Revista Home Angels | #18

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ANO 09 - Nº 18 - 2O SEMESTRE 2022 - R$ 9,00 ISSN 2317-7675
EDITORA & MÍDIAS

10 ESPECIAL PARA VOCÊ

Alimentar-se corretamente é um dos principais investimentos que uma pessoa pode fazer pensando na velhice. Como garantir uma dieta saudável? Dicas das especialistas sobre o que comer para envelhecer bem.

18 FIQUE DE OLHO

A OMS desistiu de considerar a velhice como doença na nova versão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11). Entenda o que isso significa e porque a velhice não é doença.

09 FINANÇAS

O doutor em finanças comportamentais, Jurandir Sell Macedo Jr, define a diversificação de investimentos como a melhor maneira para se preparar para a longevidade

14 AÇÕES E HÁBITOS

16 SAÚDE EM DIA

Você tem sarcopenia?

A perda gradativa de massa muscular pode ser evitada. Saiba como e descubra as consequências dessa condição crônica.

E MAIS: Os cuidados que a Home Angels oferece no pós-operatório das fraturas femoral e de quadril

06 BATE-PAPO

Conversamos com a professora e educadora Maria do Carmo dos Mares Guia Dias, que lançou este ano o livro “O Dom de Cuidar” que trata da relação dos cuidadores com a pessoa idosa e seus familiares.

20 HISTÓRIAS PARA ACORDAR

Conheça a história de Denize Moreno, a jornalista que aos 64 anos se tornou atriz de filmes publicitários e esbanja, aos 76, a energia, alegria e entusiasmo de uma jovem senhora.

E MAIS:

Aprender é sempre a melhor forma para reverter a perda cognitiva, que começa, em média, a partir dos 35 anos! Saiba o recomendado para exercitar o cérebro e aumentar as chances de afastar a demência.

04 De tudo um pouco

23 Artigo

24 Encontre a Home Angels

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Sumário
A Revista Home Angels é uma publicação semestral produzida, distribuída e comercializada pela com.Tudo Editora e Mídias. Disponível nas versões digital e impressa
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Pra viver melhor

No mercado existem diversas opções de produtos para idosos com utilidades que vão desde a ergonomia até a saúde psicológica. Se bem utilizados, esses produtos diminuem riscos e contribuem para uma melhor qualidade de vida na terceira idade. Confira:

Para ergonomia

Tubos de espuma - Segurar pequenos utensílios pode ser dificultoso na terceira idade. Os tubos de espuma oferecem uma aderência maior para canetas, talheres e escovas de dente.

Adaptador para girar botões - Indicado para aqueles que têm problemas articulares, como artrite. Contam com um cabo que facilita a empunhadura e diminui o desgaste que o movimento de giro produz.

Bastão de vestir - Esse bastão conta com um gancho e um cabo comprido. Reduz o esforço e evita posturas desconfortáveis na hora de colocar e tirar as roupas. Também pode ser usado para mudar objetos do lugar. Indicado para os que têm dificuldade em dobrar o tronco, para quem tem limitações da amplitude de movimento do braço e mão, ou que tenham um membro superior amputado.

Para a segurança

Protetor de forno - O protetor de forno tem um uso simples e serve para evitar queimaduras na cozinha. Geralmente, são feitos de silicone e colocados em volta das partes metálicas para conter as altas temperaturas. Lanternas adesivas - Geralmente são feitas de LED e acesas de forma intuitiva pelo toque na parte frontal. Ideais para os espaços mal iluminados da casa como armários, guarda-roupas e despensas.

Para a ginástica cerebral

Jogo de xadrez - O xadrez é uma das formas de prevenir o Alzheimer e desenvolver a criatividade, a memória, a concentração e o raciocínio lógico-matemático.

Revistas de sudoku - O sudoku melhora a capacidade de planejamento, concentração e algumas outras funções cerebrais. Isso porque tira a pessoa da zona de conforto que o avançar da idade traz, mantendo a ginástica cerebral e a mente ativa.

Dominó - O jogo estimula interações e convívio social, minimizando a sensação de solidão, comum na terceira idade.

4 | Revista Home Angels | 2º semestre | 2022 De tudo um pouco
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Para o conforto

Bolsa para andador - Tipo de bolsa que reserva um lugar útil e de fácil alcance para carteira, celular e chaves permitindo manter as mãos livres.

Cama articulável - Priorizam a ergonomia e o conforto para a terceira idade. Os designs são anatômicos, adaptáveis e contam com estrados motorizados acionáveis por controle remoto.

