1986; 3062-1953; 8846-4493 didimo.effgen@uol.com.br Brasília - ZMC Representações Zélia Corrêa Tel: (61) 9986-2467 / (61) 3349-5061 e-mail:zeliacorrea@gmail.com Minas Gerais - GC Comunicação & Marketing Geraldo Cocolo Jr. Tel: (31) 3317-7704 / (31) 9978-7636 gcocolo@terra.com.br ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista.

La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori esprimono, nella massima libertà, personali opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione. ISSN 1676-3220

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de


cosenostre Julio Vanni

Bahia agora é de Recife

A

partir de 1º de maio, o estado da Bahia passará a fazer parte da circunscrição do Consulado em Recife. A mudança, segundo nota divulgada pela entidade, visa melhorar a gestão dos setores a cargo das representações consulares e da Embaixada. Os agendamentos fixados até 30 de abril mantêm a validade e os relativos pedidos serão atendidos pelo Consulado do Rio, em colaboração com o Consulado honorário de Salvador. Os residentes na Bahia deverão endereçar seus pedidos de serviços ao Consulado de Recife e às sedes periféricas. Os endereços podem ser encontrados no site www.consrecife.esteri.it/Consolato_Recife. A operação implicará na transferência de cerca de 4.500 processos de cidadãos italianos para Recife.

Eguren e Bassetti naex-executivo Usiminas da gigante ítalo-argentina Techint,

O

o argentino Julián Eguren, assumiu a presidência da Usiminas, substituindo o brasileiro Wilson Brumer, que estava no comando da empresa desde 2010, e já participou de mudanças importantes e estratégicas na siderúrgica. Em março, o executivo acompanhou a formação de um novo time de vice-presidentes para a empresa. Um deles é o italiano Paulo Bassetti, ex-diretor da Ternium Brasil, que assumiu a vice-presidência das subsidiárias.

Trabalhador declara mais

Diplomacia verde o último dia 5 de abril,

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m percentual de 49% dos contribuintes italianos possui uma renda bruta anual que não passa de 15 mil euros, enquanto um terço não supera os 10 mil. É o que informa as últimas declarações do Irpef, o Imposto de Renda de Pessoa Física, de 2011. Outro dado que emerge dos números do Ministério italiano da Economia é que os trabalhadores assalariados superam os empresários em renda anual declarada: 19.810 em média, da parte dos primeiros, e 18.170 pelo segundo grupo.

Macef Brasil edição brasileira da

N

N

a noite de 28 de março, o cantor Zucchero empolgou o público carioca em show realizado no Vivo Rio. O concerto fez parte da turnê do italiano pelo Brasil para apresentar o álbum Chocabeck. O assinante de ComunitàItaliana, Alexandre Mesquita, acompanhado da esposa Taíssa Romeiro, ganhou ingressos do sorteio realizado pela revista. No camarim, minutos antes do show, eles puderam conhecer de perto Zucchero, com quem tiraram fotos.

Gattinoni em Brasília grife Maison Gattinoni abriu a 12ª edição do Capital

A

Macef, a maior feira italiana de mobiliário e itens para a casa, vai acontecer em São Paulo, no Transamérica Expo Center de Santo Amaro, de 19 a 21 de junho. Estarão presentes os setores de artesanato, decoração, tecidos e produtos para cozinha e mesa. Milhares de produtores, distribuidores e varejistas são esperados, não só do Brasil e da Itália, mas também da Ásia e de outros países europeus e latinoamericanos. O evento italiano acontece de 6 a 9 de setembro, em Milão.

A

Fashion Week, uma manifestação dedicada à moda internacional organizada pela Embaixada italiana em Brasília, de 29 e 30 de março. Entre os 800 convidados, havia autoridades, diplomatas e designers que viram com exclusividade mundial o vestido Omaggio al Brasile, do estilista Guillermo Mariotto, diretor criativo de Alta Moda para a coleção Gattinoni Couture 2012. Foi apresentada também uma peça dedicada à recuperação da economia italiana: um vestido inspirado na moeda da União Europeia em branco, preto, verde e lilás, tendo, na cabeça, o Elmo desenhado por Leonardo da Vinci e revisitado por Mariotto.

Encontro com a arte ncontro oferece uma amostragem da participação de italianos

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e ítalo-brasileiros na arte do país, a partir dos acervos da Pinacoteca Municipal e do Sesc SP. São obras de artistas como Maria Bonomi, Iole Di Natale, Claudio Tozzi, Rubens Ianelli, Inos Corradin, Arcângelo Ianelli, Rubens Brunello e Alfredo Volpi. A programação completa inclui palestras e exibição de filmes. Até 15 de junho.

o ministro italiano do Meio Ambiente Corrado Clini, inaugurou, oficialmente, a Embaixada Verde, em Brasília, projeto que prevê eficiência energética com 600 metros quadrados de painéis fotovoltáicos e consumo de água tratada por fitodepuração. Clini afirmou que o projeto é uma espécie de vitrine das tecnologias italianas para os problemas ambientais, além de “dar início a uma forte cooperação entre os dois países”. Os números da Embaixada Verde serão apresentados em detalhe durante a Rio+20, em junho, informa o Ministério italiano.

Tabucchi escritor toscano

O

Antonio Tabucchi morreu, aos 68 anos, em Lisboa, capital do país pelo qual se apaixonou aos 20 anos, quando conheceu a obra de Fernando Pessoa, poeta cujos versos traduziu para o italiano. O autor de Réquiem, livro escrito por ele diretamente em língua portuguesa, esteve por vir ao Brasil duas vezes para a Flip de Paraty. Desistiu por motivos de saúde em 2010, mas, em 2011, causou rebuliço por cancelar a viagem por discordar publicamente da decisão do governo brasileiro de não extraditar Cesare Battisti.

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Opinião enquetes O papa Bento XVI defende a proibição do sacerdócio de mulheres. Você apoia essa postura?

Sim - 57,1% Não - 42,9% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 04/03/12 a 09/03/12.

frases

“Não queimei etapas na minha vida, apenas as acelerei. Quis me casar correndo para que a barriga não atrapalhasse em nada”,

“Não quero saber, a mim não interessa o amor. Uma relação funciona ou não, e eu não sei até quando”,

Susana Werner, casada há dez anos com o goleiro Julio César, revelando no Twitter que não se arrepende de ter largado a vida no Brasil para formar uma família em Milão

Monica Bellucci, atriz, revelando o seu ponto de vista sobre o amor, a fidelidade e o casamento ao La Repubblica

“No restaurante, eu vejo homens e mulheres que não falam uns com os outros, mas só olham para o tablet ”,

O Brasil chegará à Rio+20 sem a aprovação do Código Florestal. O evento vai gerar mudanças?

Patti Smith, cantora norteamericana em entrevista à revista italiana Amica

Sim - 40% Não - 60% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 10/03/12 a 15/03/12.

Produtores gaúchos querem o aumento de impostos sobre vinhos importados. Você apoia?

‘’Ringrazio Berlusconi per il merito che mi ha riconosciuto: se fossi stato zitto e buono lui sarebbe ancora premier. E l’Italia sarebbe alla bancarotta’’,

“O amor é uma armadilha, mas não podemos viver sem ele”, Madonna, cantora, em entrevista à publicação italiana Gioia

Gianfranco Fini, Presidente della Camera e leader di Fli, su Twitter, replicando a Berlusconi che aveva detto: “senza la diaspora di Fli sarei ancora al governo”

Sim - 14,3% Não - 85,7% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 16/03/12 a 22/03/12.

no celular “Não estamos autorizados a permitir que mulheres sejam ordenadas. A situação da Igreja de hoje é dramática”, Acesse comunitaitaliana. com no seu smartphone com o código QR acima

“Vocês sonhavam com uma reforma assim”,

o papa Bento XVI, em crítica aos padres que apoiam a ordenação de mulheres, durante a missa da Quinta-Feira Santa

Mario Monti, premier italiano, ao falar sobre a reforma trabalhista ao Corriere della Sera

cartas

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ão poderia deixar de felicitar Comunità pelo seu 18º aniversário. Como Cônsul-Geral do Brasil, sou testemunha da relevância da revista, não somente para os italianos residentes no Brasil, mas também para os brasileiros que vivem na Itália. Parabenizo o jornalista Guilherme Aquino que, em sua sessão dedicada a Milão, transmite informações que contribuem para reforçar nossas relações bilaterais. Embaixador Luiz Henrique Fonseca Cônsul Geral do Brasil - Milão – Lombardia - por e-mail

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enho parabenizar a revista Comunità pelo excelente trabalho em prol das origens italianas e das tipicidades do nosso Belpaese. Na edição de março, a Cannoleria Café di Dante, da qual sou sócio proprietário, foi homenageada com uma matéria muito linda, cheia de alma e destreza, assinada por Vanessa Corrêa da Silva. Alexandre Leggieri São Paulo – SP – por e-mail


Serviço agenda Eliseu Visconti O Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, inaugurou, no dia 4 de abril, a exposição Eliseu Visconti: A modernidade antecipada, em comemoração ao Momento Itália-Brasil. Em cartaz até 17 de junho, apresenta 250 obras, entre pinturas, desenhos e cerâmicas desenvolvidas

no período de 1890 a 1940. Com curadoria de Rafael Cardoso, Mirian Serafim e Tobias Visconti, a exposição exalta o grande artista da primeira República. www.mnba.gov.br Mia Cara Curitiba Sob a organização do Consulado Geral da Itália em Curitiba e em parceria com a prefeitura da cidade e o Instituto de Turismo,

a 15 de junho, três murais em grandes dimensões estarão expostos na Caixa Cultural de três capitais brasileiras: Brasília, Rio de Janeiro e Salvador. Pintura em grafite, pôster arte, máscaras

Mia Cara Curitiba é uma manifestação pública criada em 2011 em comemoração ao aniversário de 150 anos da Unificação, que será expandido como um evento anual para celebração da presença italiana na cidade. Programado para acontecer entre 27 de maio e 5 de junho, conta com atividades culturais, esportivas, sociais, religiosas e gastronômicas por toda a cidade. www.miacaracuritiba.com Mural Itália-Brasil O projeto cultural Mural ItáliaBrasil, desenvolvido por seis artistas dos dois países, visa promover a arte urbana sob diferentes pontos de vista. De 8 de maio

de estêncil e adesivos integram o projeto da street art. Oficinas e palestras serão ministradas por artistas participantes, dirigidos a iniciantes e estudantes da rede pública de ensino. www.momentoitaliabrasile. com.br Arte e Meio Ambiente O parque estadual Alberto Löefgren, em São Paulo, sedia

Os conterrâneos de Luisi Com imagens do fotógrafo Emidio Luisi, Paesani resgata a memória da imigração italiana nos estados onde as comunidades se fixaram: São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Espírito Santo. A mostra tem relação com um projeto iniciado em 1980, quando fotos foram feitas na capital paulista e nas cidades italianas de Sacco e Roscigno. O Espaço Expositivo do Sesc Pinheiros, em São Paulo, abriga a exposição, em cartaz até 27 de maio.

clickdoleitor Os Caminhos da Arte Italiana no Brasil Em sua obra sobre pintura, escultura e arquitetura italianas, citando trabalhos de povos que ocuparam a península como os etruscos, a autora Nereide Schilaro explora a arte produzida durante a Antiguidade e a Idade Média até o Modernismo, passando por movimentos como o maneirismo, o renascimento, o barroco, o impressionismo, o expressionismo e o futurismo para explicar as influências dessas estéticas em obras de artistas brasileiros como Cândido Portinari e Tarsila do Amaral. Editora Pinakotheke, 80 páginas, R$15,00.

Caravaggio O autor Roberto Longhi traça o panorama das artes na região italiana da Lombardia e tenta recriar os primeiros passos artísticos de Caravaggio e os cenários que ele viu, explicando como se formou o gênio. Também aborda a maturidade do artista, esmiuçando suas principais criações. O livro apresenta quase a totalidade das pinturas de Caravaggio, mostrando o seu pleno domínio sobre a luz e suas figuras humanas realistas. A obra traz prefácio, escrito especialmente para esta edição, do crítico Lorenzo Mammì. Cosac Naify, 160 páginas, R$79,00.

Arquivo pessoal

naestante

a exposição Arte e Meio Ambiente: Rompendo Fronteiras, inserida no calendário do Momento Itália-Brasil. A mostra, em cartaz no Palácio do Horto, tem como tema principal a preservação da natureza. A exposição reúne obras de artistas plásticos brasileiros e italianos do acervo do Palácio e do Museu Florestal Octavio Vecchi, inspirados na arte e na cultura italiana. Até 10 de agosto. www.hortoflorestal.com.br

“F

érias maravilhosas na Itália com minha esposa e meu pai: Milão, Gênova, Florença, Veneza e Roma, que é monumental e inesquecível! Carlos Thiele Curitiba, PR — por e-mail

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opinione FabioPor ta

Quando a Brasília si parla italiano C’è una storia dell’Italia in Brasile meno conosciuta: è quella dell’influenza italiana sulla politica

sopra, ai quali la scrittrice italo-brasiliana Zelia Gattai dedicò un famoso libro (al quale si ispirò l’omonima ‘novela’): “Anarchici grazie a Dio !”. E che dire della forte influenza dell’ideologia fascista nel Brasile degli anni ’30 (al fascismo si ispirò un vero e proprio movimento, denominato AIBAzione Integralista Brasiliana e guidato da Plinio Salgado) e nella prima fase del governo di Getulio Vargas? Una relazione, quella tra la politica italiana ed il Brasile, destinata a vivere momenti altalenanti. E’ indubbio che il secondo conflitto mondiale, con l’entrata in guerra del Brasile a fianco degli alleati, avrà contribuito ad intiepidire i rapporti tra i due Paesi e che tale raffreddamento avrà comunque avuto qualche influenza sulla politica italiana in America Latina dei primi decenni dell’Italia repubblicana. Dovremo aspettare gli anni ’90, con i governi di Fernando Henrique Cardoso prima e di Lula poi, per assistere ad una ripresa significativa dell’interesse dell’Italia verso il Brasile.

Da Teresa Cristina a Lula, la storia dell’influenza italiana nella politica brasiliana è ricca di episodi importanti e significativi

N

onostante non esista una storiografia approfondita in materia, l’influenza italiana nella storia della politica brasiliana è più rilevante di quanto si possa immaginare. Normalmente infatti, quando si parla dell’importante ruolo degli italiani in Brasile – dalla fine dell’800 ai nostri giorni – si fa riferimento alla cultura ed all’architettura, alla musica e alla gastronomia. Anche, ad onor del vero, al mondo dell’impresa; pochissimi oggi in Brasile ignorano la storia di imprenditori come Crespi e Matarazzo, e ciò si deve in parte alla consacrazione popolare avvenuta con le telenovelas di “Rede Globo”, prima tra tutte la mitica Terra Nostra. Eppure sono certo che pochi si sono fermati per pensare che, ad esempio, due delle figure politiche più in vista nel Brasile degli ultimi dieci anni, Lula e Serra, devono in qualche modo tutto (o quasi) a quel Paese a forma di stivale distante oltre diecimila chilometri dal Brasile. Nel caso dell’ex Governatore di San Paolo José Serra, immagino, il legame 12

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risulterà più netto ed evidente. Serra è notoriamente figlio di commercianti italiani emigrati in Brasile dalla Calabria; ancora oggi il suo legame con l’Italia e le sue tradizioni è fortissimo e sappiamo che va orgoglioso delle sue origini e della sua cittadinanza italiana. Altrettanta Italia c’è in Luiz Inácio Lula da Silva, e non mi riferisco soltanto alla cittadinanza della sua moglie Marisa Leticia Rocco Casa e alla grande influenza che quest’ultima esercita sull’ex Presidente. Sto parlando dell’indissolubile legame storico tra la nascita del movimento sindacale brasiliano, del quale Lula è diventato un simbolo anche fuori dai confini nazionali, e l’arrivo in Brasile degli anarco-sindacalisti italiani all’inizio degli anni Venti. Sono solo due esempi; potremmo continuare e scopriremmo che la ‘materia prima’ è tale e tanta da meritare più che un libro o un approfondimento. Si potrebbe iniziare con l’imperatrice Teresa Cristina, napoletana della famiglia reale dei Borbone, responsabile probabilmente dell’arrivo delle prime leve di braccia italiane in terra brasiliana. Continueremmo così con gli anarchici, i socialisti utopici e i sindacalisti di cui

Merito soprattutto dell’ex Primo Ministro e Ministro degli Esteri Massimo D’Alema, che instaurerà con questi governi (soprattutto con quello di Lula) solidi e permanenti rapporti di tipo politico nella convinzione della centralità del gigante sudamericano nella regione latino-americana e in uno scacchiere internazionale che iniziava a mutare in maniera radicale. Si arriva così ai giorni nostri, con Ministri o Governatori brasiliani ma nati in Italia, come il ‘genovese’ Guido Mantega o il ‘viareggino’ Andrè Puccinelli; pochi sanno poi in Italia che quasi un terzo del Parlamento brasiliano “parla italiano” nel senso del sangue e dell’ascendenza degli oltre duecento integranti il Frente Parlamentar italo-brasileiro. E’ anche per queste ragioni che le celebrazioni del “MIB-Momento ItaliaBrasile che si concluderanno quest’anno assumono un significato particolare: nessun Paese può vantare questa tradizione, ancora viva e feconda, di relazioni politiche profonde, basate spesso su vincoli che vanno al di là dei semplici rapporti diplomatici e istituzionali. Si tratta di un’opportunità unica per rafforzare strategicamente le relazioni bilaterali tra i nostri due Paesi.


opinione

EzioMaranesi

L´articolo 18 I politici italiani soffrono il successo dei tecnici e rivogliono il potere

Il Governo Monti propone ora riforme nella legislazione del lavoro. Si vuole razionalizzare la materia dei contratti a termine, dare protezione sociale ai precari, incentivare le assunzioni, proteggere meglio chi resta senza lavoro. L´Italia applaude. Si vuole anche modificare l´art.18, permettendo alle imprese di licenziare in determinati casi. Scatta la rivolta veemente dei sindacati, delle sinistre e dei lavoratori. Difficile dire ora cosa accadrá. Monti ha affidato al Parlamento la proposta di legge. I partiti la discuteranno per mesi, con livore e l´occhio alle elezioni. É ovvio che i sindacati, i lavoratori e le sinistre mai daranno il loro placet, quindi la modifica dell´art.18 non passerá, almeno nei termini proposti da Monti.

In tutti i paesi le imprese possono licenziare; ció che importa é dare protezione e nuove opportunitá a coloro che perdono il lavoro

I

politici italiani soffrono il successo dei tecnici e rivogliono il potere Da settimane i media italiani non parlano d´altro. Esaurito l´argomento “spread”, parlano o sparlano dell´articolo 18. Il Governo lo vuole cambiare. Se ne discute in tono drammatico, pretestuoso o razionale, a seconda del colore della testata. Noi emigrati, italiani a metá, vediamo le cose da lontano e possiamo provare a parlarne con ragionata serietá, considerando soprattutto gli aspetti sociologici di lungo periodo. L´art. 18 dello Statuto dei Lavoratori, legge dal 1970, stabilisce in estrema sintesi che il lavoratore licenziato senza giusta causa ha il diritto di essere reintegrato nel posto di lavoro. Cioé: le imprese non possono licenziare. Lo Statuto fu una grande conquista dei lavoratori italiani e dei sindacati. Erano anni di forte crescita economica, di epiche lotte operaie e dei delitti delle Brigate Rosse di Cesare Battisti. In quel mondo agitato la certezza della stabilitá del posto di lavoro dava sicurezza al lavoratore. Nel tempo l´art.18 contribuí non poco a irrigidire un sistema sociale giá

poco incline alla mobilitá. L´italiano, si sa, poco ama il cambiamento. La magistratura, che tende a proteggere il piú debole, talvolta esageró. Due esempi: i tribunali reintegrarono nel posto di lavoro alcuni funzionari dell´aeroporto di Malpensa sorpresi a sottrarre oggetti dalle valigie dei viaggiatori, nonché un cassiere di banca che aveva rubato. Le motivazioni: quei funzionari frugavano nelle valigie ma forse non rubavano e il cassiere era fisicamente depresso. Data la situazione, sempre meno le imprese assumevano nuovo personale. Il sistema andó loro incontro creando istituti giuridici che oggi regolamentano forme di contratto temporaneo di lavoro. Le imprese, utilizzando questi contratti, tornarono a riassumere e la disoccupazione si ridusse. Si stima che oggi vi siano in Italia oltre 4 milioni di “ precari”, cioé dipendenti con contratto di lavoro a termine, malpagati, socialmente non protetti e non coinvolti nella vita aziendale. In questo confuso scenario le imprese italiane e straniere ridussero gli investimenti. Non era l´art. 18, naturalmente, l´unica ragione per non voler investire; diciamo che ebbe la sua importanza.

É evidente che un governo di tecnici, chiamato a governare dai partiti politici deboli che stavano portando il Paese al fallimento, operi su scenari macroeconomici di lungo termine e poco si preoccupi del consenso popolare, cioé del voto, che invece é ansia del politico. In una visione di lungo termine la modifica dei vincoli imposti dall´art.18 é obbiettivo strategico che, prima o poi, sará raggiunto. In tutti i paesi le imprese possono licenziare; ció che importa é dare protezione e nuove opportunitá a coloro che perdono il lavoro. In Brasile si puó licenziare e non vi sono rivoluzioni. In Italia essere licenziati a 50 anni é invece drammatico, soprattutto ora che c´é crisi e le protezioni sociali sono insufficienti. La rivolta dei lavoratori é quindi comprensibile. Essi sono peró le prime vittime della miopia dei sindacati e dei governanti che per decenni hanno gestito il mondo del lavoro difendendo il conservatorismo e le parrocchiette. Ma il mondo cambia, gli anni ´70 sono passati da un pezzo e Monti é stato chiamato per modernizzare l´Italia. La politica ora rivuole il potere. Conservare l´art.18 significa guadagnare voti e poltrone. La situazione é surreale: i politici vogliono Monti ma non accettano l´idea che cerchi di cambiare l´Italia. comunitàitaliana | a bril 2012

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Economia

Crescimento em conjunto

sidade ligado a madeiras e móveis, em um projeto iniciado com as Instituições de Ciências e Tecnologia (ICT). A madeira usada no projeto é a Mdf. Hoje a extração de madeira para a indústria de móveis, representa menos que 6% do abate.

Parceira histórica do Sebrae, Itália estreita seus laços com as micro e pequenas empresas brasileiras por meio de projetos de sustentabilidade e capacitação Stefania Pelusi

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cooperação entre Amazônia e a região italiana Marche é mais um dos mais recentes projetos que o Sebrae está promovendo em parceria com instituições italianas. O brasiliense Alexandre Guerra de Araújo, que atua na unidade de assessoria internacional da entidade, conta que a Itália, tradicionalmente, tem sido o principal parceiro das micro e pequenas empresas através do Sebrae. — Parte do nosso modelo vem da experiência italiana. São laços culturais e institucionais que já duram mais de uma década, com diferentes províncias na Itália e com o governo central em diversos temas e momentos — comentou o assessor Alexandre. A área internacional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Sebrae possui três focos: a assessoria internacional que organiza as relações institucionais; a cooperação internacional nos projetos que visam a transferência de conhecimento e a busca de referências e as melhores experiências; e a avaliação da situação do Brasil em termos de compras governamentais das empresas. Um dos exemplos da cooperação é o protocolo que foi firmado entre a Universidade Corporativa do Sebrae e a Universidade Católica de Milão, em outubro, em Roma, em um encontro que promoveu a capacitação de profissionais que atuam em sociedades de pequeno porte. O intercâmbio envolve brasileiros na Itália e italianos no Brasil com o objetivo de captar as melhores referências na prática e internacionalizar o corpo técnico das empresas. — Trabalhamos em projetos de cooperação para os quais contamos com a tradição das pequenas sociedades e o associativismo, aspectos muito fortes na Itália, assim como os 14

distritos industriais e a mão de obra especializada — relatou Alexandre, mostrando os vários projetos realizados com a Itália nos últimos 14 anos. Ele também atua como coordenador do programa de desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva Madeira-Móveis, na região Amazônica, projeto que nasceu em 2008 de uma parceria com Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Sebrae e o Centro Tecnológico para o setor de Madeira-Móveis (Cosmob) de Marche. — Não há problema em sermos pequenos, mas sim em estarmos sozinhos. Agir em conjunto é a chave do sucesso para o segmento. Trabalhar em rede não é trivial, porém é possível. Os resultados alcançados até o momento mostram isso — afirmou, entusiasta, Alexandre, recém-chegado de uma viagem à cidade de Pesaro. A Cosmob está integrada em uma rede mundial de centro tecnológico de conhecimento e univer-

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Na foto acima, o presidente do Sebrae, Luiz Barreto, em visita à empresa Scavolini, atendida pelo Centro Tecnológico Cosmob; na imagem ao lado, Barreto com o governador da região de Marche, Spacca; abaixo, a delegação do Sebrae e parceiros do Centro Tecnológico Cosmob

A força do associativismo e das pequenas empresas na Itália O Sebrae quer desenvolver o micro empreendimento de forma sustentável, trabalhando questões como o meio ambiente, a inovação tecnológica, a capacitação e a formação gerencial. — O problema da pequena empresa é o seu isolamento. Esse conceito de abordagem coletiva é extremamente rico e a experiência italiana é uma das melhores do mundo. Queremos transformar a vantagem comparativa, que é a abundância, a extravagância e a exuberância em todos os aspectos, em uma vantagem competitiva — explicou Alexandre, afeiçoado ao Belpaese e casado com uma romana. Historicamente, a Itália é o país que mais tem contribuído em projetos do Sebrae, a exemplo dos pro-

gramas de transferência de tecnologia metal-mecânica em São Paulo, envolvendo os setores como vestuário e o design. Alexandre admite que um dos problemas brasileiros é o “apagão” de mão de obra qualificada para os setores de petróleo e gás, os quais “demandam profissionais que não possuímos e que temos de importar de outros países”. Esse fator aumenta a importância de projetos internacionais, que permitem a troca de experiência e conhecimento. — A rede de serviços tecnológicos é um projeto piloto que reúne 232 empresas com 24 instituições de ciências e tecnologia para promover serviços tipificados. O objetivo é chegar a 450 antes de 2013 e, a partir dessa experiência, trasbordá-la para outros setores e territórios — concluiu.


