EVOLUÇÃO HUMANA - O FITO DA VIDA

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Autor — CHICO ZUANA

Diagramação, revisão e edição — VERA LAPORTA

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Chico Zuana EVOLUÇÃO HUMANA - O FITO DA VIDA

PREFÁCIO

Meu querido amigo de há muitos anos – Chico Zuana, me apresentou seu livro, o primeiro de uma série, para que eu fizesse a revisão, a diagramação e edição do mesmo.

Pois bem, fui imediatamente ao trabalho, lendo página a página o que Zuana havia escrito.

À guisa de introdução, faz a si mesmo algumas perguntas, de onde saltam, no final, o título do livro: “Qual o fito da vida? Para que a vida como a conhecemos existe? Qual o objetivo final disso tudo (...)?” Fico querendo saber a resposta. Mas é necessário que eu leia o livro até o final.

Prossigo na leitura. Entro em sintonia com o escritor. Às vezes sintome como ‘aprendente’ (neulogismo de Helénè Trochmé Fabre) recebendo informações de um mestre. Outras vezes torno-me angustiada, ao entrar em contato com elementos sobre os quais tinha apenas vaga noção, como a ‘reencarnação’ e como isso é tratado em várias Religiões.

Não me deixo desanimar. Continuo o trabalho. Zuana discorre sobre o Materialismo e como essa maneira de ver a vida causa impacto e leva a Humanidade ao colapso, como também nosso ambiente e o pequeno (e lindo) Planeta Azul ─ como denominou Gagarin há tempo atrás, ao voltar de sua viagem espacial. O autor ainda demonstra como somos pequenos e frágeis diante da grandiosidade do Universo: E de como o materialismo engrandece o ‘estar’ ao invés do ‘ser.

Explica, ainda, a diferença que ele vê entre Religião e religiosidade, como também a diferença que existe entre a Religião, a Filosofia e a Ciência, ainda a ‘sustentação dessas três’ vertentes do saber humano ─ em extensão, fluição, abertura, fechamento e restrições ─, itens necessários para se compreender e acompanhar seu raciocínio, na

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sequência do livro. Humilde, com aceitação e respeitosamente, como o próprio Zuana diz, enumera, a seguir, duas tradições antigas ─ a Alquimia e a Cavalaria e, posteriormente, as principais Religiões existentes no mundo de hoje. Ele as explica, uma a uma, num capítulo deste livro mas, como não é o objetivo principal escrever sobre elas, tão somente as cita de maneira breve, para que melhor entendamos seus outros propósitos. Mas, antes de abordar as Religiões ainda coloca seus ‘pressupostos’, ‘questionamentos’ e ‘dúvidas’, para melhor captura do assunto. E, faz um parêntesis, pedindo desculpas aos especialistas, teólogos e estudiosos das Religiões, por não se achar um exímio conhecedor da matéria e apenas pontuar aquilo que vivenciou durante a vida em família ou pessoalmente, sobre suas observações e com as leituras – que, digamos, não foram poucas, escrevendo de maneira simples, para atingir o máximo de leitores possível.

Entra, então, no assunto das Religiões: primeiro o Espiritismo ─ Religião que mais praticou ativamente, depois aborda o Catolicismo, o Protestantismo e suas vertentes, o Islamismo, o Budismo e o Hinduísmo, esclarecendo, se, em cada qual, aceitam um Ser Supremo ou não, se adoram vários deuses e quais são seus atributos, se possuem profetas, se adotam escrituras ou não, de que maneira cada adepto precisa seguir os preceitos da Religião para que, depois da morte, possa entrar aonde ou no Paraiso, ou acabar no Inferno; enfim, como cada uma delas concebe o post-mortem, se são ou não reencarnacionistas e de que maneira o são. Foi muito interessante obter essas explicações para poder entender onde o escritor deseja nos levar.

Em seguida acentua que o que ele pretende com este livro é que o leitor entenda que não está em seus planos mudar o pensamento de ninguém a respeito da existência de um ser Supremo ─ Deus, sobre Religião, reencarnação, Materialismo ou religiosidade, mas provocar questionamentos e reflexões sobre aquilo que está sendo lido, enfim, de tudo o que foi colocado. Não deixando de lado, claro, a abertura para o questionamento do próprio autor, dos pensamentos

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deste pelo leitor, com a máxima liberdade, em busca do ‘Fito da Vida’ para cada um.

Aponta, de outro lado, que possui sua crença a respeito da “Inteligência Universal que Rege a Totalidade”, como ele prefere tentar ver Deus e de como esse Ser Supremo sopra a ‘fagulha divina’ em cada um de nós, ao sermos por Ele criados. E, pergunta, desacreditando, de como uma criação, tão complexa e diferenciada, pode apenas nascer, viver e morrer, desaparecendo sem uma expectativa de continuidade?

Continua, mostrando sua total crença na vida após a morte e na reencarnação, como meio de evolução do espírito, aqui na Terra ou em qualquer outro lugar deste enorme Universo, que quiçá vislumbramos.

Como estudioso da transdisciplinaridade, que preconiza aquilo que está entre, através e além das disciplinas, Zuana lança uma nova ideia a da ‘Transreligiosidade’ e se declara como ‘transreligioso’, alguém que busca conseguir absorver e colocar em prática tudo aquilo que há de Bom, Belo e Verdadeiro entre, através e além de cada Religião.

Para terminar este texto, agradeço imensamente pelo convite do Chico Zuana por me permitir revisar, diagramar, editar e prefaciar este livro; fico também na expectativa de que o nosso caro leitor consiga, ao terminar sua leitura, fazer uma reflexão cuidadosa de seus conceitos, de sua religiosidade, de suas crenças, se deseja ‘ser’ integralmente ou apenas ‘estar’ na Terra por algum tempo, sem maiores expectativas de futuro e possa responder, com seriedade e lucidez, ao questionamento, que é o objetivo principal deste belo livro: “Qual o Fito de sua Vida?”

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Fevereiro 2023

EVOLUÇÃO HUMANA - O FITO DA VIDA

Vou iniciar com uma pergunta que tem, no mínimo, me atazanado a mente, os pensamentos, as meditações e cada vez mais ela se aprofunda e me faz fazer outras questões:

Qual o fito da vida? Para que a vida como a conhecemos existe?

Qual o objetivo final disso tudo, a vida desde seus mais pequenos representantes, as plantas, os animais e a racionalidade no homem, com a busca por respostas sobre a sua essencialidade?

Sempre pensei que o fito da vida era a evolução das formas materiais passando para formas perispirituais e chegando no espírito no homem, a nossa essência mais sutil, eterna e imortal, valho-me da frase “o espírito dorme na pedra, respira nas plantas, anda nos animais e pensa no homem”; considero que o que trazemos em nós é o que eu chamo de “fagulha divina”, o princípio divino que nós somos e que devemos acessar e trazer à tona nos mostrando como somos e como fomos creados para sermos parte integrante de Deus, da “Inteligência Universal que Rege a Totalidade”. Desculpem, mas eu prefiro denominá-la assim, mas vamos continuar chamando-a de Deus.

Aí me deparo com o que a humanidade tem feito no seu caminhar e tenho me questionado se é isso mesmo, se Deus gastaria algo conosco, se realmente temos em nós essa fagulha divina, as atitudes, o que a grande maioria da humanidade tem feito vai totalmente contra algo assim.

Com isso tenho questionado até o que os grandes profetas, o que os mestres, os iluminados, os seres de bondade e os de desprendimento material nos tem trazido, ao longo de milênios; o que grandes seres humanos nos têm exemplificado, de há muito tempo, o que os mestres orientais nos falam. o que se prega na essência da maioria das Religiões, mas que fica tão nas entrelinhas que seus fundamen-

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tos e princípios acabam sendo sobrepujados por práticas efetivas, por demais fora do que é a sua essencialidade.

O MATERIALISMO

Mas deixando as Religiões de lado, por enquanto, falemos somente do humano e de seu vínculo ao material, à materialidade; a Religião sempre terá um viés de salvação, de bons ensinamentos, de recompensas extra mundo, o que cria certos impedimentos e amarras que fogem deste mundo.

Assim falemos do materialismo e dos seus absurdos. O primeiro absurdo é a ‘efemeridade do ser humano’, da vida orgânica, que não considera quando um materialismo extremado e de exclusão é praticado: assim quanto mais riqueza se acumula, quanto mais se aparece na lista da Forbes, melhor. O culto ao corpo, à moda, às personalidades, aos esportes, aos bens materiais, aos carros de luxo, às mansões, aos prêmios, em todas as esferas da materialidade, tudo vale para ser o mais importante materialmente, em tudo o que é ligado às riquezas, aos diversos tipos de riqueza material que se possa ter e usufruir. A fome, a miséria humana, as guerras, a pobreza absoluta, o homem destruindo o homem e a natureza para cada vez mais ter dinheiro, fama, glória, títulos, beleza e tudo mais; o que ficará para trás quando da morte, não importa, o que importa é o quanto eu sou rico, famoso, poderoso, sou melhor do que os outros e tudo posso.

É óbvio que, se a pessoa entende que a sua existência é somente um acaso da natureza e que ela nasce e morre, simples assim; se não há espírito não existem outras dimensões mais elevadas, não há Deus. O raciocínio dentro dessa lógica se torna absolutamente válido e só convalida esses valores, afinal ela vai nascer e morrer e só terá essa vida terrena para fazer o que puder, claro que os valores materiais a vão balizar completamente, seu viver, suas atitudes,

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seus valores, sua moral, sua ética vão ser totalmente construídos em um sentido de materialidade e, com isso, o que para ela for importante ter, fazer e ser, no sentido da matéria, é o que ela vai se esforçar, ao máximo, para realizar e assim viver totalmente e integralmente para as questões materiais.

Interessante observar que não há uma verificação mais profunda do envelhecimento dos outros, que é acompanhado por todos mas não produz impacto algum, como se aquilo não fosse acontecer conosco; e, com isso, se parte para uma dolorosa e, eu diria, nunca bemsucedida sequência de tentativas de se manter jovem e belo ou bela e tentar enganar, por um tempo, o relógio biológico e muitas vezes se transformar em monstro com as cirurgias plástica que fazem e outros procedimentos estéticos e, isso só no aspecto da beleza física. Ainda cabe salientar os excessos de exposição de corpos, de sexualização de tudo, dos corpos perfeitos, tanto de homens como de mulheres, as e os modelos escolhidos a dedo; os desfiles de modas representam um percentual mínimo da humanidade e servem de parâmetro de busca desenfreada de um ideal inatingível.

Perde-se tempo e profundidade do ser, as indústrias e o lucro são o importante, produtos de beleza, o que vai estar na moda, os carros, o que come, onde vai, o que faz, as traições mais midiáticas, as disputas de quem é mais belo, de quem joga melhor, de quem canta melhor, de quem representa melhor, de quem se veste melhor, quem é a modelo mais linda ou o modelo mais lindo, o homem mais lindo, a mulher mais linda, o mais rico, a mais rica, o primeiro ou a primeira a fazer algo, o maior investidor, o maior escritor, o que tem mais prêmios, mais títulos, quem mostra mais o corpo, quem aparece mais nu, quem tem essa ou aquela parte do corpo mais chamativa, quem faz mais sexo, quem é mais depravado, quem choca mais a sociedade, me parece estarem disputando até quem faz mais doações para caridade e, dessa forma, perdem a essencialidade de ser e permanecem somente no estar.

Não há também uma avaliação crítica da menos valia das fortunas e

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dos absurdos materialistas; para que alguém precisa de 200 bilhões de dólares, para que alguém precisa ter 20 ou 30 carros de luxo na garagem, para que se precisa de uma mansão como 20 ou 30 quartos, quando se são em 4 ou 5 pessoas? Mas ainda tem outro ponto: a mansão não precisa ser enorme, basta que ela seja a mais cara e já está de bom tamanho.

A turba segue tudo de maneira desenfreada e, com as redes sociais, isso se tornou muito pior; agora luta-se por likes, por mais visualizações, por muitas curtidas e, assim, cada vez apela-se mais e mais, quanto pior melhor, quanto mais eu me mostrar, quanto mais eu escandalizar, quanto mais baboseiras eu postar, quanto mais eu puder distrair os tolos e incautos, melhor! Vamos continuando em uma espiral de banalização cada vez mais rápida, profunda, de baixíssimo nível e sem volta.

Interessante que isso se torna lugar comum e ninguém se dá conta que é horrível, do ponto de vista do humano, do ser humano e que esses disparates não tem cabimento algum. Não tem sustentação, no fundo no fundo, não há beleza alguma, nem valores efetivamente duradouros e bons no sentido mais profundo do termo e do significado de humano.

Mas vamos lá, tentando inferir como pensam, como eu sou absolutamente materialista e acho que quando morrer desaparecerei, ou melhor meu corpo desaparecerá e como eu sou só o corpo, eu me dou por realizado e por absolutamente correto em minhas atitudes e sigo em frente; passo a me importar com o quanto eu serei lembrado e farei parte dos livros de história, nome de ruas, cidades. Ainda existem alguns, mais aplicados, que congelam seus corpos materiais para serem ressuscitados, quando a humanidade houver alcançado um avanço tecnológico tal que possam renascer e ainda sejam rejuvenescidos, para viver eternamente. Outros acham que se colocarem todas suas lembranças, sua inteligência, tudo o que eles têm no cérebro, na sua psique, enfim tudo o que puder ser colocado em um computador, ele viverá para sempre. Absurdo dos absurdos e acham que

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esse é o caminho e é o suprassumo da realização humana pessoal e deve ser invejado.

Incrível que, quanto mais materializados ficamos, mais materializados estamos, buscando ficar e isso tem se tornado a tônica da humanidade: cava-se mais profundo o fosso do materialismo e da desigualdade. Não há a menor sensibilidade em se olhar para os lados e entender que a humanidade caminha junta e que habitamos a mesma pequena esfera mineral, que orbita o Sol. O quão belo seria se fossemos solidários e tivéssemos empatia, o quão seria mais fácil a manutenção da Terra como um todo e não essa destruição absurda.