Para facilitar as tarefas

Calçadeiras para sapato - Indicada para pessoas com problemas de coluna ou dificuldades para se debruçar, ajudam a calçar os sapatos sem a necessidade de flexionar a coluna ou dobrar as pernas. Alças adaptáveis para copos - Feitas de silicone ou borracha, permitem uma melhor aderência na hora de segurar copos. Algumas peças são reguláveis e outras só servem para copos de tamanhos específicos e pré-definidos.

Borda interna para pratos - São removíveis e ajudam na alimentação com uma só mão, impedindo que os alimentos deslizem para fora do prato. É excelente para pessoas com problemas de artrite, artrose ou problemas de movimentação.

Para a saúde

Almofadas térmicas - São aquecidas no microondas e feitas com sementes que exalam aromas naturais.

Bota térmica - Adaptável aos pés e aquecida no microondas, é feita de materiais que favorecem a retenção de calor, ajudando a aliviar dores, inchaços e inflamações. Induz ao relaxamento e redução de estresse.

E MAIS

Placa modernizada - O Contram - Conselho Nacional de Trânsito - mudou a figura do "velhinho de bengala" nas placas de trânsito para uma versão mais próxima da realidade do que é hoje uma pessoa de 50, 60, 70 ou 80 anos de idade. A nova placa, que substituirá a atual num prazo de até cinco anos, mostra uma figura de pé, ao lado do número 60+, idade em que a lei brasileira considera uma pessoa idosa.

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Osotaque mineiro de Maria do Carmo, traduz uma calma típica de quem gosta de cuidar das pessoas. Apesar do perfil empático, num determinado momento da vida ela se viu, junto com os irmãos, responsável por uma mãe de 102 anos, muito lúcida mas com problema nas articulações do ombro, resultado de um acidente doméstico, fato que obrigou a família a contratar uma enfermeira para cuidar dela. Foi uma dependência temporária, mas não foi uma tarefa fácil.

As cuidadoras só chegaram na família quando dona Judith já tinha 105 anos. Apesar da longevidade ela ainda era muito vaidosa, de espírito festivo, gostava de suas joias e só as tirava para dormir.

Marici Ivanete Soares (Dona Nete), mineira de 47 anos, cuidadora há mais de doze foi quem, por cinco anos, cuidou da mãe de Maria do Carmo.

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É assim que sinto o ato de cuidar".
dom, arte, escolha, doação... é amor!
"Cuidar é
Maria do Carmo dos Mares Guia Dias, Dona Zicaca, autora do Dom de Cuidar
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"Dona Judith era bonita e muito elegante. Tocava piano e gostava de música clássica que ouvíamos juntas. Foi a paciente mais amorosa que tive. Uma pessoa especial, muito grata e muito humilde também”, afirma dona Nete.

Ela conta que a cada 15 dias, uma das filhas fazia um almoço em família e ela comia de tudo: feijão tropeiro com pimenta, mexido com farinha de fubá e ainda bebia um vinhozinho.

“Quando a gente ia aos médicos, eles queriam saber o segredo da longevidade e ela afirmava que era casa cheia, comida boa, uma cachacinha e falar umas mentirinhas de vez em quando”, relembra com saudade.

A cuidadora comenta que todos os filhos de Dona Judith eram muito prestativos, mas Maria do Carmo, por ser muito observadora, sempre tinha ideias que se tornavam soluções práticas no dia a dia.

"Ela criou o hábito de anotar essas experiências em um caderno e com isso foi fazendo um guia para ajudar a família".

A jornada complexa e repleta de aprendizados no longo viver de sua mãe levou Maria do Carmo a escrever e publicar, em junho de 2022, “O Dom de Cuidar”, uma espécie de cartilha para quem pretende ter um cuidador ou enfrenta os desafios de lidar com uma pessoa mais velha, que necessita de cuidados.

Também conhecida como Dona Zicaca, a autora concedeu essa entrevista para a revista Home Angels, por telefone, de sua casa em Belo Horizonte e depois, carinhosa, nos enviou o livro pelo correio, que chegou na mesma semana.

Conte-nos um pouco da sua história e porque decidiu escrever o Dom de Cuidar?

Sou de Santa Barbara, cidade próxima a Belo Horizonte, em Minas Gerais, quinta filha de uma família de 8 irmãos. Me formei em ciências biológicas pela UFMG e em Letras, com diploma expedido pelo Ministro de Educaciòn y Ciencia del Reino de Espana, tendo lecionado primeiramente no ensino médio e depois como professora de espanhol por 16 anos. Sempre revezei os cuidados da minha mãe com meus irmãos, mas como ela viveu até os 110 anos e no fim da vida precisou de cadeira de rodas e perdeu um pouco a percepção da realidade, achamos mais prudente contratar uma cuidadora. Na verdade, uma equipe, para que fosse cumprida a lei e nenhuma delas trabalhasse mais de 12 horas. Foram muitos anos de aprendizagem, adaptações de um novo modelo de casa, layout de quarto

até troca de informações com as cuidadoras. Essa trajetória me proporcionou lições aprendidas e senti que era preciso descrever essas experiências com o objetivo de ajudar outras famílias que passam pelo envelhecimento de seus entes queridos. Em meu livro, eu digo que a relação cuidador versus família deve ser um triângulo onde a comunicação, a cooperação, o entendimento, o respeito e a harmonia contribuem para que envelhecer possa ser ameno, delicado e digno. Eu hoje vivo uma realidade de defesa do idoso.