Meio ambiente

Biocombustível une países Especialistas discutem cooperação internacional entre Brasil, Itália e África para expandir a produção de biocombustíveis no mundo Renê Arruda

Especial para Comunità

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expansão das energias renováveis por meio de cooperação internacional foi o principal tema discutido no seminário Brasil, Itália e África pela produção sustentável de biocombustíveis, que aconteceu de 9 a 10 de abril, em São Paulo, e reuniu autoridades brasileiras e italianas. A iniciativa, alinhada com os objetivos da Conferência Rio+20, buscou aproximar empresas italianas desenvolvedoras de tecnologia e a indústria canavieira brasileira, bem como explorar as possibilidades de exportar o modelo de produção nacional para os países africanos. O evento contou com a presença do embaixador italiano Gherardo La Francesca, que ressaltou a importância de parcerias entre países para a solução dos grandes problemas ambientais que o mundo enfrenta hoje. — O Brasil é um dos maiores produtores de biocombustíveis do mundo. Várias empresas italianas estão estudando maneiras de tornar o setor ainda mais competitivo.

Atualmente, existem aproximadamente 700 companhias produtivas na Itália que poderiam contribuir com pesquisa e tecnologia. — Poderia dizer que estamos vivendo uma nova época de ouro para as empresas italianas no Brasil — destacou o embaixador. O seminário é fruto de uma parceria que já dura dois anos entre o Ministério italiano do Meio Ambiente e o governo de São Paulo, tendo como meta não só incentivar o desenvolvimento de novas tecnologias em bioenergia, como também discutir problemas relacionados ao futuro do transporte e energia. Coordenado pelo físico José Goldemberg, ex-ministro da Educação e um dos responsáveis pela criação do Proálcool, o Programa Nacional do Álcool da década de 1970, o evento aconteceu na USP e no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. No primeiro dia, especialistas e autoridades concentraram-se em questões técnicas, especificamente nas experiências brasileiras, africanas e da América Latina com o etanol, além de discutir infraestrutura, aspectos sociais e a sustentabilidade do biocombustível. A jor-

O ministro Corrado Clini prometeu uma participação italiana de alto nível durante a Rio+20, enquanto a secretária de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Mônika Bergamaschi, falou sobre a cultura da cana-de-açúcar

nada seguinte foi reservada para as conclusões e o diálogo sobre aspectos econômicos e políticos da questão bioenergética. A secretária estadual de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Mônika Bergamaschi, abriu os trabalhos da sessão técnica e explicou que a cana-de-açúcar é a primeira cultura em renda do estado, porém a segunda em extensão de área plantada, ocupando aproximadamente 26% do território: — A maior parte é pastagem. Com mapeamento e pesquisa podemos ampliar em até oito vezes esta área. Segundo Mônika, o ganho em produtividade tem relação também com novas tecnologias, o que torna essencial a parceria com empresas que desenvolvem pesquisas. Ainda de acordo com a secretária, a colheita mecanizada permite o melhor aproveitamento da palha de cana e, portanto, mais geração de biomassa. Em processos avançados, resíduos de usinas, como linhaça, torta de filtro e água podem retornar ao solo, facilitando o manejo ambiental e a produção agrícola. — Em Angola, introduzimos 12 novas variedades de cana e estamos treinando especialistas. A cooperação entre os países tem dado resultados grandiosos — comentou. Clini: mundo precisa de energia limpa e renovável O ministro italiano do Meio Ambiente, Corrado Clini, esteve presente no seminário e comentou que a busca por uma matriz energética mais limpa e renovável é uma necessidade mundial. Ele afirmou que este tema importante será discutido mais a fundo na Conferência Rio+20, na qual garantiu uma participação de alto nível do governo italiano, com presença do premier Mario Monti. — Demonstraremos as melhores tecnologias e experiências da Itália para a proteção do meio ambiente — disse Clini à Comunità. Após a participação no evento na capital paulista, o ministro Clini e o embaixador La Francesca seguiram para Brasília para dar continuidade à cooperação entre empresas, o governo italiano e o Estado brasileiro na área ambiental. A comitiva italiana realizou encontros com dezenas de empresas de ambos os países para demonstrar que as tecnologias verdes podem ser utilizadas com benefício econômico.

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Economia

Minas para italiano ver

Missão de autoridades mineiras na Itália promove parcerias econômicas e divulga o estado como importante destino turístico brasileiro Nathielle Hó

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inas Gerais e Itália têm uma relação antiga. Minas abriga muitos italianos e descendentes, que mesclaram sua cultura com o jeitinho mineiro. Além disso, o estado sedia fábricas oriundas do Belpaese, que investem pesado na região e que patrocinam projetos culturais e sociais, contribuindo para a formação e o bem estar da população. O histórico de parcerias entre Minas e Itália gera, há muito, bons resultados que se refletem em mais empregos e em indústrias com melhor tecnologia, com a utilização da mão de obra local. Para intensificar ainda mais essa relação amistosa, é que em março, o governador de Minas, Antonio Anastasia foi acompanhado de empresários e comitiva institucional à Itália. O objetivo é o de concretizar parcerias econômicas e divulgar o potencial turístico da região. Participaram da viagem, representantes dos mais diversos segmentos de atuação, como automotivo, construção civil, mineração, energia, transportes, tecnologia, autopeças, tecnologia da informação, eletroeletrônico, serviços e metal-mecânico. Na comitiva institucional que acompanhou o governador Anasta16

sia, estavam o presidente da Câmara de Comércio Italiana de Minas Gerais, Giacomo Regaldo; a secretária estadual de Desenvolvimento Econômico, Dorothea Werneck; o secretário de Turismo, Agostinho Patrus Filho; o secretário de Esportes e Juventude, Bráulio Braz; e o secretário de Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Gil Pereira. A visita da comitiva a importantes regiões italianas, como Turim, Roma, Nápoles e Salerno foi organizada pela Câmara e procurou fomentar as relações comercias entre o Brasil e a Itália. — Minas Gerais representa 10% do PIB e 16% das exportações do Brasil, sendo o primeiro exportador de diversos produtos, como o nióbio e o café. Apenas 3,2% de nossa exportação destinam-se à Itália. Temos aí um grande campo de trabalho. Precisamos consolidar a parceria en-

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A Missão de Minas à Itália procurou divulgar o potencial turístico do estado e também foi importante pelas assinaturas de protocolos de cooperação econômica

tre nosso estado e a Itália com ainda mais investimentos, sejam eles de importação ou exportação — comentou a secretária Dorothea Werneck sobre a importância da missão. Fiat terá nova fábrica em Montes Claros Durante a visita às regiões italianas, foram realizadas parcerias importantes, a exemplo da assinatura do acordo com a Fiat para a instalação de uma nova fábrica para a montagem de tratores e equipamentos agrícolas em Montes Claros, no norte do estado. O investimento para a construção da Case New Holland gira em torno de R$ 600 milhões. A expectativa é de que, após entrar em operação, em 2014, quase três mil empregos diretos e indiretos sejam gerados, e que um centro de pesquisa e desenvolvimento surja dessa aposta da Fiat. — Esse investimento é muito emblemático. Nele, está a origem de mais um pólo automotivo em nosso estado, pois vários fornecedores de peças e componentes de-


verão ser atraídos para a região. Há mais de três décadas, o Grupo Fiat tem participado dos esforços em prol do desenvolvimento de Minas Gerais, formando conosco uma parceria que só tem trazido resultados positivos para os dois lados. Além da Fiat em Betim, e da Iveco em Sete Lagoas, vamos ter agora mais uma importante fábrica, a Case New Holland — enfatizou o governador Antonio Anastasia. Além do acordo para a instalação de uma nova fábrica da Fiat em Minas, foi renovado o Acordo de Cooperação Técnica entre o governo mineiro e o o governo do Piemonte. A partir deste documento, as duas regiões se comprometem a desenvolver projetos em conjunto, a fim de obter vantagens econômicas recíprocas. O acordo também prioriza os setores da ciência e tecnologia, meio ambiente e energias renováveis, cultura e juventude, desenvolvimento social e formação do capital intelectual. — Temos em Minas Gerais a excelência em diversos segmentos de atuação. Somos grandes fornecedores de diferentes produtos e possuímos um capital humano eficiente e qualificado. Creio que, levando nossos empresários para a Itália, foi possível demonstrar tudo isso e assegurar novos investimentos — ressaltou Giacomo Regaldo, presidente da Câmara Italiana de Minas. Governador mineiro encontra o Papa O governador Antonio Anastasia foi recebido pelo papa Bento XVI, em audiência pública no Vaticano. O governador entregou um convite ao pontífice para que ele visite Belo Horizonte em 2013, durante a realização da Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá no Rio em julho. Poucos dias antes do evento, de 18 a 21 de julho de 2013, a capital mineira sediará o II Congresso Mundial de Universidades Católicas (CMUC), na PUC. O governo mineiro, por meio da Secretaria de Esportes e da Juventude, faz parte da Comissão Organizadora do CMUC. Estão previstos eventos como catequeses, adorações, missas, momentos de oração, palestras, partilhas e shows, tudo em diversas línguas. Durante o encontro, Anastasia presenteou Bento XVI com a imagem de Nossa Senhora da Piedade, padroeira de Minas Gerais, o estado com maior número de católicos do Brasil. O papa ainda recebeu das mãos do governador o

mapa de Minas em metal, com pedras que representam as riquezas minerais do estado. A missão mineira à Itália precede a vinda de uma grande missão empresarial italiana que vai passar pelo estado no mês de maio. O Brasil receberá uma delegação de empresários italianos, representantes de 16 regiões da Itália, muitos dos quais virão ao estado para fazer negócios. São esperados 300 empresários em Belo Horizonte, São Paulo, Curitiba e Recife para concretizar parcerias com empresas locais. Em decorrência dos acordos firmados com a Região da Campanha, está previsto um evento da região italiana em território mineiro, semelhante à Semana de Minas em Piemonte, realizada em 2008, quando um festival apresentou a gastronomia e a cultura mineiras e promoveu rodadas de negócios em Turim. Workshops vão divulgar os encantos mineiros aos italianos A Câmara Italiana de Minas Gerais e o governo do estado já estabeleceram uma parceria que irá garantir a continuidade da divulgação das potencialidades da região para os italianos. Através da rede de 106 Câmaras de Comércio na Itália e de 74 Câmaras Italianas ao redor do mundo, serão distribuídas para públicos estratégicos notícias econômicas, turísticas e culturais, com o objetivo de solidificar a imagem do estado. — O estado de Minas Gerais é muito rico, não só em minérios, mas também em hospitalidade. Temos uma gastronomia especial, o turismo ecológico e religioso. Mais

A comitiva do governador de Minas, Antonio Anastasia, visitou regiões italianas em busca de parcerias, incluindo o acordo com a Fiat para a instalação de nova fábrica em Montes Claros

O governador Antonio Anastasia convidou o papa Bento XVI para visitar Minas Gerais em 2013

da metade do patrimônio histórico brasileiro está em Minas, por isso somos conhecidos, felizmente, pelo caráter da boa recepção. Não temos mar, mas temos rios, lagos e um ecoturismo muito forte. Estamos trabalhando no estado para melhorar cada vez mais o turismo — destacou Anastasia. A Secretaria estadual de Turismo planeja a realização, na Itália, de workshops dos principais produtos turísticos do estado. A intenção é capacitar mais de 200 operadores, agentes de viagens e imprensa especializada, mostrando os roteiros que poderão ser explorados durante eventos como a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude, em 2013 e, especialmente, durante a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. A iniciativa integra as ações do estado como Destino do Ano da Vibrata - Itália, a Associação de Operadores especialistas em Brasil, uma parceria com a Embratur que visa ampliar a comercialização do estado mineiro no mercado italiano. A Itália é o terceiro país emissor de turistas para o Brasil. Segundo a Embratur, os italianos foram os principais visitantes europeus no país, com cerca de 250 mil turistas, em 2010, dos quais 5,7 mil visitaram Minas. — O objetivo é divulgar nosso estado, suas belezas, potencialidades e os seus produtos, para serem comercializados no exterior. Apresentamos aos italianos nosso cardápio de opções turísticas. Tivemos a presença muito expressiva daquelas empresas associadas à Vibrata, a agência que congrega os operadores de viagem da Europa e comercializa o Brasil e Minas Gerais. Espero que essa iniciativa renda bons frutos e aumente o fluxo de turistas italianos para o estado — salientou o secretário de Turismo, Agostinho Patrus.

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Atualidade

Braços abertos do Rio a Roma Visita de Cabral e Paes ao Papa marcam os preparativos para a Jornada Mundial da Juventude que acontece em julho do ano que vem

Gina Marques

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De Roma

om 3,8 metros de altura, uma réplica do Cristo Redentor, montada no Largo João Paulo II, abraça milhares de peregrinos dentro da Cidade do Vaticano, enquanto a original, de braços abertos sobre a Baía de Guanabara, acolherá milhões de pessoas na Jornada Mundial da Juventude em julho de 2013. A missão oficial do governador do estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, do prefeito da capital Eduardo Paes e do secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, no Vaticano, de 30 de março a 1° de abril, teve como objetivo preparar a próxima edição da JMJ. Eles transmitiram a mensagem de que a cidade está preparada para sediar o maior encontro de jovens católicos do mundo e sabe acolher

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todos com afeto, infraestrutura e segurança. Eles vieram acompanhados do arcebispo Dom Orani Tempesta e de outros integrantes do Comitê Organizador do evento. O governador, o prefeito e a comitiva assistiram à missa do Domingo de Ramos na Praça São Pedro. Logo após a celebração, o papa Bento XVI saudou os fiéis em diversos idiomas e, em língua portuguesa, citou o Comitê Organizador da Jornada Mundial da Juventude Rio 2013. — Quero agora dirigir a minha saudação amiga aos jovens e demais peregrinos de língua portuguesa, que participam nesta celebração do Domingo de Ramos. De modo particular, saúdo o arcebispo Dom Orani Tempesta, o governador e o prefeito do Rio de Janeiro e demais autoridades e membros do comitê responsável pela organização da próxima

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O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes e o governador Sérgio Cabral foram recebidos no Vaticano para tratar dos preparativos da Jornada Mundial da Juventude

Jornada Mundial da Juventude, no ano que vem. Nos trabalhos preparatórios da mesma, procurai viver segundo o convite que hoje nos foi feito: ‘Alegrai-vos sempre no Senhor’. Deste modo, o espírito alegre e acolhedor, natural aos brasileiros, será sublimado pela alegria que nasce da união com Cristo, o Único Redentor. Assim, podereis, de braços abertos como a imagem do Cristo que domina a paisagem carioca, receber os jovens que virão de todos os cantos do mundo para a vossa


cidade. A todos desejo uma feliz e santa Páscoa! — disse Bento XVI na Praça São Pedro. O encontro das autoridades cariocas com o Papa Depois da missa, Sérgio Cabral teve oportunidade de encontrar o pontífice e de entregar-lhe uma miniatura do Cristo Redentor. O governador disse a ele que o presente é “uma demonstração de que o povo do Rio de Janeiro está ansioso para recebê-lo em 2013”. — O Papa manifestou uma felicidade enorme de estar no Rio de Janeiro com a Jornada Mundial da Juventude. Entreguei a ele uma miniatura do Cristo Redentor e, em seguida, visitei uma réplica maior, de quase quatro metros, posiciona-

“Podereis, de braços abertos como a imagem do Cristo que domina a paisagem carioca, receber os jovens que virão de todos os cantos do mundo para a vossa cidade” Bento XVI da dentro do Vaticano de tal forma que o Papa passará sempre por ela a caminho do local onde concede as audiências. É um presente do Rio, uma demonstração de que o povo do nosso estado e o povo brasileiro estão ansiosos para recebê-lo, junto com milhões de jovens do mundo inteiro — afirmou Cabral, acompanhado pelo prefeito e pelo secretário Beltrame. O prefeito Paes também conversou com o Papa sobre o calendário de grandes eventos no Rio de Janeiro e ouviu dele que a JMJ será a mais emocionante. — Ele fez um comentário muito especial. Disse que o Rio vai receber os eventos mais importantes nos próximos anos, como a Copa e as Olimpíadas, mas nenhum será tão marcante para a cidade e também mais trabalhoso para organizar como a Jornada Mundial da Juventude. Concordei que será um momento muito especial para recebermos quatro milhões de jovens do mundo inteiro em uma grande celebração de fé e paz — disse Paes.

O governador também pediu ao papa que abençoasse a sua família, a população do Rio e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que acaba de passar por um tratamento contra o câncer. — Eu tive a oportunidade de mostrar a Bento XVI uma foto da minha família e pedir a bênção a ela, ao povo do Rio de Janeiro e, especialmente, ao ex-presidente Lula. Ele ficou emocionado e disse que estava muito feliz em saber que Lula havia sido curado do câncer. Mandou também um grande abraço ao povo brasileiro. — declarou Cabral. Evento que agrega à imagem da cidade Segundo as estimativas, a capital fluminense, de 23 a 28 de julho, deverá hospedar cerca de quatro milhões de pessoas. Deverá ser também a primeira visita do papa Bento XVI ao estado. Portanto, segurança, infraestrutura e hospitalidade são fundamentais. O prefeito Eduardo Paes ressaltou que a presença dele e do governador no encontro preparatório teve o objetivo de demonstrar o comprometimento da cidade com o sucesso da realização do evento. Paes afirmou que, além dos hotéis e equipamentos públicos, a juventude católica será acolhida nos lares dos cariocas. Cabral e Paes deram também uma entrevista à Rádio Vaticano. Ele afirmou que as escolas da rede pública serão adaptadas para servir de hospedagem aos peregrinos. — Acho que o grande segredo deste evento é a hospedagem solidária. Nós teremos não só hotéis, pousadas, albergues da juventude e pensões, mas também as casas, as igrejas. Além disso, a rede municipal e estadual de ensino têm estrutura para se adaptar como hospedagem provisória, assim como as universidades. Como ocorreu em Madri no ano passado, elas poderão se converter em hospedagem durante o período da JMJ — disse Cabral. Na entrevista à rádio, Paes falou que o encontro dos jovens com o Cristo Redentor deve ser um dos momentos mais emocionantes durante o evento do ano que vem: — Não tem cidade do mundo que homenageie o Cristo como o Rio. A figura do Redentor se confunde com a própria imagem da cidade, o que é uma honra para todos os cariocas. E, para ser carioca, basta gostar do Rio.

O governo e a arquidiocese do Rio afirmaram que estão trabalhando para garantir a infraestrutura necessária para receber os jovens católicos no Rio, em julho de 2013

Paes e Sérgio Cabral foram entrevistados na Rádio Vaticano

Em 2013, teremos milhões de novos apaixonados pelo Rio espalhados pelo mundo a partir da experiência da JMJ. Depois de o Papa João Paulo II já ter se declarado carioca, tenho certeza de que Bento XVI também vai declarar o seu amor à nossa cidade. Para Beltrame, o humor da população “agora é outro” O secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame disse que o Rio de Janeiro está preparado para grandes eventos e que as pessoas que vierem para a Jornada Mundial da Juventude pela Paz, a Copa do Mundo, a Copa das Confederações e os Jogos Olímpicos vão encontrar um Rio diferente e seguro. — O humor da população agora é outro. Sei que houve ações policiais e algum desentendimento entre traficantes, mas o processo de pacificação do Rio de Janeiro vem se consolidando de forma eficiente — disse o secretário.

Jornada foi criada por João Paulo II em 1986

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om o objetivo de aproximar jovens do mundo inteiro ao evangelho e incentivar laços de amizade entre povos de diferentes culturas, o papa João Paulo II criou, na metade da década de 1980, a Jornada Mundial da Juventude. O evento é repleto de programações, sejam litúrgicas como missas e orações, além de palestras, apresentações musicais e de dança. A JMJ conta também com a grande vigília, quando o papa vai ao encontro dos jovens. A JMJ teve a sua primeira edição em 1986, em Roma, com grande sucesso. A capital italiana voltou a sediar o encontro em 2000, ano do Jubileu. Outras dez cidades já receberam o evento, com intervalos que variaram entre dois e três anos: Buenos Aires (1987); Santiago de Compostela (1989); Czestochowa (1991); Denver (1993); Manila, (1995); Paris (1997); Toronto (2002); Colônia (2005); Sidney (2008); e Madri (2011).

A réplica do Cristo Redentor

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o pátio externo à Sala Paulo VI que acolhe milhares de fiéis que chegam ao Vaticano para assistir às audiências públicas de Bento XVI, ao lado do busto de João Paulo II, foi colocada a réplica de 3,8 metros de altura do Cristo Redentor, esculpida com pó de mármore e resina, simbolizando o convite do Rio de Janeiro aos jovens do mundo todo para a Jornada Mundial da Juventude de 2013. Trata-se de um presente do governo do estado do Rio, da prefeitura e da Arquidiocese da cidade para o papa Bento XVI. Desde o domingo de Páscoa, a estátua está exposta ao público.

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Evento

O design

que inspira

negócios Comitiva brasileira de empresários participa este mês do Salão do Móvel de Milão

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Cintia Salomão Castro

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Brasil marcará presença, mais uma vez, no Salão do Móvel de Milão, um dos principais eventos de design do mundo que entra em seu 51º ano de realização e acontece de 17 a 22 de abril. A comitiva brasileira estará organizada em dois grupos de profissionais e empresas provenientes do estado do Rio de Janeiro — moda e design — que percorrerão os pavilhões montados na Fiera Milano Rho para conferir os últimos lançamentos de expositores de todo o mundo, buscar inspiração e fazer possíveis contatos tendo em vista intercâmbios, parcerias e, é claro, novos negócios.