Como seríamos inteligentes se conseguíssemos entender a questão da unidade, da não dualidade, desde o menor dos seres até o Universo conosco e a Terra, bem no início do caminho dessa unidade, dessa não dualidade, do Universo, de Deus, do Uno!

A INSIGNIFICÂNCIA DA HUMANIDADE

Poderia usar como fecho mas vou colocar aqui, pois nos servirá para as demais considerações que farei de agora em diante e serve de choque ao materialismo que acabei de discorrer.

Há tempos atrás eu li um artigo científico que falava de uma teoria que tratava que o Universo observável tinha 23 bilhões de anos luz; achei interessante o “observável” e fiquei imaginando que se nos deslocássemos 10 bilhões de anos luz em um sentido, seria outro Universo então, mas que teria, de qualquer forma, 23 bilhões de anos luz; em suma, os 10 bilhões de anos luz que andamos deixava de existir porque não o podíamos observar? Fiquei muito intrigado com isso, mas vida que segue, não fui atrás de verificar essa teoria e outras também, pois muitas delas me parecem muito bizarras e, podemos dizer, prepotentes, arrogantes e até meio tolas, mas devemos considerar que o livre pensar deve ser incentivado sempre.

Agora li em outros estudos, que o Universo observável tem algo em

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torno de 93 bilhões de anos luz, não sei se por conta dos telescópios Huble e James Web, mas achei muito interessante esse crescimento do Universo e o quanto isso nos diz de nós mesmos. Ainda lendo o artigo, ele fala que existem lugares tão distantes que nunca a luz chegará até nós e assim nunca saberemos que existem; já achei essa propositura mais humilde e cabível ainda, ou seja: o observável que atingiu 93 bilhões de anos luz, mas pode ser muito maior. Não ouso colocar em quilômetros o que isso significa, mas é muita coisa, se pensarmos somente em anos, são 93 bilhões de anos, dizem, que a Terra tem 14 bilhões e mais alguns anos de existência.

Os cientistas encontraram estrelas e buracos negros com bilhões de vezes o tamanho do Sol, encontraram galáxias com milhões de anos luz de tamanho, trilhões de galáxias, aglomerados de galáxias gigantescos e isso, com a nossa tecnologia, ou seja, isso tudo pode ser muito maior do que está sendo possível acessarmos agora.

Porque coloco isso? Por um simples motivo: lembram de quando a Religião obrigava a dizer que a Terra era o centro do Universo, do sistema solar, porque Deus havia creado o homem à sua imagem e semelhança e o homem era o máximo da creação; assim a Terra só podia ser o centro do Universo.

Observação: prefiro ‘creação’ ao invés de ‘criação’; quem a usa é Huberto Rohden e, para esclarecer, em https://cutt.ly/99SQj22 está a citação: “Crear é a manifestação da Essência em forma de existência – criar é a transição de uma existência para outra existência”. Dessa forma podemos dizer que o Poder Infinito é o ‘creador’ do Universo e que um fazendeiro é ‘criador’ de gado. Que entre os homens gênios há ‘creadores’, embora não sejam talvez “criadores”.

Podemos polemizar essa questão, contudo, e dizer que somos evolucionistas ou criacionistas, mas como tudo o que conhecemos, mas conhecemos tão pouco, a polêmica é só para criar a tal celeuma e não saímos do lugar e se discutir de que ponto de vista religioso, filosófico ou científico? E assim não vamos a lugar algum. Uma vez uma

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amiga me disse “o que não tem solução, solucionado está” eu posso aproveitar e dizer “o que não tem resposta respondido está”. Vou falar um pouco sobre humildade neste texto, porque sempre nos cabe termos humildade para falarmos e nos posicionarmos sobre tudo.

Mas aproveitando o gancho de sermos o centro do Universo, vejo que a grande maioria de nós continua achando que somos, sim, o centro do Universo; acho risível quando falam que só existimos nós de inteligentes no Universo, que não há nenhuma vida fora da Terra; acho isso tão pequeno, medíocre e tão mesquinho, mesmo. É muita arrogância e prepotência achar que em um Universo, que já sabemos ter trilhões de galáxias, cada uma com trilhões de estrelas e cada estrela ainda pode ter, em seu derredor, vários planetas, como a vã inteligência humana pode crer que só existimos nós? Mas essa é só mais uma das muitas bobagens em que gostamos de acreditar para nos sentirmos os seres mais maravilhosos de todo o Universo e assim nos sentimos bem e melhores do que somos.

Ainda resta a arrogância de procurarmos e de acharmos que a vida existe somente como a que temos neste pequeno ponto azul, perdido em uma periferia de uma pequena galáxia, em um sistema estelar de quinta grandeza, em algum lugar do Universo. Se verificarmos até onde conseguimos mandar sinais de rádio, ou mesmo onde estão as Voyager 1 e 2, veremos o quão diminuto é nosso alcance, mal e mal dá uma pequena circunferência em torno da Terra até onde chegaram nossos sinais, para podermos ser localizados por alguma civilização alienígena e temos ainda que ver se eles têm algum interesse em nos contatar.

Alongando um pouco mais essa conversa, imaginem o alvoroço que será, se aparecerem alguns alienígenas por aqui, que queiram conversar conosco! Todos os lixos que criamos em nossas mentes, em livros e em nossos filmes a respeito deles, exceto honrosas exceções, que os tratam como seres que querem nosso planeta e a nossa destruição, que são seres normalmente monstruosos, com segundas intenções, sempre somos as vítimas deles e eles querem os nossos

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bens, nossas riquezas, nos escravizar e todo tipo de bizarrices maldosas e hediondas que pululam em nossas cabeças. E, assim, de que valeria eles se mostrarem e causarem um cataclismo, ou melhor, nós causarmos um cataclismo em função da presença dos alienígenas, o que é bem mais provável de acontecer? Enfim, qual o real interesse que eles podem ter em vir aqui? Lucubrações são livres e grátis, então cada um pode pensar a bobagem que quiser sobre esse assunto e sobre qualquer outro que não se tenha informações suficientes para nos balizarmos.

Eu sou dos que acreditam piamente que esses seres já andam entre nós e que sempre andaram, mas de uma forma tranquila de exploração cósmica como a que tentamos fazer, mal e mal, chegando à Lua.

Outra coisa é sobre como a vida se apresenta em qualquer recanto desse Universo tão vasto, não obrigatoriamente a encontraremos igual como a vida aqui da Terra; ela pode ter se desenvolvido com base em outros elementos químicos, muitos que talvez nem conheçamos. E, assim, nessa organicidade, nessa forma de se organizar, de perecer e renascer como na Terra, creio que deva existir em outro lugares, com evoluções parecidas ou diferentes, e podem existir tipos de vida totalmente diferentes da nossa, muito mais sutis e que, talvez, nem consigamos perceber, outras estruturadas de forma tão diversa que também não as consigamos detectar e, assim, diremos que não existe vida nesses lugares, ou mesmo em qualquer outro lugar em que consigamos chegar.

Outra ilusão arrogante que temos é sobre tecnologia e sobre o funcionamento das leis que regem o Universo. Somos iniciantes e, mal e mal, principiamos a descoberta de como as leis universais funcionam e quais são elas; nossas tecnologias podem estar na idade da pedra comparada com o que seria necessário para viajarmos rápido e com a sustentação necessária e suficiente para irmos a outros planetas ou sairmos do sistema Solar, ou mesmo visitarmos outros sistemas estelares e muito menos sairmos da galáxia. Cabe ainda o grande problema da sustentação da vida nessas viagens, somos dependentes

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demais do ambiente da Terra para podermos abrir mão dele e nos aventurarmos longe demais e por tempo demais; nossas tecnologias ainda precisarão de muitos séculos de investimento e de aprendizado para torná-las apropriadas para viagens além da Lua, quiçá até Marte consigamos ir neste século.

Retornando à questão de nossa insignificância, olhemos qualquer comparação com o que coloquei acima: somos ridiculamente pequenos, somos menores que nossas partículas subatômicas perante o Universo e frágeis, tanto em tamanho, quanto em distâncias e ainda mais do ponto de vista de nossa fragilidade corporal, orgânica; somos dependentes de tantos fatores para nos mantermos vivos que é um imensurável absurdo sermos arrogantes e prepotentes como somos; qualquer coisa nos inflige ferimentos, qualquer mudança de clima nos causa doenças, se forem mudanças grandes, causam destruição de nosso ambiente e nos desestabiliza a vida; somos suscetíveis a vírus, bactérias, cânceres, doenças autoimunes, somos absolutamente frágeis quando se trata de acidentes, nos ferimos facilmente, corremos risco até dentro de nossas casas, em nossos deslocamentos, na vida diária.

Somos também absolutamente dependentes dos outros, a humanidade criou uma rede de sustentação imensa e maravilhosa, mas qualquer quebra nos afeta de forma monstruosa: quem planta, quem colhe, quem transporta, quem produz combustível, vias de escoamento, de processamento e de distribuição de alimentos, energia, bens de consumo, de transporte e de manutenção de cada um de nós, tudo absolutamente interligado e interdependente e não nos damos conta dessa fragilidade que nós mesmos criamos.

Por outro lado, nos cabe ainda considerar aqui a maldade humana, os absurdos que o ser humano faz com o próprio ser humano, os absurdos das guerras e, podemos dizer, que as guerras por aqui são eternas, de um ponto de vista, sempre estamos em guerra, sempre há uma guerra em algum lugar do planeta e, se verificarmos na história, sempre foi assim, ou melhor, nunca tivemos paz em todo o

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Planeta, em toda a humanidade. Veja-se o investimento que é feito em armas, os valores que cada governo gasta com a guerra, mesmo que não haja guerra, todos estão sempre se preparando para a guerra e nunca para a paz; a humanidade sempre teve a mentalidade, o constructo da guerra, nunca a da paz. Creio que isso também seja um gatilho para a guerra, se você investe milhões, trilhões de dólares da riqueza que o seu povo gera para se armar, para desenvolver tecnologias, cada vez mais destruidoras, aviões, bombas, misseis, blindados, navios, submarinos, armas e todo tipo de insanidade com gastos estratosféricos, como justificar não usar aquilo em que foi investido tanto dinheiro do povo. Assim com os investimentos maciços cria-se a necessidade brutal de se usar as armas e assim veem-se as guerras surgirem do nada.

As guerras também ocorrem por motivos fúteis e de dominação de um povo sobre outro povo, de absoluta falta de respeito entre as nações, como se realmente fosse preciso termos nações, países para, como sempre, fazermos dominação, criação de fronteiras, de cargos, de litígios, de identidades, que vão de encontro ao humano; você passa a ser de um país e deixa de ser humano igual ao outro, você tem uma cor e não é humano como o outro, você é de determinada raça e deixa de ser humano, você quer os bens dos outros, então você invade, coloniza, se apropria do que é do outro, destrói. Você é melhor do que ele, que mal tem?

A humanidade atual tem um histórico terrível de colonialismo, imperialismo e tantos outros ismos que fica difícil enumerá-los e cada qual com sua destruição típica da humanidade, só para citar: comunismo, nazismo, fascismo, maoísmo, trumpismo, bolsonarismo, lulismo, castrismo, chavismo e por aí vai, o que sobra de um lado, falta de outro, nos resta somente um: o humanismo para se contrapor.

Uma pequena parte do investimento bélico, dos custos das guerras, dos custos humanos das guerras, nem se fale, mas os custos financeiros e de destruição do ser humano, das infraestruturas, do desgaste psicológico, dos impactos na caminhada evolutiva da raça hu-

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mana, bastaria para acabar com a fome, com a miséria; muitas doenças seriam debeladas, o investimento em tecnologias limpas trariam a possibilidade de nos mantermos por mais tempo sobre o orbe e de mantê-lo saudável para nós e para as futuras gerações. E, como creio eu, para nós mesmos reencarnarmos e evoluirmos.

Aqui nem falei dos custos dos multimilionários sobre o resto da humanidade, pois isso, também, é um absurdo monstruoso, enquanto uma pessoa passa o mês com 10 dólares, um outro sujeito tem 200 bilhões de dólares. Enquanto bilhões de pessoas andam a pé, muitos tem vários carros de milhões de dólares, iates de milhões de dólares, salários de centenas de milhões de dólares; enquanto bilhões vivem em submoradias, muitos tem mansões de milhões e milhões de dólares e, a princípio, está tudo certo, coisas no mínimo chocantes, mas são as próprias pessoas, a grande maioria da humanidade que acha que está certo e as respostas sempre estão prontas: o mundo caminha assim, uns tem sorte, outros não, isso sempre foi assim e sempre será, não há como solucionar; assim caminha a humanidade e com isso nos resta não evoluirmos e continuarmos no mesmo lugar na evolução que a Inteligência que Rege a Totalidade, não é o que Deus, entendo eu, espera de nós.

Com isso além de nossa insignificância efetiva como serezinhos infinitesimais perante o Universo físico, nos fazemos cada vez mais insignificantes, de um ponto de vista da vida, do Universo, do ponto de vista do absoluto, da totalidade, de Deus, da construção a que a vida se destina, dos objetivos que podemos tentar supor que a vida e sua existência, em si, tem.

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Não podemos nos furtar de falar um pouco sobre as Religiões e o que elas têm causado de impactos na humanidade ao longo de nossa história.

Assim não vou falar de uma Religião especificamente, mas das Religiões em geral, sempre que os interesses humanos pelas coisas do mundo, as coisas materiais superam o objetivo a que se presta qualquer relação humano x humano, humano x natureza, humano x Deus, os problemas surgem e se multiplicam.

Quando a Religião perde seu sentido de religiosidade e quando cada uma se coloca como sendo o único caminho para Deus, para a salvação, que todos os que não seguem aquela mesma Religião, são merecedores de serem eliminados, são infiéis e não merecem viver, os problemas se multiplicam e se tornam avassaladores.