Que dicas sugere como melhor caminho para cuidar de um idoso?

Um dos capítulos do meu livro é o “Envelhecer pode ser Embelecer”. Existem uma série de pequenos detalhes que podem ser pensados como uma louça nova sobre a mesa, uma flor colocada num

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vaso para alegrar o ambiente, uma cama bem arrumada, enfim, a beleza deve ser considerada. Sugiro dicas práticas como manter o enxoval do idoso todo em branco para facilitar a troca mais rapidamente. Peças descombinadas e de cores variadas não ajudam na rotina de cuidados. Ter um bom estoque de toalhas de rosto e de mão que são muito usadas no leito para limpar e enxugar as mãos ou para serem colocadas no peito quando da ingestão de líquidos também são muito úteis. O idoso é também mais sensível às mudanças de temperatura e precisa estar sempre bem agasalhado. Sua pele também merece atenção especial, desde o sabonete à textura dos tecidos.

Quais são os maiores desafios nesse sentido?

Um dos grandes desafios é achar a pessoa certa para a função. O profissional ideal é aquele que está preparado para passar por um período inicial de rejeição. Também precisa ter uma boa formação, no mínimo, segundo grau completo, 180 horas de curso e, após as aulas teóricas, 100 horas de estágio em casas de permanência para idosos. Além de ter muito o dom de cuidar, de olhar para o outro com amor, se importar com o outro e consigo mesmo. É isso que torna o envelhecer um embelecer. Outro desafio é que o idoso aceite ser cuidado. A maioria deles tem dificuldade em aceitar essa interferência na sua dignidade, na sua intimidade, na sua vida. Os desafios são muitos, mas não podem representar um problema. Ficar velho não precisa ser ameaçador. É possível envelhecer com dignidade.

Quais os deveres e cuidados que uma familia deve ter ao contratar um cuidador?

A lei determina que a jornada desse profissional seja de 12 horas para 36 horas, o que faz com que a família geralmente precise contratar uma equipe de pelo menos quatro cuidadores. Um dos cuidados que muitas famílias tomam é ter uma câmara instalada na casa pois há muitos casos de roubo e maus tratos com idosos, que ficam a mercê daqueles profissionais sem ética.

Como é a relação desses cuidadores com a família? Quais os maiores desgastes do dia a dia?

A cuidadora chega na vida da família e ela é um ser desconhecido na rotina dessas pessoas. A convivência e a aceitação do idoso com a cuidadora e vice versa, vem de uma empatia que é criada

paulatinamente e requer boa vontade e perseverança, sobretudo, por parte da cuidadora. Ao escolher essa profissão de cuidar do outro, a pessoa tem que querer e se esforçar para aprender todas as nuances que esse cuidado requer. É um desafio aprender mais sobre outro ser humano, respeito à sua intimidade, limitações, e saber agir com ética, discrição, educação, espírito de equipe e afeto. É uma relação parecida com a do professor e do aluno: começar uma caminhada, olhando para frente e acreditando que vai dar certo. Requer também escuta dos dois lados, diálogo e compreensão. Outro problema comum nos dias de hoje é o uso excessivo do celular. Alguns verificam o aparelho o dia inteiro e chegam a se afastar do idoso para atender ligações. Muitos também não cuidam da higienização correta do aparelho. Telefone do trabalho deveria ser controlado e usado somente como ferramenta para ajudar nos horários da medicação e alimentação, por exemplo.

Quais são os diferentes tipos de idosos?

Existe o idoso que tem autonomia da sua vida. Esse é o mais fácil de cuidar, mas ao mesmo tempo o mais difícil de aceitar ser cuidado. No entanto, a maior parte daqueles que precisam de cuidados, são pessoas com problemas de ordem física, como surdez ou locomoção como artrite, reumatismo, dificuldade de andar, etc. Há também aqueles que tem problemas cognitivos como Parkinson, Alzheimer, nesses casos é preciso de um cuidador com habilidades especiais e de preferência com experiência na área.