— Vemos a Itália como a vanguarda de desenvolvimento desses dois setores. Através dessa missão, os empresários poderão adquirir a percepção de como extrair o knowhow para levar às suas indústrias, disseminando-o junto à base da categoria — explica Marcus Pinheiro, especialista em Projetos Internacionais do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan), entidade que, com o apoio da Câmara Ítalo-brasileira de Indústria e Comércio do Rio, está organizando a visita do grupo. Estarão representados na comitiva que desembarca em Milão


este mês oito sindicatos patronais do setor da moda, além de especialistas do Senai, e seis sindicatos do setor de móveis — sendo que cada entidade representa uma região do estado do Rio. Missão inclui visitas a fábricas e seminários Paralelo ao Salone del Mobile, a missão visitará algumas das diversas intervenções culturais que ocorrem na Zona Tortona, uma antiga área industrial transformada em uma espécie de ponto de encontro das artes, da moda e do design, abrigando exposições em galerias, desfiles de marcas em ascensão e showrooms. Além de conhecerem as últimas novidades mundiais nos pavilhões, estúdios e ateliês, os representantes das indústrias brasileiras vão participar, alguns dias antes do evento propriamente dito, de um seminário de capacitação de seis horas, ministrado no Instituto Politécnico de Milão. O grupo do setor de móveis presenciará palestras sobre o valor do design em equilíbrio entre estética e função e sobre os fundamentos da inovação através do design, cujos instrutores são os arquitetos e doutores em Desenho Industrial Matteo Ingaramo e Lucia Rampino, e ainda vão conhecer de perto a produção de empresas como a Mantero e o Estúdio Museu Achille Castiglioni. Já os sindicatos do setor de moda vão assistir a painéis sobre o sistema italiano de design fashion e de luxo, no qual serão abordados os conceitos do passado e do presente do Made in Italy e as novas tendências dos processos criativos do sistema de moda do Belpaese. Além disso, visitarão centros têxteis industriais de Como e de Milão, presenciando in loco a experiência produtiva italiana. Uma das novidades do evento em 2012 é a parceria com a Federação das Indústrias do Paraná, que encabeça representantes de outros estados brasileiros, juntamente com a Confederação Nacional da Indústria. Os especialistas em relações internacionais das Firjan ressaltam a importância de viagens direcionadas como esta para o estabelecimento de novos negócios. — Essa missão é uma oportunidade para estabelecer contatos e parceiras. O empresário de menor porte, sozinho, teria dificuldades ou mesmo inviabilidade de investir em uma viagem desse tipo, sem

“A fase de conhecimento do design do Rio na Itália já está consolidada. O foco agora são os encontros de negócios, as possíveis parcerias e joint ventures” Dulce Angela Procópio, subsecretária estadual de Comércio e Serviços do estado do Rio poder contar com a estrutura que oferecemos, que inclui serviço de intérprete, por exemplo — completa Marcus Pinheiro.

Rio + Design Milão 2012

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Dulce Procópio, subsecretária de Comércio e Serviços do Rio de Janeiro: foco agora é concretizar parcerias

elo quarto ano consecutivo, o design do Rio estará em evidência na capital italiana da moda. Paralela ao Salão do Móvel de Milão, a Mostra Rio + Design Milão 2012 acontecerá de 17 a 22 de abril, sob a coordenação do Programa de Design da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Rio e a curadoria do designer Guto Indio da Costa. Enquanto no ano passado, a mostra foi focada na visualização virtual, em 2012 serão exibidas ao vivo e a cores 32 criações inéditas, saídas diretamente dos fornos de 23 agências criativas fluminenses. É a primeira vez em que a mostra Rio+Design estará em um espaço da Via Tortona, considerada uma das principais regiões criativas da Itália. A subsecretária estadual de Comércio e Serviços do Rio de Janeiro, Dulce Angela Procópio, explicou à Comunità que um dos critérios usados pela curadoria para escolher as peças foi o fato de constituírem novidade: todas estão indo a Milão pela primeira vez. Dulce também revela que os próximos passos agora são dados em direção a acordos concretos. — A fase de conhecimento do design do Rio na Itália já está consolidada. O foco agora são os encontros de negócios e possíveis parcerias e joint ventures — afirma. Entre as criações que representarão o design brasileiro em Milão, estarão a Cadeira Tamanduá, da Ado Azevedo Design; o Banco Pão de Açúcar e Papéis de parede, de Gilson Martins; a Poltrona Jaguar, de Mariana Betting Ferrarezi e Roberto Hercowitz; a espreguiçadeira Língua de Sogra de Roberto Bernardo e Fernando Menezes; a Sandália Ipanema RJ, da Oskar Metsavaht; as Joias de borracha de Marzio Fiorini; e a Luminária 360º, de Antonio Bernardo e Fernando Prado.

Meio século de vanguarda

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ealizado desde 1961, a proposta original era reunir o melhor do design do mobiliário italiano. Com o tempo, tornouse evento de referência mundial, atraindo, atualmente, 290 mil visitantes de 160 países. Este ano, mais de 1700 expositores estarão mostrando suas novidades com produtos originais e de alta qualidade. Os estandes ocupam uma área de 209 mil m² na Fiera Milano de Rho e não só: eventos paralelos costumam acontecer em outros espaços da região, como o EuroCucina, o Salone Internazionale del Bagno, o Salone Internazionale del Complemento d’Arredo, os espetáculos do Design Dance e as exposições no Triennale Design Museum. As entradas são reservadas aos profissionais do setor, mas no sábado e no domingo (dias 21 e 22), a entrada será permitida ao público em geral. O espaço SaloneSatellite estará aberto ao público em todos os dias do evento. Integra a programação uma conferência especialmente organizada para o Salão. Intitulada Cidade e regeneração urbana, promoverá, de 20 a 21 de abril, debates sobre a construção civil para uma nova estratégia de desenvolvimento, com a presença de arquitetos e ambientalistas.

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Mercado

ExpoVinis reúne o melhor O maior evento de vinhos das Américas acontece este mês e aquece o mercado de bebidas com a divulgação de novos rótulos e concursos de degustação Nathielle Hó

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ara apresentar ao público os melhores vinhos do mundo, acontece anualmente o ExpoVinis, o maior evento do setor nas Américas. Em sua 16ª edição, a feira será realizada entre os dias 24 e 26 de abril, no Expo Center Norte, em São Paulo. A expectativa é a de reunir mais de 400 expositores e 20 mil visitantes, entre proprietários de bares, restaurantes, hotéis, adegas especializadas, donos de supermercados, atacadistas e distribuidores, e também formadores de opinião, sommeliers, enólogos e enófilos. Distribuído em um espaço de 18 mil m², o salão exibe rótulos para todos os paladares. Os vinhos destacados pelos produtores nacionais recebem atenção no espaço de-

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dicado ao Instituto do Vinho (Ibravin), com 40 vinícolas oriundas de regiões como Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Vale São Francisco. O estado gaúcho é responsável por 90% da produção nacional e, de acordo com dados do Ibravin, a comercialização de vinhos provenientes da região alcançou, no início de 2011, 48 milhões de litros vendidos. O gerente de Promoção e Marketing do Ibravin, Diego Bertolini, ressaltou que o ExpoVinis é um grande centro de divulgação dos vinhos produzidos no Sul e que 2012 será um ano de mudanças positivas para os produtores nacionais a partir das medidas anunciadas pela presidente Dilma Rousseff. Durante a Festa Nacional da Uva, que aconteceu em fevereiro, em Caxias do Sul, a presidente

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falou sobre iniciativas governamentais de estímulo à produção e exportação de vinhos. Além disso, Rousseff ressaltou que o governo pretende gerar crédito em condições mais adequadas, incentivar a inovação e formação de mão de obra e, criar medidas de defesa comercial para o setor. — O ExpoVinis é a principal vitrine de vinho da América Latina. O ano de 2012 será o momento do vinho brasileiro, que fechou 2011 com 7% de aumento nas vendas no país, e teve uma série de medidas anunciadas pela presidente Dilma que darão maior competitividade aos rótulos verde-amarelos — enfatizou Bertolini. O evento promove um wine tour por tradicionais e surpreendentes regiões produtoras. Países como Argentina e Chile, que lideram a venda de importados, ocupam amplos espaços na feira. Os europeus com origem na França, Portugal, Itália e Espanha também têm seus estandes reservados no evento. No que se refere à Itália, consagrados


produtores e representantes da Puglia, Abruzzo, Marche, Lombardia, Toscana e Piemonte estão trazendo os melhores exemplares. Domingos Meireles, diretor da Exponor Brasil, empresa responsável pela organização do evento, lembra que o vinho italiano está entre os preferidos dos brasileiros, ocupando o primeiro lugar entre os europeus. — O vinho italiano tem uma ótima recepção no Brasil. Ele está em terceiro lugar entre os vinhos importados, ficando atrás apenas do Chile e da Argentina, à frente dos europeus Portugal e França. O preço do vinho italiano normalmente é baixo no Brasil, o que possibilita um consumo maior pelos brasileiros e um volume de exportação grande por parte da Itália — ressalta Meireles. Segundo pesquisa realizada com a parceria entre o Ibravin e

que o varejo em geral e, principalmente, os restaurantes, apresentem variedade, qualidade e preço, além de um serviço impecável — atesta Meireles, diretor da Exponor Brasil.

o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a importação de vinho italiano aumentou 58,57% desde 2011. A alta nas importações de vinho português foi de 24,8%, similar à compra de vinhos espanhóis, que cresceu 22,32%. Já a de vinhos franceses aumentou 11,76%. Além desses países europeus, os situados na América do Sul, como Argentina e Chile, também apostam cada vez mais no destino brasileiro para depositarem seus estoques. Apesar da crise mundial, o varejo de vinho no Brasil passa por expressivas mudanças e a entrada de rótulos importados no mercado nacional ganha cada vez mais ritmo e espaço. Somente no primeiro semestre de 2011, a estimativa de crescimento médio foi de 28% em relação ao mesmo período em 2010, tornando o mercado mais favorável para investimento. — O consumidor brasileiro é sofisticado e por esse motivo exige

nho tinto. Mesmo os adeptos de pratos mais leves costumam preferir os tintos, pois alegam que é mais saudável. Além de tudo isso, no país, planta-se mais uva preta do que branca. Alzer afirma que, entre os vinhos italianos, os mais vendidos para o Brasil são os de coloração escura. — No Brasil, a Itália é mais conhecida pelos tintos secos. Uma exceção deve ser feita no caso do prosecco, o espumante seco ou suave, também bastante conhecido por aqui — ressalta o sommelier Alzer.

O vinho italiano está em terceiro lugar entre os vinhos importados no Brasil, ficando atrás apenas de Chile e Argentina, e à frente de Portugal e França

Brasileiros preferem o tinto Os maiores consumidores de vinho no país são Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná. O Rio de Janeiro aparece em quarto lugar, ao lado do Espírito Santo. A temperatura média nos três primeiros estados é mais baixa do que no restante do país, o que favorece o consumo do vinho tinto — o preferido dos brasileiros. De acordo com o enófilo e professor da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS), Célio Alzer, o vinho geralmente acompanha a comida e é sabido que uma boa parte dos brasileiros não dispensa uma carne na refeição, o que leva ao vi-

Concurso escolhe os melhores rótulos de 10 categorias Além de expor vinhos dos mais variados países, o ExpoVinis abrange degustações premium feitas por convidados e palestras com temas atuais. O Top Ten também faz parte da feira e é uma das atrações mais aguardadas do

O ExpoVinis deve atrair 20 mil visitantes e promoverá concursos de degustação no Expo Center Norte, em São Paulo

evento, pois elege os dez melhores vinhos com degustação feita às cegas, sem o conhecimento dos rótulos e dos países de origem. Um júri de alto nível composto por jornalistas, sommeliers, degustadores de associações e de escolas fará a seleção dos vinhos que são enviados pelos expositores. Não há restrições para poder participar no Top Ten. Os rótulos são avaliados seguindo uma dezena de categorias: espumante nacional, espumante importado, sauvignon blanc, chardonnay, outras uvas brancas, rosados, tintos nacionais, tintos novo mundo, tintos velho mundo, fortificados e doces. As garrafas são ensacadas, numeradas e avaliadas. As notas de cada jurado são somadas e os melhores de cada categoria levam a medalha no peito. Os jurados só conhecem os rótulos provados no momento da divulgação do resultado. Com eventos como o ExpoVinis, fica aparente a preocupação dos produtores em relação a cada cacho de uvas colhido e com os barris de fermentação. A qualidade de alguns vinhos às vezes surpreende quem se arrisca a sair do conforto das garrafas conhecidas e se abre para provar novos goles. Por divulgar rótulos novos e por exaltar os já conhecidos, a feira é o cenário ideal para que profissionais, enófilos, enólogos, produtores e consumidores troquem experiências, conhecimento e façam negócios. — O ExpoVinis é um catalisador do setor, fomentando e acelerando o contato entre produtores nacionais e internacionais com os players do mercado brasileiro e dos demais mercados mundiais — conclui Domingos Meireles.

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Mercado

Salerno traz o bom da terra Dispostas a entrar no mercado brasileiro, vinícolas de Salerno, produtoras do famoso Cilento, participam este mês de encontro inédito com importadores no Rio

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Cintia Salomão Castro

nquanto o país debate o projeto de aumento do imposto de importação de 27% para 55% — o que tem gerado protestos de sommeliers, chefs e importadores — o brasileiro bebe cada vez mais vinho. O fato, além de aumentar o volume das importações, provoca uma procura por maior qualidade. De acordo com um levantamento da Nielsen, feito a pedido da Associação Brasileira de Supermercados, os estabelecimentos aumentaram em 34,9% as vendas de vinho em 2011, em comparação ao ano anterior. O gestor de bebidas alcoolicas de uma das principais redes cariocas de supermercado, o Zona Sul, confirma a maior procura pela bebida junto às prateleiras: as vendas crescem em média 12% ao ano e, entre os italianos mais vendidos, figuram Chianti, Frascati, Orvieto, Brunello e Montalcino. — Estamos embarcando amanhã para participar da Vinitaly, em Verona, em busca de novos produtos e fornecedores. O consumidor brasileiro de cidades onde faz calor, como o Rio de Janeiro, tem buscado vinhos mais modernos, mais leves, com menos carga tânica. Esse tipo de vinho costuma ser, além de tudo, mais econômico — analisa. No vasto universo do secular vinho italiano, po24

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rém, há regiões que produzem garrafas ainda pouco conhecidas na mesa do brasileiro. Um exemplo vem de Salerno, onde ninguém menos que os antigos gregos que cultuavam Dioniso introduziram, em colônias como Paestum e Elea, nos montes de Cilento — região declarada pela Unesco Patrimônio da Humanidade — o cultivo do vinho que hoje leva o nome da região.

Os importadores brasileiros têm uma oportunidade de conhecer, este mês, a oferta salernitana através dos representantes das seis vinícolas que virão ao Rio de Janeiro especialmente para participar da missão empresarial organizada pela Câmara Ítalobrasileira de Comércio, Indústria e Agricultura do Rio, em parceria com a Associação Enoteca de Salerno. O encontro acontece no


dia 16 na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan) e conta com a presença do presidente da província de Salerno, Edmondo Cirielli. Prontas para entrar no mercado brasileiro Situadas entre os verdes montes do Parque Nacional do Cilento e o azul da Costa Amalfitana, as vinícolas estão ávidas para estrear no promissor mercado brasileiro. A maior parte já exporta para outros países e está vindo ao Brasil pela primeira vez, como a azienda Cobellis, que produz branco e tinto, fiano e aglianico. — Percebemos que o Brasil aproxima-se cada vez mais do vinho de qualidade, exigindo produtos cada vez melhores. Porém, sabemos que as taxas de importação atrapalham a venda no mercado. Queremos encontrar um importador que trabalhe com exclusividade com os nossos produtos — resume o diretor comercial da Cobellis, situada no Cilento, Napoleone Cioffi.

O Cilento produzido hoje em Salerno foi introduzido pelos antigos gregos, que levaram a cultura do vinho a colônias como Paestum e Elea por volta do século VI a. C.

O presidente da Província de Salerno, Edmondo Cirielli (foto), vem ao Rio especialmente para a missão das vinícolas da região, situadas em uma das mais belas localidades italianas, entre os montes de Cilento e a Costa Amalfitana

sileiros as vinícolas San Giovanni, Marisa Cuomo, De Conciliis e Polito. Os vinhos ofertados incluem os brancos Crai Fiano Paestum e Furore Bianco Costa d’Amalfi; os tintos Jungano Paestum Aglianico e Furore Rosso Costa d’Amalfi; e os rosados Piscrai Paestum Rosato e Rosato Primerose.

O proprietário da San Salvatore, uma das empresas agrícolas participantes do encontro do dia 16 de abril, Giuseppe Pagano, destaca que o grande diferencial da marca é o seu selo de 100% biológica. — Todo o vinho que produzimos é biológico. Usamos somente fertilizantes naturais e nosso maquinário é biodinâmico — conta o empresário, que também administra uma criação de búfalos para extrair leite e fabricar a famosa mussarela de búfala. Como outros vinicultores italianos, Pagano não esconde que está de olho no mercado brasileiro. — O churrasco de vocês combina muito bem com o nosso aglianico tinto, de sabor forte. Já exportamos para vários países como Estados Unidos, Alemanha e Japão, e estamos certos de que também podemos fazer bons negócios no Brasil, país cuja economia cresce a cada ano — resume. Além da San Salvatore e da Cobellis, participam do encontro de negócios com importadores bracomunitàitaliana | a bril 2012

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Mercado

Aposta no exterior Reunidos na Vinitaly, produtores brindam o bom desempenho das exportações que compensa a retração interna e contribui com a valorização mundial do requinte Made in Italy Guilherme Aquino

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De Verona

vinho italiano conquista cada vez mais novos admiradores em todo o mundo. A prova disso foi a presença de cem países, dos cinco continentes, na mais prestigiosa feira internacional de vinhos, a Vinitaly, em Verona, de 25 a 28 de março. Durante quatro dias, a cidade de Romeu e Julieta foi invadia por representantes de vinícolas, vendedores, importadores e um exército de consumidores em busca do néctar dos deuses. Os números falam por si: 4.200 expositores, 95 mil metros quadrados, 2.625 jornalistas credenciados e cerca de 150 mil visitantes. Em meio a tudo isto, compareceram 125 empresas biodinâmicas de países como Áustria, França, Itália e Eslovênia, ou seja, aquelas que contam apenas com a terra, a planta e o homem para obter um bom vinho, ganhando o direito de trazer, no rótulo da garrafa, a indicação de “vinho biológico”. A Itália é a líder do mercado mundial. O país exporta 22% do vinho consumido no planeta, movimentando 4,4 bilhões de euros. O desempenho no mercado estrangeiro compensa a retração do con26

sumo dentro de casa, com o italiano bebendo menos, mas melhor. O fato de a Itália ser o segundo produtor mundial — encontrando-se em empate técnico com a Espanha — com 40,3 milhões de hetolitros, contra 50,2 da França, revela o quanto pesa o prestígio italiano no mercado internacional. Não por acaso, a exemplo do que ocorre na moda, muitas cantinas importantes estão inscritas na Fundação Altagamma (composta por 70 empresas), agregando a excelência do Made in Italy em diferentes setores como o design e o vinho. Allegrini, Bellavista, Ca’ del Bosco, Biondi Santi, Masi e Ferrari, são algumas das marcas que fazem parte desta “força tarefa” de alto luxo italiano. — O crescimento do setor do vinho italiano de excelência mostra como ele está com boa saúde. O nosso observatório revela um mercado de 33 bilhões de euros, com um incremento de 6 % em 2011, e mostra que o vinho contribuiu com as exportações, com um aumento de 13% — afirmou o presidente da Fundação Alta Gamma, Santo Versace, durante a Vinitaly. Segundo ele, a valorização das marcas das vinícolas e a profissionalização da administração se aproximam muito do mundo da moda e do design.

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A Vinitaly reuniu em Verona 125 empresas de vários países que cultivam o chamado vinho biológico, livre de agrotóxicos

Lifestyle Brand é a palavra de ordem no mundo do luxo. Para Santo Versace, isso significa agregar valor emocional, além do sentido estético e da funcionalidade do produto. Ele deve ser elegante, criativo, hedonísta. — As empresas internacionais gastam uma fortuna para encontrar elementos de lifestyle aos quais associarem seus produtos. As empresas italianas possuem já isto no DNA. O território, a beleza, a história, a criatividade... Não temos que inventar nada, apenas sermos fieis a nós mesmos. O tema do vinho inclui a cordialidade, o bom gosto e a ligação com o território — define, anunciando o lançamento de um livro fotográfico sobre a história do estilo de vida italiano e seus produtos de ponta. Para o empresário Matteo Ferrari, a sinergia entre os mundos do vinho, do design e da moda constituti chave de leitura para uma visibilidade e valorização maiores do setor. — O bom e o belo vão sempre de acordo e os vinhos de Altagama acompanham, quase sempre, eventos da moda e do design, sob a égide da excelência italiana. Um desfile, uma mostra, a abertura de uma nova loja são ótimas vitrines para os nossos vinhos — afirma Matteo, dando razão eventos como o da Vendemia de Montenapoleone, que juntou os grandes nomes da moda com as principais etiquetas do vinho. A difusão do estilo de vida italiano passa pelo brinde de vinhos de qualidade. O problema é comemorar isso no Brasil. Com a moeda forte, a produção brasileira perde em competitividade para o mercado internacional. Entre 2006 e 2010, a importação de vinhos italianos no Brasil cresceu 56%, contra uma produção interna de apenas 3%. Uma supertaxa ou uma quota de importação para os próximos oito anos são medidas que o governo brasileiro estaria estudando para proteger os produtores locais. O que pode fazer com que o consumidor final, para beber um bom vinho italiano, tenha de pagar mais caro.

A Itália é a líder do mercado mundial, exportando 22% do vinho consumido no planeta e movimentando 4,4 bilhões de euros


Notícias

Itália quer remodelar favela do Leme

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urante a Rio+20, Itália e Brasil devem apresentar um projeto em conjunto de remodelamento da favela do Leme, no Rio de Janeiro. A informação foi comunicada pelo ministro italiano do Meio Ambiente, Corrado Clini, em Brasília, no início de abril. “É uma ideia que conta com o apoio do prefeito Eduardo Paes, com quem vamos nos reunir durante essa visita ao Brasil”, informou durante evento na Embaixada. Clini adiantou que o projeto arquitetônico não prevê a derrubada das atuais construções, e sim um grande espaço de acesso para favorecer a circulação, e que o objetivo é “integrar o bairro ao resto da cidade, em vez de condená-lo por ser um gueto”.

Design italiano no Rio Boat Show

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s estaleiros italianos Ferretti, Yatch e Sessa Marine apresentam seus lançamentos nos salões do Rio Boat Show, o maior evento náutico outdoor da América Latina, de 12 a 18 de abril, no Píer Mauá. Uma das novidades da 15ª edição é o 1º Rally Náutico, que vai percorrer a Baía de Guanabara no sábado, além do novo endereço do evento, tradicionalmente realizado na Marina da Glória: o Píer Mauá, com 45 mil metros de área. Um ciclo de palestras vai reunir especialistas em tecnologia náutica, pesca esportiva, vela e mergulho. Durante o Rio Boat Show de 2011, o volume de negócios fechados superou os R$ 200 milhões.

Luto

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orreu na Itália, aos 48 anos, Massimo Cabiati. Ele era dirigente da agência italiana de trabalho Obiettivo Lavoro e conselheiro da Câmara de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro. Seu funeral foi em 4 de abril, na catedral de Terni, cidade onde nasceu, na Úmbria, com a participação de cerca de duas mil pessoas, entre elas a presidente da Região, Catiuscia Marini, que recordou com carinho de sua amizade com Massimo, e muitas personalidades. Ele tinha grande ligação com o Brasil, país onde foi responsável pela implantação de projetos que abriu oportunidade de trabalho para profissionais brasileiros, com destaque na área de enfermagem, em 2006, quando teve a oportunidade de encontrar o ex-presidente Lula (na foto) para falar da iniciativa de cooperação. Reconhecido pela paixão ao futebol, ajudou a formar categorias de base do clube de sua cidade natal, o Ternana Calcio; torcia pela Lazio e pelo Fluminense, o qual teve a chance de participar como torcedor emérito do título de campeão brasileiro em 2010 e, na mesma ocasião, recebeu condecoração das mãos do então técnico Muricy Ramalho. Sua presença no Rio de Janeiro em vários momentos rendeu a ele o título de cidadão do estado. Ele foi acometido por um linfoma raro e internado no Hospital de Terni no dia 17 de fevereiro, mesmo dia em que embarcaria para passar o carnaval no Rio, e faleceu no dia 2 de abril. Deixa a esposa Nadia e os filhos Alessandro, 16, e Paolo, 12.