O mundo seria um lugar muito melhor se cada Religião e cada religioso cuidasse de si mesmos e deixasse que cada qual fizesse suas escolhas e seguisse seu caminho; e, os desdobramentos históricos das guerras religiosas, das perseguições variadas realizadas pelas Religiões, não teriam impactado em nossa vida como civilização, se é que podemos nos considerar civilizados.

Vou falar um pouco de alguns valores que devem ser considerados sempre que colocamos as tratativas de relações humanas e servem também para as relações do ser humano com a natureza.

Mas, complementando a questão das Religiões, me parece que desde que o mundo é mundo, desde que a humanidade existe, ou talvez desde quando começamos a tentar entender o que não conseguimos entender, ou explicar o que nos é inexplicável, viemos em um crescendo de desagregação e intolerância.

Não sou um pesquisador, um estudioso, sou um interessado e um

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RELIGIÕES

curioso pela história humana e pelo o que nos acontece diuturnamente nos vários aspectos de nossa evolução e da nossa busca, por uma consciência maior, da busca pelas repostas aos nossos males, pelas nossas benesses, por aquilo que nos aflige ou nos alivia, e com isso vimos fazendo nossos constructos de Deus e do diabo ao longo de nossa longa jornada, desde quando começamos a raciocinar, se já andávamos em duas patas ou ainda em quatro, nunca saberemos precisar. Assim, em determinado momento, sentimos a necessidade de colocar a responsabilidade em um ser, ou em seres que nós mesmos construímos e responsabilizamos pelos acontecimentos que fugiam ao nosso possível, ao nosso entendimento e ao nosso controle.

No início de nossas encarnações como humanos, nós como povos originários, os aborígenes e todos os outros, em suma, nós lá no início de nossa evolução, fomos vinculando o que a natureza tinha de impactante a seres superiores, a deuses e assim os criamos para cada evento da natureza e, se os eventos não nos eram auspiciosos, acreditávamos que esses mesmos deuses estavam zangados e corríamos para tentar atendê-los da forma como achávamos que os agradaríamos. Mas estou escrevendo isso para fazer uma observação de cunho meu: será que esses povos brigavam por causa de seus deuses, será que para uma tribo o deus mais importante era o deus da chuva e para outra era do deus do fogo e assim acabavam se desentendendo e chegavam às vias de fato por causa disso, ou será que só brigavam por território, comida e para escravizar os outros para trabalharem para eles, ou mesmo para se alimentarem? Ficam aqui essas perguntas para as quais eu não tenho respostas.

Deixemos essa parte de lado e vejamos como estamos em termos de problemas religiosos hoje em dia, se continuamos a nos digladiar em função de detalhes que nós mesmos criamos para nossas Religiões, e isso se aplica a Religiões que tem o mesmo profeta como seu expoente máximo, com isso cristãos lutam contra cristãos, muçulmanos contra muçulmanos, não preciso me delongar sobre os problemas entre as Religiões de profetas diferentes de bases diferentes,

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nesses casos os problemas se avantajam e ficam gigantescos e assim caminha a humanidade.

Uma questão interessante é que como os povos originários a humanidade mais avançada também criou Deus e o demônio para servir e lhes deu as faces e as características que entendeu lhes caberem, mas é uma criação humana e isso é muito interessante de observar e tratarmos com um pouco mais de detalhes.

Assim Deus foi sendo construído pelo entendimento humano e as religiões se apossaram do constructo Dele e fazem com os fiéis o que bem entendem; aqui é outro ponto de debate: as pessoas se deixam levar e aceitam o que se lhes é colocado, em alguns casos imposto em função de ascendência de uns sobres os outros, assim os pais impingem aos filhos, às sociedades, às culturas, às pessoas, a sua Religião, sua forma de ver Deus, seus costumes e cultura, claro que isso é diretamente dependente do lugar onde nascemos, de nossa inserção de vida.

Ao longo do tempo, em função de nosso crescimento como pessoas teremos maior ou menor possibilidade de buscarmos formas e respostas que se ajustem melhor à maneira de sermos e pensarmos, mas isso já terá um peso imenso dependendo de todo o nosso entorno e normalmente se torna quase impossível mudarmos e isso depende de uma visão muito particular e muito forte de cada um. O normal é acharmos que está tudo bem como está e ficarmos no mesmo lugar em termos de qualquer possibilidade de mudança na forma de vermos Deus, de seguirmos outra Religião, ou de termos a liberdade de nos compormos de forma diferente em relação à Religião e até na questão de nossa religiosidade.

Outro ponto imensamente impactante é que como achamos e entendemos que muitas coisas não se discutem, não se validam, não se questionam e como, na grande maioria das vezes, as questões religiosas nos são impostas e elas talvez nunca tenham sido questionadas ou deixaram de ser questionadas e muitas, quando foram questionadas ou contrapostas, causaram um grande mal àqueles que as ques-

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tionaram; assim se vive de acordo com coisas que nos chegaram até o momento atual e que se fossemos analisar com um censo critico mínimo, se essa liberdade fosse dada e se houvesse interesse em se validar e dar, digamos, um ar de inteligibilidade, de racionalidade crítica, veríamos que tem muita coisa que deveria ser mudada e de forma radical, na nossa e em todas as Religiões, talvez muito mais nos homens poderosos de cada Religião e em suas leis.

Mas, aqui entram outras questões que se referem ao ser humano em si, suas necessidades, suas expectativas, suas vontades, sua forma de ver o mundo, sua formação, suas origens, sua cultura, seu entorno social, enfim, como diria Nietzsche “humano demasiado humano”, assim a fé de cada um acaba sendo o grande movente que ele usa para se posicionar sobre a Religião, sobre todo um constructo embasado no que lhe chega e no que ele monta seu arcabouço e, assim segue em frente, acreditando e tendo uma fé inabalável, com uma crença indestrutível e inquestionável no que sua Religião lhe coloca como normas, regras, condutas, mesmo leis e em que se fiar para ser feliz, conquistar seu lugar no Paraíso, no Nirvana, no céu e viver o resto da eternidade bem ao lado de seu profeta e de seu Deus.

Aqui devemos ainda colocar as questões de livros, cujos escritos não se discute, dogmas que foram colocados nas Religiões, interpretações de escrituras; seguir-se cegamente um líder religioso, matar-se e matar outros em nome da Religião, causar todo o tipo de problema e guerras se respaldando nas Religiões, com isso elas, que deveriam ser um recanto de paz, de lucidez, de aceitação e respeito, acabam se tornando um dos piores fatores de discórdia e de destruição da humanidade.

Porque estou colocando essas coisas em um texto que pretende tratar do fito da vida? Porquê dependendo de como você entenda a continuidade e onde o levará à morte e como você constrói sua visão de futuro, com base em sua Religião, fica muito claro que o fito da vida vai ser o que estiver de acordo com esse seu constructo religioso, seja ele real ou não, verdadeiro ou não.

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Discutiremos um pouco sobre essa questão de algo ser real ou não, verdadeiro ou não, ao longo dessas considerações.

Assim caso você seja ateu, sua vida tem o fito da materialidade. Caso você seja religioso e sua Religião seja a católica, ela dirá que ao morrer encerra-se a sua relação com a Terra e você será julgado e irá para o Paraíso, ou para o Inferno, ou poderá ficar em um lugar intermediário, o Purgatório, e se me lembro bem, diz que você passará pelo julgamento do juízo final, que é quando Cristo voltará para julgar os vivos e os mortos.

A maioria das Religiões protestantes, evangélicas dizem que você morre e ficará dormindo esperando que Cristo volte para o julgar e o encaminhar ao Céu ou ao Inferno; é parecido, mas tem uma espera a mais.

Em suma é o corpo material que carrega a vida e ela existe somente nele e é ele que destina a vida em sua terminalidade, vive-se uma única vez.

Caso você seja espiritualista existem também algumas variantes, depende se você é budista, cristão e podemos citar outras tradições que tratam de forma um pouco diferente a questão do espírito e da evolução espiritual.

Caso você seja espírita você acredita que se reencarna, ou seja, volta para a carne e vive nesse processo de nasce, vive uma determinada vida material, morre, nasce de novo, vive outra vida diferente das que já viveu, morre e assim vai até que seu espírito esteja evoluído o suficiente para reencarnar em mundos melhores; eu fui espírita por muito tempo, mas nunca ficou bem claro para mim até onde iríamos neste processo, nesses encarna e reencarna e, como seria em um mundo onde já estaríamos, digamos, totalmente sem necessidade da materialidade, um mundo onde estaríamos quase ou somente espíritos e espiritualizados e mais até onde iríamos nessa escala evolutiva seria o Céu, um Paraíso ou continuaríamos trabalhando de alguma forma, mesmo desmaterializados, para o bem do Universo, digamos, integrados a Deus.

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Para os budistas existe o Samsara que é a roda das reencarnações, você reencarna quantas vezes forem necessárias para você atingir a iluminação e quando isso acontece, seu espírito vai para o Nirvana, ouso dizer que é o paraíso dos budistas. O Budismo tem uma diferença bem significativa em relação ao Espiritismo, os budistas acreditam que você pode reencarnar em seres, digamos, inferiores, no caso em um animal e os espíritas não. Os budistas não são deístas, ou seja, não veneram a um Deus, do que estudei, li e busquei, eles, posso dizer, reverenciam a natureza como um todo e Buda é representado em inumeráveis formas, como em estados valorosos de contemplação e reverência a tudo que nos envolve.

Os muçulmanos falam em paraíso e inferno com suas peculiaridades; eles fazem também, dependendo da linha que seguem, interpretações do Corão, das Escrituras e do que Maomé teria falado. Assim aplicam a lei islâmica a Sharia de acordo com cada linha da Religião e, temos visto isso nos muitos países muçulmanos, onde cada um coloca uma interpretação mais radical que o outro e que, para nós, muitas vezes são coisas bárbaras, que são perpetradas contra as pessoas que vão de encontro ao que eles colocam como a lei e, principalmente em relação

às mulheres, a forma como são tratadas; mas essa é a Religião deles. Ainda ouvimos que caso o fiel se imole, ou seja, ele se mate, matando junto vários infiéis, ele irá para o Paraíso onde terá à sua disposição virgens e vinhos para se locupletar o quanto quiser, pois na Terra não poderiam beber e manter relações sexuais fora do casamento. Interessante citar que Jesus Cristo é um dos profetas do Islamismo.

Não me aterei a outras Religiões por não conhecer quase nada delas, mas tecerei alguns comentários.

Do Judaísmo conheço pouquíssimo não posso tecer comentários; mas são deístas e tem um Deus único, como o Islamismo e o Cristianismo.

Com o Hinduísmo tive muito pouco contato e li muito pouco, mas

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existem vários deuses, sendo a tríade principal Brahma, Shiva e Vishnu; existem outros e vários deuses, cada qual com uma forma, todos tem vários membros e misturam imagem de animais com o de ser humano.

Possuem segregação por castas e é impossível uma pessoa se deslocar entre castas, além de que, não é permitida a mistura entre as castas; normalmente uma pessoa de uma casta não mantém relacionamento com pessoas das outras castas, a não ser os estritamente necessários e permitidos. As pessoas podem navegar economicamente na sociedade, mas nunca de uma casta para outra. As escrituras são bastante complexas e existem muitos homens santos, existe um grande nível de espiritualização e de vinculação com o divino; veja-se a quantidade de sábios e de mestres que o Hinduísmo tem e teve, existe também um grande desapego a questões materiais por parte desses homens santos, mas devo confessar que não me aprofundei sobre essa Religião.

Vou citar outras Religiões, seitas, doutrinas, sobre algumas li algo, outras só ouvi falar delas, como Xintoísmo, Confucionismo, Sikismo, Jainismo, Zoroastrismo, Seicho No Ie, Rosa Cruz, Gnóstica. Sei que devem existir ainda muitas outras, mas como o nosso objetivo não é tratar de Religiões e sua forma de ver o fito da vida e, como já confessei, não sou um estudioso e não me cabe ficar aqui tratando do que não tenho conhecimento, não posso, assim, fazer inferências a respeito.

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CONSIDERAÇÕES E POSICIONAMENTOS

As pessoas acabam sendo tangidas para determinados entendimentos e constructos a respeito de tudo. Aqui não é diferente, assim cada um vai pender a tirar conclusões e fazer suas visões de mundo de acordo com o que lhe foi interiorizado e, assim, podemos dizer, que cada pessoa poderá tirar uma conclusão sua e de cunho íntimo a respeito de todo e qualquer assunto.

Depende de vários fatores e do quanto de liberdade a pessoa tem ou terá para poder refletir, questionar, validar posições estruturadas em sua sociedade e isso vai de encontro em quanto uma sociedade e seus cidadãos podem evoluir, rever, melhorar, aprender e caminhar com maior ou menor rapidez, em um sentido evolutivo, tanto socialmente, como religiosamente e espiritualmente.

Muitas tradições e sabedorias antigas ligadas ou não a Religiões, seitas, doutrinas, dizem que carregamos em nós a centelha divina, a fagulha divina como eu chamo, que somos parte de Deus, pois fomos creados por Ele que nos fez dessa ou nos deu essa fagulha, que podemos chamar de vida, para que pudéssemos existir e retornar a Ele; muitas linhas de meditação, muitos sábios orientais nos falam disso, como também se ouve, o mesmo, de muito sábios ocidentais. Recomendo assistirem às centenas de falas no canal ‘Corvo Seco’ do Youtube.

Muitas coisas podemos atribuir a questões religiosas, mas muitas outras podemos atribuir a doutrinas, seitas, tradições antigas, as quais não se configuram ligadas diretamente a alguma Religião; com isso nos surge uma profusão de informações de todo cunho e origem, que, se por um lado, nos dão uma possibilidade imensa de nos embasarmos, de nos servir de referência, por outro lado, podem nos colocar em um campo muito vasto e muito carregado de informações, posições visões de mundo, considerações as mais diversas e que

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podem nos causar confusão e nos fazer com que fiquemos dando voltas e mais voltas sobre muitos posicionamentos, sem que cheguemos a um lugar que seja mais palatável e fácil de estruturarmos nossas ideias, para fazermos o nosso constructo de visão de mundo, de determinado assunto, como é o nosso caso aqui: Qual o fito da vida?