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"A relação cuidador versus família deve ser um triângulo onde a comunicação, a cooperação, o entendimento, o respeito e a harmonia contribuem para que envelhecer possa ser ameno, delicado e digno"

Especialista em finanças define diversificação como melhor investimento

Ao todo o brasileiro ganhou 30 anos de longevidade, mas esse tempo de vida é um ônus ou um bônus?

Jurandir Sell Macedo Jr é Doutor em Finanças Comportamentais e um dos pioneiros nesta área no Brasil. Sua formação com pós-doutorado em Psicologia Cognitiva pela Université Libre de Bruxelles (ULB) o credencia para temas de finanças e empreendedorismo, mas traz também o aspecto humano para o assunto. Autor de vários livros sobre finanças pessoais, entre eles 4 dimensões de uma vida em equilíbrio, em parceria com Denise Hills e Martin Iglesias, e professor titular do Departamento de Engenharia do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina, ele conta que o brasileiro ganhou mais de 30 anos de expectativa de vida nos últimos anos e ensina que essas décadas que ganhamos, podem ser um bônus, mas também um tremendo ônus.

“Tudo depende de como as pessoas se preparam para esse período da vida. E não é só a questão financeira. O capital financeiro é só uma dessas dimensões, apesar de importante”, afirma.

Para ele é preciso se atentar também a outros aspectos dessa perspectiva, o capital físico, ou seja, se a pessoa ainda tem mobilidade e como cuidou do seu corpo; o capital social, se tem amigos, criou novos afetos, além de uma boa relação com a família, e por fim o capital Intelectual, que ele define como alguém contemporâneo ao seu tempo.

“As pessoas de baixo capital intelectual são aquelas que dizem, no meu tempo era melhor, ou aquelas que tem preconceitos”.

Seguindo essa lógica, as pessoas que conseguem colocar em equilíbrio essas quatro dimensões são as mais propícias a viver esses 30 anos como

bônus e não como ônus. Em relação a questão financeira e como se preparar adequadamente, ele divide o tema em perfis econômicos.

“Se o perfil é de baixa renda, é importante lembrar que nós temos uma ótima previdência pública, o que favorece para quem paga o imposto e pode ter uma renda de até dois salários-mínimos. Já para aqueles com renda maior, uma boa reserva ao longo da vida é uma das soluções”, afirma.

Apesar de estimular a guardar dinheiro, o especialista conta que é contra ter esse, como único caminho, por acreditar que muitas pessoas não pretendem se aposentar.

“Muita gente perde o propósito da vida, quando para de trabalhar”, constata. O perfil de investimento do brasileiro, segundo ele, é mais inocente.

“As pessoas ainda investem majoritariamente em poupança ou imóveis no Brasil, quando na verdade o ideal é investir, seguindo as orientações de uma boa consultoria financeira, em ações, previdência privada, ou seja, de maneira diversa”, conta.

Em outras palavras, para o especialista, a melhor maneira de proteger o capital é a diversificação de investimentos. Ele entende o dinheiro como um meio e não um fim.

“O ideal é viver com qualidade de vida no presente, sem prejudicar o futuro. Tem muita gente que ainda pensa em deixar herança. Eu tenho estudado muito e orientado sobre a possibilidade de vender um imóvel para uma instituição financeira e poder continuar morando no mesmo imóvel, mais conhecido no mercado como hipoteca reversa, para garantir alguma qualidade de vida para quem só tem um único imóvel”, conclui.

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Especial para você

Alimentar-se de maneira equilibrada e saudável é um dos principais investimentos que uma pessoa pode fazer pensando em qualidade de vida na terceira idade. A longevidade depende 25% de herança genética e 75% da alimentação equilibrada e hidratação adequada.

A importância da alimentação para uma vida saudável na longevidade

Atualmente no Brasil, temos 55 milhões de pessoas com idade entre 50 e 100 anos. Desde meados do século passado, os brasileiros ganharam, em média, algumas décadas de vida, o que ampliou significativamente o número de famílias com longevos. Dos cerca de 210 milhões de habitantes do país, 37,7 milhões de brasileiros possuem 60 anos ou mais.

Segundo dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional, de 3,4 milhões de idosos acompanhados na Atenção Primária à Saúde em 2021, 11,82% apresentaram baixo peso e 52,11, sobrepeso.

Para Bruna Zillesg, professora do curso de Nutrição da Estácio, a atenção com a alimentação é algo que tem que ser trabalhado desde a gestação para se chegar na velhice com mais tranquilidade. Ela enfatiza que todo tempo é momento de se ter uma alimentação saudável, pois isso sempre trará benefícios. “Na velhice, ela é imprescindível para intensificar a prevenção de doenças e tratar as existentes, se caso tiver”, conta a especialista que também fez mestrado em Nutrição em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.