História

O bem da imperatriz desconhecida A napolitana Teresa Cristina é pouco conhecida, no entanto, a esposa de D. Pedro II deixou grande contribuição ao país, sobretudo às artes e à arqueologia, e sua história tem permanecido oculta por preconceito e machismo, afirma historiador

Cintia Salomão Castro

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rasileiros ou italianos, poucos sabem que o maior país da América do Sul teve uma imperatriz napolitana. O professor de Literatura Brasileira e Língua Portuguesa da Universidade de Roma Tor Vergata, Aniello Angelo Avella, passou dez anos mergulhado em fontes até hoje pouco ou nada exploradas — como o seu diário e as cartas escritas e recebidas — entre os arquivos de Nápoles, Petrópolis e Rio para desconstruir o mito da imperatriz silenciosa. Ao preencher uma lacuna existente na historiografia de ambos os países, seu livro Una napoletana imperatrice ai tropici – Teresa Cristina di Bourbone sul trono del Brasile, que acaba de ser lançado na Itália pela Exòrma (www.exormaedizioni. com), traz um relato das atividades arqueológicas daquela que nasceu como princesa do Reino das Duas Sicílias, se casou com o brasileiro D. Pedro II por procuração em 30 maio de 1843, e foi a responsável por trazer ao Brasil centenas de relíquias diretamente das escavações de Pompeia e Herculano, além de achados etruscas da região de Veio, hoje no acervo do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio. Para o professor Aniello, autor de Un fedele ritratto, peça que con28

ta a trajetória da imperatriz apresentada com sucesso em Salerno e em Roma, e ainda inédita no Brasil, a figura de Teresa Cristina tem permanecido oculta nos livros de História por dois motivos: um certo machismo na historiografia, e o desprezo construído em torno da dinastia dos Bourbon, os grandes perdedores da Unificação italiana. “O resgate da história de Teresa Cristina é importante não somente para o Brasil, mas também para a Itália. Ao conhecer seus feitos no campo da arte e da arqueologia, os italianos podem se abrir mais ao contato com a riquíssima cultura brasileira, enquanto a historiografia brasileira pode derrubar falsos mitos, como o de que a influência italiana nas artes e na arquitetura da cidade do Rio de Janeiro foi escassa”, defende Aniello. ComunitàItaliana - O senhor é o autor da primeira biografia da imperatriz napolitana Teresa Cristina. Sobre a vida do imperador D. Pedro II, pelo contrário, já se escreveram vários livros. Por que a figura da imperatriz é tão oculta, seja no Brasil, seja na Itália? Aniello Angelo Avella - O panorama historiográfico sobre a imperatriz é de fato muito reduzido

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O casamento por procuração da imperatriz com D. Pedro II aconteceu em maio de 1843 na Capela Real Palatina, em Nápoles, em cena retratada por Alessandro Cicarelli, pintor que chegaria ao Brasil na mesma esquadra que trouxe Teresa Cristina ao Rio. A obra está exposta no Museu Imperial de Petrópolis

e muito escasso. Há pouquíssimos artigos sobre ela até hoje. Isso também é fruto de um certo machismo no modo de contar a História. Um artigo de Maria Eugênia Zerbini, de 2008, publicado na revista de História da Biblioteca Nacional, é um dos únicos a citar suas atividades arqueológicas... Concordo com a interpretação de que o machismo na historiografia a colocou na sombra, tirando-se luz da imperatriz para lançar holofotes sobre a figura do imperador filósofo e intelectual. Porém, além disso, há outra coisa que ressalto em meu livro: a historiografia brasileira, ainda hoje, assume uma postura semelhante àquela italiana de até poucos anos atrás. A Itália passou por um pro-


cesso de Unificação concluído há 150 anos. A historiografia tradicionalmente premia os vencedores e pune os derrotados. Neste caso, o derrotado é o reino de onde vinha Teresa Cristina, irmã de Ferdinando II, rei das Duas Sicílias, derrotado nas guerras entre 1820 e 1861, antes da Unificação, através da ação do Reino de Savoia e também da ação de revolucionários como Garibaldi. O Reino das Duas Sicílias, ou a Dinastia dos Bourbon de Nápoles, saiu derrotada, e a historiografia italiana, até poucos anos atrás, sustentava que eram reacionários, que Nápoles era governada de maneira despótica, que era atrasada e por aí vai. Há uma parte de verdade e outra de mentiras. Em decorrência das celebrações da Unificação, se está refletindo muito sobre todos esses conceitos e o processo de construção da Itália. Os problemas atuais decorrem de distorções que aconteceram no processo de Unificação, cujas consequências pagamos até hoje. Muitos estudiosos reviram a tese de que Nápoles era uma capital atrasada. Em certos setores, era muito avançada: as primeiras ferrovias e locomotivas foram feitas na cidade, assim como nela foi construído o primeiro navio a vapor do Mediterrâneo. A cultura napolitana, no século XVIII, era riquíssima. Vários pensadores napolitanos iluministas da época influenciaram fortemente a Revolução Francesa, como o filósofo Filangieri, que muito falou de direitos humanos e condenou a escravidão. No campo da arqueologia, as grandes escavações de Pompeia e Herculano foram feitas no final do século XVIII, sob os cuidados da dinastia dos Bourbon. Então, o julgamento da história brasileira sobre a imperatriz também deriva desse preconceito em relação aos Bourbon de Nápoles. CI - Qual é a visão, na Itália, da imperatriz napolitana dos trópicos? Os italianos conhecem a sua história? AAA - Absolutamente não, e este é o ponto. Escrevi esse livro porque a historiografia italiana desprezou até há pouco tempo tudo o que era bourbônico. Somente alguns arqueólogos na Itália a conhecem, devido à sua grande cultura arqueológica, contrariando algumas teses sobre sua suposta ignorância.

CI - Mas isso também não decorre do fato de a história do Brasil ser muito pouco conhecia no país? AAA - Sim, é verdade. A cultura italiana é afetada por um certo provincianismo, provavelmente porque o país teve uma história na qual cada região era um Estado, com suas próprias línguas. De fato, a cultura italiana, quando se volta para o exterior, olha quase que exclusivamente para a França, a Inglaterra, a Alemanha, os Estados Unidos e a Espanha. CI - Isso também não seria consequência de uma visão eurocêntrica? AAA - Sim, mas a França, por exemplo, adota uma postura diferente e a historiografia francesa dá uma atenção maior ao Brasil. Nesse ponto, a Itália apresenta um comportamento contraditório, pois possui interesses enormes, econômicos, culturais e antropológicos, no país onde existe a maior colônia de oriundi do mundo, com mais de 30 milhões de descendentes. Grandes empresas italianas, como Fiat e Pirelli, estão aqui, além de uma enorme rede de pequenas e médias empresas, mas do ponto de vista histórico e cultural, na Itália, fala-se muito pouco do Brasil, embora, nos últimos anos, a situação tenha melhorado. Falava-se somente de futebol e carnaval. Hoje, existe um conhecimento mais amplo, graças à literatura, um veículo de conhecimento sobre o país muito mais avançado do que a historiografia. Além de Jorge Amado, se leem autores contemporâneos, como Rubem Fonseca. CI - É verdade que quando a imperatriz desembarcou no Rio, em 1843, e D Pedro II a viu pela primeira vez, provou grande decepção por

Napolitano como Teresa Cristina, Edoardo De Martino, autor de Corveta Cristina (no alto), um dos mais importantes marinistas do século XIX, foi o pintor oficial da Guerra do Paraguai e depois se tornou marinista da corte inglesa. Acima, o pesquisador italiano Aniello Angelo Avella no dia do lançamento da biografia da imperatriz, em março, no Rio

“A Itália apresenta um comportamento contraditório: tem interesses enormes, econômicos, culturais e antropológicos no país que abriga a maior colônia de oriundi do mundo, mas, do ponto de vista histórico e cultural, fala muito pouco do Brasil”

suas características físicas? AAA - Quando começaram as negociações para o matrimônio, em 1841, não existia a fotografia. Dom Pedro quer saber quem é a pretendente e manda fazer um retrato em pintura. CI - E também certamente ela devia querer saber como era o seu futuro marido... AAA - Claro. De fato, citamos isso na peça (Un fedele ritratto). Chega até ela uma medalha com a imagem de Dom Pedro II. O retrato que chega até ele é a imagem de uma mulher ideal, tendo ao fundo o Vesúvio. Dizem que no primeiro encontro ele tenha se chocado e até chorado de decepção junto à sua ama de criação, a Condessa de Belmonte, que chamava de “dadama”, a qual teria aconselhado-o a casar-se, pois o matrimônio imperial não estava ligado ao coração, mas aos interesses de Estado. No entanto, me indago por quais motivos não existem documentos escritos sobre isso, mas somente vozes? Afinal, dezenas de pessoas assistiram ao primeiro encontro, entre militares e damas de companhia. É provável que a versão da decepção tenha sido difundida pelo embaixador da Áustria, pois os austríacos não estavam contentes com o casamento com uma princesa Bourbon. Encontrei dois

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testemunhos, entre os quais um oficial napolitano, o comandante da esquadra que estava presente no Rio, Eugênio Rodrigues, que escreveu um livro no qual relata a viagem de Nápoles ao Rio. Ele escreve que, ao contrário daquilo que se diz, o imperador já estava entusiasmado e via-se que estava apaixonado. Pode ser que tenha exagerado, mas é o único testemunho escrito oficialmente. Além disso, há a o testemunho da feminista e republicana Nísia Floresta, que não tinha nenhuma simpatia pelos Bourbon. Em um de seus livros, em que narra os três anos em que morou na Itália, descreve Nápoles como riquíssima e cheia de vida, e exalta o seu museu arqueológico da cidade. Nísia descreve as núpcias do casal, em que ela parecia bela e feliz. Aliás, a imperatriz se faz fotografar sem problemas quando surge a fotografia. Parecia que não era belíssima, mas também não era absolutamente esse monstrengo do qual falam. E, no final das contas, o fato que fosse feia ou bonita é totalmente secundário, visto o que representou historicamente. CI - Qual foi a influência da imperatriz napolitana sobre as artes no Brasil? AAA - Seu papel foi muito importante. Possuía uma grande cultura arqueológica. Quando veio ao Brasil, trouxe em seu dote uma rica coleção de arte antiga: as escavações de Pompeia foram realizadas pelos seus avós. Ela nasceu e cresceu nessa cultura. A exposição permanente no Museu da Quinta da Boa Vista, no Rio, conta com cerca de 900 objetos de arte pompeiana e de outros locais. Além do dote, ela recebeu uma herança na Itália, um terreno na região de Veio, ocupada pelos etruscos e posteriormente pelos romanos. Encarregou arqueólogos italianos de escavar no local, onde foram encontradas tumbas etruscas. Muitos daqueles achados foram enviados ao Rio. Tratase de uma operação de alto valor artístico e simbólico. Em viagens à Europa e ao Egito com o marido, visitaram sítios arqueológicos. Quando o Reino de Nápoles chegou ao fim, em 1861, a atividade não foi interrompida. Estabelecese, então, um intercâmbio entre a Itália unificada e o Brasil imperial: da Itália chegavam os objetos 30

etruscos, pompeianos e romanos, e do Brasil embarcavam peças do artesanato indígena. Por isso, no Museu Pigorini, em Roma, e no Museu Cívico de Modena há riquíssimas coleções de arte indígena brasileira. Foi uma operação de grande valor: ela transplantou para os trópicos a antiguidade mediterrânea e mandou à Itália marcas das raízes da civilização brasileira. Isto já bastaria para desmentir a imagem de uma imperatriz apagada, silenciosa e ignorante. Essa imagem também acabou sendo criada por causa do caráter reservado de Teresa Cristina, traço percebido como “desinteresse”. Um equívoco. CI - Na apresentação do seu livro, fala-se de um “temperamento forte que se impunha ao marido”. AAA - Diz-se que era submissa ao imperador. Mas não é verdade e eu o mostro no meu livro. Uma mulher napolitana submissa não existe (risos). Em cartas escritas pelas filhas, como uma assinada pela princesa Leopoldina, lemos que “minha mãe é muito mandona”, “quer que meu pai faça como ela diz, ainda que a Bíblia diga que a mulher deva ser submetida”. Frequentemente, a imperatriz escreve a Dom Pedro II, desculpando-se pelo seu caráter agressivo e pedindo perdão por tê-lo, possivelmente, tratado mal. CI - Ela se expressava sobre fatos políticos como a abolição da escravatura e a proclamação da República? AAA - Não muito, sempre por seu caráter enigmático e reservado, e não por falta de interesse. Quando deu-se a Abolição, o casal estava em Milão, e Dom Pedro II não estava bem de saúde. Ela mandou expedir um telegrama de felicitações à filha por aquela “grande ação”. Quando aconteceu a Revolta do Vintém, por exemplo, Teresa descreve a situação como “grave e pesada”, que “requer muita atenção”. CI - Pode-se dizer que sua presença fortaleceu a cultura italiana no Brasil? AAA - Ela representou um processo de forte aceleração da italianidade no país. Come mai no Brasil se criou a maior colônia italiana do mundo? As relações entre os dois países são fortes desde

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O diretor do Instituto Italiano de Cultura, Rubens Piovano; o diretor do Museu Imperial de Petrópolis, Mauricio Ferreira; D. Pedro Carlos de Orléans e Bragança e Bourbon; e o professor Aniello Avella, prestigiaram a inauguração da mostra Artistas italianos no Brasil Imperial, em Petrópolis, em cartaz até 5 de agosto

1500, se citarmos Vespucci e Antonil, mas essa presença começa a assumir um caráter sistemático a partir da vinda da imperatriz. Escrevi um capítulo intitulado Teresa Cristina e a República italiana das artes no Rio de Janeiro. Ela cria uma verdadeira república de artistas italianos, com pintores e músicos, além de cantar e possuir uma grande cultura musical. Porém, na historiografia, esse fato é visto como um elemento folclórico. Ah todos os napolitanos cantam, então ela cantava também... Mas não é bem assim. Escrevo que, quando surgiu Carlos Gomes, o imperador queria que ele fosse estudar na Alemanha. Mas quem o enviou à Itália para estudar com Verdi? Esse fato mostra a importância de sua influência, visto o papel da música no processo de construção identidade nacional brasileira.

Os artistas italianos da corte brasileira

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palácio imperial de Petrópolis, sede do atual Museu Imperial, era a residência preferida da napolitana Teresa Cristina. No aniversário da cidade serrana fluminense, no último dia 16 de março, e dois dias após a data de nascimento da imperatriz, a casa inaugurou a exposição Artistas italianos no Brasil Imperial, sob a curadoria do diretor do museu Maurício Vicente Ferreira Jr. Os 31 objetos — entre pinturas, gravuras, joias e livros — atestam a presença de pintores e retratistas que chegavam de cidades como Nápoles, sobretudo a partir do desembarque em setembro de 1843, no Rio. Na frota que trazia a esposa de D. Pedro II, estavam os pintores Alessandro Cicarelli e Edoardo de Martino. A mostra está aberta ao público até 5 de agosto, na Sala de Exposições Temporárias do Museu. A ideia de montar a exposição partiu do museu de Petrópolis, e a proposta ganhou o apoio do Momento Itália-Brasil. Além dos originais de Cicarelli, Edoardo e Carlo Ferrario, o visitante pode conferir vasos em porcelana e broches camafeus da época, pinturas da paisagem carioca do século XIX e retratos dos membros do império. “É uma oportunidade para conhecer a contribuição de artistas da península itálica ao panorama cultural da corte do Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX, influência intensificada após o casamento do imperador com dona Teresa Cristina”, afirma Mauricio Ferreira, lembrando que o falecimento de dois filhos do casal na fazenda de Santa Cruz fez com que a napolitana se voltasse cada vez mais para o palácio de Petrópolis.


Cintia SalomãoCastro

Gastronomia medieval que comiam os italianos na Idade

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Fotos: UERJ

Média? O pesquisador e membro do Centro Studi dell’Accademia Italiana della Cucina, Enrico Carnevale Schianca, não apenas responde a essa pergunta. Ele preparou um verdadeiro glossário com sete mil receitas e 2500 verbetes para quem estuda o assunto e também para quem quer pôr em prática a culinária medieval do Belpaese e descobrir — ou redescobrir —sabores e paladares que se perderam na poeira do tempo. La cucina medievale. Lessico, storia, preparazioni é editado pela www.olschki.it

Descobrir Stabiae no Rio O

s intercâmbios entre Brasil e Itália na área da arqueologia já rendem belos frutos. A Universidade do Estado do Rio de Janeiro vai sediar, a partir do próximo mês, a mostra Além de Pompeya - Redescobrindo o encanto de Stabiae, na qual serão reproduzidos os leitos e os quartos de dormir da cidade que, junto com Pompeia, Herculano e Oplontis, sucumbiu à gigantesca erupção do Vesúvio que estremeceu o golfo de Nápoles em 79 d.C. A ideia de trazer a mostra ao Brasil partiu do professor italiano Aniello Avella, autor da biografia sobre a esposa de Dom Pedro II, a imperatriz napolitana Teresa Cristina, responsável por diversas escavações arqueológicas na região ao longo do século XIX. Serão 28 peças originais da Villa de Stabiae, incluindo o conjunto de afrescos do quarto conhecido como Camara Erotica. Paralelamente, um festival de cultura da Roma antiga contará com a participação de músicos italianos que vão tocar instrumentos da época, como bandolim e tamborins. “A montagem da exposição reproduzirá os ambientes da época para que o visitante saiba como era a vida naquela região”, explica a sub-reitora de Extensão e Cultura da UERJ Regina Lucia Monteiro Henriques.

Os 11 monitores da mostra são alunos do curso de italiano da Universidade Aberta da Terceira Idade que acabaram de concluir um curso de formação diretamente no sítio arqueológico de Castellammare di Stabia. — Esse intercâmbio é de grande importância para a UERJ. Possibilita a troca de experiências e a atuação de nossos professores da área. Esperamos introduzir um curso de graduação em arqueologia até o próximo ano — afirma a sub-reitora, lembrando que o estado do Rio carece de um curso de graduação para arqueólogos. A mostra será realizada em parceria com a Fundação The Restoring Ancient Stabiae (RAS) e conta com o apoio do Momento Itália-Brasil. A inauguração está prevista para 24 de maio, devendo permanecer em exposição até 20 de julho.

Monumentos naprojeto internet Wiki Loves Monuments

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deve, finalmente, chegar à Itália em setembro deste ano, trazendo o concurso fotográfico internacional criado para reunir imagens de monumentos de vários países — e que serão compartilhadas com licença livre no site Wikipedia. O projeto nasceu em 2010 do Wikimedia Netherlands e entendeu-se a 18 países europeus no ano seguinte, recolhendo 169 mil fotos de bens culturais e artísticos. A chegada do projeto à Itália esbarrava no decreto Urbani (2004), que exige uma autorização da superintendência competente para o uso comercial da imagem. Agora, porém, tudo indica que, até setembro, os nós serão desatados, conforme acredita o responsável pelo Wikimedia Italia, Andrea Zanni, que está em contato com o governo italiano para encontrar um acordo. Uma possível saída será a criação de uma lista de monumentos do inestimável patrimônio artístico italiano que poderão ser fotografados.

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Atualidade

Ramaciotti, simplesmente

o melhor Ramaciotti, semplicemente il migliore O mais famoso designer de automóveis do mundo abre seu escritório em Turim à Comunità e fala do desafio de supervisionar o estilo de todas as marcas do grupo Fiat, como Alfa Romeo, Chrysler, Jeep, Iveco e New Holland

Il più famoso designer di automobili del mondo apre il suo ufficio a Torino a Comunità e parla della sfida di supervisionare lo stile di tutti i marchi del gruppo Fiat, come Alfa Romeo, Chrysler, Jeep, Iveco e New Holland

Gina Marques De Roma

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o universo dos automóveis, ele é “o cara”. A carreira do engenheiro Lorenzo Ramaciotti, o mais famoso designer do setor no mundo, confirma uma fórmula em que todos os ingredientes deram certo. O italiano parece ter nascido para isso, em 1948, logo após a segunda guerra mundial. Como muitos de sua geração, cresceu com o mito dos carros, o qual representava a superação das dificuldades e o desejo de progresso. Como se não bastasse, é originário de Modena, cidade ligada fortemente aos motores, a apenas 500 metros da fábrica da Maserati e perto da sede da escuderia Ferrari. Atualmente, chefia o Centro Estilo Fiat, cujos escritórios são responsáveis por projetar o estilo de todas as marcas do grupo. O sucesso de Ramaciotti se deve a uma combinação de qualidades fundamentais, entre as quais, uma visão tridimensional a 360º. Com vasta experiência e uma vida dedicada ao design dos automóveis, o engenheiro Ramaciotti faz projetos entendendo cada sociedade, as diferentes economias que influenciam os costumes e a cultura em interação com a estética. O designer recebeu ComunitàItaliana com exclusividade 32

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ell’universo delle automobili lui è “il tipo giusto”. La carriera dell’ingegnere Lorenzo Ramaciotti, il più famoso designer del settore nel mondo, conferma una formula in cui tutti gli ingredienti hanno funzionato. L’italiano sembra proprio nato per fare questo, nel 1948, subito dopo la seconda guerra mondiale. Come molti della sua generazione è cresciuto con il mito delle macchine che rappresentavano il superamento delle difficoltà e la voglia di progresso. Come se non fosse sufficiente, è di Modena, città molto legata ai motori, a soli 500 metri dalla fabbrica della Maserati e vicino alla sede della scuderia Ferrari. In questo momento è a capo del Centro Stile Fiat, uffici responsabili dei progetti dello stile di tutte le marche del gruppo. Il successo di Ramaciotti si deve ad una combinazione di qualità fondamentali, tra cui quella di vantare una visione tridimensionale a 360º. Con una vasta esperienza e una vita dedicata al design delle automobili, l’ingegnere Ramaciotti fa progetti pensando ad ogni società, alle varie


Ramaciotti projeta os carros da Fiat para vários mercados mundiais, procurando entender a tradição e a cultura de cada país

Fotos: Lorenzo Ramaciotti

Ramaciotti progetta le auto della Fiat di vari mercati mondiali, cercando di capire la tradizione e la cultura di ogni paese

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em seu escritório no Centro Estilo Fiat, em Turim, onde falou sobre sua vida e o seu trabalho. A impressão que transmite é espontaneidade, simplicidade e sofisticação, capaz de deixar qualquer um à vontade como se estivessem em um tranquilo bate-papo. Além disso, impressiona pela sua cultura geral. — Meu pai era um grande amigo dos proprietários da Maserati, a família Orsi. Quando era possível, eu ia visitar a fábrica. Minha tia, hoje com 96 anos, sempre me disse que quando eu era criança, ao passar um carro, eu reconhecia o som de cada motor. Claro que, naquela época, era mais fácil reconhecer o som porque havia poucos automóveis. Além disso, eu gostava de desenhar carros. Ainda tenho os cadernos com os desenhos — disse, sorrindo. O engenheiro Ramaciotti se lembra também do primeiro carro que teve quando completou 18 anos: — Faço parte da geração 500. Naquela época, poucos tinham a possibilidade de ter um automóvel. Entre aqueles que podiam ter um carro quando completavam 18 anos, os pais davam um Fiat 500, normalmente azul ou branca, enquanto os mais ricos recebiam uma Mini. Havia uma rivalidade entre o 500 e o Mini. Tive sorte, pois meus pais puderam me dar de presente um modelo 500 branco. Foi como o primeiro amor. Quando eu comprei o novo 500, reencontrei a minha juventude. Foi como rejuvenescer 40 anos — recorda. O 500, cujo design não é de autoria de Ramaciotti, representa uma tendência que se destacou na metade da última década com a nostalgia do passado. É uma espécie de retorno ao vintage dos anos 1960, recuperando as formas históricas dos automóveis como ícones. Depois da aprovação do Concept Car do 500, em 2004, esta nova versão foi lançada no mercado com grande sucesso, em 2007. Ramaciotti faz um balanço da sua vida: — Sinto-me uma pessoa de sorte, por ter realizado o sonho de infância. Acho que fui além das expectativas, porque nunca pensei em chegar neste ponto. Sinto-me realizado. Olhando para trás, nunca procurei fazer carreira. Simplesmente dediquei muita paixão e competência, procurando fazer um bom trabalho.