RELIGIÃO E RELIGIOSIDADE

Gosto de discorrer um pouco sobre essas duas palavras, pois sinto ser interessante podermos fazer uma diferenciação, que talvez nos seja útil mais à frente.

Ao meu ver Religião trata dos ritos, das escrituras, da hierarquia, das vestes, dos seus representantes e dos seus representados, dos templos, dos dogmas, das definições e atitudes que cabem aos procedimentos relativos à forma como cada uma é professada; assim existem incontáveis Religiões e a grande maioria delas, com suas subdivisões e suas representações. Fala-se também em igrejas e a possibilidade quase infinita de se fundarem outras Religiões.

Religiosidade define a religação que se faz com um ser superior e supremo, a religação com Deus; assim, o sentido de religiosidade deve existir em todas as Religiões, mas ele pode existir sem a necessidade de que se tenha ou professe uma Religião. A religiosidade é muito mais de foro íntimo, é a forma como cada um se dirige ao ser supremo, a Deus em sua intimidade, digamos, em sua prece e não precisa ter nada a ver com qualquer rito, hierarquia, escritura, templo, etc. etc. etc.

Com isso e do meu ponto de vista, poderíamos muito bem viver com religiosidade e sem Religião, isso talvez fizesse com que a humanidade tivesse tido muito menos problemas desde sempre e, até hoje e ainda sei, que continuaremos a ter problemas por causa da Religião, das várias Religiões e de muitos absurdos que muitas delas pregam e incutem em seus seguidores, seus fiéis e, ato contínuo, buscam a

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Tábua de Esmeralda — livro de Hermes Trismegisto

Edição do século XVII

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destruição e fazem ataques, os mais viscerais possíveis, contra as demais e seus seguidores.

Se houvesse um sentido de tolerância e aceitação, isso nunca aconteceria e, se houvesse um sentido maior de religiosidade, isso poderia muito bem não existir.

Que cada um tenha a liberdade de professar a Religião que queira, que entenda ser melhor, pouco importa ao outro, se eu acho que só minha Religião é a que salva. Que importa se meu profeta maior é Jesus ou Maomé, que eu seja espírita e você evangélico, digamos que o proble-

ma é meu se eu vou para o Inferno e não tenho de querer me livrar de lá. Porque eu sou impuro por acreditar em Jesus e não em Maomé e ter atitudes que para o islamita são reprováveis, quem vai para o Inferno na visão de quem? Então, porque querer livrar o mundo do outro, ele que se entenda com o lugar para onde ele vai. Isso é, se ele vai, se ele não acredita que exista o lugar para onde eu quero mandá-lo e, ainda por cima, a reciproca é verdadeira, o lugar que ele quer me mandar eu não acredito que exista, isso não deve bastar para não nos matarmos.

Assim entendo que religiosidade e não Religião seja o caminho.

DUAS TRADIÇÕES ANTIGAS ALQUIMIA

A alquimia fala em obras e cada uma representa um mundo, um nível de evolução; assim a ‘obra em negro’ é o mundo material e você precisa, digamos, vencer no ou o mundo material, para evoluir; para a ‘obra em branco’, que é o mundo psíquico, vencendo neste mundo você segue para o próximo que é a ‘obra em vermelho’. O mundo espiritual e, ato contínuo, vencendo, evoluindo se realizando neste mundo, segue-se para o que é chamado de ‘a pedra filosofal’ ou o

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‘mundo divino’ que é o ponto de realização final do espírito. No meu entendimento, o vencer nesses mundos será você estar plenamente resolvido, entender e sobrepujar os desafios que cada um deles nos coloca; assim, você sobrepuja a necessidade material, fica plenamente equilibrado e dentro de um controle absoluto da sua psique. Na obra em vermelho você transita plenamente no mundo espiritual e o vive em sua integralidade, como espírito; na pedra filosofal você entra na esfera divina e, com isso, alcança o ápice da realização possível, passando a fazer parte da consciência divina. Não sou expert em alquimia; meu conhecimento é um tanto quanto superficial, mas do que posso depreender, quando digo vencer em cada uma dessas etapas ou mundos, será você conseguir, vivenciar todos os desafios que eles possam apresentar e se enquadrar totalmente em suas leis e exigências relacionadas ao que podemos cumprir com o que o mundo material nos apresenta de limitações e dificuldades, tudo aquilo que podemos esperar de absoluto domínio de nosso psiquismo, com todas as suas nuances, do mundo espiritual, nos cabe exercitar o que entendemos que, como espíritos, devemos realizar e viver, com o caminho dos, digamos, desvínculos que a mudança de níveis menos materiais podem trazer; com o domínio do mundo psíquico, já fazemos uma desmaterialização de nossas necessidades, vínculos e amarras que o mundo material traz em si. Pressupondo que o mundo espiritual, a obra em vermelho, caminha mais um passo no sentido da desmaterialização, de uma gama de desafios diferentes e maiores no sentido de uma espiritualização do ser, digamos, coisas mais etéreas, sublimes, elevadas com relação às necessidades e vivências psíquicas e materiais.

Concluindo, quando se chega ao mundo divino, a pedra filosofal, deveremos estar prontos para sermos divinos, ou seja, sermos supra-humanos e, assim, vivermos de forma divina como podemos pressupor que Deus viva, ou como seria viver em Deus e agir como Ele. Realmente isso me escapa; muitas vezes me pego divagando como isso seria e não encontro respostas em mim, parece-me mais

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Carga da Brigada Ligeira, pintura de Richard Caton Woodville (1825–1855).

lucubrações para coisas que para mim são mistérios, que não conseguimos alcançar de dentro do nosso possível e de nossos conhecimentos.

Aqui recomendo a leitura o estudo do livro que Patrick Paul escreveu‘Meditações Sobre o Tratado da Pedra Filosofal de Lamb Spring’ –Volumes. 1 e 2.

Aqui meus conhecimentos são parcos também, fiz um curso com Patrick Paul no qual tratamos e debatemos a Cavalaria com base no livro de Chrétien de Troys –‘Perceval ou o Romance do Graal’, o qual recomendo a leitura. Patrick escreveu esse livro com base no livro de Chrétien em uma interpretação profunda e, creio que posso dizer, esotérica da saga de Perceval e, para quem quiser se aprofundar: ‘O Segredo do Graal’ – Volume 1: ‘Perceval e a Via da Libertação’ e ‘O Segredo do Graal‘ – Volume 2; ‘Gauvain e a Via da Ilusão’

‘Labirinto da Vida e da Morte’. Na cavalaria, a busca é pela libertação do mundo material e a busca pelo Graal que seria a realização no mundo divino, que é a saga de Perceval; Gauvain, ao contrário, vai em busca da materialidade e das coisas, prazeres e deleites, glória e bens materiais e, com isso, um chega à autorrealização, iluminação, atinge o estado divino e o outro fica preso na materialidade.

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CAVALARIA

Símbolos de várias Religiões

Chico
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Zuana EVOLUÇÃO

RELIGIÃO, FILOSOFIA E CIÊNCIA

Entendo que a Religião tem um alcance maior que a Filosofia e que esta, por sua vez, tem um alcance maior do que a Ciência. Não que uma seja maior, melhor e mais ou menos importante que a outra; cada uma navega em seu universo, mas é uma maneira de olhar esses três aspectos do humano.

A Religião tem a fé e a fé é algo que cada um constrói de per si, ou como já falamos, conduzido ou induzido, ou normalmente ambos, mais seus constructos próprios, com o passar do tempo. Com isso a fé é do tamanho que cada um quiser que ela seja e pode açambarcar tudo e ser inabalável, cega, absoluta e indiscutível; com isso ela se torna meio que imensurável e, para mim, se coloca em um campo muito maior que o da Filosofia.

Outro ponto que não devemos questionar é a Religião do outro, e no meu entender, não temos o direito de achar que a Religião dele é pior que a minha, ou que só a minha salva e tentar convertê-lo para a minha. A Religião é imensa e é um enorme encargo que cada um traz em si e, eu entendo, que é algo de foro íntimo, como diz a máxima, “Religião não se discute”. A Religião não precisa de provas e dentro da fé e das convicções de cada um, não há o que se debater e muito menos sobre a forma como cada um trata da sua, aquela que eu digo que é a de foro íntimo, mesmo que esteja inserido em um enorme grupo religioso, que professe a mesma fé, siga os mesmos ritos, utilize as mesmas escrituras, viva em uma mesma comunidade religiosa, respeite a mesma hierarquia religiosa e os ditames que essa hierarquia passa e determina, vá aos mesmos templos, participe dos mesmo eventos religiosos, parece-me que cada qual tem uma visão muito própria e íntima da Religião.

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A Filosofia deve ser aberta a debater tudo o que lhe chega e não se prender a qualquer restrição; não importa o que esteja sendo debatido, mesmo que se esteja debatendo sobre uma Religião ou sobre Religiões. O que quero dizer quando afirmo que a Filosofia abrange menos que a Religião, não que ela seja menor que a Religião, o digo no sentido de que a Religião vai até onde a fé do indivíduo vai e a Filosofia vai até onde seja possível se obter respostas; com isso entendo que ela, para onde se chega ao misterioso, o indefinível, para a Religião o mistério e o indefinível podem ser respondidos pela fé.

CIÊNCIA

A Ciência é restrita pela necessidade de respostas e de provas sobre estas, assim, ela se restringe para um campo muito menor do que a Filosofia, pois ela acaba ficando, e muito, no campo do material e das coisas plausíveis; com a evolução das tecnologias ela vai ganhando campo, pois cada vez penetra mais e mais no sutil, no campo das energias, da física quântica, nas possibilidades de pela astronomia olhar profundamente e de forma muito longínqua o espaço tempo, o Universo e ver o infinitamente pequeno tanto no microscópio, quanto na observação de partículas subatômicas, mas ainda assim ela pouco lucubra e menos ainda pode se guiar pela fé.

SUSTENTAÇÃO DAS TRÊS

Por um outro lado, podemos dizer que a que menos se sustenta é a Religião, pois sua dependência em relação à fé a torna frágil e assim quando eu coloco a minha fé diante da sua fé, as duas passam a

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FILOSOFIA

valer, mas nenhuma delas vale ao mesmo tempo, pois se tornam pontos de vista próprios. .Assim, toda Religião e toda fé podem ser contestadas, ainda mais quando tratamos de coisas que parecem frágeis de outros pontos de vista, que não o da fé. Talvez por isso ocorram tantos problemas vinculados às Religiões ao longo da história e pelo mundo a fora.

Parece-me que a Religião e os religiosos se fecham sobre si mesmos e isso faz com que as posições e as crenças, a fé que se torna cega e não debate, questiona ou discute e gera um processo de retroalimentação desse fechamento, tornando o debate religioso tão árido e complicado e ainda mais quando ele entra na seara da defesa fundamentalista e radical de seus pontos de vista e não há aceitação do que o outro professa. Com isso o campo da fé, da Religião, é muito maior que o campo das ideias da Filosofia, pois foge ao debate e alcança fundamentos fora de qualquer debate, mas que se estendem de forma inalcançável.

A Filosofia por si só já é mais fluida, menos radical e mais maleável, se permite responder uma questão com outra e seguir assim, e mesmo que se cheguem a pontos de não concordância; fica-se no campo do que eu penso e o que você pensa, assim permitindo-se que se coloquem pontos de vista diferentes e eles sejam considerados válidos e muitas vezes subjacentes e até complementares. Na Filosofia não sentimos a necessidade de respostas conclusivas e terminais, ela se processa no campo das ideias e nas possibilidades que elas abrem, mas se limita ao debate e não foge do alcance delas, o que me parece ocorre na Religião quando se processa na questão da fé, que vai muito além do campo das ideias.

A Ciência é mais restrita que a Filosofia, pois pede a prova do que se colocou, da conclusão que se chegou a respeito de um problema qualquer, não há lucubração, considerandos, tratativas abertas; cabe o experimento e a prova, ou a teoria, o experimento e a prova. Ela acaba por se restringir ao campo material, ao campo físico, ao campo

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do alcançado pelas possibilidades da tecnologia e da comprovação do alcançado; com isso seu alcance é menor que o campo das ideias e o campo da fé.

CONSIDERAÇÕES E LUCUBRAÇÕES SOBRE O QUE JÁ FOI COLOCADO

Porque coloquei e discorri sobre esses assuntos anteriormente? Para que possamos fazer uma abertura de pensamento sobre como somos estruturados e conduzidos em nossa formação, em nossas vivências, nas nossas famílias, nas nossas sociedades, nas nossa culturas e Religiões e assim acabamos sendo conduzidos para uma determinada conduta, visão de mundo, modo de agir e reagir a tudo que nos cerca.

A ‘liberdade’ é um quesito básico para que se possa debater qualquer questão, para que se possa ir em qualquer direção, se aprofundar, apresentar ideias, discordar e criar novas perspectivas a respeito de qualquer tema.

O ‘respeito’ é de absoluta e vital importância para qualquer relação humana, para qualquer possibilidade de convívio, para qualquer possibilidade de crescimento e evolução humana; há que existir respeito integral pelo outro e por tudo o que nos cerca, pois vivemos e convivemos em grupos e em um único e pequeno lugar no Universo, assim todos somos um só.

A ‘humildade’ é outro quesito básico para que possamos enveredar por qualquer debate e considerações, de parte a parte, sobre temas sensíveis como os aqui colocados.

A ‘aceitação’ é outro quesito a ser levado em conta, não precisa aprovar, mas ao menos aceitar as posições e visões, entendimentos

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alheios, inclusive para seguir em frente com as considerações que tecerei ao longo desse texto.

Poderei ficar aqui colocando requisitos para podermos seguir em frente, mas creio que se trabalharmos com cuidado com esses quatro, poderemos avançar e muito em nosso constructo e que vocês possam caminhar em minhas tessituras a respeito e tirar suas conclusões e visões de forma crítica construtiva do que espero ir desenhando, para vocês e que eu possa atingir meu objetivo de repassar uma forma de ver e tentar entender e discorrer sobre o fito da vida, do meu ponto de vista, hoje, óbvio.