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Já para Daniellle Fontes, nutricionista formada pelo Centro Universitário São Camilo, Nutricoach pelo método Sophie Deram com especialização em Terapia Nutricional pelo GANEP e especialização em Fitoterapia funcional pelo instituto VP, uma boa nutrição pode ajudar também no sistema imunológico da pessoa.

“O corpo mais velho já se encontra cansado, por ter trabalhado por vários anos e lida com um sistema mais delicado. É importante poupar esse sistema metabólico, principalmente em relação ao fígado e pâncreas, tendo uma dieta mais equilibrada”, enfatiza ela.

Para a professora Sandra Chemin, coordenadora de nutrição do Centro Universitário São Camilo, a nutrição é a mola propulsora da saúde da humanidade.

“Para se ter uma vida com mais qualidade e longeva, deve-se buscar em todas as fases da vida, ter bons hábitos alimentares. Qualidade de vida neste caso deve ser vista como ter capacidade física para os trabalhos diários, possibilidade de interação social e manutenção da atividade intelectual”, conta a especialista que é formada em nutrição com doutorado na área e também é 60+.

As especialistas entrevistadas pela Home Angels concordam que uma alimentação ideal é aquela equilibrada e sem excessos. A professora Bruna sugere como base, a ingestão os alimentos in natura ou minimamente processados, que seja bem colorida e diversificada, isto é, com a presença diária de verduras, legumes e frutas.

“Costumo dizer para meus pacientes e alunos(as) que podemos comer de tudo, mas de maneira equili-

brada evitando o consumo frequente de frituras, embutidos e alimentos ricos em sal”, afirma.

Já a coach Danielle lembra que o que acontece muito com os idosos é que eles se alimentam bem no almoço, com refeições contendo salada, proteína e carboidratos, mas mal no jantar, comendo só um lanche, torrada ou chá.

“Isso acaba gerando um déficit protêico. As proteínas são bem importantes para a estrutura dos ossos e dos músculos, como também para o sistema imunológico”, alerta ela.

Sandra Chemin lembra que o idoso tem uma diminuição de sua necessidade energética, pois o corpo passa a necessitar menos e as atividades também diminuem.

“Mesmo com esta desaceleração do metabolismo, o idoso deve consumir a quantidade suficiente de calorias e nutrientes, especialmente proteínas, vitaminas e minerais”, afirma a coordenadora de uma das mais conhecidas universidades de Nutrição do país, a São Camilo

As especialistas afirmam de um modo geral que é possível prevenir doenças também com uma alimentação adequada. Uma dieta saudável nutri o corpo com vitaminas, minerais e fibras que regulam metabolismo, retardam o envelhecimento e fortalecem o sistema imunológico. Mas é importante fazer isso ao longo da vida.

“Um paciente que tem diabetes, por exemplo, pode prevenir a entrada da hemodiálise, compondo uma dieta controlada com proteínas e sódio”, afirma Danielle.

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Bruna Zillesg, professora do curso de Nutrição da Estácio Daniellle Fontes, nutricionista formada pelo Centro Universitário São Camilo Fotos: divulgação

A importância da rotina alimentar

Outro ponto importante em relação a alimentação nessa faixa etária é manter uma rotina diária na alimentação, pois dessa forma é mais garantido que o idoso consiga ingerir um pouco de cada nutriente o que facilita o planejamento das compras dos alimentos e das preparações. Os idosos geralmente consomem mais preparações ricas em açúcares e sódio, visto que, fisiologicamente, há uma perda gradativa do paladar. Eles também costumam pular refeições ou procurar preparações mais rápidas, principalmente se moram sozinhos e não convivem de maneira constante com amigos e familiares ou até mesmo se possuem dificuldade visual ou de locomoção. Com isso, as refeições se tornam mais monótonas e menos colorida. No entanto, é possível observar uma crescente busca por cuidados com a saúde entre as pessoas da terceira idade, de maneira especial, na alimentação saudável e na prática de atividade física. Sandra Chemin lembra que essa rotina não quer dizer monotonia alimentar e sim estabelecer horários, ler rótulos evitando alimentos com conservantes, acidulantes ou corantes, higienizar bem os alimentos, assim como as mãos, não abusar de bebidas alcoólicas, não ingerir grandes quantidades e mastigar bem os alimentos.

Baixa imunidade

Segundo apurou a revista Home Angels, a redução da imunidade dos idosos se dá principalmente pela baixa ingestão de frutas, legumes e verduras e do alto consumo de alimentos açucarados, proporcionando um desequilíbrio na alimentação. Muitos idosos também permanecem mais reclusos, não saindo de suas casas para exposição ao sol. Dessa maneira é possível notar um crescente déficit de vitamina D que pode contribuir para debilitar o sistema imunológico.