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Nel Centro Stile Fiat, a Torino, il designer Antonio Piovano (in piedi), accanto ad altri progettisti del marchio: 39 anni progettando auto

Fotos: Lorenzo Ramaciotti

A experiência começou na Pininfarina Ramaciotti estudou na Universidade Politécnica de Turim, onde se formou em engenharia mecânica. Em 1973, entrou no grupo de Pininfarina, a empresa italiana mundialmente reconhecida pela qualidade do design de automóveis. Ele se recorda, com orgulho, do grande mestre Leonardo Fioravante, com quem trabalhou lado a lado por cerca de 15 anos. — Com Fioravante, aprendi a projetar automóveis, não só como designer, mas também a construir protótipos, seguir projetos e interagir com os clientes. Também tive a sorte de trabalhar com Sergio Pininfarina, um excelente patrão e uma pessoa absolutamente correta, capaz de valorizar a responsabilidade e a confiança de quem trabalhava com ele, respeitando sempre os princípios éticos fundamentais. Nos 32 anos em que Ramaciotti trabalhou na Pininfarina, dos quais, 17 como diretor geral responsável pelo design da empresa, projetou carros para grupos internacionais como japoneses e coreanos, além das famosas marcas italianas como Ferrari e Maserati. Em 2005, Ramaciotti decidiu se aposentar para se dedicar à vida privada. — Eu sempre pensei que não é preciso morrer na mesa do escritório. Acho que o ser humano não

No Centro Estilo Fiat, em Turim, o designer Antonio Piovano (em pé), ao lado de outros projetistas da marca: 39 anos planejando automóveis

economie che influiscono sui costumi e alla cultura in interazione con l’estetica. Il designer ha ricevuto in esclusiva ComunitàItaliana nel suo ufficio nel Centro Stile Fiat a Torino, dove ha parlato della sua vita e del suo lavoro. L’impressione che trasmette è di spontaneità, semplicità e raffinatezza, ed è capace di lasciare qualunque persona a suo agio come se si stesse nel bel mezzo di una tranquilla chiacchierata. Inoltre colpisce per la sua cultura generale. — Mio padre era un grande amico dei proprietari della Maserati, la famiglia Orsi. Quando era possibile andavo a visitare la fabbrica. Mia zia, oggi 96enne, mi ha sempre detto che da bambino, quando passava una macchina, riconoscevo il rumore di ogni motore. È chiaro che a quell’epoca era più facile riconoscere il suono perché c’erano poche automobili. E mi piaceva anche disegnare macchine. Ho ancora i quaderni con i disegni — ha detto sorridendo. L’ingegnere Ramaciotti si ricorda anche della prima macchina che ha avuto quando ha compiuto 18 anni: — Sono della generazione della 500. Allora poca gente poteva avere un’auto. A quelli che potevano averne una quando compivano 18 anni di solito i genitori davano una Fiat 500, celeste o bianca, mentre ai più ricchi regalavano una Mini. C’era una certa rivalità tra la 500 e la Mini. Ho avuto fortuna perché


nasceu para trabalhar e sim para fazer também outras coisas. Sempre trabalhei com grande empenho, mas acredito que é fundamental cultivar uma vida privada. Quando achei que era o momento certo, pedi a minha aposentadoria. Mas o sossego durou pouco. Em 2007, Sergio Marchionne, administrador delegado da Fiat Group, lhe propôs a chefia de design do Centro Estilo Fiat, supervisionando todos os estilos das marcas que fazem parte do grupo — como Alfa Romeo, Maserati, Chrysler, Jeep, Dodge, Lancia, Autobianchi, Innocenti, Abarth, OM, Iveco, CNH, New Holland, Flexy-Coils, FIAT-Hitachi, Case e FIAT-Allis. Só ficou de fora a Ferrari que, por tradição, tem seu próprio estilista. Entre os seus trabalhos mais conhecidos, estão o Maserati GranTurismo, o Alfa Romeo Giulietta, o Alfa Romeo 4C Concept e o Maserati Kubang. — Aceitei o desafio, pois, após tanto tempo na Pininfarina, o meu trabalho já era uma rotina. Antes, trabalhava como consulente para vários clientes, com uma variedade de projetos. Na Fiat, tenho a oportunidade de ter um outro tipo de experiência. Agora, meu trabalho é como um construtor. Acompanho o processo desde o primeiro conceito até a comercialização do veículo. Além disso, trata-se da primeira vez que todas as marcas italianas, exceto a Ferrari, estão unidas em torno de um único grupo responsável. O estilo italiano, entre a paixão e a fantasia Uma das grandes virtudes dos estilistas italianos é a capacidade de emocionar, com criatividade, fantasia e paixão. Poucos sabem que os designers italianos, a partir dos anos 1950, desenham carros para o mundo inteiro. Pininfarina desenhava carros para a França, a Inglaterra, a Alemanha. Toda uma geração de carros europeus foi desenhada por italianos. Quando os países da Europa começaram a projetar os próprios carros, os italianos começaram a fazer o design para as nações da Ásia, como o Japão. Em seguida, para a Coréia do Sul. Agora, para a China. — A linguagem italiana acabou se tornando universal, como um esperanto. Poucos reconhecem, porém os italianos influenciaram a base dos projetos de muitos carros no mundo — disse Ramaciotti. Segundo ele, o estilo italiano é marcado pela sobriedade e pela elegância das proporções. É importante marcar uma época, mas a também a durabilidade, ou seja, a forma do carro não deve cansar depois de pouco tempo no mercado.

“A linguagem italiana acabou se tornando universal, como um esperanto. Poucos reconhecem, porém os italianos influenciaram os projetos de muitos carros no mundo”

“Il linguaggio italiano è diventato universale, come se fosse esperanto. In pochi lo riconoscono, ma gli italiani hanno influenzato i progetti di molte automobili nel mondo” i miei mi hanno potuto regalare un modello di 500 bianca. È stato come il primo amore. Quando ho comprato una nuova 500 ho ritrovato la mia gioventù. È stato come ringiovanire 40 anni — ricorda. La 500, il cui design non è di Ramaciotti, rappresenta una tendenza che si è messa in rilievo nella metà del decennio scorso grazie alla nostalgia del passato. È una specie di ritorno al vintage degli anni ’60, che recupera le forme storiche delle auto come icone. Dopo l’approvazione del Concept Car della 500 nel 2004, questa nuova versione è stata lanciata sul mercato nel 2007 con grande successo. Ramaciotti fa un bilancio della sua vita: — Mi considero una persona fortunata per aver realizzato un sogno d’infanzia. Credo di essere andato oltre alle aspettative perché non avevo mai pensato di arrivare a questo punto. Mi sento realizzato. Guardandomi alle spalle, non ho mai cercato di fare carriera. Le ho solo dedicato molta passione e competenza, cercando di fare un buon lavoro. L’esperienza è iniziata alla Pininfarina Ramaciotti ha studiato presso il Politecnico di Torino, dove si è laureato in ingegneria meccanica. Nel 1973 è entrato nel gruppo di Pininfarina, l’azienda italiana riconosciuta in tutto il mondo per la qualità del design di auto. E si ricorda con orgoglio del grande maestro Leonardo Fioravante, con cui ha lavorato fianco a fianco per 15 anni circa. — Con Fioravante ho imparato a progettare automobili non solo come designer ma anche a costruire prototipi, seguire progetti e ad interagire con i clienti. Ho anche avuto la fortuna di lavorare con Sergio Pininfarina, un eccellente datore di lavoro e una persona assolutamente corretta, capace di valorizzare la responsabilità e la fiducia di chi lavorava con lui rispettando sempre i principi fondamentali dell’etica. Nei 32 anni di lavoro alla Pininfarina, di cui 17 come direttore generale responsabile del design dell’azienda, ha progettato macchine per gruppi internazionali come giapponesi e coreani, oltre a famose marche italiane come Ferrari e Maserati. Nel 2005 Ramaciotti ha deciso di pensionarsi per dedicarsi alla sua vita privata. — Ho sempre pensato che non bisogna morire sulla scrivania dell’ufficio. Credo che gli esseri umani non siano nati per lavorare, ma per fare anche altre cose. Ho sempre lavorato con grande impegno, ma credo che sia fondamentale coltivare una vita privata. Quando ho pensato che fosse il momento giusto ho chiesto il pensionamento. Ma la tranquillità è durata poco. Nel 2007 Sergio Marchionne, amministratore delegato della Fiat Group gli ha proposto di essere a capo del Centro Stile Fiat, che supervisiona tutti gli stili delle marche facenti parte del gruppo – come Alfa Romeo, Maserati, Chrysler, Jeep, Dodge, Lancia, Autobianchi, comunitàitaliana | a bril 2012

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— Nós, italianos, transmitimos paixão nos carros, talvez com um desenho mais romântico. Acho que cada país tem uma própria característica no estilo dos carros: os franceses são bizarros, os alemães são lógicos. Uma Maserati ou uma Ferrari possuem a capacidade de emocionar. Até o novo 500 transmite paixão. Quem compra o 500 é porque gosta e não pela necessidade de se ter um carro, pois, neste caso, compraria um automóvel maior, tipo um Panda, que custa menos. Os carros italianos tocam no coração. O trabalho de um designer de macchine, obviamente, requer um estudo técnico, mas as qualidades artísticas são fundamentais. Na arte é necessária inspiração. Para Ramaciotti, a inspiração vem espontaneamente, passeando pelas ruas e lendo jornais, enfim, em uma normal atividade diária. — Quando tenho uma folha branca nas mãos, começo a desenhar, sem uma fonte única de inspiração. Nos anos 70, alguns se inspiravam em conchas, outros na arquitetura. Existe também a corrente do biodesign que se inspira nas formas da natureza, como as pedras esculpidas pelo tempo — cita. O mundo cresceu, a humanidade se multiplicou e os carros também. Sobre o mercado atual de automóveis, há variedade para todos os gostos, ressalta. — Hoje a tendência é que não há tendência. O mundo de designer de carros é tão variado e fragmentado que tem lugar para tudo. Quem prefere um carro nostálgico o encontra, quem opta por um veículo racional também acha, e assim por diante. Para cada país, um tipo de carro preferido No mercado globalizado, existe um global car? Segundo Ramaciotti, a resposta é sim e não. — Os mercados têm necessidades diferentes. Alguns veículos são transversais em todos os mercados, como o Berlina Premium, que se pode vender no mundo inteiro. No entanto, o Golf, que é o carro mais vendido na Europa, tem um tipo de carroceria de dois volumes que não faz sucesso nos Estados Unidos,

O design brasileiro aposta em cores vibrantes nos detalhes internos

A

s diferenças no design estão fora e dentro dos carros, explica Antonio Piovano, do Centro Estilo de Turim: — Os designers brasileiros projetaram detalhes internos com cores especiais, que refletem, por exemplo, o ouro e a cultura do Brasil. Considere esta maravilhosa explosão de cores do carnaval. Tais detalhes coloridos não poderiam ser propostos na Europa: o gosto é diferente. Os europeus preferem tonalidades mais sóbrias. Antonio Piovano fala com orgulho do Novo Palio — o mais recente lançamento da Fiat que venceu o Prêmio Carro do Ano 2012. Desde seu lançamento, em 1996, foram vendidas mais de 2,5 milhões de unidades do modelo. Com esta vitória, o Palio torna-se tricampeão do prêmio. — Desde 1995, comecei a seguir o primeiro Palio, realizado com a Idea Institute, que depois seguiu diversos processos de reestilização. A Fiat é um sucesso no Brasil — afirma. Piovano conta também que ficou contagiado pelo “afeto e pela saudade dos brasileiros”, ao lembrar-se de importantes colegas. — Conheço Paulo Francisco Nakamura desde 1974, quando ele veio fazer um estágio aqui conosco. Com o tempo, foi nomeado o responsável pelo Centro Estilo Fiat no Brasil, projetando os internos e externos dos carros, e trabalhando junto com o diretor Peter Fassbender.

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Innocenti, Abarth, OM, Iveco, CNH, New Holland, Flexy-Coils, FIAT-Hitachi, Case e FIAT-Allis. È rimasta fuori solo la Ferrari che, per tradizione, ha il suo proprio stilista. Tra i suoi progetti più famosi ci sono: la Maserati GranTurismo, l’Alfa Romeo Giulietta, l’Alfa Romeo 4C Concept e la Maserati Kubang. — Ho accettato la sfida visto che, dopo tanto tempo alla Pininfarina, il mio lavoro era già una routine. Prima lavoravo come consulente per molti clienti, in una grande varietà di progetti. Alla Fiat ho l’opportunità di avere un’altro tipo di esperienza. Ora il mio lavoro è quello di costruttore. Seguo il processo dal primo concetto fino alla commercializzazione del veicolo. Inoltre si tratta della prima volta che tutte le marche, meno la Ferrari, sono unite intorno ad un unico gruppo responsabile. Lo stile italiano, tra passione e fantasia Una delle grandi virtù degli stilisti italiani è quella di essere capaci di emozionare con creatività, fantasia e passione. Pochi sanno che i designer italiani, dagli anni ’50 in poi, progettano auto per marche di tutto il mondo. Pininfarina disegnava auto per la Francia, l’Inghilterra, la Germania. Tutta una generazione di macchine europee è stata disegnata da italiani. Quando i paesi europei hanno cominciato a progettare le proprie auto gli italiani hanno iniziato a fare il design per nazioni asiatiche come il Giappone e poi per la Corea del Sud, per arrivare ora alla Cina. — Il linguaggio italiano è diventato universale, come se fosse l’esperanto. In pochi lo riconoscono, ma gli italiani hanno influito sui progetti di molte automobili nel mondo— ha detto Ramaciotti. Secondo lui, lo stile italiano è segnato dalla sobrietà e dall’esigenza di proporzioni. È importante segnare un’epoca, ma anche la durabilità, ossia la forma dell’auto non deve stancare dopo poco tempo nel mercato. — Noi italiani trasmettiamo la passione per le macchine, forse con un disegno più romantico. Credo che ogni paese abbia una propria caratteristica nello stile di auto: i francesi sono bizzarri, i tedeschi più logici. Una Maserati o una Ferrari possono emozionare. Perfino la nuova 500 trasmette passione. Chi compra la 500 lo fa perché gli piace e non per il bisogno di


Fotos: Lorenzo Ramaciotti

Atualmente há uma tendência para o down size. As dimensões não mudam, e sim o peso e as cilindradas do motor, que proporcionam mais segurança e menos consumo de combustível

In questo momento c’è una tendenza al down size. Non sono le dimensioni a cambiare, ma il peso e la cilindrata, che danno più sicurezza e risparmio di combustibile

nem na China. Os mercados americano e asiático preferem os clássicos veículos de três volumes, com capô, habitáculo e bagageiro que quase não existem na Europa. Portanto, é preciso ter abertura global e se adaptar aos gostos locais. Ramaciotti cita outro fato importante no mercado dos Estados Unidos: a preferência pelas caminhonetes pick-ups. Lá, foi inventada a Station Wagon, que predominou nos anos 1950, 1960 e 1970, e acabou chegando ao mercado europeu. Com o tempo, o modelo foi substituído pelo SUV, um carro que inspira o esporte ao ar livre. — Os SUV acabaram chegando também na Europa, mas em outras dimensões. Nos Estados Unidos, eles são enormes e chegam a 5 metros de comprimento. Se considerarmos as cidades europeias, com um veículo assim tão grande é difícil se mover pelas ruas. Recentemente, com a ajuda do governo norte-americano, a Fiat uniu-se ao grupo Chrysler, compartilhando tecnologia com as marcas daquele grupo — Chrysler, Ram, Dodge e Jeep. O mercado automobilístico é o reflexo de cada sociedade, da cultura e da arquitetura. No entanto, existe uma tendência geral a diminuir os carros. — Há uma preferência ao down size. Nem sempre o tamanho diminui, mas principalmente o peso e as cilindradas do motor. Considere que as exigências de

avere una macchina, dato che, in questo caso, comprerebbe una macchina più grande, tipo una Panda, che costa meno. Le macchine italiane toccano i cuori. Il lavoro di un designer di macchine ovviamente richiede uno studio tecnico, ma le qualità artistiche sono fondamentali. Nell’arte ci vuole ispirazione. Per Ramaciotti l’ispirazione viene spontaneamente, andando in giro per la strada e leggendo giornali, insomma in una normale attività giornaliera. — Quando ho in mano un foglio bianco, comincio a disegnare senza una fonte unica di ispirazione. Negli anni ’70 qualcuno si ispirava alle conchiglie, altri all’architettura. C’è anche la corrente del biodesign, che si ispira alle forme della natura, come le pietre scolpite dal tempo — cita. Il mondo è più grande, l’umanità si è moltiplicata e cosí anche le auto. Parlando del mercato attuale di auto, ce ne sono di tutti i gusti, sottolinea. — Oggi la tendenza dice che non ci sono tendenze. Il mondo del designer di auto è cosí variato e frammentato che c’è posto per tutti. Chi preferisce una macchina nostalgica la trova, ma anche chi sceglie un auto razionale la trova e cosí via. Per ogni paese c’è un tipo di auto preferito Nel mercato globalizzato c’è una global car? Secondo Ramaciotti la risposta è sí e no. — I mercati hanno bisogni diversi. Qualche veicolo è trasversale in tutti i mercati, come la Berlina Premium, che si può vendere in tutto il mondo. Ma la Golf, che è la macchina più venduta in Europa, ha un tipo di carrozzeria due volumi che non ha successo negli Stati Uniti, e nemmeno in Cina. Il mercato americano e quello asiatico preferiscono i classici veicoli di tre volumi, con cofano, abitacolo e bagagliaio, che quasi non ci sono in Europa. Quindi bisogna avere un’apertura globale e adattarsi ai gusti locali. Ramaciotti cita un altro fatto importante del mercato statunitense: la preferenza per le pick-up. Là è stata inventata la Station Wagon, che ha predominato negli anni ’50, ’60 e ’70 ed è approdata al mercato

Il design brasiliano punta su coloro vibranti nei dettagli interni

L

e differenze nel design sono fuori e dentro le macchine, spiega Antonio Piovano del Centro Stile di Torino: — I designer brasiliani hanno progettato dettagli interni con colori speciali che riflettono, per esempio, l’oro e la cultura brasiliana. Pensa a questa meravigliosa esplosione di colori del carnevale. Questi dettagli colorati non potrebbero essere proposti in Europa: i gusti sono diversi. Gli europei preferiscono tonalità più sobrie. Antonio Piovano parla con orgoglio del Novo Palio – più recente prodotto della Fiat, che ha vinto il Premio Macchina dell’ Anno 2012. Fin dal suo lancio nel 1996 ne sono state vendute 2,5 milioni di unità. Con questa vittoria, la Palio diventa tre volte campionessa del premio. — Dal 1995 ho cominciato a seguire la prima Palio, realizzata con l’Idea Institute che dopo ha seguito vari processi di restyling. La Fiat è un successo in Brasile – dice. Piovano racconta anche che è rimasto contagiato da “l’affetto e la saudade dei brasiliani”, ricordandosi importanti colleghi. — Conosco Paulo Francisco Nakamura fin dal 1974, quando è venuto a fare uno stage qui con noi. Con il tempo è stato nominato responsabile del Centro Stile Fiat in Brasile, progettando gli interni e gli esterni delle auto e lavorando insieme al direttore Peter Fassbender.

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conforto aumentaram e tudo deve caber dentro do conteúdo de um carro. Quando se lança um veículo de nova geração, espera-se que este seja mais performático, mais seguro e que consuma menos combustível. É necessário um grande esforço para projetar este tipo de carro — analisa. Já a China é como uma esponja que absorve diversos tipos de carro. O mercado chinês é tão grande que desperta a gula das indústrias automobilísticas do mundo inteiro. — Eu me lembro que, antigamente, quando o país começava a se motorizar, normalmente se exportavam veículos que já não tinham muito sucesso no mercado europeu. Hoje, os chineses sabem exatamente quais são os carros de sucesso no mundo e querem os mesmos modelos. Segundo Ramaciotti, o Oriente Médio apresenta um mercado particular, com grandes diferenças entre classes sociais, e alguns países ainda sofrem conflitos e guerras civis. — Fazendo uma panorâmica mundial, a África representa um ponto de interrogação. As próximas gerações vão pensar na resposta. Enquanto isso, na Europa, berço do automóvel, 40% dos carros vendidos são modelos compactos. A crise econômica mudou a preferência da população por certos tipos de veículos mais versáteis e que custam menos. O Centro Estilo da Fiat no Brasil e em Turim A Fiat possui fábricas em países como Brasil, Turquia, China, Polônia, Argentina, África do Sul, México e Índia, onde produz modelos adaptados aos mercados locais e às vezes voltados à exportação, a exemplo da linha Palio. A empresa vê o Brasil com orgulho. Instalada desde 1973 em Betim, próxima a Belo Horizonte, atualmente lidera a produção e as vendas no mercado do país, tornando-se a maior produtora de veículos do grupo no mundo. Eles conseguiram superar a alemã Volkswagem, que, durante muitos anos, liderou o mercado brasileiro. No final de 2010, a Fiat anunciou que terá, além da montadora em Betim, uma fábrica no complexo de Suape, no estado do Pernambuco, com capacidade para montar mais de 200 mil carros por ano. Assim, a Fiat brasileira poderá produzir cerca de 1 milhão e 200 mil carros por ano. O Centro Estilo Fiat do Brasil projeta modelos feitos especificamente para o mercado brasileiro, como o Novo Uno, o Palio e o Siena. — O Novo Uno e o Panda são irmãos. O desenho deles é quase como dois gêmeos, com medidas diferentes e características diversas. É como se

“As diferenças entre os mercados italiano e brasileiro começam pelo território. O Brasil tem grandes avenidas e estradas, às vezes com buracos, e os veículos devem ser mais altos em relação ao solo. Por isso, a versão adventures foi um sucesso” 38

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“Le differenze fra i mercati italiano e brasiliano cominciano dal territorio. Il Brasile ha grandi viali e strade, alle volte con buche, e le macchine devono essere più alte in rapporto al suolo. Per questo la versione adventures è stata un successo”

europeo. Con il tempo il modello è stato sostituito dai SUV, macchine ispirate agli sport all’aria aperta. — I SUV alla fine sono arrivati anche in Europa, ma con altre dimensioni. Negli Stati Uniti sono enormi e arrivano a 5 metri di lunghezza. Se consideriamo le città europee, con un veicolo cosí grande è difficile muoversi nelle vie. Di recente, con l’appoggio del governo statunitense, la Fiat si è unita al gruppo Chrysler, condividendo tecnologia con le marche di quel gruppo, che sono Chrysler, Ram, Dodge e Jeep. Il mercato automobilistico è riflesso di ogni società, della cultura e dell’architettura. Ma c’è una tendenza generale a ridurre le macchine. — C’è una preferenza per il down size. Non è sempre la misura che diminuisce, ma specialmente il peso e la cilindrata. Si deve considerare che le esigenze di comodità sono aumentate e tutto deve entrare nel contenuto di una macchina. Quando si lancia un veicolo di nuova generazione ci si aspetta che sia più performatico, più sicuro e che consumi meno carburante. Ci vuole un grande sforzo per progettare questo tipo di macchina — analizza. Invece la Cina è come una spugna che assorbe vari tipi di auto. Il mercato cinese è cosí vasto che risveglia i desideri delle industrie automobilistiche di tutto il mondo. — Mi ricordo che prima, quando il paese cominciava a motorizzarsi, di solito si esportavano auto che ormai non facevano più molto successo nel mercato europeo. Oggi i cinesi sanno esattamente quali sono le macchine di successo nel mondo e vogliono gli stessi modelli. Segundo Ramaciotti il Medio Oriente presenta un mercato particolare e qualche paese ancora convive con conflitti e guerre civili. — Facendo una panoramica mondiale, l’Africa


Fotos: Lorenzo Ramaciotti

rappresenta un punto interrogativo. Le prossime generazioni penseranno alla risposta. Nel frattempo in Europa, culla delle automobili, il 40% delle macchine vendute sono modelli compatti. La crisi economica ha cambiato le preferenze della popolazione per certi tipi di macchine più versatili ed economiche.

tivéssemos feito o mesmo objeto para dois tipos de mercado: o modelo europeu é menor e mais refinado, enquanto o brasileiro é mais prático e robusto, adaptado a exigências locais. É como se tivéssemos aproveitado a mesma semente para duas frutas diversas – explicou Ramaciotti. Nos escritórios do centro, Antonio Piovano é um dos diretores que mais conhece o mundo do design da empresa automobilística, seja na Itália, seja no mundo. Ele trabalha há 39 anos no planejamento dos carros. Neste período, já trabalhou com diversos países, inclusive no Brasil. — As diferenças entre os mercados italiano e brasileiro começam pelo território. O Brasil tem grandes avenidas e estradas, às vezes com buracos. Portanto, os veículos devem ser mais altos em relação ao solo. No país, foi lançada a versão adventures, que se adapta a diversas situações. Esta foi uma solução vencedora no mercado. Na Europa não existem carros assim, pois não há mercado para isso. Após mais de três décadas na Pininfarina, o engenheiro Ramaciotti vai completar cinco anos na Fiat. O seu escritório é luminoso, moderno, elegante e decorado com desenhos e modelos de carro como objetos de arte. Ele aproveitou para contar como se trabalha nos escritórios de design de Turim. — Aqui, as pessoas são muito preparadas profissionalmente, apaixonadas pelo que fazem e com grande apego pela empresa. Trabalhamos em clima de grande harmonia. Considere que o mundo dos designers é muito competitivo, pois cada um desenha o seu carro e pretende realizá-lo. A diferença da Fiat é que, além da competência, existe uma grande vontade coletiva de participar do projeto. Acompanhamos tudo, não só o desenho, como nos preocupamos com a resposta do mercado para cada veículo que projetamos. Este espírito de união é muito interessante.