O que coloquei anteriormente deve servir de um pequeno balizamento para que possamos tratar o que me proponho, com uma visão ampla de nossos tolhimentos, do ponto de vista material, em função de nossa envergadura no Universo em primeiro lugar e depois de como geramos uma Torre de Babel de informações e visões de mundo construídas pela mente humana, da evolução errática do ser humano em torno de Religião, religiosidade e outros pontos a serem considerados.

PRESSUPOSTOS

Costumo sempre colocar alguns pressupostos para que possamos caminhar de forma mais embasada e em comum acordo a respeito de como poderemos conduzir nossas considerações e evoluir no tema, digamos, que aqui poderemos criar um certo divisionismo, pois algumas pessoas podem não concordar com meus pressupostos, mas peço que façam um exercício de liberdade e de aceitação e sigam com olhar crítico e se posicionando a respeito do que quero tentar repassar para vocês.

O ‘primeiro pressuposto’ que devo por aqui é a necessidade de termos a certeza da existência de algo superior a nós, algo muito supe-

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rior, um ser supremo que vou tentar nominar: o primeiro que me vem é ‘Deus’, mas eu gosto de chamar de “Inteligência Universal que Rege a Totalidade”; podemos tratar de Natureza como talvez prefiram os budistas; podemos chamar de Uno; tenho ouvido muitos dizerem ‘Aquilo’, pois não tem definição que lhe caiba; por fim podemos tratar somente como ‘Totalidade’; só para elucidar, a totalidade seria todas as coisas e todas as relações existentes entre elas. Para não nos delongarmos e ficarmos usando termos diversos, vou usar Deus, mas peço que pensem em Deus com uma visão aberta e se possível não antropomorfa Dele, se possível uma visão grandiosa e sem delimitações.

O ‘segundo pressuposto’ que vou pedir que exercitem é o da ‘reencarnação’, talvez seja mais fácil colocarmos que trataremos com a possibilidade de passarmos por várias experiências aqui na Terra: nascermos, vivermos e morrermos em vários lugares, como homens e mulheres, de todas as raças, de todas as cores, em todas as Religiões, em todas as culturas, em todos os países em todos os extratos sociais e, com isso, podermos aprender profundamente a sermos humanos e nos desenvolvermos de forma plena e total por aqui. Sei que se todos fossemos reencarnacionistas e considerarmos, de forma efetiva e profunda, que amanhã posso nascer no lugar de outra pessoa, em uma situação de vida totalmente diferente e, muitas vezes, inversa à minha e, com isso, fosse tocado pela possibilidade de nascer de qualquer cor, em qualquer extrato social, homem ou mulher; como eu agiria em relação ao outro? Como continuaria a ser racista? Como trataria as mulheres como se fossem inferiores? Como trataria alguém de uma classe social menos favorecida com desprezo, desdém, arrogância e de forma agressiva? Como trataria uma pessoa com necessidades especiais de forma desprezível? Como agiria para todas essas atitudes se soubesse e cresse piamente que, em uma outra reencarnação, os lugares podem estar invertidos e, ao invés de ser o outro, venha a ser eu na posição dele? Isso me faz ser reencarnacionista, não em um sentido de preocupação dessa inversão de lugares, mas por me saltar aos olhos e me mostrar

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que somos todos iguais; cabe citar: “todos somos iguais perante o Pai”. Ia deixando passar, mas a reencarnação me explica, conforta, dá alternativas cogentes de muitas coisas pelas quais os seres humanos passam e, a mim, é definitiva em relação a demonstrar uma lógica no tocante a vidas para as quais de outra forma não tenho uma explicação racional e aceitável do porquê de vidas tão diferentes umas das outras e me foge por completo um porquê de ser assim sem o recurso da reencarnação; vou citar alguns casos: crianças que nascem e que tem problemas de saúde, síndromes, doenças incapacitantes, doenças mortais e etc., pessoas que sofrem sem merecimento algum, pessoas muito pobres, pessoas muito ricas, pessoas boas que passam todo tipo de necessidades, pessoas más que se dão bem. Poderia citar outros casos, mas paremos por aqui.

O ‘terceiro pressuposto’ envolve, digamos, aspectos desses anteriores, ou seja, a existência de Deus como o ser supremo e nosso creador e que vivemos várias vezes aqui na Terra e que ‘Ele nos crea com uma centelha, uma fagulha Sua’ e, com isso, carregamos, em nós, o princípio divino, a existência de Deus em nós, a qual é mandatória e deveremos ser orientados por essa ligação em todas as nossas existências.

Poderemos ficar colocando pressupostos de forma infindável aqui, como quando falei de liberdade, respeito, aceitação e humildade, mas vou colocar somente mais um, que é elucidativo. Eu me permitirei a liberdade de, se achar algo muito impactante e que tenha que ser tratado como um pressuposto colocá-lo no texto, no momento em que ele surgir.

‘Quarto pressuposto’: partiremos de um ‘princípio evolucionista’ e não criacionista; na realidade vou tratar de uma maneira em que o dedo de Deus tomará parte na questão. Sempre quando trato da “Inteligência Universal que Rege a Totalidade” eu vejo isso como algo tão superior e tão supremo que possibilita que a vida se insufle, de forma tão natural nos processos criados, nos mistérios, na evolução, que me fica muito natural falar em evolução de um ponto

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de vista amplo, pleno e imenso, do ponto de vista daquilo que não conhecemos e não temos a mínima condição de lucubrar sobre, que faço o exercício da humildade e digo que, em algum momento da estruturação universal, a vida surge pelos acontecimentos desencadeados pela Inteligência Universal e que ela orienta nossa evolução pelo que é inerente a Ele – Deus, seus poderes, suas características inerentes.

QUESTIONAMENTOS E DÚVIDAS

Tenho refletido, meditado, racionalizado muito sobre essas questões e isso me tem provocado questionamentos muito fortes, dúvidas profundas e até muito duras a respeito de visões espiritualistas, nossa relação com o Supremo, com Deus, inclusive a respeito dessa nossa busca por espiritualização, autorrealização, iluminação e todos esses aspectos voltados para a Inteligência Cósmica.

Reportando ao que escrevi lá atrás sobre nossa insignificância, isso tem me deixado um tanto quanto descrente mesmo dessa nossa relação com Deus e de nossa importância como seres que carregam essa centelha divina, essa fagulha que Ele nos crea com ela; do ponto de vista físico somos absurdamente insignificantes, e aí vemos como a humanidade se comporta e percebemos que, do ponto de vista de valores bons, de moral, de valores divinos, somos mais abjetos ainda; veja-se o que continua ocorrendo no mundo, como a humanidade continua sendo e fazendo.

Será que os que tem valores divinos, esses valores são tão fortes assim que valha a pena o esforço cósmico de Deus para que existamos, para que sejamos pensantes, racionais? Quase não acredito, mas me impacta muito isso; sejamos bons e com valores positivos, amorosos, divinos como deveríamos ser.

Outro aspecto é o seguinte: será que existe algo como nós mesmos,

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O criamos, Deus? Ou é só uma criação nossa, de tantos e tantos seres humanos bons? Será que essa Inteligência Universal que Rege a Totalidade existe mesmo, como ela se comporta, será que nos creou mesmo, ou será que somos mero acaso e, com isso, essas questões tão cruciais para tantos de nós, o que temos de melhor efetivamente servem, tem uma efetiva fundamentação no Bom, no Belo, no amoroso, nos bons valores, na moral, na ética? Ou isso é tudo criação humana, sem respaldo algum em nada, ou seja, será que os absolutamente materialistas tem razão e isso tudo não passa de uma grande bobagem e balela e pouco importa como vivamos e como tratemos nosso entorno, do ponto de vista cósmico? Ou somos nada e ainda por cima estamos nos especializando em sermos um nada muito ruim e muito pior, à revelia de tantos esforços e de tantos ensinamentos com o fito de nos conduzir de forma positiva, amorosa, decente, com um mínimo de valorização do outro, e com a natureza e tudo o que nos mantém, com a própria Terra?

Com isso fico pensando se todos os sábios, todos os profetas, todos os bons religiosos, todas as boas pessoas não perdem, perderam e perderão seu tempo e que deveríamos apenas tocar a vida material sem preocupação alguma, com nada, com o futuro, o passado e o presente, com Deus, com a continuidade da vida, com o nosso espiritual divinal, ou coisa que o valha? Mas isso é muito contra tudo o que aprendi, vivenciei e vivi, vivencio, vivo e, mais do que crer, me serve de base plena de vida.

Vou me delongar um pouco mais nessas considerações, vou falar um pouco sobre a ilusão: precisamos nos ocupar um pouco dessa questão, pois podemos realmente estar iludidos de forma muito cabal em relação a tudo o que tratamos, apropriamos, internalizamos como verdades nossas e de outros; muitas vezes em nossa busca, em nossa ânsia por obter respostas a coisas que nos afligem e muitas para as quais não temos uma resposta ou um porquê; muitas coisas nos chegam prontas e nos são colocadas, até impostas, mas não atendem nossas expectativas, não atingem um nível de aceitação de nos-

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sa parte. Temos questões que não ficam respondidas por elas e vamos em busca de outras respostas, vamos fazendo o nosso próprio constructo de entendimento ou de posicionamento, sobre tudo que nos envolve, sobre o que nos é importante e, se tivermos liberdade e humildade, estruturaremos em nós o nosso caminho, o nosso entendimento de vida, de todas as coisas que nos cercam, desde o mais básico da materialidade até o mais elevado do divinal.

Sempre falei que cada um, cada ser humano está em um nível evolutivo e com isso creio que devemos respeitar e aceitar a posição dos outros. Imaginem em uma população de mais de 8 (oito) bilhões de pessoas, cada uma em um nível evolutivo, de conhecimentos, de cultura, de valores, de religiosidade e Religião, de formas enfim de ver e viver o mundo e sua vida. Se toda a humanidade agir assim, a vida de todos será muito melhor e fácil de ser vivida. Se cada um cuidar de si e de sua vida de forma integrada, amorosa, com liberdade, com humildade, com aceitação do outro e de forma respeitosa, o mundo muda, a qualidade de vida de todos muda. Se entendermos que isso se deva aplicar à própria Terra e a tudo o que nos mantém e sustém, poderemos, aí sim, preservar e manter a vida, a humanidade na Terra por muito e muito tempo ainda, o que nos permitirá evoluirmos cada vez mais, tanto tecnologicamente, quanto social e espiritualmente. Repisando a questão da ilusão e do que nos é imposto ou inculcado, ou que somos levados a crer, em função de sermos colocados em contato com verdades e realidades de outros, mesmo que muito valorosos, mesmo que eivados de boas intenções, mesmo que repletos de valores morais, da ética, mas que vamos sendo levados a ter esses valores como nossos e parâmetros para fazermos nossas vidas embasadas neles e assim acabamos por estruturar e fazer nossos caminhos de forma um tanto automática e seguindo por sobre caminhos de outros e, claro, faremos nossa evolução, mas sem todos os questionamentos devidos e sem todas as análises cabíveis e assim deixamos nossa evolução própria em segundo plano e perdemos a oportunidade de fazer abertura em nosso aprendizado e em nossas perspectivas, de alcance de outros patamares, de consciência,

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de espiritualização e de divinização. Construímos limites para nós mesmos por nossa própria conta e por conta dos outros, por conta de nossa educação; e da forma como nos conduzimos, somos conduzidos e nos deixamos conduzir nos caminhos da vida, da Religião e de todas as possibilidades de aprendizado que acabamos deixando de lado pelas convicções criadas, pelas limitações que nos chegam de várias formas e as aceitamos sem questionar, ou por achar que elas são inquestionáveis.

Assim você nasce em uma família que professa determinada Religião e se liga a essa Religião e às escrituras, os ritos e tudo o que a envolve; é o que você segue e deixa de questionar, de validar, de debater e acaba por se tolher, mesmo que acabe crendo firmemente que aquilo é o ápice que se possa chegar e seguir e se realizar; mas, ao meu ver, com isso perdemos oportunidades de melhorarmos, de alargarmos nossos entendimento sobre a vida, sobre o mundo que nos cerca, sobre os outros, sobre o Universo e, enfim, sobre Deus.

Vou continuar chocando um pouco mais, vou colocar uns questionamentos que me vem de longa data, para depois fazer um fecho com uma tentativa de realçar, exaltar os valores que entendo serem o objetivo, o fim e o ápice das relações humanas, das Religiões, do que entendo que deva ser a máxima de consciência e de valores dos seres humanos, da humanidade, como um todo.

Na minha visão de mundo não importa se Jesus existiu ou não, se Buda existiu ou não, se Maomé, Confúcio, Zoroastro, os profetas do Judaísmo existiram ou não, se as escrituras realmente foram escritas com base no que eles falaram, realizaram, ou se elas foram escritas a posteriori com um entendimento de outras pessoas, se foram alteradas por interesses outros que não os religiosos, se foram traduzidas e retraduzidas e, com isso se perderam coisas importantes e se acrescentaram coisas que não eram delas, se foram reduzidas ou aumentadas ao bel prazer de poderosos em diversas épocas e lugares. Também pouco interessa se você usa essa ou aquela Bíblia, se você interpreta o Corão dessa ou daquela forma, como você interpre-

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ta a Torá, quais escrituras Hinduístas você segue e se referencia nelas, quais textos budistas o norteiam, qual Evangelho você segue, quais são os livros que foram escritos dentro de sua Religião, que lhe servem de parâmetro para você vivenciar a sua Religião.

Mesmo que não se tenha um livro, uma escritura em determinada Religião e ela seja professada de forma aberta e simples, seja passada de geração para geração, ou de devotos para devotos, ao longo do tempo, mesmo que ocorra uma mistura imensa de escrituras, livros, ritos, conhecimentos e instruções acrescidas a posteriori nas diversas Religiões e que exista uma liberdade imensa de credos, crenças e maneiras das pessoas e das Religiões se expressarem e, mesmo que isso possa chocar as pessoas, na realidade o que importa, efetivamente, não é isso e nem a qual Religião você pertence, ou mesmo que você tenha qualquer Religião e mesmo que você não tenha um sentido de religiosidade, mesmo que siga no mais absoluto materialismo, mesmo que você se guie absolutamente pela ciência, não importa.