Sobre a ingestão de calorias, as especialistas entrevistadas defendem que depende bastante de sua idade, do sexo, da prática de atividade física e da existência de determinadas doenças que podem impactar no gasto energético.

“É fato que nosso metabolismo vai reduzindo conforme o avançar dos anos e que a ingestão calórica deve ser reajustada. Quem poderá contribuir muito com essa avaliação é o nutricionista. Porém, reforço que mais importante do que se pensar em calorias é pensar na qualidade da alimentação”, afirma a professora da Estácio, Bruna Zillesg.

O Ministério da Saúde, lançou em julho de 2022, um guia alimentar focado nessa faixa etária, visando a diminuição de bebidas adoçadas e alimentos ultra processados. O Guia Alimentar para a População Brasileira na Orientação Alimentar da Pessoa Idosa incentiva o consumo diário do feijão, legumes, verduras e das frutas e enfatiza a importância de se alimentar em ambientes apropriados e com atenção. O guia contempla também a justificativa dessas recomendações e aponta possíveis obstáculos, além de apresentar estratégias para superá- los.

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Especial para
Sandra Chemin, coordenadora de nutrição do Centro Universitário Foto: divulgação

Já Danielle Fontes lembra que essa ingestão de calorias deve se basear em uma nutrição básica, nem mais, nem menos, o suficiente para seus gastos energéticos.

“Se o idoso ainda trabalha, é ativo, se exercita, vai buscar os netos na escola, ele precisa ingerir mais calorias”, afirma a coach.

Alimentação X Doenças

Na terceira idade as doenças crônicas como diabetes, hipertensão arterial sistêmica (pressão alta) e hipercolesterolemia (colesterol alto), são as mais lembradas pelas especialistas que consideram que essas doenças têm relação com a alimentação, tanto na sua origem quanto no seu controle, mas também com estilo de vida e estresse. Mas, várias delas podem ser prevenidas pela alimentação.

“As principais são as DCNTs – Doenças Crônicas Não transmissíveis, que são as principais causas de mortalidade, não só no Brasil como em todo o mundo. Estas doenças têm alta prevalência especialmente nos idosos e é um grande problema de saúde pública, que pode ser minimizado pela alimentação balanceada”, aponta Sandra.

Além disso, é importantíssimo lembrar de se hidratar, pois várias pessoas na terceira idade se esquecem de beber água ou a acham a água sem graça.

“Uma dica para o aumento da ingestão desse líquido é colocar rodelas de laranja ou limão ou um ramo de hortelã na garrafa de água, assim ela adquire um leve sabor e se torna mais atraente para o consumo”, sugere Bruna.

Danielle conta que os idosos tem uma percepção de sede menor, por isso, é importante lembrar de beber água, mesmo sem sede.

“Nossas células precisam de água para conseguir trabalhar de maneira adequada, nosso intestino precisa de água para formar o bolo fecal e conseguir evacuar regularmente, nossa pele precisa de água para evitar rachaduras e machucados, nossa boca precisa de água para ajudar na formação da saliva. A ingestão adequada de água é de 35ml multiplicado pelo peso corporal, mas atenção, algumas doenças necessitam de restrição hídrica, por isso sempre converse com seu médico(a) e nutricionista”, ensina ela.

cotidiana não se restringe apenas à diminuição de calorias, mas como estes alimentos são consumidos, adquiridos e preparados. Veja as dicas das especialistas:

 Não utilize o forno de microondas para preparar os alimentos, pois eles destroem as vitaminas

(especialmente a B1, B6, E e C) e os ácidos graxos ômega 3.

 Fracione a dieta em 4 ou 5 refeições e não ingira refeições volumosas de uma só vez

 Consuma de 3 a 4 porções de fruta frescas diariamente

 Prefira o óleo de canola, girassol ou azeite.

 Na hora de escolher frutas e verduras, prefira as de cor intensa.

 Evite carnes gordurosas ou preparações à milanesa ou à dorê.

 Quando comer carnes vermelhas, opte pela as que possuem menos gordura (filé mignon, patinho, coxão duro). Dê preferência às carnes cozidas, assadas ou grelhadas.

 Elimine da dieta, ou diminua a quantidade de salsichas, mortadela, presunto, margarina, maionese, chantilly e queijos amarelos.

 Diminua a quantidade de caramelos, balas, bombons, refrigerantes, compotas, frutas cristalizadas.

 Reduza o sal e elimine o saleiro da mesa.

 Aumente a quantidade de fibras. Coma mais verduras, tanto cruas como cozidas. A fibra auxilia na diminuição do colesterol.

 Não substitua rotineiramente o almoço ou o jantar por lanches.