Il Centro Stile della Fiat in Brasile e a Torino La Fiat ha fabbriche in paesi come Brasile, Turchia, Cina, Polonia, Argentina, Africa del Sud, Messico e India, dove produce modelli adattati ai mercati locali e alle volte rivolti all’esportazione, come ad esempio la linea Palio. L’azienda guarda il Brasile con orgoglio. Installata fin dal 1973 a Betim, vicino a Belo Horizonte, è ora a capo della produzione e delle vendite nel mercato brasiliano, divenendo cosí la maggior produttrice di veicoli del gruppo nel mondo. La Fiat è riuscita a superare la tedesca Volkswagem che, per anni, ha guidato il mercato. Alla fine del 2010 la Fiat ha annunciato che, oltre alla fabbrica a Betim, ne aprirà un’altra nel complesso del Suape, nello stato del Pernambuco, con una produzione prevista di oltre 200 mila auto all’anno. Il Centro Stile Fiat del Brasile progetta modelli fatti specificamente per il mercato brasiliano, come Novo Uno, Palio e Siena. — L’auto Novo Uno e la Panda sono sorelle. Il loro design è quasi quello di due gemelle, con misure e caratteristiche differenti. È come se avessimo fatto lo stesso oggetto per due tipi di mercato: il modello europeo è più piccolo e raffinato, mentre quello brasiliano è più pratico e robusto, adattato alle esigenze locali. È come se avessimo usato lo stesso seme per due frutti diversi — ha spiegato Ramaciotti. Negli uffici del centro, Antonio Piovano è uno dei direttori che meglio conosce il mondo del design delle aziende automobilistiche, tanto in Italia quanto nel mondo. Lavora da 39 anni nella progettazione di macchine. Durante tutto questo tempo ha già lavorato in vari paesi, tra cui il Brasile. — Le differenze fra i mercati italiano e brasiliano cominciano dal territorio. Il Brasile ha grandi viali e strade, alle volte con buche. Quindi le macchine devono essere più alte in rapporto al suolo. In Brasile è stata lanciata la versione adventures, che si adatta a varie situazioni. È stata la soluzione vincente del mercato. In Europa non ci sono macchine cosí perché non c’è mercato per questi modelli. Dopo tre decenni alla Pininfarina, l’ingegnere Ramaciotti compirà cinque anni alla Fiat. Il suo ufficio è luminoso, moderno, elegante e arredato con disegni e modelli di macchine come oggetti d’arte. Ha sfruttato l’occasione per raccontare come lavora negli uffici di design di Torino. — Qui le persone sono molto preparate dal punto di vista professionale, appassionate per ciò che fanno e molto legate all’azienda. Lavoriamo in clima di grande armonia. Considera che il mondo dei designer è molto competitivo, visto che tutti disegnano la loro macchina e vogliono realizzarla. La differenza della Fiat è che, oltre alla competenza, c’è una grande volontà collettiva di partecipare al progetto. Seguiamo tutto, non solo il disegno, ma ci preoccupiamo anche della risposta del mercato per ogni veicolo che progettiamo. Questo spirito di unione è molto interessante. comunitàitaliana | a bril 2012

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milão

GuilhermeAquino

Lombardia deregião bicicleta da Lombardia aderiu ao mo-

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vimento da Federação Italiana Amigos da Bicicleta, que pede equiparação, em termos de apólice de seguro público, a ciclistas acidentados no trajeto entre a casa e o local de trabalho, e vice-versa. O problema é que, até hoje, com todas as políticas de incentivo ao transporte público e ao menor uso dos meios privados, a exemplo de carros e motos, a bicicleta continua excluída dos benefícios previstos pela lei que não a contempla como um meio de locomoção.

Milão e o Papa Bento XVI A

última vez que um papa esteve em Milão foi em 1984, com João Paulo II, o Papa peregrino. Mas, para o Sétimo Encontro Mundial da Família, previsto para ocorrer entre 30 de maio e 3 de junho, Bento XVI dará o ar da graça. Naturalmente, a organização do evento está se mo-

vendo com muita antecedência. Uma grande campanha da arquidiocese da cidade está em campo para acolher as milhares de famílias que deverão se hospedar em estruturas religiosas e casas de habitantes locais. Mais informações no site: www.family2012.com

Juventude grávida número de mães adolescentes

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cresce na Lombardia. Das 30% das jovens grávidas que procuraram os consultórios médicos da região, mais da metade era formada por italianas. Elas estão sujeitas a altíssimos riscos psicopatológicos, enquanto as crianças podem sofrer maus tratos. Os dados emergem do primeiro ano do programa do hospital San Paolo dedicado à questão. O projeto conta com o apoio da Fundação Ambrosiana e da Universidade Milano Bicocca.Nos últimos dois anos, o hospital atendeu 181 mulheres jovens, sendo 35 entre 14 e 18 anos. Elas são acompanhadas por um serviço especial que tem como objetivo a redução dos riscos físicos e mentais para as futuras mães e seus filhos.

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Psicólogos fajutas Queda livre ilão é uma cidade cheia de gente pós a era Mourinho e os títulos segui-

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rica, deprimida e nervosa. Os sofás dos psicólogos e psiquiatras estão sempre lotados, mesmo com a crise. O que muitos pacientes não sabem é que o número de falsos profissionais do ramo aumenta. Charlatões de plantão e “extra comunitários” com cursos no exterior mas sem o devido reconhecimento italiano estão na alça de mira da polícia após o crescimento das denúncias que chegaram a 30 em 2010, a 50 em 2011 e já somam 16 no começo deste ano.

A

dos um após o outro, a Inter apenas coleciona derrotas. Depois de Leonardo, que “escapou” do naufrágio anunciado rumo à França, e Gasperini, sobrou para Claudio Ranieri: ótimo treinador, porém incapaz de colocar o grupo no caminho da vitória. Agora, para guiar este verdadeiro exército de Brancaleone de Julio Cesar e companhia, chega o técnico do time Primavera da Inter, Andrea Stramaccioni, de apenas 36 anos. Vamos ver se santo de casa faz milagre.


Música

Leve e solta

parceiros musicais no Brasil, como Zezé di Camargo e Luciano, que também gravaram Caruso, e Leonardo, com quem fez dueto em Parlami d’amore Mariu. Minnozzi também já gravou com a oriunda Zizi Possi, o tenor Aguinaldo Rayol e o compositor Peninha, entre outros. Na teledramaturgia, sua música serviu de “pano de fundo” para muitos casais apaixonados das novelas brasileiras. Ela foi responsável pela seleção das canções que iriam compor a trilha sonora de Terra Nostra e participou da produção musical de Esperança — folhetins que abordaram histórias de imigrantes italianos no Brasil. Sua voz ecoou nas telas de cinema através do clássico da música napolitana O Sole Mio, no filme Saneamento Básico. A cantora, além de divulgar a cultura italiana no Brasil, faz o inverso, ou seja, promove a cultura brasileira no Belpaese, por meio de um programa transmitido pela Rádio Rai e através do projeto Ecco Mafalda. Minnozzi afirma que o jeito alegre de viver do brasileiro a inspira, e ela assimila esse comportamento no trabalho e na vida. — De norte a sul, o pezinho é irrequieto e o corpo se movimenta. O povo brasileiro não consegue ficar parado, parece que tem uma batucada interna, e é o ritmo daqui que eu incorporo no meu trabalho. Na minha vida pessoal, com o brasileiro, aprendi a ser mais leve e a conservar o bom humor — conclui.

Mafalda Minnozzi faz show inédito em Niterói e relembra momentos marcantes dos 15 anos de carreira no Brasil Nathielle Hó

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m março, Mafalda Minnozzi aportou pela primeira vez na cidade de Niterói para participar do projeto Spettacolo – Encontro Itália-UFF, organizado pelo Centro de Artes da Universidade Federal Fluminense. A cantora, que é referência de música italiana no Brasil, ocupou o palco do Teatro Municipal de Niterói e brindou o público com grandes sucessos da música popular de seu país. Com o show Il Bianco, Il Rosso e Il Verde, Mafalda invoca a bandeira tricolor ao mesclar o branco das melodias românticas, o vermelho da paixão e o verde das paisagens italianas. Um verdadeiro caleidoscópio de signos e sons. O show fez parte do calendário do Momento Itália-Brasil e celebrou os 150 anos da Unificação italiana. Minnozzi apostou no Brasil num tempo em que sua terra natal prosperava e por aqui ninguém imaginava o boom econômico dos nossos dias. Há 15 anos em terras tupiniquins, ela fez carreira e buscou a integração das duas culturas. — Quando eu cheguei ao Brasil, não me senti uma intrusa, pois desde o início tive o sentimento de que pertencia a esse lugar. Nossos países são irmãos, ligados pela história, e um projeto como o Spettacolo é muito importante, porque representa essa ponte cultural — ressaltou Mafalda. Na “cidade Sorriso”, como é conhecida Niterói, a embaixatriz da música italiana mesclou canções antigas com sucessos novos, e montou um repertório que inclui Sto Core Mio, A Cittá è Pulecenella, Era De Maggio e I Migliori Anni Della Nostra Vita. Mafalda evidenciou o aspecto acolhedor da cidade de Niterói e ressaltou que estava feliz por cantar para um público inédito. — Eu não conheço Niterói, mas o fato de ter o arquiteto Niemeyer como uma das figuras mais importantes me aproxima muito daqui. A cidade se revelou esplendorosa, com uma vista espetacular. Parece ser um lugar muito populoso, porém pequeno. O centro me remeteu a uma cidade latina, “à la Cuba”, e as pessoas são muito agradáveis — conta.

Inspirações brasileiras e referências italianas Ao longo da carreira, grandes compositores e intérpretes italianos foram referências para Minnozzi. Nomes como Ennio Morricone e Ornella Vanoni fazem parte do seleto grupo que contribuiu para o estilo eclético da cantora, que não se esqueceu do célebre cantor Lucio Dalla, morto em 2012, e de quem ela lembra com carinho. — Meu pai trabalhava em uma grande casa de show perto de Milão. Desde pequena, visitava o camarim de Lucio Dalla, que me inspirou durante toda carreira. Ele tem um histórico de trabalho, rico e versátil, e tinha um forte poder de comunicação. Fui a primeira mulher que obteve autorização para regravar Caruso. E, tempos depois, tive o prazer de gravar Prima Dammi un Bacio, do mesmo autor, em dueto com Martinho da Vila — conta, com saudade, a cantora. Além de Martinho, Mafalda teve outros

Em show inédito na cidade de Niterói, Mafalda Minnozzi relembrou clássicos da música popular italiana

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Exposição

Tesouros Romanos no Masp Masp abriga mais de 300 peças e obras originais do cotidiano da Roma antiga, abrangendo os períodos de Júlio Cesar, Augusto e Caracala

Janaina Pereira

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De São Paulo

ste é o último mês para conferir os tesouros do Império Romano, entre joias, mosaicos, afrescos, esculturas, vestimentas e outros objetos que saíram pela primeira vez da Itália e estão em exposição na capital paulista. Roma – A Vida e os Imperadores, em exibição no Masp, é uma viagem pelos três séculos do período tardio da República e pelos primeiros séculos do Império Romano, de Júlio César (49 a.C. - 44 a.C.) e Augusto (27 a.C – 14 a.C) até Septímio Severo e seu filho Caracala, que reinaram entre 193 e 217. As 370 peças vindas de importantes instituições como a Galeria Uffizi, o Museu Arqueológico Nacional de Florença, o Museu Nacional Romano, o Museu Nacional de Nápoles, o Antiquário de Pompeia e o Museu Arqueológico de Fiesole desvendam hábitos e costumes do povo romano e de seus imperadores. A exposição abriu a programação do Masp no Momento Itália Brasil 2011-2012. Formado por uma riqueza cultural que abrangeu toda a Europa e 42

parte da Ásia e da África, o Império Romano fundiu costumes e tradições que se propagaram pelo mundo ao longo dos séculos. Em Roma - A Vida e os Imperadores, o público pode contemplar a arte, a arquitetura triunfal, e os objetos das cerimônias de poder, da vida cotidiana, das célebres conquistas e da opulência do Império. A curadoria de Guido Clemente, professor de História Romana da Universidade de Florença, em parceria com uma comissão de estudiosos e historiadores dos principais museus italianos de arqueologia, aborda os imperadores de Roma do ponto de vista do exercício de seu poder e de suas diferentes personalidades. — Augusto, por exemplo, foi o modelo de respeito pela tradição; ao contrário de Nero, que quebrou todas as regras e fez do papel imperial símbolo de tirania e crueldade. Trata-se de um verdadeiro obcecado pelo luxo — explica Clemente, para quem a variedade de peças é a verdadeira riqueza da exposição, pois permite ao visitante o acesso a um mundo complexo. — Tentamos colocar o poder imperial em perspectiva e lidar com o que o Império realmente foi. Neste sentido, tratamos da vida

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social e familiar, da escravidão, da economia, dos hábitos diários, da religião, dos costumes, do trabalho, das casas dos ricos e da forma como os menos afortunados viviam. Afrescos de Pompeia e estátuas de Júpiter A mostra é formada por quatro núcleos em que foram selecionados os mais representativos exemplares arqueológicos. Entre os destaques da exposição, estão três paredes com afrescos da Vila de Pompeia, as estátuas de Júpiter, de Lívia (esposa de Augusto) e da deusa Ísis, a Cabeça Colossal de Júlio César em mármore, máscaras teatrais, escultura de Calígula, Armadura de Gladiador, desenhos do Coliseu, a Lamparina de Ouro e cerca de 60 joias. A mostra tem ainda uma projeção interativa que banha os visitantes em uma chuva de moedas de ouro, simbolizando a importância das moedas para o Império Romano. Há também um programa educativo elaborado especialmente para atender aos visitantes, professores e alunos de escolas públicas e privadas. A exposição é uma realização da Casa Fiat de Cultura e do Gabinete Cultura e Escritório Emílio Kalil, com o patrocínio da Fiat Automóveis, co-patrocínios do Bradesco e Santander, parceria da APPA e apoio do Ministério da Cultura, da Embaixada Italiana no Brasil e do Momento Itália-Brasil.

Entre os destaques da exposição, estão afrescos da Vila de Pompeia, estátuas de Júpiter e da deusa Ísis, armadura de gladiador e cerca de 60 joias Serviço Masp - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand Av. Paulista, 1578. Acesso a deficientes. Horários: De terça a domingo e nos feriados, das 11h às 18h. Às quintas, das 11h às 20h. A bilheteria fecha meia hora antes. Até dia 22 de abril


Museu

A casa onde a Ferrari nasceu

Em Modena, a antiga residência de Enzo Ferrari é transformada em museu para que o visitante conheça melhor a vida do fundador de uma das maiores marcas automobilísticas do mundo Guilherme Aquino,

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De Modena

Museu Casa Enzo Ferrari nasce dentro da residência onde o criador da marca viveu sua infância e adolescência. E se expande para fora da casa-natal, transformando-se em uma grande estrutura futurística. Em 1830, o pai de Enzo, Alfredo, construiu, a poucos metros da linha ferroviária da estação de trem de Modena, uma oficina mecânica para reparar locomotivas e vagões, com 40 metros de extensão e 12 de altura. Hoje, no local, o visitante pode assistir a oito documentários que contam a vida movimentada de Enzo Ferrari (1898-1988), em meio a uma selecionada mostra de documentos, fotografias, cartas recolhidas em arquivos da família, museus e junto aos colecionadores e admiradores do cavalinho rampante. Uma aventura que começaria dentro da Alfa Romeo, em 1921, e continuaria com a criação da Auto Avio Construzione (1939), até conseguir emancipação da casa madre Alfa Romeu para o uso do nome Ferrari, em 1944-45. Estão expostos o primeiro carro com a marca Ferrari, a S 125, de 1947, e uma réplica em miniatura do aeroplano do piloto de guerra Francesco Baccara (1888-1918), que tinha pintado na fuselagem a imagem do cavalinho rampante que se tornaria o símbolo do mito Ferrari. Os ob-

jetos mais íntimos — como os famosos e inseparáveis óculos escuros e as canetas que usava — estão no núcleo habitacional, um antigo sobrado adjacente construído no fim da oficina, onde a família Ferrari vivia e trabalhava. Ainda há o corrimão de ferro batido e as escadas em mármore rosa que o jovem Ferrari, mais tarde, em sua biografia, citaria como algumas das mais importantes lembranças de sua vida. Das escadas, subia-se ao segundo andar da residência (hoje o local é ocupado pelas dependências da Fundação Casa Enzo Ferrari). Por um golpe do destino, a casa seria vendida para uma família rica de Modena, em 1920, para financiar a compra de um carro de corrida. Uma decisão difícil, tomada com o apoio da mãe, Adalgisa Bisbini, dois anos depois das mortes de Alfredo e do filho mais velho e irmão de Enzo, Alfredo Junior. Enzo Ferrari tentaria

O acervo inclui o primeiro carro com a marca Ferrari: a S125, de 1947

recomprar a casa mais tarde, mas morreu sem conseguir. Hoje, ela pertence à mesma família que a alugou à Fundação Casa Enzo Ferrari pelos próximos 30 anos. Após o mergulho sentimental na vida íntima do “comendador”, o visitante entra no templo coberto por chapas de alumínio com fissuras que homenageiam as entradas de ar dos capus dos carros de corrida, cobrindo um espaço de 4.400 m². O Museu Casa Enzo Ferrari não revive apenas os dias de nascimento e a glória da Ferrari, mas principalmente aqueles de seus concorrentes. Em um deles, Enzo Ferrari deu os primeiros passos. Também estão estacionados modelos da Alfa Romeo (que era de Milão, mas serviu de incubadora para a Scuderia Ferrari, criada por Enzo quando ali trabalhou durante duas décadas como piloto e manager), da Maserati, da Stanguellini, da Fiat e da De Tomaso, além de dois bólidos da Ferrari, como a 166 MM Barchetta Touring, de 1948, e a 166 MM coupé Touring, de 1949. Ao todo, são 19 carros que abrangem um período de corridas entre os anos de 1914 a 1965, além de dois motores mostrados como se fossem obras de arte de um escultor. E tudo está no meio de um salão emoldurado por painel com fotografias, mapas, miniaturas e outros itens ligados ao mundo dos motores. A estrutura conta ainda com um Centro de Documentação Digital, o qual está sendo montado com milhares de projetos, documentos, documentários dos trabalhos em oficinas, garagens, fábricas, boxes e itinerários das corridas fora dos autódromos. Tudo será digitalizado e aberto às consultas do público e, principalmente, de jovens estudantes, designers e engenheiros que queiram conhecer mais de perto e investigar a fundo a história dos passos realizados em cima de quatro rodas para chegar até os dias de hoje. Como dizia Enzo Ferrari, se lo puoi sognare lo puoi fare.

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Arte

Palco de emoções Festival promove ponte cultural entre Brasil e Itália e brinda o público com os melhores artistas da arte contemporânea Nathielle Hó

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Durante as apresentações de dança, o palco abre as cortinas para apresentar a Compagnia Botega com o espetáculo Paracasoscia. O espetáculo revisita o patrimônio lírico italiano em um passeio pela obra de Verdi e Rossini, através de uma linguagem jovem e efervescente. A companhia Botega é formada por dançarinos originários do hip hop, da dança contemporânea, do teatro, da acrobacia e das artes circenses. No ponto de encontro destes estilos, a companhia desenvolveu um mix de passos, caracterizado pelo desprendimento de uma grande carga de energia no palco. Outro grupo de dança que marcará presença no festival é o Artemis, que dá luz a corpos em movimento através de passos de dança

Associação Ponte entre Culturas de Minas Gerais promove, de 5 de maio a 3 de junho, uma edição especial do Festival Palco Itália, dedicado à dança, à música, ao teatro e à memória da imigração italiana. O evento integra as comemorações do Momento Itália-Brasil e tem o apoio da Embaixada italiana e do Ministério brasileiro da Cultura. Belo Horizonte inaugura o festival, que depois viaja para outras cidades mineiras, como Ibirité, São João del Rei, Ouro Branco e Ouro Preto. O festival também aporta no Espírito Santo, Paraná e Rio Grande do Sul. O ciclo de espetáculos pretende divulgar novas tendências artísticas, onde o contemporâneo dialoga com a tradição e cria espaços para a troca de experiências entre brasileiros e italianos. — O projeto é especial por realizar intercâmbios culturais e promover a inclusão, levando arte para as cidades do interior, onde a presença de descendentes italianos é mais significativa. Nesse sentido, o festival se configura como ítalo-brasileiro, na medida em que se propõe como “ponte” entre pessoas, agentes culturais e artistas; entre entidades da sociedade civil e instituições, brasileiras e italianas — afirma a gestora cultural e coordenadora do projeto Giusi A cantora italiana Patrizia Laquidara e a companhia teatral ManiCômicos participam do Festival Palco Itália Zamana. 44

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clássica, com leveza e delicadeza femininas. A companhia é responsável pela concepção do espetáculo La Traviata, inspirado na obra de Giuseppe Verdi. O espetáculo faz uma transposição da ópera para a dança, sob o ponto de vista feminino, e conta a trágica história de Violetta, que anseia pelo amor de Alfredo, escapando de seu destino de cortesã. A música também faz parte da programação do Palco Itália. A voz da cantora e compositora Patrizia Laquidara, jovem revelação da música popular italiana, vai ecoar pelos palcos, acompanhada do guitarrista de jazz, Giancarlo Bianchetti, que desenvolve a parte instrumental na apresentação. No ciclo de eventos, ainda acontece a encenação de Borgobandoballo, da companhia ManiCômicos. A peça narra a trajetória de imigrantes italianos, no ano de 1889, na cidade mineira de São João del Rei. Revoltados com a precariedade das condições de trabalho oferecidas, rebelam-se contra o governo, exigindo condições dignas para continuarem nas lavouras. O festival encerra a programação com uma homenagem aos italianos e seus descendentes através da apresentação de uma pesquisa sobre imigração, intitulada Terra, Cultura e Patrimônio dos Ítalo-descendentes de Minas Gerais. O estudo foi realizado pelo departamento de Antropologia Cultural da Universidade La Sapienza de Roma, e procurou identificar a presença italiana e suas peculiaridades em cidades mineiras como Itueta, São João del Rei, Machado e Poços de Caldas.


firenze

Giordano Iapalucci

Le Finzioni di Manzella artista livornese Marco Manzella pre-

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senta la mostra personale presso la Merlino Bottega d’Arte a Firenze dal titolo Finzioni in cui saranno esposte le sue ultime opere corredate dal catalogo dello storico e critico d’arte Claudia Baldi. L’artista toscano già diplomato in restauro e dipinti murali si è occupato negli anni passati anche delle tecniche utilizzate nell’antichità approdando poi alla pittura su tela. Nei pastelli di Manzella sembra di imbatterci in una sorta di un immobilismo in cui esiste un’attesa eterna di un avvenimento imminente. La mostra resterà aperta fino al 21 aprile presso la Galleria Mercurio Arte Contemporanea di Viareggio con orario 17.00 – 20.00

Arte torna Arte L

’espressione Arte torna Arte di Luciano Fabro, da cui poi è stato tratto il titolo di questa mostra, vuole porre l’accento sul principio secondo cui l’arte nonostante le sue innumerevoli sfaccettature prende vita da un’unica radice ossia da quella forza misteriosa che porta a creare qualcosa che riempia cuore e mente. Non solo. Il critico analizza come la rielaborazione delle fonti dell’arte non porta sempre ad

un rimpasto nostalgico ma va oltre la riproduzione dando vita a creazioni estremamente innovative. Sotto quest’ottica la Galleria dell’Accademia, con il suo David e la raccolta di pitture medievali e rinascimentali, rappresenta il luogo ideale dove portare opere Novecento del calibro di Louise Bourgeois, Andy Warhol, Claudio Parmiggiani, Sol Le Witt. Dall’8 maggio al 4 novembre 2012

Design a Firenze ’arte grafica sbarca a Firenze con la Profumi di Boboli a giovedì 17 a domenica 20 maggio

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terza edizione del Florence Design Week intende. Dal 22 al 27 maggio prossimo sarà possibile entrare in contatto con i diversi linguaggi che il design rappresenta a livello internazionale insieme a progettisti e artisti del settore. Considerato l’ambiente rinascimentale che ospita la manifestazione, l’evento porrà l’attenzione sulla sfera della valorizzazione e conservazione del patrimonio storico e culturale grazie ad allestimenti d’autore estremamente originali nel suo genere. Obiettivo ultimo della manifestazione sarà quello di creare nuovi “germi artistici” legati alla collaborazione internazionale e della circolarità delle idee.