Caso você acredite em Deus ou não, se não acredita em qualquer coisa além do que existe à nossa volta, no mundo material e no aqui e agora, só acredita no que tem comprovação e possa ser tocado, testado e validado, mesmo assim não existe problema algum; sou absolutamente favorável à liberdade de cada um, mas óbvio, existem limites, normas e leis para delimitarem todas as relações e tudo o que se possa realizar, sem atingir os outros. Assim, o que importa é a bondade, a amorosidade, o respeito, a liberdade, a aceitação, a compaixão, a maneira como trata os outros, a tudo o que nos envolve e mantém. Concluindo, há que se respeitar os limites de cada um e o meu direito vai até onde o direito do outro chega, ao fim e ao cabo, o que vale é o absoluto respeito ao ser humano, à natureza e à Terra.

Justificando o último parágrafo com suas colocações, vejam que quero que vocês entendam que estou escrevendo isso para provocar reflexões, enquanto me provoco também; estou me dando a liberdade de poder questionar e que vocês, óbvio, se isso lhes fizer sentido,

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possam se questionar também. Não tenho intenção nenhuma de converter alguém, de fazer alguém mudar de Religião, de alguém passar a ser transreligioso, que é como eu me defino hoje. Depois escreverei um pouco sobre isso para que vocês possam ver qual é minha visão de mundo e ideia a respeito de Religião. Então, que fique bem claro aqui que não quero e não pretendo mudar ninguém, o que quero e estou tentando fazer é levantar questões para que cada um se sinta tocado por elas, se questione, não só sobre o que coloco, mas faça, com grande abertura e questione o que bem lhe convier e, se entender que tem sentido, procure mudar, cada um muda de per si e não porque outros se posicionam de forma diferente da sua; costumo falar que cada um é o único absolutamente responsável por si mesmo, ao fim e ao cabo. E, se não somos responsáveis nem por nossos filhos e cônjuges, nossos parentes mais chegados, ou nossos amigos mais íntimos, como poderemos querer nos responsabilizar por outro e, ainda mais, acharmos que temos qualquer poder de alterar alguém e que alguém se altere por qualquer colocação nossa?

Como escrevi antes, vou discorrer um pouco sobre a questão de ser transreligioso. Aproveitei isso da transdisciplinaridade, que diz respeito àquilo que está ao mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de qualquer disciplina. Assim a transreligiosidade estaria entre, através e além das Religiões, mas não é mais nem melhor do que qualquer Religião, é em um sentido de se aproveitar, mesmo, se apropriar e utilizar daquilo que as Religiões têm de bom e talvez de melhor e fazer disso uma linha de atuação e de ação.

Cabe ainda colocar que não existe transreligião e sim um sentido de ser transreligioso; em suma, você pode aproveitar o que todas as Religiões e suas vertentes tem de bom, podemos dizer, em seu embasamento: então o cristianismo, o budismo, o hinduísmo, o judaísmo, o islamismo e qualquer outra Religião que lhes venha à memória, tem coisas boas e que podem servir de parâmetro para nossas atitudes religiosas ou de religiosidade, digamos assim.

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Para elucidar mais um pouco minha posição, eu me defino como cristão, nasci em um país cristão, em uma família cristã e, para mim, Jesus Cristo tem um impacto de fundamento em minha vida com seus ensinamentos, mas gosto de muitas coisas do budismo e tive oportunidade de acessar coisas da Torá e do Corão, que me impactaram em termos de boas atitudes em relação a tudo. Fui espírita durante muito tempo e isso teve impacto em minha forma de ver o mundo; sou reencarnacionista e isso impacta na minha maneira de ver o fito da vida, como já falei lá atrás. Por outro lado, naveguei por vários ramos do cristianismo e vi que em todas as Religiões seus adeptos, inclusive muitos espiritas, não são bem o que se espera de uma pessoa religiosa.

Essa questão de ser transreligioso me faz olhar com respeito e cuidado para cada Religião e procurar entender o que cada uma propõe e realiza no sentido que se espera dela e da religiosidade, o que nos faz cada vez mais respeitar cada uma delas.

Só faço um reforço aqui do uso que se faz das Religiões, quando elas servem de instrumento do mal e para destruir o ser humano; suas interpretações descabidas e seu uso como instrumento de manobra de massa e de arma de destruição de outras pessoas, pelo simples fato delas serem de outra Religião.

PONTOS DE VISTA MATERIALISTA

Vou tentar dar uma abertura para essa questão, tenho uma estruturação muito longa em cima de Religião e acabo centrando, sobre a questão religiosa, minhas considerações e lucubrações. Mas o mundo tem muitos aspectos e cabe citarmos as possíveis visões que podemos ter a respeito do fito da vida e o que estamos fazendo com ela neste nosso orbe.

Antes de qualquer outra consideração precisamos colocar muito fortemente que a raça humana, a nossa raça, a humanidade, como

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um todo, tem sido usurária do planeta e não usuária e isso está nos levando a um caminho muito complicado e de auto extinção. Talvez, neste momento, já não tenhamos como eliminar esse risco, das alterações que temos provocado no planeta como um todo e que impactam diretamente o clima; e, ainda mais, estamos exaurindo os recursos naturais de várias formas e, uma coisa leva a outra, como somos uma raça muito nova e estamos vivendo de forma muito acelerada para os tempos geológicos e cósmico, impactamos o planeta, pois não temos o mínimo conhecimento das consequências e do tempo em que elas irão ocorrer e nos destruir como resultado direto de nossos atos.

Nossa civilização passou a considerar que o fito da vida é o enriquecimento material, a posse de bens, as questões totalmente vinculadas à materialidade. E isso, ao lado da imprudência em relação ao crescimento populacional, nos coloca em xeque, mas queremos continuar a ter filhos e a enriquecer, como se o planeta não tivesse um limite de possibilidades de manutenção da vida e seguimos todos cegos, surdos,

mudos, sem efetivamente tomarmos uma atitude que possa reverter essa caminhada suicida e de autodestruição. Claro, podemos considerar que essa é uma posição minha e que um materialista pode achá-la normal e que não há porque existir qualquer tipo de preocupação com ela, pois não detemos conhecimento suficiente que respalde essa questão. O individualismo é um fator de peso nessas questões, desde que eu esteja bem e os que me importam estejam bem, o resto não é problema meu; isso nos leva a um beco sem saída, pois todos vivemos em um mesmo lugar. Quer queira, quer não, não há riqueza em excesso sem que haja pobreza muito maior e, não digo somente aqui, a pobreza em outros países, em outros lugares distantes das riquezas, falo da pobreza que mora ao lado, da má distribuição de renda, de todos os tipos de manipulações e empoderamentos que mantém o status quo existente e que parece não ter solução em função da mentalidade humana.

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Com isso perde-se dos dois lados, a questão do fito, do objetivo da vida, ao qual eu quero chegar; os ricos se perdem em um materialismo desmedido e, com isso, se iludem e se enganam achando que está tudo bem, que o mundo é assim mesmo, que eles tem o direito de usufruir de tudo e seguem caminhando cegamente para o seu fim material embevecidos e embriagados pelo poder, fama, glória, fortuna, posses, cercados do bom e do melhor e de todo tipo de agregados que visam usufruir e não engrandecer. Com isso, a materialidade absoluta os absorve e eles são engolfados, em sua grande maioria, acabando por não evoluir em um sentido de desprendimento material, ao não se vincular ao espiritual, no crescimento num sentido, digamos, mais puro, na busca daquilo que não fica na matéria e que se levará para depois da morte.

Os pobres se perdem na luta diuturna pela sobrevivência, por lutar para ter o que comer, onde dormir, ter sua manutenção básica atendida, ter um mínimo para viver e, com isso, não conseguem se desprender da materialidade pelas necessidades prementes que se lhes apresentam, como desafios, quase instransponíveis. Dessa forma, como poderão pensar em espiritualidade, em evoluir em outros níveis de realidade, se a realidade material lhes acachapa, lhes dando fome e necessidades básicas. Acabam, também, por se perder pelo simples fato de ser quase impossível fazer a relação com a espiritualidade e a busca por um sentido evolutivo, digamos, pois não lhes sobra tempo e nem condições psicológicas para essa procura; podemos dizer que é o mesmo que ocorre com os ricos, na outra ponta da mesma corda.

Ocorre-me agora que as igrejas que eles acabam frequentando também refletem as condições de vida e, a forma como são tratados nelas, reflete isso também. Assim o rico vai em igrejas pomposas e ricas e acaba sendo recebido pelos principais do templo, seja que igreja for; já os pobres vão em igrejas diminutas das periferias e acabam se confraternizando com seus iguais e pelos responsáveis pelos templos. Cabe ainda uma outra observação: normalmente o que

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ocorre é que nesses locais mais simples a solidariedade é muito maior e eles se ajudam de uma forma muito mais fraterna do que nas grandes igrejas; e, poderíamos dizer, que naquelas é mais importante ser do que ter, mas isso também são posições minhas e claro tem de tudo em todo lugar, em maior ou menor grau, mas tem.

Continuando com o ponto de vista materialista, a coisa mais importante é ter bilhões de dólares, ter seu próprio foguete, quem sabe para escapar da Terra quando ela acabar, em função da mentalidade dos multibilionários e de todos aqueles que tratam disso como se fosse o bom, o correto e que o mundo é assim.

Entende-se que não é bom ter apenas o suficiente para se viver bem e sim que quanto mais eu tiver, melhor será; não importa que impacto isso produza em todos, inclusive em mim, no meu entorno e muito menos que existam pessoas que vivam com dez dólares mensais. É a vida, o mundo é assim mesmo.

Cabe aqui ter em conta que o custo para o planeta é altíssimo, quando se considera quanto maior a riqueza e as posses dos bens materiais, as necessidades de geração e manutenção dessa e de mais riquezas, melhor. Muitas vezes fico pensando qual seria o custo para a natureza de um carro de 10 milhões de dólares, uma mansão de 50 milhões de dólares, um foguete, um iate de muito milhões. Aí penso nos custos de se fazerem minerações, usinas hidrelétricas, tanto asfalto, tantos telhados, tanta extração e queima de petróleo, tanta fabricação de carros, construções de casas e apartamentos, a imensa quantidade de agrotóxicos, de áreas de agricultura; eu me pego pensando até na questão de 8 bilhões de pessoas fazendo suas necessidades diárias, que impacto tem. Mas os luxos e as coisas que demandam muito mais processos em sua consecução ainda são os de maior impacto, assim, quanto custa um rico e quanto custa um pobre para o planeta? Sem classicismos, por favor são só lucubrações e reflexões. Vou voltar lá atrás um tanto e considerar o esforço para que a vida surgisse e evoluísse até chegar em nós, seres humanos, os seres mais evoluídos do planeta. Como eu disse, meu ponto de

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vista é evolucionista, mas não materialista, assim são milhões, bilhões de anos de caminhada, no nosso tempo, nos tempos geológico, cósmico e divino; esse tempo é uma quimera, mas consideremos o que nos impacta, teremos no nosso tempo de vida no máximo uma centena de anos, mas voltemos aos tempos de surgimento e evolução da vida e imaginemos todo o esforço que foi feito para ela chegar onde chegou e para que nós a tratemos como algo que termina na morte e, simples assim, deixemos de existir. Qual será o nosso movente, o que será isso que nos faz vivos e obtermos todas as faculdades que temos, chegarmos a esse ponto de podermos nos questionar sobre isso, sobre o fito da vida, sobre a morte, sobre o mundo e o Cosmo?

Com isso e, claro, dentro de minha visão dessa totalidade, me parece muito esforço e muito desperdício criar isso tudo só para nascermos e morrermos, nesse tempo de vida material e, não acumularmos nada de conhecimento, para seguir em frente, para evoluir em algum sentido mais duradouro de maior impacto positivo para o Universo, para Deus, para a Inteligência Universal que Rege a Totalidade. Enfim essa visão materialista de morreu acabou não me serve, mas vou colocar a minha forma de ver isso tudo e que, também sei, é muito questionável e pode parecer ter meio que uma desconexão entre o físico e o não físico, mas vou tentar explaná-la da melhor forma possível.

O FITO DA VIDA (até que enfim)

MATERIALISMO

Aproveitando o gancho do item anterior e para dar cabo dele, já de início, no materialismo o fito da vida é a vida material e tão somente uma única vez, você nasce e vive a vida na matéria e quando morre desaparece; em suma: nasce, cresce e morre com as condições inerentes de onde e como nasceu, cresceu e viveu e o que fez ou dei-

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xou de fazer, não importa se viveu bem, por quanto tempo viveu, se fez o bem ou fez o mal, simples assim, nasce vive e morre e ponto final. Já me posicionei a respeito, mas não consigo não colocar, a meu ver, é algo muito simples para um ser tão complexo como o ser humano e, mais ainda, para algo tão complexo como a vida que se desenvolveu e evoluiu no planeta, vai contra a racionalidade, a consciência, a mente, o Intelecto, a cogência.

Não me cabe todo esse processo evolutivo, todo esse aparato que temos aqui, neste pequeno grão de areia que chamamos Lar, a Terra, todo o aparato do sistema solar à nossa volta nos permitindo chegar onde chegamos, para pura e simplesmente nascermos, com tantas diferenças entre uns e outros, com tantas possibilidades de vida e de todo o entorno que nossas vidas nos permitem, com as inumeráveis condições de aprendizado, de realizações, de vivências as mais diametralmente diferentes e até opostas que possamos imaginar, para tudo se acabar após a morte. Assim para a minha racionalidade crítica, para qualquer reflexão que eu faça, por mais que se possa dizer que não passa de crença, de fé, o que eu entendo e vou colocar mais adiante, não tem cabimento algum tipo de encaminhamento da vida e da morte, em suma, não consigo crer, entender, que se possa nascer, viver e morrer e nada mais. Respeito quem pensa assim, mas esse acaso não cabe em mim.