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Perda cognitiva

Àmedida em que a idade avança, a velocidade de transmissão do impulso nervoso entre os neurônios diminui e com isso, a memória, assim como outros processos do corpo, sofre um desgaste e pode começar a falhar. O declínio da memória começa a ser notado a partir dos 50 anos, intensificando-se após os 60. Entretanto, isso não significa que todos terão problemas de esquecimento ao envelhecer. Uma pessoa ativa intelectualmente, que estuda e lê bastante, pode adiar o aparecimento dessas falhas de memória. Entretanto, quando essa situação foge à normalidade, é necessário procurar ajuda profissional.

Por que acontece? Existem dois tipos de memória: a de curto e a de longo prazo. Cada uma, por sua vez, tem várias categorias de organização. A memória de curto prazo é influenciada pelos órgãos do sentido, como visão e audição. É ela que nos ajuda a memorizar, por exemplo, a vaga onde deixamos o carro no estacionamento do shopping. Já a memória de longo prazo é onde ficam guardados os fatos importantes de nossa vida, como o casamento, nascimento de filhos, a viagem de cruzeiro marítimo, entre outros aprendizados. Conforme a linha do tempo avança, as duas memórias passam a funcionar com menos eficiência. A diminuição relativa na entrada de novas informações sensoriais é um dos fatores para isso.

Quando se preocupar? Nossa memória é seletiva, guardamos apenas o que consideramos importante, mas quando as falhas e esquecimentos passam a ser frequentes e provocam prejuízos nas atividades do dia a dia, com necessidade de repetição de ações por ineficiência da memória, é aconselhável buscar orientação médica.

Tipos de perda cognitiva

1 - Declínio Cognitivo Subjetivo: É quando uma pessoa começa a ter lapsos de memória mas não tem dificuldades para as atividades normais do dia a dia e sua avaliação clínica é normal.

2 - Comprometimento Cognitivo Leve: É quando a pessoa apresenta uma perda discreta de memória e tem dificuldades para realizar tarefas, como cozinhar, dirigir, trabalhar, etc. Nessa situação os testes cognitivos começam a ter erros.

3 - Demência: É a última fase do processo de perda cognitiva. Pessoas com esse diagnóstico já não conseguem mais cuidar das próprias tarefas sozinhos e precisam de auxílio.

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O que isso significa e como lidar com ela

Medidas preventivas

Mesmo que ainda não haja nenhum tipo de medicamento para frear as perdas cognitivas resultantes do envelhecimento, algumas intervenções e práticas podem ajudar a retardar esse problema. Conheça 10 dicas que ajudam nesse processo.

1 - Evite fazer muitas tarefas ao mesmo tempo A prática de realizar trabalhos simultâneos contribui para a falta de atenção nas ações e, consequentemente, o esquecimento.

2 - Mantenha a saúde em dia O controle da pressão arterial e do colesterol, a manutenção dos níveis de açúcar dentro da normalidade, a prática de atividade físicas e não fumar, merecem atenção em tempo real.

3 - Enriqueça seu cardápio

Priorize o consumo de frutas, legumes, verduras, grãos, azeite e carnes brancas. Evite as carnes vermelhas, gordura e açúcares.

4 - Tenha boa qualidade de sono Para melhorar a memória, não basta somente fechar os olhos. Pessoas que dormem bem apresentam menores riscos de sofrer declínio cognitivo. Em contrapartida, aqueles que apresentam insônia ou apneia do sono aumentam as chances para o problema.

5 - Pratique atividades físicas

Atividades como correr, nadar e andar de bicicleta, associadas a exercícios de resistência, como pilates e yoga apresentam excelentes benefícios.

6 - Exercite seu cérebro

Invista em aulas de dança, estudo de novos idiomas e jogos que contribuam para melhorar a capacidade da memória. Treine o tempo todo. Aproveite até mesmo as pequenas oportunidades (montar a lista do supermercado ou ligar para pessoas conhecidas sem recorrer à agenda do celular) para exercitar a memória.

7 - Cultive relações saudáveis

Manter atividades sociais é sempre importante. Estar junto com amigos e pessoas queridas e trabalhar para não perder esse tipo de vínculo ao longo da vida, é importante para manter a saúde mental e a memória.

8 - Descanse

O descanso, assim como a meditação, é uma forma de consolidar as memórias. O período de ócio é fundamental para que a mente consiga ter atenção em algo que não seja somente o problema.

9 - Domine a ansiedade

Colocar atenção plena nas atividades que realiza ajuda a se lembrar das coisas porque a memória depende de atenção.

10 - Recorra a lembretes Agenda, calendário e notificações das ferramentas do celular ou objetos físicos, são aliados da memória porque facilitam o acesso a informações sem muito esforço.