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prossimi il Giardino di Boboli attiguo a Palazzo Pitti ospiterà la mostra mercato di fragranze, profumi e piante officinali. Nello spazio dell’Orto della Botanica inferiore sarà possibile ammirare anche fiori e piante legate al mondo della erboristeria, cosmesi e profumeria. Saranno presenti una ventina di selezionatissimi produttori del settore a cui è permesso, e questa è l’unica manifestazione nella storia reale di Boboli, oltre alla presentazione anche la vendita di prodotti. Con il biglietto di entrata è possibile visitare anche il Museo degli Argenti e delle Porcellane. Ingresso 6 euro

Fabule Pictae a primavera, al Museo Nazio-

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nale del Bargello, porta con sé l’esposizione dedicata alle maioliche rinascimentali particolarmente pregiate e famose per i loro ornamenti e raffigurazioni legate alla storia e alla religione. La volontà è quella di riscoprire le collezioni del Bargello come anche quelle di origine medicea in possesso a collezionisti privati e stranieri. È interessante notare come i Medici non si rifornissero soltanto dai poli produttivi ceramici toscani come quelli di Cafaggiolo e Deruta ma si approvvigionassero anche in terra “straniera” come a Faenza e Urbino. Dal 16 maggio al 16 settembre. Orario dal lunedì alla domenica dalle 8.15 alle 13.20. Ingresso 4 euro

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Seminário

Diálogos acadêmicos IHGB sedia seminário Brasil Itália, dedicado ao intercâmbio histórico entre os dois países sob diversos aspectos, como gastronomia, aeronáutica e literatura Cintia Salomão Castro

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a literatura à gastronomia, da aeronáutica à arquitetura, da música à ciência. Vários e diversificados são os campos nos quais as relações entre Brasil e Itália foram e continuam marcantes. Com o apoio da Embaixada italiana, um seminário ofereceu um panorama dos intercâmbios entre os dois países ao longo da história, e reuniu pesquisadores, cientistas e intelectuais, como o escritor imortal da ABL Marco Lucchesi; o ex-ministro da Aeronáutica e brigadeiro Mauro Gandra; a

Intelectuais e diplomatas recordaram episódios pouco conhecidos, como a participação de soldados italianos nas guerras contra os holandeses

presidente da Accademia Italiana della Cucina, Fernanda Maranesi; e o deputado italiano Fabio Porta. Realizado na sede do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no Rio, o evento durou três dias (de 27 a 29 de março), foi aberto pelo presidente do IHGB, Arno Wehling, e inclui o lançamento do livro de Aniello Angelo Avello sobre a imperatriz napolitana Teresa Cristina, e o de Marcos Olender sobre a obra arquitetônica de Raphael Arcuri. Os temas debatidos foram tão variados quanto a vasta esfera de conexão entre as duas culturas. Fatos históricos foram lembrados e discutidos em seus pormenores, como a presença de Américo Vespúcio no descobrimento do Brasil, o engajamento dos militares italianos na luta do império português contra os holandeses, a influência de anarquistas e socialistas na política brasileira e a imigração italiana feminina no país. No plano artístico, o público discutiu a influência do neorrealismo italiano no cinema brasileiro, o período de Carlos Gomes na Itália, e a influência da música, da literatura, das artes plásticas, da arquitetura e da imprensa caricata italianas no Brasil.

Uerj e Tor Vergata dão início à cooperação acadêmica

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ma comitiva da Universidade de Roma Tor Vergata encontrou-se com o reitor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Ricardo Vieiralves, no final de março, para discutir acordos de cooperação acadêmica entre os dois países. — Para mim, é uma grande honra colaborar com o Brasil, país com o qual temos 25 acordos universitários. No período em que existe uma crise internacional, o modo de viver a economia, a tecnologia a as ciências muda no mundo, e as universidades também devem mudar. Se, antes, criavam-se ilhas de conhecimento, hoje, devemos ser a fonte de difusão do conhecimento — ressaltou o reitor da Tor Vergata, Renato Lauro, durante o encontro no auditório no campus da Uerj. O acadêmico italiano chamou atenção para a necessidade de internacionalização no universo acadêmico: a melhor maneira, segundo ele, de se “atingir a maturidade, tornando possível a convivência com culturas e etnias diversas”. — As universidades devem reavaliar o seu papel na sociedade, tendo em vista as guerras entre etnias e religiões que existem no mundo. Devem sediar um livre debate, mas sem ficarem isoladas, tendo cuidado com a autoreferencialismo e o dirigismo político, que pode sufocar a liberdade de pensamento. Durante o encontro, os representantes italianos manifestaram a vontade de formar um consórcio de universidades de ambos os países para realizar projetos em comum, proposta acolhida com entusiasmo pelo reitor da Uerj, Ricardo Vieiralves, que prometeu sugerir a criação de uma cátedra dedicada a estudos de língua e cultura italiana na universidade.

Os legados italianos na culinária, nas ciências, na aeronáutica, na agricultura, no clero, na indústria e na política brasileiras também foram temas das exposições. O evento, que contou com a presença do presidente da Sociedade Geográfica Italiana, Franco Salvatori, culminou na entrega de medalhas comemorativas aos palestrantes, entregues pelo Instituto Italiano de Cultura.

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Arte carona em um navio e desembarcou em Livorno. Conheceu cidades como Florença, Verona, Siena e Pompeia, e apaixonou-se pelas belezas artísticas do país. Voltou em 1996 para participar da mostra Brasil faz design e acabou premiado em duas categorias. Paulo explica que 1,618, é uma sequência que representa a proporção áurea e chama-se número de Fibonacci, a partir do qual “toda a engenharia da vida é desenvolvida”. Há várias formas de você chegar a essa sequência, através da aritmética ou da geometria, garante ele. A reflexão sobre as formas geométricas nasceu desse ponto: — Todo conhecimento humano se desenvolve dentro do quadrado. Estamos cercados por essa figura geométrica: salas, paredes, portas, janelas e computadores. Você já viu uma tartaruga quadrada, ou uma árvore com o tronco quadrado? — pergunta. O quadrado é uma forma estática, não dinâmica, feita para conter, enquanto a vida forma-se a partir de uma esfera, os planetas, o mundo, analisa. — A vida é movimento, evolução. Bem-vindo ao renascimento do ser além do cubo. Desencube-se!

O sonho de Da Vinci realizado O artista Paulo Mac Dowell, autor de um quadro presenteado ao ex-premier Berlusconi, explica à Comunità como conseguiu realizar o sonho de Da Vinci: caminhar sobre a água Stefania Pelusi

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De Brasília

otógrafo, artista plástico, designer, filósofo, escultor. Paulo Macdowell é um artista incansável. A impressão enquanto se conversa com ele é a de que já esta pensando em uma nova ideia. — O meu mestre é Leonardo da Vinci, o admiro muito! — comenta, entusiasta, o artista que conheceu a obra do gênio italiano em uma exposição no Masp, em São Paulo. O segundo “contato” aconteceu quando foi para Las Vegas e perdeu o avião. — Tive que ficar 10 horas no aeroporto e entrei em uma livraria. O primeiro livro que vi e comprei foi Como pensar como Leonardo da Vinci. Percebi que já pensava muito como ele. Quando estava voltando, no avião, me surgiu a ideia de criar cadernos de anotações inspirados nele, com páginas cheias de desenhos e pensamentos — conta, mostrando os cadernos vermelhos. O projeto chama-se Da Vinci Life Box e consiste em um organizador de anotações da vida de uma pessoa: um mix de agenda de bolso, diário, caderno de anotações,

voice recorder, prancha de desenho, e outras utilidades, para criar os “códigos” pessoais de cada um de nós. Presença nos gabinetes de Evo Morales e Delanoe Macdowell nasceu em São José dos Campos (SP) e vive há mais de 20 anos em Brasília. Teve seus trabalhos expostos em diversos países, com destaque para Reflexos de uma época, Narciso e O jardim da luz – seus personagens, seu encanto. Suas obras estão nos acervos da galeria de arte Monica Filgueiras, da Pinacoteca do estado de São Paulo, do Palácio do Itamaraty, do Palácio do Planalto, do gabinete do prefeito de Paris, Bertrand Delanoe, e dos acervos do presidente da Bolívia, Evo Morales, e do ex- primeiro ministro da Itália Silvio Berlusconi. O artista explica que o Itamaraty adquiriu uma coleção em acrílico e papel intitulada Ideogramas para dar de presente aos chefes de Estado quando visitam o Brasil ou quando o (a) presidente vai para o exterior. — Foi por isso que Berlusconi recebeu os meus quadros durante a sua visita ao Brasil — explicou. A ligação com a Itália vem de longe: em 1984, o artista pegou

A Macball usada em Brasília e o projeto Da Vinci Life Box com anotações e desenhos, como fazia o artista renascentista

Projeto Macball inspira-se em Da Vinci A forma da esfera encontra-se também em seu último projeto, a Macball, inspirada na inventividade de Leonardo da Vinci, que sonhava em ver o homem voando e andando sobre a água. Em 2010, a Mac Dowell Ambiental desenvolveu um equipamento esportivo que possibilita ao homem “caminhar sobre a água”. Serve como meio de transporte não poluente para a travessia de rios, lagos e mares, podendo ser utilizado para o lazer aquático ou esporte. Produzida em parceria com a indústria chinesa, a Macball teve seus protótipos testados com sucesso na Tailândia e foi aperfeiçoada no Lago Paranoá. A estrutura, aberta para dar liberdade de entrar e sair com facilidade fora da água, é flexível e fácil de transportar. No dia 24 de março, Dia Mundial da Água, a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal organizou, em Brasília, uma comemoração, da qual participou a empresa, proporcionando muita diversão para o público com a Macball.

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Cinema

Dobradinha de cinema O número de coproduções entre Brasil e Itália saltou de cinco para 30 desde 2003 Janaína Pereira

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coprodução é um modelo de cinema bastante conhecido em países europeus e que ganhou força em território nacional na última década. Em 2003, fazia-se em média, no Brasil, cinco coproduções por ano; hoje, este número saltou para mais de 30 filmes coproduzidos. Atualmente, o Brasil possui acordos bilaterais com vários países, inclusive a Itália, que vem se tornando um parceiro constante. Um exemplo deste tipo de filme é Terra Vermelha, do cineasta ítalo-chileno Marco Bechis, que retrata os conflitos pela posse de terras enfrentado pelos índios guarani kaiowá, no Mato Grosso do Sul. Com 80% do filme financiado pelos produtores italianos, a obra foi inteiramente rodada no Brasil. Para facilitar essa relação, a Ancine (Agência Brasileira de Cinema) e o Ministério italiano de Bens e Atividades Culturais assinaram um acordo de coprodução em 2009. Graças a este acordo, estão sendo realizadas produções em parceria, a exemplo dos longas brasileiros La mamma, de Carina Bini Fernandes, e Rossellini amou a pensão de Dona Bombom, de Paulo Caldas. O filme da diretora estreante Carina Bini Fernandes narra a his-

La mamma, de Carina Bini Fernandes, e Terra Vermelha, de Marco Bechis, são alguns dos longas realizados em coprodução entre Brasil e Itália após o acordo de 2009 48

tória de duas mulheres de meiaidade, uma brasileira e outra italiana, cujos destinos acabam por se cruzar. Já o filme do veterano cineasta Paulo Caldas retrata a visita do diretor italiano Roberto Rosellini ao Brasil, quando ingressou no cenário político e na vida cultural dos brasileiros, em meados do século passado. O acordo de coprodução beneficia também os italianos: filmes como Cavalli marini, de Francesco Costabile, e Vanit… delle vanit, de Giorgio Diritti, estão sendo rodados em parceria com o Brasil. Filmagens e distribuição definidas em acordo Segundo a produtora Isabel Martinez Artavia, da Três Mundos Produções e idealizadora do projeto do filme A Montanha, de Vicente Ferraz (outra parceria entre Brasil-Itália), para con-

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A Montanha, que fala dos pracinhas, foi dirigido por Vicente Ferraz e rodado no Norte da Itália

cretizar uma coprodução com sucesso é necessário existir uma identificação das empresas com o filme. — Em consequência, assina-se um acordo onde se estabelecem as condições de participação com benefícios e os deveres entres as partes — informa. Isabel explica que as empresas que fazem esse tipo de parceria possuem um interesse especial em coproduzir com o Brasil. — Com esta engenharia, ganhamos muito, especialmente na hora de distribuir e promover o filme, porque, com a coprodução, alcançamos uma maior abrangência no mercado internacional. No dia-a-dia das filmagens, os produtores participaram ativamente, conforme explica Isabel sobre o set de A Montanha, rodado na Itália. — O filme é uma parceria entre Itália, Brasil e Portugal. No caso do produtor italiano, ele foi fundamental para a execução das filmagens, colocando à disposição seus fornecedores e gerenciando a equipe técnica e artística, na maioria italiana. O produtor português funcionou como assessor e participou com a equipe de registro sonoro e orientou um ator português que estava no elenco. Além disso, ele cuida de toda pós-produção de som que será realizada em Lisboa. Nós, brasileiros, ficamos á frente do projeto, executando e administrando o bom uso dos recursos e garantindo os padrões estéticos do filme. De acordo com Isabel, na hora de distribuir e exibir o filme em diversos países, o papel dos produtores é fundamental. Cada país cuida da distribuição no seu próprio território e ganha 100% do resultado comercial local, afirma. — Quanto ao resto do mundo, um agente de vendas internacional traça uma estratégia de lançamento internacional. Nossa regra é: o que é melhor para o filme é o melhor para todos! E no que refere-se às vendas nos terceiros territórios, é simples; cada produtor terá um percentual em proporção ao valor investido no filme — finaliza.


Cinema

Memórias de um gênio Exposição sobre a vida e obra de Fellini no Rio desvenda o mundo fantástico e excêntrico do gênio italiano do cinema Nathielle Hó

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esponsável por escrever belas páginas da história do cinema, o italiano Federico Fellini é homenageado com uma mostra que traz um panorama de seus trabalhos. Tutto Fellini, no Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro, exibe mais de 400 itens do universo do diretor, como fotografias de bastidores, desenhos feitos de próprio punho, revistas da época, cartazes, entrevistas e trechos de filmes. Sob a curadoria de Sam Stourdzé, diretor do Museu de l’Elysée, na Suíça, a exposição mostra que a câmera do diretor percorria e captava os exageros e as exuberâncias de lugares e pessoas. Os olhos de Fellini pousavam de forma obcecada sobre a cidade de Roma, o fazer cinematográfico e a cultura popular. O recorte cronológico da mostra situa-se no período de 1920 a 1990, período em que o processo criativo de Federico foi pulsante e visceral. Muitos de seus filmes espelham a relação terna e ao mesmo tempo melancólica que ele tinha com a Itália. As críticas retratadas em suas obras desenham o cenário da época vivida, com episódios autobiográficos de aversão ao totalitarismo e ao capitalismo. A exposição integra as comemorações do Momento Itália-Brasil e permanece em cartaz até 17 de junho. A incursão no passado de Fellini começa na adolescência, quando ele saiu da cidade de Rimini rumo a Roma para trabalhar em um jornal. Como caricaturista, seus dese-

Tutto Fellini resgata clássicos do cinema e fotos de bastidores do período de 1920 a 1990

nhos ganham o contorno de mulheres grandes com curvas generosas, e de homens pequenos com rostos estranhos: personagens que, posteriormente, iriam saltar do papel e ganhar forma e movimento nas telas de cinema. — Federico já desenhava mulheres bem “fellinianas”, como Anita Ekberg, de A Doce Vida, e ele nem tinha 20 anos — conta o curador Stourdzé. Além dos desenhos com tom humorístico, Fellini também regis-

trava as imagens projetadas no subconsciente durante a noite. No Livro dos Sonhos, o diretor traçava com a ponta do lápis essas lembranças. — Os sonhos dele são lindíssimos, no traço e no colorido. E ele também transcrevia o sonho, o que nos permite ler o início do processo criativo, do mundo onírico levado para os filmes — conta Priscila Sacchettin, assistente de curadoria do IMS. A mente de Fellini é terreno fértil. Nela, florescem seres excêntricos e situações fantasiosas. O diretor explorou muito essa face surreal em seus filmes, e mesclou isso com situações factuais, que vivenciou ou assistiu nos meios de comunicação. No longa A Doce Vida, essa fusão entre realidade e ficção pode ser comprovada. Na abertura do filme, um helicóptero aparece carregando uma estátua de Cristo pelos céus de Roma. Uma imagem idêntica foi encontrada em uma reportagem gravada quatro anos antes, em Milão. Fellini se inspirou no que viu e adaptou para as telas de cinema. A sequência de striptease e o próprio banho de Anita Ekberg na Fontana di Trevi também não foram originais, mas baseados em imagens de revistas de celebridades da época. — Ele trabalhava com muito cuidado para alterar fatos que aconteceram na vida real e os colocava em seus filmes. Fiquei muito surpreso ao descobrir isso — comentou o curador Stourdzé. Desde os primórdios de sua filmografia, Fellini já consegue o feito de povoar a imaginação das pessoas com suas cenas circenses e paisagens fantásticas. Na mostra, o público terá a oportunidade de conhecer as mulheres que marcaram a vida do diretor, como as musas Anna Magnani e Giulietta Masina, sua atriz preferida e esposa de 1943 até a morte. A exposição também aborda a experiência de Federico nos estúdios da mítica Cinecittà e a parceira de sucesso com os roteiristas Ennio Flaiano e Tullio Pinelli, que lhe renderam as maiores obras de sua carreira, dentre elas, A Doce Vida, Noites de Cabíria, Os Boas Vidas, Oito e Meio e A Estrada da Vida. O compositor das trilhas sonoras para o cinema, Nino Rota, também é lembrado pelas célebres canções compostas para os sucessos do diretor. Uma mostra de filmes ocorre paralelamente à exposição, com 20 clássicos fellinianos, incluindo o primeiro longa de Federico — Mulheres e luzes — além de Os palhaços, Julieta dos espíritos, Abismo de um sonho e Ginger e Fred.

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Comunidade

Lembranças grande Projeto Spettacolo apresenta exposições que resgatam as origens através da arte e da fotografia

Nathielle Hó

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Museu do Ingá, na cidade de Niterói, no estado do Rio, abriu suas portas para o público conhecer duas exposições do projeto Spettacolo - Encontro Itália-UFF. As mostras A Pequena Itália em Niterói e Presságios contam com a organização do Centro de Artes da Universidade Federal Fluminense. A exposição fotográfica A Pequena Itália em Niterói exibe imagens de famílias italianas que migraram para a cidade após a Segunda Guerra Mundial, para refazer a vida no Brasil. E a mostra Presságios, do artista plástico Bruno Pedrosa, apresenta uma nova série de pinturas e desenhos sobre sua terra natal, o Ceará, com direito à exibição simultânea no Museu de Lucca, na Itália. As duas exposições estão relacionadas pelo sentimento familiar de saudade da terra natal. A palavra 50

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saudade, embora pertença à língua portuguesa, é universal, pois une pessoas do mundo inteiro no sentimento da falta, que recorre às lembranças de lugares, cheiros, gostos e uma infinidade de coisas para suprir o vazio que fica. O pintor cearense Bruno Pedrosa, radicado na Itália há 22 anos, sabe muito bem o que é isso. Para amenizar a distância do Ceará, ele pinta sua terra natal em traços abstratos. Entre desenhos e pinturas, com nomes de praias cearenses e das propriedades de seu pai, no sertão, o artista exalta seu estado de nascimento. — Preciso voltar regularmente ao Nordeste. Tenho necessidade espiritual de viver a minha terra,

de reconhecer os valores de uma região do Brasil diferente de todas as outras, onde os habitantes se sentem realmente como se fossem da mesma família. Foi fundamental a minha experiência internacional, e a permanência na Itália me completou como indivíduo e como artista, mas não poderei viver sem mergulhar regularmente na cultura cearense, prerrogativa de homens que sofreram e escreveram, com seu ímpeto, sua paixão e seu sangue, páginas fundamentais da história do Brasil — ressalta Bruno Pedrosa. Na mostra Presságios, o artista utiliza técnicas artesanais para reproduzir a areia colorida típica da paisagem cearense. Ele colore a terra artificialmente para fazer o miolo do lápis usado nos desenhos. E, assim, surgem as obras que carregam nomes de praias como Meireles, Tabuba, Iguape, Prainha, Paracuru e Praia de Iracema. As pinturas, por


Duas gerações, os italianos e seus descendentes A outra exposição que está em cartaz no Museu do Ingá sob a curadoria da professora Nadja Peregrino e da pesquisadora Ângela Magalhães chama-se A Pequena Itália em Niterói, que utiliza o recurso iconográfico para contar a história de imigrantes italianos do pós-guerra em Niterói. A mostra tem como referência a obra literária História de família: entre a Itália e o Brasil, de autoria da professora de História da UFF, Ângela de Castro Gomes. Através de imagens de italianos, descendentes e da contribuição deles nas diversas áreas da sociedade, a mostra recupera resquícios de uma cultura que se misturou com a brasileira, mas que, ao mesmo tempo, conserva suas raízes e identidade. A exposição simboliza a memória da cidade e convida a uma releitura do momento presente. Os responsáveis por “desenhar” com a câmera, italianos e suas lembranças foram os fotógrafos Wilson da Costa e Gustavo Stephan. Eles se debruçaram sobre uma estética plástica existente e em transformação, muitas vezes despercebida no cotidiano das pessoas. Retratos familiares de imigrantes e monumentos arquitetônicos, além de formas distintas de sociabilidade, como o trabalho, a religião e o lazer são filtrados pelo olhar apura-

de uma família sua vez, fazem referência às fazendas do pai de Bruno, situadas ao redor do Riacho do Machado, manancial que corta o município de Cedro, de onde o pintor há 43 anos emigrou para estudar na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, e, de lá, ganhar o mundo. A intenção de Pedrosa era materializar através da arte os laços afetivos relacionados às suas origens. Com a curadoria do diretor do Museu de Lucca, Maurizio Vanni, Presságios retrata a visão de futuro do artista através de seu passado afetuoso. O homem sempre tentou anteceder e conhecer os eventos futuros, não tanto para aproveitar as oportunidades, mas para, acima de tudo, defender-se de contingências negativas. O próprio termo presságios expressa esse sentimento de vulnerabilidade, mas também ressalta a possibilidade das pessoas serem criadoras do próprio destino. — Bruno Pedrosa recorre à luz e às cores para trabalhar sua visão de futuro, embasada em sua experiência e sensibilidade do passado, construindo assim obras que expressam inovação, tradição, conhecimento e vida — completa o curador.