Vou discorrer agora de um ponto de vista de algumas Religiões que conheço, na realidade vou reforçar e concentrar aqui essas visões de mundo, a partir de minha experiência e que se traduzem em “Qual o fito da Vida?” Para cada uma delas, que me perdoem os especialistas, os profundos conhecedores, fervorosos fiéis e teólogos das mesmas, pois sei que minhas colocações podem não ser as mais exatas, mas ouso usar minha liberdade para expressar o que aprendi e entendo, mesmo que isso não tenha a profundidade desejada por muitos, mas que talvez possa esclarecer e ajudar muitos outros em um entendimento mais aberto e respeitoso em relação a cada uma das que explanarei, mesmo que seja um mínimo e seja apenas o meu entendimento. Faço isso com o maior respeito e aceitação para com

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todos e todas.

Tudo o que venho colocando, digo mais uma vez, vem de minhas experiências de vida e de minha forma de interpretar o que me chegou, muitas coisas vieram de forma superficial ou por contatos fugazes com algumas seitas e Religiões; não vou citar ou tratar todas aquelas com as quais tive contato ou participei ativamente, pois iríamos nos delongar demais e muitas delas têm essa visão do fito da vida muito parecida e também porque acho que não cabe colocar todas aqui. Somente para os posicionar, além das que citarei abaixo, eu participei ativamente da Igreja Gnóstica Cristã Universal, do Rosa Cruz, participei da Umbanda, em vários centros sem muito aprofundamento, estudei um pouco o Xintoísmo, o Confucionismo, o Zoroastrismo e algo sobre as Religiões dos Povos Originários.

Já tratei um pouco disso lá atrás, vou ser repetitivo, entendo que repetição não gera igualdade e, lá, estava citando de forma rápida para situar como cada Religião trata a questão da vida do ponto de vista material e de quando se morre; aqui quero discorrer um pouco mais e tecer mais algumas considerações.

Ocorre-me ainda que devo colocar que um ponto importante é que muitas Religiões são espiritualistas e outras não e isso acaba por fazer um constructo diferente de como a composição de nossos seres acontece para cada Religião, ou seja, se temos um espírito, uma essência além do corpo.

ESPIRITISMO

Vou iniciar com o Espiritismo pois é a Religião que eu mais vivenciei e participei ativamente.

Para deixar claro, quando falo de Espiritismo, falo no Kardecismo que vem de Alan Kardec, seu codificador, como chamam aqui no Brasil o de mesa branca; não confundir com a Umbanda, Candomblé e outras

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Alan Kardec — Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804—1869) Codificador do Espiritismo

doutrinas que também são chamadas espíritas, mas que são bastante diferentes, apesar de que alguns centros ou Casas Espiritas, como são chamadas as “igrejas” espiritas, fazerem uma mescla entre o Espiritismo e a Umbanda. O Espiritismo se coloca como uma doutrina que busca englobar Ciência, Filosofia e Religião e tem um de seus princípios calcado na existência do espírito e, posso dizer, de uma outra dimensão, em que os espíritos vivem quando desencarnados e reencarnam aqui na Terra para viver as necessidades e tolhimentos que somente as questões materiais nos permitem viver, ou seja, o Espiritismo é reencarnacionista. O Espiritismo é uma Religião Cristã, seu livro / escritura principal é “O Evangelho Segundo o Espiritismo” que tem sua base na Bíblia, trata da lei de causa e efeito que diz que tudo tem uma causa e gera um efeito, trata ainda da lei do retorno, que diz que tudo tem o seu retorno e, se causamos um mal ou um bem, passaremos pelo retorno da nossa ação. Assim nascemos, vivemos e, quando morremos, nosso corpo fica na Terra, pois o corpo material é composto, pertence à Terra, já o espírito vai para um outro lugar, para uma outra dimensão, onde revisamos tudo o que fizemos aqui, o que aprendemos, o que fizemos de certo, o que fizemos de errado e o que precisamos aprender ainda; fazemos, então, um planejamento para uma nova reencarnação e voltamos a reencarnar na Terra para continuar nosso aprendizado. Cada período de tempo encarnado vai variar segundo o que se pretende vivenciar e, claro, as possibilidades do entorno de vida, as questões inesperadas e tudo o que envolve a vida aqui na Terra. O tempo desencarnado vai variar segundo as necessidades de aprendizado ou de recomposição no mundo dos espíritos e do tempo para trabalhar o planejamento reencarnatório e, ainda, afirma que lá também evoluímos, trabalhamos e aprendemos

Assim o fito da vida para o Espiritismo é a evolução do espírito e temos a vida material e a vida espiritual; complementando, o Espiritismo trata ainda da existência de muito planetas habitados; cito “há muitas moradas na casa de meu Pai”, com isso podemos depreender que poderemos ainda reencarnar em outros mundos, em outros

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planetas que podem ser mais atrasados ou mais avançados, digamos, civilizatoriamente do que a Terra; assim, se não evoluirmos, não crescermos moralmente, não melhorarmos, poderemos ir para mundos mais atrasados, incluindo o que se chama de mundos infernos, onde, claro, sofreremos muito mais impactos materiais e restritivos do que aqui na Terra; caso melhoremos e cresçamos moralmente, poderemos ir para mundos mais etéreos, mais evoluídos espiritualmente, onde sofreremos menos os impactos materiais A princípio não existe a figura de Paraíso e inferno e não há um lugar de chegada final; nossa evolução busca realizar a exemplificação de Jesus, que para muitas linhas do Espiritismo hoje é o administrador celestial da Terra e, com isso, nos aproximarmos de Deus.

Vou fazer uma antecipação aqui e dizer que, acho que não poderia deixar de ser pela minha caminhada, esse é, digamos, o modelo que melhor se encaixa no que eu acredito hoje, vou acrescentar alguns detalhes no final, porque caminhei muito em muitas outras direções, antes e depois de ser espírita. Isso hoje, para mim, tem um complemento que entendi nessas outras caminhadas e, desta forma, faço o fecho deste libelo.

CATOLICISMO

Como já expressei anteriormente, os católicos seguem a sua Bíblia, suas escrituras, seus ritos, seus dogmas, o que é colocado pelos padres, bispos, cardeais e pelo Papa. Existe o Céu, o Inferno e Purgatório, nascemos e vivemos na Terra e quando morremos passamos por um, digamos, julgamento prévio e, se tivermos vivido de acordo com os pressupostos da Religião, de acordo com o que Jesus Cristo nos ensinou, de acordo com a Bíblia e com o que o próprio Catolicismo foi agregando de ritos, dogmas, normas e regras, ajustando em seus concílios e em suas encíclicas, iremos para o Paraíso.

Os que seguem a vida religiosa são celibatários, existe a figura de santos que estão, em termos de bondade e valores religiosos, em um

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Capela Sistina - Roma Basílica de São Pedro Roma (centro do catolicismo)

outro nível de vida, pelos preceitos do catolicismo, acima das pessoas comuns e são cultuados e intercedem por nós junto a Jesus e a Deus.

O corpo físico segue seu destino de: “ao pó vieste, ao pó tornarás”, a essência, o espírito é que será encaminhado de acordo com suas atitudes a cada um dos lugares merecidos, porém, ainda ocorrerá um julgamento final, quando Cristo voltar e, a partir daí, cada um viverá pela eternidade no Inferno ou no Céu; com isso vive-se apenas uma vez fisicamente sobre a Terra.

Assim, o fito da vida é viver uma única vez fisicamente e da melhor forma que preconiza a Religião, para passarmos o resto da eternidade no Céu, no Paraíso.

EVANGÉLICOS

Coloco aqui Evangélicos, mas entendo que não existe diferença muito grande entre as muitas variações dos Protestantes, Presbiterianos e aqui no Brasil os chamados Evangélicos; não tenho conhecimento no mundo, mas aqui existem muitas variações e muitas igrejas que acabam tendo um cerne em comum com pequenos detalhes diferentes.

Usam uma Bíblia diferente da católica, muito focada no Novo Testamento, não usam as figuras dos santos como no Catolicismo, pois seu caminho e seu vínculo é direto com Jesus; a maior parte suas igrejas são templos mais simples, apesar de que, aqui no Brasil, algumas dessas igrejas constroem templos que rivalizam com as catedrais católicas.

O que nos interessa é que o fito da vida aqui na Terra tem, novamente digo, posso estar sendo simplista por não ter ido a fundo em nenhuma delas, mas, para os evangélicos, a princípio, vivemos uma única vez no corpo material, na vida humana orgânica, quando morremos ficaremos aguardando, ouvi várias vezes usarem a expressão:

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“dormindo ou aguardando no Senhor” a volta de Cristo para serem julgados.

O corpo material será ressuscitado por Cristo, pelo poder de Deus e o julgamento será de acordo com seus atos e o quanto os preceitos religiosos foram seguidos; assim irão para o Paraíso ou para o Inferno, segundo essa única vida material que passaram aqui na Terra e todos os que já viveram se encontram nesta mesma situação. Ocorre -me uma questão, para a qual eu não tenho resposta: se será criado um novo corpo à imagem e semelhança daquele, ou o corpo que foi sepultado será recomposto e ressuscitado e ficará aguardando a volta de Cristo para ser julgado?

Assim, no meu entendimento, o fito a vida aqui na Terra para os evangélicos é viver uma única vez no corpo material, na vida humana orgânica, e, quando morrerem, ficarão aguardando, ou dormindo no Senhor, a volta de Cristo para julgar os vivos e os mortos e assim irão para o Paraíso ou para o Inferno, dependendo de como os preceitos religiosos foram seguidos e se fizeram o bem ou o mal.

ISLAMISMO

O Islamismo não é reencarnacionista e assim se você seguir o que preveem as escrituras e a lei islâmica, se você tiver sido efetivamente fiel a Alá, você irá para o Paraíso e terá regalias maravilhosas pela eternidade ou irá para o Inferno onde passará todo o tipo de agruras inimagináveis.

Fica aqui uma observação: o inferno para o Islamismo é gelado; as mesquitas são completamente vazias, não existem figuras ou imagens; consideram vários profetas, sendo o maior de todos, Maomé. Curiosamente Jesus é um dos grandes profetas do Islamismo e o vínculo é direto com Alá, como eles chamam Deus.

As orações sempre são realizadas com a cabeça voltada para Meca, cidade sagrada para os muçulmanos, onde está a Caaba, uma gran-

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que retrata a ascensão de Maomé ao céu

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Profeta Maomé recitando o

de pedra negra; todos os muçulmanos devem fazer suas preces voltados para essa cidade e devem ainda peregrinar ao menos uma vez na vida para lá e fazer a imensa procissão que ocorre ao redor da Caaba. Assim o fito da vida é viver de acordo com a lei islâmica uma única vez aqui na Terra e depois ir para o Inferno ou para o Paraíso, dependendo de como você seguiu os preceitos religiosos.

BUDISMO

Os budistas são reencarnacionistas e entendem que existe o Nirvana que seria o mundo da bem-aventurança, o Paraíso e o Samsara que é o mundo material das encarnações materiais; acreditam ainda na metempsicose, que é a possibilidade de reencarnarmos em seres inferiores ao ser humano, os animais, aqui na Terra mesmo, caso nossos erros sejam tão graves que não mereçamos reencarnar, novamente, como seres humanos, partindo-se de um princípio de que os animais são inferiores a nós.

O objetivo das reencarnações é a purificação e viver de acordo com os preceitos que Buda colocou e respeito a todos os seres. O Budismo não é deísta, ou seja, não existe a figura de um deus e trata a natureza, digamos, como se tudo fosse divino.

Como as demais Religiões existem várias linhas de Budismo e várias representações de Buda. Cabe ainda acrescentar que o Budismo tem várias, digamos, apropriações do Hinduísmo, pois esse é muito mais antigo e o Budismo nasceu dentro do Hinduísmo.

A meu ver, pelos contatos que tive e com o que estudei do Budismo, o fito da vida é sair da ‘roda de encarnações’ pela prática de bons valores e, assim, reencarnam, até que estejam livres dos erros e das “prisões” da matéria, dos sentidos. Adentram o Nirvana, quando morrem nesse estado de pureza e lá ficam pela eternidade, ou até lá, continuam na ‘roda de encarnações’ aqui na Terra.

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Estátua de Tian Tan Buda — monastério Po Lin Monumento budista na área de Horyu-ji — Japão

(e uma observação sobre o que ocorre na Índia)

Vou citar muito rapidamente, pois aqui meus conhecimentos são muito superficiais mesmo, as outras que citei ainda tive contatos mais efetivos.

Mas o Hinduísmo é muito diferente em tudo; é politeísta, tendo uma trindade de deuses principais: Brahma o construtor de tudo, Shiva o destruidor e Vishnu o mantenedor; esse tem muitas representações cada qual com um significado. Podemos falar em escrituras: grande parte escritas em sânscrito, mas existem estudiosos que dizem que esta Religião não as têm; tem divisão por castas, o que não permite que você mude de uma para outra, pois vai contra os preceitos da Religião. Tem várias vertentes, e adorações de vários deuses, com representação não só antropomorfas, sendo que vários são representados misturando o ser humano com animais.

São reencarnacionistas, mas a reencarnação é quase um ciclo eterno, a possibilidade de sair do processo reencarnatório é extremamente remota e difícil de se conseguir e isso só é possível para alguém que seja absolutamente abnegado. Consideram que o carma, o que se leva de uma reencarnação para outra, aquilo que realizamos na anterior pode ser bom ou ruim, dependendo exclusivamente de que se fomos bons ou maus. Também consideram a possibilidade de reencarnação tanto como ser humano ou como animal.

Para o que nos interessa, o fito da vida para o Hinduísmo, dentro que me é possível vislumbrar, é a própria vida na Terra com infinitas reencarnações.

