Boletim Informativo "Igreja Viva e Peregrina" bimestre março-abril 2015

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NÃO SOU CHARLIE! Na primeira semana de janeiro deste ano o mundo ficou chocado com o atentado terrorista ao semanário satírico francês “Charlie Hebdo”, onde diversos jornalistas, funcionários e policiais foram mortos por dois homens armados ligados a Al-Qaeda. Nos dias seguintes, muitos Chefes de Estado de diversos países, principalmente, da União Europeia, participaram de um ato público em Paris, repudiando o terrorismo e defendendo a liberdade de expressão. Milhões de pessoas carregavam bandeiras e plaquetas com o dizer “Je suis Charlie” – Eu sou Charlie! Na semana seguinte ao atentado (14/01/2015), o mesmo semanário lançou uma edição especial com uma tiragem histórica de três milhões de cópias a qual se esgotou nos primeiros minutos que chegou às bancas. O semanário é conhecido por suas sátiras às religiões, principalmente, à religião Católica Apostólica Romana. Não faltaram na mesma edição chacotas a Maomé, ao “Soldado desconhecido” do Arco do Triunfo e ao próprio Papa Francisco. Pergunta-se: o que se entende por liberdade? O que é liberdade de expressão? O que é liberdade religiosa? Sabe-se que tanto a liberdade religiosa quanto a liberdade de expressão se configuram entre os principais direitos fundamentais do homem. No entanto, por que tantas distorções quanto a estes conceitos?

Março / Abril 2015

Não se pode divorciar nenhum dos três ideais um do outro. A Igualdade supõe a Fraternidade e a Fraternidade, necessariamente, reconhece a Igualdade entre as pessoas. Acima de tudo se encontra a Liberdade, ou seja, a Consciência esclarecida de que ela tem um papel a contribuir na construção da Fraternidade e da Igualdade. E os três ideais intensamente vividos proporcionam uma verdadeira revolução entre os seres humanos - a Paz, que no relato Bíblico da criação é sinônimo de Jardim do Éden ou Paraíso. Pois, como afirma Paulo aos Coríntios: “O olho não pode dizer à mão: ‘Eu não preciso de ti’; nem a cabeça dizer aos pés: ‘Eu não preciso de vós’.” (12,21). O corpo é feito de muitos membros e todos necessitam um do outro para a harmonia do todo. Todos nós conhecemos a história de Adão e Eva. No entanto, esta história tem uma mensagem tão profunda que muitas vezes nós preferimos ficar discutindo, superficialmente, se a fruta que Eva comeu era maçã ou se a cobra era peçonhenta! Ora, o que a Bíblia ensina é muito mais! Devemos aprofundar a nossa catequese. A Liberdade: O projeto de Deus para o homem é o Eden - a Paz. O Senhor prescreveu ao homem: “Poderás comer de toda árvore do jardim, mas não comerás da arvore do conhecimento do bem e do mal, pois no dia em que dela comeres, com certeza morrerás” (Gn 2,17). Portanto, o dom da Liberdade! O Criador dotou o Homem de livre-arbítrio. O jardim inteiro foi colocado à sua disposição. No entanto, lhe mostrou limites e exigiu responsabilidade. E o Homem não aceitou esse limite: “Comeu do fruto da árvore que era do Criador” (Gn 3,6). Rebelou-se e, consequentemente, perdeu a paz e também o Jardim!

Ano XVII - nº 109

Publicação Bimestral da Paróquia São Roque - Diocese de Osasco

O intuito deste pequeno escrito é propor algumas reflexões quanto ao assunto à luz dos três ideais da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Ou melhor ainda, à luz do relato bíblico da criação que antecipou de muitos anos a Revolução Francesa do Século XIX!

A Igualdade: o relato bíblico continua: O Senhor Deus disse: “Não é bom que o homem esteja sozinho. Vou fazer para ele uma auxiliar que lhe seja adequada” (Gn 2,18). Sabiamente, enquanto o homem dormia o Criador “tomou-lhe uma das costelas. Depois, da costela que tinha tirado do homem, o Senhor modelou uma mulher e apresentou-a ao homem” (Gn 2,21-22). Pergunta-se: por que Eva não foi criada do “pé”, ou da “cabeça” do Adão? Foi proposital. Ela foi criada para ser amada, pois, foi tirada do coração. O Criador quis assim - a igualdade e o amor entre os seres humanos. Não se pode pisar no outro. Quando se pisa no irmão perde-se a igualdade! Em consequência, estabelece-se a violência e perde-se o Paraíso. Como de fato aconteceu - Caim matou Abel (Gn 4,8) e este saiu da presença de Deus (4,16). E Caim se tornou uma pessoa errante e sem rumo! A Fraternidade: O homem e a mulher foram criados para viver em comunhão. O projeto do Criador para a humanidade era o Paraíso, simbolizado pelo Jardim. No entanto, o Homem na sua autossuficiência se rebelou. Sonhou possuir a liberdade e vida plena. Porém, produziu o contrário: escravidão e morte. As relações de fraternidade se transformaram em relações de poder e opressão. E o mal se multiplicou! Tanta beleza neste relato bíblico! Ou seja, Liberdade, Igualdade e Fraternidade são três colunas que sustentam o Paraíso. Quando se quebra uma dessas colunas, o Paraíso ficará cada vez mais distante. E isto vale para todos os povos de todos os tempos. A Sociedade que se diz “Democrática” e que almeja os três ideais acima, ainda tem muito a se esforçar para construir a Paz duradoura! Daí a necessidade de educar a própria consciência - a Liberdade. Educar-se para a Fraternidade. Educar-se para a Igualdade. A Liberdade que não constrói a Fraternidade e não valoriza a Igualdade tem outro nome: libertinagem! E por isso, não sou Charlie! Preparando-nos para a Páscoa Pág. 02 O Papa Francisco, ao falar sobre os ataques em Paris, defendeu a liberdade de expressão, mas disse ser errado provocar os outros insultando sua religião e por isso se pode “esperar” uma reação a esse tipo de abuso. Para ilustrar seu ponto de vista, o Papa se virou para um assessor e disse: “É verdade que você não deve reagir violentamente, mas apesar de sermos bons amigos, se ele diz um palavrão contra minha mãe, ele pode esperar um soco, é normal”. Pe. Daniel Balzan – Pároco

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