Em Presságios, Bruno Pedrosa apresenta obras abstratas que propõem a ideia de flutuação entre passado e futuro, finito e infinito, realidade e ilusão

do da dupla de fotógrafos. Eles buscaram revelar imagens do microcosmo italiano da cidade de Niterói. Para ajudar na concepção do trabalho, “beberam na fonte” de As Cidades Invisíveis, do escritor Italo Calvino. — Tivemos a preocupação em retratar os anônimos, sejam eles jornaleiros, engraxates, e outros que têm histórias esquecidas ou descartadas. Nós pensamos muito no livro As Cidades Invisíveis, que elabora inúmeras histórias

esquecidas a partir de Veneza, terra natal do personagem Marco Polo. Niterói também possui marcas históricas que escapam à nossa vista, daí a necessidade de desvelar aquilo que está por detrás. É como tirar o véu que encobre histórias de imigrantes italianos na cidade — ressalta o fotógrafo Wilson. A exposição faz com que o espectador mergulhe em seu subconsciente, promovendo o encontro com suas lembranças, que ganham vida e forma através das imagens e dos objetos de família expostos. Personalidades de Niterói aparecem circunscritas no papel, como o fundador da revista ComunitàItaliana, Pietro Petraglia. O fotógrafo Wilson faz alusão à obra de Calvino através da captura da imagem de Petraglia e homenageia, assim, o homem que trabalha com a imprensa e com a divulgação da comunidade italiana no Brasil. — Na foto de Pietro Petraglia, faço uma remissão ao Visconde Partido ao Meio, que leva um tiro de canhão numa guerra e fica divido em dois lados. Ao fundo da imagem há o mapa da Itália e, na frente, o rosto dividido, pelo fato do Pietro ser descendente. Na exposição, a gente quis retratar essa geração de filhos de italianos que colaboram em várias frentes na cidade, e as imagens do Pietro Petraglia, do Carlos Mônaco, do Marco Lucchesi e do Julio Vanni vão de encontro com essa ideia. A fotografia do Mônaco remete ao ofício do pai dele. Silvestre foi um italiano que criou uma livraria, e na imagem exposta, quisemos mostrar essa relação. No caso do escritor Julio Vanni, uma pessoa que vive de memória e história, a gente preferiu relacionar sua imagem com uma antiga paróquia da cidade onde seus parentes foram enterrados. Já na foto do Marco Lucchesi, poeta e ensaísta, usamos como tema a música. Também abrimos espaço para os nascidos na Itália, como a dona Domenica Sassi, que participou de uma instalação sobre culinária italiana. Ela foi uma mulher à frente de seu tempo, pioneira no ponto de vista de trabalhar, de introduzir a tapeçaria, e de auxiliar na formação de outras mulheres, quando predominava o sistema patriarcal — enfatiza Wilson da Costa. Os fotógrafos também trabalharam com a questão da perspectiva para remontar ao movimento renascentista, que foi uma revolução estética operada no mundo. A ilusão da profundidade aparece na foto do Colégio Salesiano, no qual é explorado o ponto de fuga. Eles também fizeram o inverso com as imagens da Biblioteca Pública e do Palácio da Justiça, procurando ressaltar a frontalidade, achatando a perspectiva e preconizando a legibilidade da imagem. Essas construções com traços italianos figuram na Praça da República, cenário concebido pelo arquiteto italiano Pietro Campofiorito. A curadora Nadja Peregrino ressalta que essa exposição é especial por destacar Niterói como uma importante comunidade de italianos e descendentes. — É bom falar da cidade de Araribóia, pois, do contrário, fica o Rio com essa coisa autofágica, “comendo” Niterói e seus arredores. A cidade Sorriso tem que ser redescoberta pelos seus habitantes. Na mostra, a gente quis focar a questão do universal, das lembranças, das imagens e objetos como rememoração e ligação entre o passado e o presente — conclui a curadora da mostra, que fica em exposição até 25 de abril. comunitàitaliana | a bril 2012

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calcio

AndreaCiprandiRatto

La strana coppa Il prossimo 20 maggio, Juventus e Napoli si affronteranno nella finale di Coppa Italia

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n attesa di capire come si chiuderà il campionato, è questa l’occasione migliore che hanno per tornare a vincere un trofeo importante dopo molti anni. Troppo poco il primo posto in Serie B di cinque anni fa per la Juve travolta da Calciopoli, dopo che sul campo aveva vinto gli scudetti del 2005 e 2006, poi perduti, e l’ultima volta che il suo nome è stato scritto in un Albo d’Oro di prestigio risale quindi al 2003. Ancora più sospirata, però, sarebbe l’affermazione del Napoli: non vince infatti nulla di importante dal 1990, quando aveva conquistato il suo secondo titolo italiano. Strana competizione, la Coppa Italia. Inaugurata nel 1922, ben 24 anni dopo il primo campionato nazionale, ma comunque parecchio tempo fa, le si è sempre data poca importanza - ancor meno da quando alla Champions League, con la sua gloria e soprattutto i suoi soldi, si qualificano le prime tre o quattro classificate in campionato, quindi anche chi non vince nulla. Ora conquistarla dà accesso solo all’Europa League, che avendo premi molto inferiori a quelli della Champions di questi tempi viene considerata più che altro una noia. La ‘coppa del nonno’, com’è ironicamente chiamata, è la classica arma a doppio taglio: una volta che si arriva in finale, infatti, vincerla conta poco, ma perderla è comunque motivo di scherno. C’è però qualcosa che sembra restituirle dignità sportiva a dispetto dell’opinione diffusa: spesso, infatti, ad aggiudicarsela sono state squadre in grande ascesa che si sarebbero presto dimostrate capaci di ottenere risultati ancora maggiori. Ripercorrere alcune tappe recenti di questa manifestazione aiuta allora a capire qualcosa in più circa lo sviluppo di un movimento calcistico che offre novità col contagocce. 52

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Partendo dalle prossime finaliste, la Juve detiene il record di successi assoluti (9, a parimerito con la Roma) anche se l’ultimo risale al 1995. Vincesse quest’anno, potrebbe voltar pagina dimostrando coi fatti di essersi lasciata definitivamente alle spalle la crisi tecnico-societaria coincisa con l’assenza di risultati seguita a Calciopoli. Da par suo, il Napoli è anch’esso impegnato nel tentativo di rilanciarsi venendo da una lunghissima cavalcata iniziata nel 2004-05, quand’era sprofondato in Serie C per via del fallimento. L’ultima volta che ha alzato questa coppa risale al 1987, con Maradona, quando fece doppietta col campionato e pose le basi per un futuro nel calcio che conta fino ad allora impensabile. Si trattò di una vera e propria impresa, inferiore solo un altro trionfo proprio in Coppa Italia, quello degli anni Sessanta quando gli azzurri erano riusciti a vincerla pur essendo iscritti alla Serie B - exploit tutt’ora ineguagliato. Memori di questo, sotto il Vesuvio si augurano che non finisca come nel ‘97, quando persero contro il Vicenza di Guidolin che, pur non essendo iscritto alla serie cadetta, non rientrava comunque nel novero delle formazioni più accreditate. Ci sono però numerose altre affermazioni indicative di un progetto finalmente decollato.

Negli anni Ottanta la Samp vinse tre volte, più di tutti in quel decennio, e l’ultima precedette di appena un anno l’affermazione in campionato, cui nella stagione seguente seguì la finale di Coppa dei Campioni. La Lazio tornò a vincerla dopo quasi mezzo secolo a fine anni Novanta, quando riuscì anche a conquistare il suo secondo scudetto. L’Inter lo fece nelle stagioni 2004-05 e 2005-06, immediatamente prima di vincere il primo scudetto sul campo della storia recente, quello del 2007, ben due decenni dopo quello precedente; nel 2010, poi, se non l’avesse vinta non avrebbe ottenuto il famoso ‘triplete’ e con questo si torna all’indiscutibile importanza che talvolta può avere. Il Torino, nobile decaduta del nostro calcio, l’aveva vinta per l’ultima volta nel 1993, quasi vent’anni dopo l’ultimo alloro, e quel risultato fu il principale indicatore di una felice, benché breve, primavera che stava vivendo dopo che la stagione precedente aveva

Spesso ad aggiudicarsi la Coppa Italia sono state squadre in grande ascesa che si sarebbero presto dimostrate capaci di ottenere risultati ancora maggiori raggiunto addirittura la finale di Coppa UEFA. Proprio dopo i granata, che hanno perso 8 finali, Milan e Roma sono le squadre che hanno sfiorato più volte il titolo, 7. I giallorossi, però, come detto detengono con la Juventus anche il record di vittorie e con 6 finali disputate solo negli ultimi dieci anni e in particolare le due affermazioni del 2007 e 2008 hanno dimostrato di essere la seconda forza assoluta del penultimo periodo, quello di dominio nerazzurro. Con questi presupposti, che a contendersela fra un mese siano Juventus e Napoli non stupisce. In costante crescita come si stanno dimostrando, infatti, non formano una strana coppia. Strana, resta la coppa.


ItalianStyle

Style Primavera Diversas são as tendências da moda nesta primavera que se inicia na Europa. Confira algumas novidades das grifes italianas neste início de temporada, que vão do estilo retrô às estampas florais estilizadas, passando pelas sandálias de plástico.

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saia na estampa com tigresa colorida, marca registrada desta coleção. Primavera/ Verão 2012 da Gabbana.Preço Dolce & : www.store.dolcega € 1.475 bbana.com

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A colaboração entre as grifes Moschino e Kartell continua em 2012, após a coleção de sapatilhas do ano passado e, para a primavera, lançaram a Super Bow, sandália de plástico colorida com plataforma de 7 cm, disponível em várias cores. Preço: € 119 www.moschinoboutique.com

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Fotos: Divulgação

A bolsa grande no prestigiado couro Saffiano da Prada vem toda perfurada, respirando os ares da nova estação. Disponível em várias cores, a criação está virando um dos hits da Prada na Europa. Preço: € 1.150 www.store.prada.com

Super colar

Retrô

Óculos escuros Miu Miu de inspiração retrô com lentes esfumaçadas cor-de-rosa e armação em estampa tartaruga rubi. Preço: € 235 www.miumiu.com

Os colares enormes da nova coleção de Patrizia Pepe vêm fazendo o maior sucesso entre as celebridades. A série inclui diversos modelos de colares com inspiração tribal. O modelo da foto é feito com fios de pérolas, correntes em diversos tamanhos e tons e pedras Swarovski em cristal facetado. Preço: € 196 www.patriziapepe.com

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IlLettoreRacconta

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or motivo de trabalho, tive de aprender o idioma de Dante. Após “tutti i verbi irregolari”, fiz as malas e embarquei para a Itália para um curso. Quando retornei, minha avó Edna, uma senhora que ostentava seus quase 90 anos, me telefonou: — Carola (ela me chama assim, na alcunha italianíssima), tenho uma coisa para você. Quando vi, era um papel grande, velho e todo dobrado. Ao abri-lo, eis a surpresa: um passaporte familiar datado de 1900. Era de seu pai, Aldo Benatti, que chegou ao Brasil ainda criança com os pais e seu irmão. Ela era a guardiã daquele papel há décadas! Como muitos outros, nossos antepassados realizaram a via crucis da maioria dos imigrantes: guerra, fome, vapor, hospedaria e trabalho quase escravo nas lavouras do interior de São Paulo. Aldo Benatti, seu pai Enrico, sua mãe Elisa e seu irmão Luicinio eram desconhecidos para mim. Aldo Benatti com a sua cachorra chuli em Sabia que a minha avó teria Piracicaba, nos anos 1960 alguma ascendência italiana. Por descuido, nunca busquei saber mais sobre as raízes. Porém, aquele documento me tocou. Era a coisa mais antiga que eu já havia tido em mãos. Um documento ímpar, com a descrição do viajante (que supria a falta de foto) e o navio em que viajava. Ao conversar com outros parentes, vi que pouco se sabia sobre a família. A partir daí, resolvi saber mais e iniciar o processo de reconhecimento da cidadania italiana, buscando as certidões de meu bisavô Aldo. De acordo com o passaporte, seu pai nasceu em uma cidadezinha chamada Salara, no Vêneto. Escrevi para Salara e para

a cidade onde habitavam quando da partida. Não tive sucesso. Resolvi escrever para as cidades limítrofes. Mais adiante, então, escrevi para todas as 120 prefeituras da província de Rovigo. Dia após dia, ficava mais decepcionada com a tempestade de respostas negativas em minha caixa de e-mail. A pergunta me intrigava: onde teria nascido Aldo Benatti? Já sem meios racionais de busca, entrei em um fórum de pessoas que pesquisavam seus antepassados, no qual conheci a senhora Plucani. Ela me contou que, na província de Mântova, na Lombardia, havia muitos Benatti. Não confiei muito na informação, pois falava-se em mais de 60 quilômetros de distância. Mas aquela senhora tomou a liberdade de escrever à prefeitura de Mântova. E não é que ela achou algo interessante: um bebê de nome Aldo, nascido em ano compatível, e sua mãe de nome Elisa. Muita coincidência! No entanto, o nome do pai era outro. Percebi, então, que precisaria ir ao local. Tive o apoio do amigo e professor Gianluigi Planezio, quem colocou-me em contato Antonello Confente, da Lombardini nel Mondo, grupo acionou o pesquisador Claudio Miletti. Claudio, que mora em Mântova, foi até o arquivo conferir os documentos. Experiente, buscou logo a ficha anagráfica da família, onde se escreviam os dados dos declarantes antes de serem passados Edna Benatti em 1941, com a limpo no livro de assentamentos. dedicatória ao seu futuro Surpreendente a descoberta de que meu marido Carlos bisavô foi reconhecido após o nascimento. Descobriu-se que Aldo nasceu em julho de 1887 e que seus pais se casaram apenas em dezembro do mesmo ano, em uma terceira cidade chamada Trecenta, ainda no Vêneto. A partir daí, passei a imaginar a aventura e a agonia de minha trisavó, grávida, viajando até Mântova para dar à luz o filho. A criança havia sido registrada com o nome de um parente como pai. Se, até hoje as mães solteiras são discriminadas na sociedade, imagine a situação de minha trisavó 130 anos atrás. Aldo Benatti Com as evidências históricas, Claudio Miletti solicitou a atualização do livro de registros. Em 16 de junho de 2010, quase 123 anos após seu nascimento, Aldo foi reconhecido como um Benatti! Para conferir a história, fui até a Itália em 2011, e fiz questão de visitar a belíssima cidade de Mântova. Pesquisei nos arquivos da cidade e descobri mais evidências históricas que explicariam as motivações da aventura desse casal. Muita coisa ainda permanece inexplicada. No entanto, é certo que, em maio de 1888, Enrico Benatti foi pessoalmente ao serviço anagráfico da cidade, pediu a ficha de seu filho, riscou o nome do antigo “pai” e, acima dessa linha, afirmou em caligrafia simples, porém firme: filho legítimo de Enrico Benatti. Ana Carolina Lorena, Campinas - SP Mântova

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Gastronomia

Café inspirado na Itália

Para quem não come carne, o desafio de Marina Corbucci em lançar o primeiro café vegano de Brasília Stefania Pelusi

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De Brasília

Café Corbucci nasceu do sonho de pessoas que sentiam falta de opções veganas — sem proteína animal — saborosas e atrativas em Brasília. Mais do que uma dieta alimentar, o veganismo é um tipo de ativismo sócio-ambiental que ganha novos adeptos a cada dia. Os seguidores dessa filosofia de vida não ingerem nenhum alimento que tenha causado sofrimento a animais, assim como também não utilizam roupas e acessórios que passem pelo mesmo processo, como couro, mel ou casacos de pele. Segundo a sócia-proprietária Marina Corbucci, vegetariana há 11 anos e vegana há quatro, o veganismo não é uma dieta, e sim uma escolha que se estende além da alimentação e que implica o consumo da vida em geral. — O veganismo busca excluir o consumo diário de produtos que explorem os animais. Eu, por exemplo, sempre fui envolvida com ativismo para defender os direitos dos animais. A maioria dos restaurantes vegetarianos de Brasília abre para o almoço, enquanto a ideia do Café Corbucci é preencher a escassa oferta noturna. Por isso, o restaurante abre após as 17h. No menu, a criatividade toma conta das receitas. No pão sem queijo, a batata entra no lugar do laticínio. Há uma oferta variada com salgados, quiches com massa crocante, farinha integral e castanha do Pará, recheios cremosos à base de tofu ou de queijo de castanha de caju, sanduíches de seitan (carne de glúten), hambúrguer de feijão preto, tapiocas e falafel. Além de seitan e tofu para substituir as proteínas animais, o Café Corbucci usa o tempeh que, por ser um derivado de soja fermentada, é absorvido com mais facilidade pelo organismo. Em vez

de refrigerante, há sucos naturais, vinhos, cervejas internacionais, cachaças e cafés com leite de soja orgânico ou de amêndoas. A cada dia, o sabor do salgado, da quiche, da sopa e da sobremesa é modificado, de modo que o cliente possa sempre experimentar novos pratos. A inspiração na culinária italiana A ítalo-brasileira lembra-se da viagem à Itália em 2006 com a sua mãe, Eliana, que estuda italiano. Juntas, visitaram Roma, Nápoles e arredores, e a Sicília. — A Itália foi um dos lugares que mais me fascinaram, onde eu

O cardápio vegano faz uso de ingredientes vegetais para substituir as proteínas animais, como acontece com o hambúrguer à base de feijão

comi a melhor pizza da minha vida, em restaurante familiar e pouco turístico, perto de Nápoles. O pizzaiolo jogava a massa para cima e pegava na mão. Foi maravilhoso! A gente comia pizza todos os dias porque era sensacional — recorda. A culinária italiana serve de inspiração, conta. Um de seus projetos é servir pizza, massa fresca sem ovos e lasanha vegetal, que ela prepara com camada de massa de grano duro, queijo de castanha de caju, molho de tomate com vários legumes, ervas e tempeh. Formada em Psicologia pela Universidade de Brasília, descobriu a paixão pela gastronomia depois de uma viagem a Barcelona, onde comprou pela primeira vez tofu, seitan e os primeiros livros de receitas vegetarianas. Em 2008, Marina começou a fazer pratos em casa e desenvolveu vários deles estritamente veganos. Também dava aulas de culinária personalizadas nas casas das pessoas e orientava quem estava em transição para o vegetarianismo ou o veganismo. — Outra viagem importante fiz em 2009, quando fui convidada por um casal de amigos, os meus atuais sócios do restaurante, a visitá-los nos Estados Unidos, onde passei três meses pesquisando o mercado. O país é o paraíso dos veganos, com muita variedade. Eles estão em um nível de desenvolvimento alto a ponto de imitar perfeitamente a textura de uma carne, sendo vegetal. Marina Corbucci conta que o seu sonho era ter um negócio, mas que a sua ideia original era abrir uma coisa menor. Porém, o Café Corbucci tornou-se “muito maior” do que ela queria. — Queria uma cozinha para fazer as encomendas ou uma lanchonete pequena. O local acabou se tornando maior, pois a demanda do público foi muito grande — explica, satisfeita, Marina, que gostaria de ter mais tempo para as suas viagens culinárias e para os seus quatro cachorros — também veganos.

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saporid’italia VanessaCorrêadaSilva

Respaldo internacional

S

ão Paulo – Localizado na Vila Mariana, o Friccò, há tempos, é conhecido como um dos mais tradicionais restaurantes italianos de São Paulo. Essa fama ganhou, em 2012, respaldo internacional: em fevereiro, o Friccò recebeu o prêmio Ospitalità Italiana como melhor restaurante típico do Mercosul, após competir com 56 estabelecimentos certificados — dos quais 30 estão localizados na capital paulista. O prêmio faz parte de um projeto que surgiu na Itália com o objetivo de valorizar a culinária e os ingredientes do país. Atualmente, São Paulo é a cidade que possui mais estabelecimentos que seguem a tradição gastronômica italiana — além de ter sido a primeira a receber o certificado fora do Belpaese. Coordenado pela Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Cultura de São Paulo, os restaurantes candidatos ao certificado são avaliados durante meses. A cerimônia de premiação aconteceu no dia 15 de fevereiro, em Milão, quando foi concedida pela primeira vez a restaurantes do exterior. Participaram da votação mais de cinco mil estabelecimentos da Itália, presentes em 80 províncias de 18 regiões. Do exterior, participaram 720 restaurantes certificados, espalhados por 65 cidades em 45 países diferentes. — O prêmio nasceu para tentar combater os falsos restaurantes italianos pelo mundo, pois muitos lugares não têm nenhuma relação com a nossa gastronomia e se vendem como italianos. Isso gera danos para a imagem da Itália e para os produtos do país. Somos um restaurante verdadeiramente italiano e achamos importante dar força a esse trabalho — declarou o chef Sauro Scarabotta, que esteve presente na premiação em Milão. O chef conta que procurou divulgar ao máximo o Ospitalità entre os clientes da casa. — Estimulamos muito a votação através do site. Passávamos um laptop de mesa em mesa para que os clientes pudessem votar. Inaugurado em 1997, o Friccò é comandado por Sauro, que veio para o Brasil em 1994, a convite de outro chef italiano, Giancarlo Bolla, para fazer parte de um festival no restaurante paulistano La Tambouille. Formado pela Escola de Hotelaria de Assis, ele já havia trabalhado em restaurantes na Itália, e em hotéis das redes Sheraton e Hyatt na Alemanha, no Chile, na Argentina e no Japão. Aqui, Sauro conheceu sua atual esposa, a brasileira Rita Matarazzo Russo, e decidiu abrir seu próprio negócio. Batizado de Friccò di Frango, em referência a um prato tradicional de Gubbio, cidade natal de Sauro localizada na Úmbria, o local inicialmente funcionava como uma rotisseria, vendendo massas e pratos congelados. Dois anos depois, já com o nome reduzido para Friccò, passou por uma reforma e se transformou no que é hoje. Apesar de possuir no cardápio diversas receitas tradicionais italianas, a casa serve pratos com ingredientes brasileiros. O chef considera importante manter a tradição da gastronomia italiana, porém, sem se fechar à renovação. — Hábitos como servir massa e carne juntos, por exemplo, que não são típicos da Itália, são concessões que eu faço por 56

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Friccò de frango com espaguete na manteiga e sálvia Ingredientes 2 pedaços de peito e 4 sobrecoxas de frango cortados em pedaços graúdos 4 tomates maduros, cortados em cubinhos, sem pele e sem semente 2 dentes de alho pimenta do reino a gosto azeite de oliva italiano meio copo de vinho branco alecrim 250 gramas de espaguete 30 gramas de manteiga 4 folhas de sálvia sal Modo de fazer Tempere os pedaços de frango com sal, pimenta do reino e alecrim. Grelhe os pedaços de frango no azeite e reserve. Em uma frigideira funda, doure o alho em azeite e coloque os tomates em seguida. Acrescente o vinho e o frango, e deixe cozinhar por três minutos. Acrescentar mais um pouco de alecrim picado. Cozinhe o espaguete ao dente em água salgada e fervente. Tempere com manteiga derretida e sálvia. ‘contaminação’, no sentido positivo da palavra, do que eu vivi no Brasil. Mesmo assim, sempre uso técnicas e ingredientes de lá, como o tomate e o azeite. Foi com essa receita equilibrada entre a tradição italiana e os hábitos brasileiros que o Friccò conquistou o título de melhor italiano do Mercosul. Serviço: Rua Cubatão, 831 - Vila Mariana - São Paulo Tel: (11) 5084-0480 Almoço: de terça à sexta, das 12h às 15h; e sábados e domingos, das 12h às 16h30 Jantar: de quinta a sábado, das 19h às 23h45



la gente, il posto ClaudiaMonteiroDeCastro

Igreja Trullo

U

ma das igrejas mais insólitas da Itália fica no vilarejo de Alberobello, na Puglia. Chama-se igreja de San’Antonio e foi construída em 1927 ao estilo das casas locais, ou seja, os trulli — cujo nome vem do grego e significa “cúpula”. São antigas casinhas, construções de pedras a seco, cônicas, típicas da região da Puglia do centro e do sul. Dizem que a origem dessas construções, cujas pedras são apoiadas uma na outra sem cimento, eram feitas para evitar o pagamento de impostos, pois quando sabiam que a fiscalização estava para chegar na cidade, conseguiam desmontar as casas facilmente, em pouquíssimo tempo. O vilarejo de Alberobello reúne uma quantidade enorme de trulli, essas casinhas branquinhas com tetos de pedra cônicos formando uma paisagem mágica e surreal.

Bodas de madeira e de estanho

E

ste ano, comemoro duas bodas: de madeira e de estanho. De madeira porque neste mês de abril completo cinco anos de colaboração com ComunitàItaliana. Há cinco anos tento contar um pouco sobre a Itália e os italianos, suas manias e seus costumes. Lembro do primeiro e-mail que enviei para o Pietro falando sobre a coluna e guardo com carinho na memória a única visita à revista em Niterói e ao pessoal tão acolhedor. As outras bodas que comemorei em fevereiro são de estanho: 10 anos de Itália. Lembro-me perfeitamente daquele início de fevereiro de 2002, quando cheguei a Roma e hospedei-me num hotelzinho mixuruca perto da estação de trem. Procurei logo um apartamento para morar, um emprego de professora de inglês e, ao mesmo tempo, saía em busca de tantos endereços para escrever meu guia de Roma, o Guia dos Endereços Curiosos. Pensei que seria somente um ano de estadia. No entanto, acabaram sendo (pelo menos até agora) dez. No início, tudo era festa. Morar em país estrangeiro é como renascer: aprender tudo de novo, a língua, a filosofia de vida, a forma de comunicar, as gírias, as entrelinhas, a música, o cinema, a política, as diferenças entre as regiões. É como pegar o bonde andando e querer sentar na janelinha. Os primeiro dois anos foram anos de matar a sede de cultura italiana e, como diz meu irmão, mapear a Itália. Ler clássicos italianos, assistir a filmes italianos, conhecer os compositores mais famosos. Fins de semana e feriados eram momentos de conhecer cada cantinho da Bota: Trieste, Pantelleria, Ischia, Lago de Garda, Ferrara, Modena, Cortina, Alberobello, Ostuni, Trento, Ivrea, Maratea, Montefalco, Erice, Lerici, Gênova, Ragusa, Tropea, Scanno, Ancona, Urbino e Castiglione della Pescaia — das cidades grandes aos vilarejos escondidos, pois eu não queria perder nada e sabe-se bem que apetite de viajante é de leão. Os anos seguintes foram de alegria, mas uma alegria cada vez mais tranquila. Afinal, a vida acaba tendo sua rotina de trabalhar, pegar o metrô, pagar as contas. Claro que os olhos do estrangeiro continuam vendo tudo com mais curiosidade, mas chega um momento em que a novidade acaba e é difícil ter o mesmo entusiasmo dos primeiros anos. A gente começa a ver bem os defeitos do novo país, a burocracia, a falta de meritocracia, as coisas que não funcionam etc. Mas apesar desse “desapaixonar-se”, nesses dez anos, devo a Roma tanto. Uma grande bagagem cultural, dois livros publicados e tantos na gaveta, cinco anos de coluna na Comunità, tantos artigos de viagem na revista Viagem e Turismo, uma grande amiga, um companheiro e dois romaninhos maravilhosos.

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Fernando Laszlo

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