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HINDUÍSMO

Templo hinduísta em Mysore, Índia

Foto: Rohith Ajjampur para Wikipedia

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Shiva — o deus destruidor

OBSERVAÇÕES SOBRE A ÍNDIA

Vou complementar o que escrevi acima como uma observação, pois a minha visão e o meu entendimento do fito da vida, com que vou encerrar esse manuscrito, tem muito a ver com a visão que muitos sábios indianos têm trazido ao longo do tempo. Recomendo, novamente, acessarem o canal ‘CorvoSeco’ no YouTube e ouvirem o que cada um deles diz e reforço que escutem não só os indianos.

A Índia é ímpar, existem muitas Religiões, muitas muito diferentes, como o Jainismo e outras, que, a princípio, parecem ser divisões do Hinduísmo. Algumas até são consideradas como outras Religiões como o Sikismo, por exemplo. O Yoga tem muitas diferenças e é muito integrado ao Hinduísmo, alguns pesquisadores consideram que ele, na realidade, é um grupo de Religiões, seitas, doutrinas e que não tem escrituras, e assim, sobre qualquer coisa, teremos sempre muitas opiniões e muitas vezes divergentes.

Existem milhares de homens santos, sadus, babas, iogues, sábios que nos trazem colocações que vão muito de encontro com o que eu penso, sobre essa questão que estamos tratando aqui. E isso se mostrou muito interessante quando eu acessei e comecei a ver que existem coisas que sempre pensei e que tem um paralelo nesses homens.

A MINHA VISÃO, O MEU ENTENDIMENTO SOBRE

Não quero me delongar mais que 50 páginas no texto original e não pretendo que isso tenha uma profundidade acadêmica de pesquisa, pois mal e mal sou alguém que teve contato com muitas Religiões,

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FITO DA VIDA
O

doutrinas e seitas e leu um tanto sobre um monte de coisas e tem se permitido escrever sobre coisas que acha importantes para a humanidade, para cada ser humano, nada mais que isso; tenho pensado em escrever de forma simples e com humildade para acessar o maior número de pessoas possível e quiçá fazer alguma diferença na vida de alguém. Quando adolescente, eu falava o que me vinha à cabeça; isso, que o nosso Universo na realidade poderia existir na perna de um pernilongo, ou no tempo de queima da cabeça de um palito de fósforo, ambos gigantescos, imensuráveis, claro. Ao assistir MIB – Homens de Preto, quase tive uma síncope, quando o final do filme mostra a galáxia na joia pendurada no pescoço do gato de nome Órion e faz aquele afastamento da Terra, do sistema solar, da Via Láctea e mostram nosso Universo dentro da bola de gude que a criança ET está jogando. Fiquei encantado, pois eu falava aquilo há décadas.

Mas vamos ao que interessa, essa divagação serve para linkar o que falei de nossa “insignificância” no início, quando falei do tamanho do Universo e do que nem temos a mínima condição de acessar e saber com nosso conhecimento e tecnologia. Somos realmente infinitamente pequenos e não sei se somente a questão de sermos vivos, racionais e com possibilidade de desenvolver a consciência podemos nos considerar de algum impacto sobre o Universo.

De qualquer forma vou deixar essa dúvida de lado e vou seguir em frente com o que considero realmente importante. Para mim o fito da vida é a evolução dos seres e o retorno consciente a Deus, à Inteligência que Rege a Totalidade, mas entendo que a vida é, Deus É, o Universo é, cada planta é, cada animal é, no sentido da existência e do viver, o ser humano evoluiu no sentido de desenvolvimento da racionalidade, criou o ego, deixou de ser para estar, o homem era e passou a estar com a materialidade, fazendo o afastamento dos princípios da vida, indo contra a natureza como um todo e, diria mais, indo contra os desígnios de Deus

Entendo que temos, nos foi dada e somos a centelha divina, o misté-

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rio que é a vida, o mistério que é Deus e tantos outros mistérios que tínhamos que ter a humildade de pararmos e criarmos respeito absoluto por eles; não digo que devamos parar de procurar respostas, mas pararmos de nos destruir e destruir tudo por temos perdido nosso elo efetivo com Deus e com a Natureza. Em suma, se olharmos para dentro de nossa essencialidade, encontraremos Deus; não somos Deus, mas o carregamos em nosso âmago, pois ele nos creou, creou a vida e tudo o que nos torna possível, creou a possibilidade de que a vida exista e evolua até chegar no ser humano, lembrem da minha mistura de criacionismo com evolucionismo. Creio total e absolutamente na existência do que eu chamo de Inteligência Universal que Rege a Totalidade, ou seja, Deus.

Mas e daí, qual o fito da vida quero passar? Quero passar que o fito da vida é aquele em que a vida surge de forma globular, aminoácidos mais reações físico químicas evoluem, talvez, passando pelos vírus, pelos unicelulares, continua sua evolução, é quase extinta várias vezes, como os dinossauros, e tantos outras ocorrências, reinicia e acaba chegando aqui e agora no ser humano, no racional, no que faz perguntas, no que desenvolve tecnologias, no que procura respostas religiosas, filosóficas e científicas.

Mas o fito da vida será que o homem, de forma consciente, possa acessar a sua divindade, em seu ser interior e entenda o significado dela e se desprenda do processo reencarnatório, pela prática do bem neste mundo material, fazendo muito mais do que o seu melhor possível? Desprendendo-se da Terra e migre para outros mundos mais evoluídos, cada vez mais desmaterializados e assim, sucessivamente, até que se reintegre de forma consciente a Deus e passe a fazer parte da própria sustentação da vida, volte realmente consciente na e da consciência Divina.

Neste ponto de meu entendimento do fito da vida gosto de citar a obra prima de Pietro Ubaldi –‘A Grande Síntese’, que para mim é o ponto máximo de busca para explicar como evoluímos e caminhamos no sentido de nos reintegramos a Deus, ao todo e à totalidade.

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Mas minha forma de ver isso passa por essa complementação que coloquei acima: a meu ver o Universo todo faz parte disso, por isso digo que Deus É, a vida é e digo que o ser humano ainda está, porque está perdido em seu ser, o ser humano está rico, está pobre, está negro, está branco, está lindo, está feio, está famoso, está em desgraça, está poderoso, está arrasado e, podemos colocar incontáveis ‘estar’, isso e aquilo, mas ‘ser’, são pouquíssimos os que são e, ainda, a grande massa da humanidade almeja o estar e não o ser, efetivamente valoroso e vinculado ao Bem, ao Bom, ao Belo, ao Eterno; assim o homem caminha para a própria miséria humana e, somente o que está vinculado e profundamente ligado à materialidade é o que importa para a humanidade. Com isso perdemos o fito da vida e ficaremos restritos a reencarnamos até que nosso espírito deixe de existir, pois eu creio que até o espírito possa deixar de existir, quando não conseguir evoluir dentro das leis de Deus. Reflitam: não há porque tanto investimento em vida, em reencarnações sucessivas, se o ser nunca consegue evoluir; assim há que se tentar com outros, como foram com as extinções em massa e é isso que estamos buscando com a mentalidade e com tudo o que tem sido feito pela humanidade na Terra

Concluindo: Deus, que é um mistério, nos dá a vida, que é outro mistério e entendo que é um atributo dele; essa vida inicia de forma diminuta e vai em um crescendo até que agrega conhecimentos e sabedorias suficientes para poder se reintegrar de forma consciente e plena ao seu Creador, aumentando o seu poder e capacidade de cada vez mais incrementar e gerir a totalidade.

Aqui poderíamos entrar em um debate: se Deus É; Ele já não é a totalidade, então como existe essa questão de o ser retornar a Deus para aumentar sua capacidade e poder de manter a totalidade? Humildemente e com liberdade digo que não tenho resposta, mas ouso dizer que sinto, creio e entendo que seja assim e isso é mais um mistério para mim.

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Enfim, o fito final da vida, o objetivo da vida, do ser humano, que podemos dizer, é o ápice da vida material, é se divinizar, passando ainda pelos processos de se desmaterializar, passando por outros orbes menos materializados, e esse é o meu entendimento do porquê se divinizar: para fazer parte do constructo de Deus e tudo aquilo a que a palavra Deus se refere e É.

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Tecnólogo em Processamento de Dados. Atuou na IEDIH – estruturação de empresa com Patrick Paul para realização de seus cursos e coaching, posteriormente repassada ao mesmo 2013 a 2014.

Della Zuana e Associados – empresa individual de consultoria, assessoria e prestação de serviços de 2014 até a presente data.

Participação na Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas fazendo trabalho voluntário de 1993 a 2016, na coordenação de grupos de estudos, no atendimento ao público e participação tanto em aulas, quanto em grupos de estudos.

Participação em grupos de estudos transdisciplinares, de 1999 a 2016, sendo o tema da monografia de conclusão da Pós-graduação de Docência para o Ensino Superior

Transdisciplinaridade e Estética: Uma Abordagem Conceitual, sua Aplicação na Educação”.

É membro do Centro de Educação Transdisciplinar — CETRANS.

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Francisco Paulo Lemos Della Zuana Chico Zuana, nasceu em Londrina, Paraná.
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FOTOGRAFIAS E POEMA DO AUTOR

CATOLICISMO

Igreja de Notre Dame à noite Paris/ FR

Altar principal da Igreja de Notre Dame — Paris/ FR

Labirinto de meditação da Catedral de Amiens/ FR

Fachada da Catedral de Chartres/ FR

Vitral — rosácea da Fachada da Catedral de Chartres/ FR

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FITO DA VIDA 73
Chico Zuana EVOLUÇÃO HUMANA - O
“Cristo Onipotente Basílica de Santa Sophia Istambul/TR Igreja de São João — Dharamshala/ IN Igreja de São Marcos Veneza/ IT Igreja de St. Thomas — Varanasi/ IN Vista frontal Abadia de Westminster — Londres Convento de Madre Teresa Calcutá/ IN

ISLAMISMO

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Mesquita em Vilarejo Turquia Mesquita Azul à noite — Istambul/TR Dança dos Deviches/ TR Interior da Mesquita Azul Istambul/TR Algumas das 3000 Mesquitas de Istambul/ TR
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Lavatório da Mesquita Azul Istambul/TR Mesquitas margem Estreito de Bósforo Istambul/ TR Mesquitas de Ancara/ TR Interior da Mesquita Azul Istambul/TR

Neste local, sob uma ascendente desta árvore Bodhi, Buda atingiu a iluminação. Bodh Gaya/ IN

Estupa do Templo Palácio Bangkok/ TH

Detalhes telhado do templo de mármore Bangkok/ TH

Rosto Buda de ouro deitado “O grande sono” Bankok/TH

Heremitério (claustro dos monges) Dharamshala/ IN

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BUDISMO
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Buda de Ouro Bangkok/ TH Imagem de Buda dentro de Angkor Tom - Camboja Altar templo Bodh Gaya/ IN local de iluminação Pequeno altar no local onde Buda entendeu o caminho Bodh Gaya/ IN

HINDUISMO

Deuses hinduístas

Pequeno altar hinduísta Rua de Varanasi/ IN

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Ashram e templo Parmarth Rishikesh/ IN Templo hinduísta em Varanasi/ IN Estátua de Shiva Rishikesh/ IN Singapura
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Sadu em Rishikesh/ IN Cremátório — margens do Ganges Varanasi/ IN Vista de Rikesh/ IN Cúpula templo hinduísta Singapura Cúpula templo Ashram Parmarth Rishikesh/ IN
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Deus se presenta em tudo

Como se presenta?

Olhe e veja!

Nada vejo

Mas como não vê?

A ave que voa ligeiro,

O inseto que caminha lépido,

O vento que sopra suave,

A árvore que cresce impávida,

A flor que desabrocha maravilhosa e perfumada,

As ondas que marulham incansáveis,

As nuvens em suas formas infinitas,

O ser que cresce no ventre e nasce formado,

A vida, o todo e a totalidade enfim.

O que mais?

Não te basta isso?

Ah me vem à mente um espetáculo grandioso, diário e gratuito.

Qual?

O pôr do sol, cada dia um, cada dia único, rico em matizes, lindo na mostra da passagem do tempo, embevecedor, nos diz que a vida caminha, que ao dia se sucede à noite, o jogo de luz e sombra tão necessário ao viver, ao labutar e ao descansar, o astro rei que nos dá calor, nos dá a vida, nos permite a vida como a conhecemos em nosso orbe, nada cobra só se dá...

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03 Prefácio

06 Evolução Humana - O Fito da Vida

07 O Materialismo

10 A Insignificância da Humanidade

17 Religiões

24 Considerações e posicionamentos

25 Religião e religiosidade

27 Duas tradições antigas ─ a Alquimia

30 Duas tradições antigas ─ a Cavalaria

32 Religião, Filosofia e Ciência

33 Filosofia

33 Ciência

33 Sustentação das três

35 Considerações e Lucubrações sobre o que já foi colocado

36 Pressupostos

39 Questionamentos e dúvidas

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ÍNDICE
fito
vida
Materialismo
Espiritismo
Catolicismo
Evangélicos
Islamismo
Budismo
Hinduísmo
Observações sobre a Índia
A minha visão, o meu entendimento
o Fito da Vida
Sobre o autor
Fotografias e poema do autor
45 Pontos de vista materialista 49 O
da
51
54
56
57
59
61
63
63
sobre
69
71

Este livro busca despertar, em quem o ler, um entendimento, uma visão diferente, talvez nova, de qual seria o objetivo da vida, da vida como um todo, desde o seu surgimento até chegar a nós humanos “racionais”.

E qual deve ser o objetivo dessa nossa caminhada pela vida? Qual é o seu fulcro, a que devemos nos ater para evoluirmos na busca do divino que reside em nós e como devemos nos olhar perante a totalidade, perante o Uno, perante Deus? Na visão do autor, seria entendermos a não dualidade, ou seja, nos vermos como partícipes dessa Unidade, do Universo, do infinito, do imortal, do eterno, que é a ‘fagulha divina’ que carregamos em nós, a ‘fagulha’ que nos faz e, assim, devemos “Ser” e não apenas “estar” em todos os quadrantes da vida, buscando entender que somos essa essencialidade, parte dessa unidade que é Deus: “A Inteligência que rege a totalidade”.

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