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A recomendação é: ajude seu cérebro para que ele possa ajudar você!

Você já ouviu falar sobre a Sarcopenia?

Reconhecida em 2016 pela Organização Mundial da Saúde como doença, a sarcopenia é uma palavra de origem grega que significa “perda de carne”. Prevenir e tratar esta patologia pode melhorar muito a qualidade de vida da população sedentária e idosa.

Trata-se de uma síndrome caracterizada pela perda progressiva da massa e força muscular. Aparece a partir dos 50 anos de idade, período em que ocorre maior redução da quantidade e tamanho das fibras que formam os músculos, redução da atividade física, e principalmente de hormônios como estrogênio e testosterona.

A falta de massa magra provoca inúmeras dificuldades na vida do idoso como desequilíbrio, dificuldade para caminhar, carregar peso, fazer compras, arrumar a casa, tomar banho, levantar-se da cadeira ou da cama, subir e descer degraus. Está relacionada também a vários episódios de quedas e fraturas e comprometimentos cognitivos, com alterações da memória e quadros depressivos, perda da independência e maior risco de óbito.

Relação entre a doença e o envelhecimento

A sarcopenia pode ser causada por alterações hormonais e fisiológicas do próprio envelhecimento, mas também está associada ao estilo de vida sedentário, má alimentação e falta de exposição solar. Doenças como câncer, processos infecciosos e inflamatórios graves, além do histórico de trauma grave, predispõem a uma perda muscular acelerada. Sem medidas preventivas, estima-se que idosos com 80 anos de idade possam ter somente 50% da massa muscular da juventude.

Como tratar a sarcopenia

O tratamento é baseado principalmente no estímulo muscular através de exercícios físicos de resistência e no suporte protêico-calórico adequado a cada caso. A quantidade de calorias recomendada depende da idade do indivíduo e das suas atividades diárias. A ingestão de proteínas

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encontradas em fontes animais (ovos, laticínios, peixes, carnes), além da ingestão de micronutrientes (vitaminas e minerais), obtidos no consumo de frutas, verduras e legumes variados é a mais indicada.

Exercícios de resistência (como a musculação), que promovem aumento da massa e da força muscular, associados a exercícios aeróbicos (como caminhada, corrida, bicicleta natação), que não alteram a massa magra, mas reduzem a gordura corporal e trazem benefícios cardiovasculares são os mais indicados, especialmente nos casos em que a obesidade ocorre junto com a sarcopenia. Recomenda-se uma avaliação prévia de riscos cardiovasculares e possíveis alterações ortopédicas que possam limitar a realização de exercícios específicos, sempre acompanhados por um profissional da área.

É fundamental manter a constância no treinamento físico para que os resultados apareçam e ter consciência de que a suspensão do mesmo implicará na redução ou perca dos benefícios alcançados. Não menos importante é ficar atento aos agravantes da sarcopenia como as doenças endócrinas, pulmonares e osteoarticulares, dentre outras. A rotina dos check-ups é uma estratégia essencial para o bem-estar e a saúde.

Prevenção: quando iniciar?

A sarcopenia decorre não apenas da perda de massa muscular durante a vida adulta, mas também sofre influência do reservatório de massa muscular adquirido na juventude. O pico desta massa muscular ocorre em torno da segunda década de vida e depende da genética, alimentação e do nível das atividades físicas. Nunca será demais reforçar: atividade física e alimentação adequada são essenciais para uma vida saudável, desde a juventude até a idade mais avançada.

Quebrou... e agora?

Fratura femoral e de quadril necessitam de cuidados específicos no pós-operatório. A fisioterapia se torna essencial já nos primeiros dias, uma vez que o retorno gradativo ao movimento é tão importante quanto o processo cirúrgico.

Independentemente da idade, no pós-operatório cirúrgico de fêmur e quadril alguns movimentos e posições precisam ser evitados, como: não fazer movimentos rotatórios ou cruzar a perna operada, não assentar em cadeiras baixas e, quando sentado, não ficar com o tronco inclinado para frente, manter sempre o pé em linha reta, quer esteja deitado, sentado ou em pé, ao deitar, manter uma almofada cilindrica entre as pernas, deitar somente de lado, sobre a perna não operada, mantendo a almofada entre as pernas. Para evitar que a prótese de quadril saia do lugar, é fundamental não girar a perna com a prótese para dentro ou para fora, não apoiar todo o peso do corpo na perna com a prótese e manter a perna com a prótese esticada, sempre que possível.

É essencial também orientar o paciente sobre como subir ou descer da cama, qual o movimento ideal ao subir uma escada, acompanhá-lo na realização de exercícios respiratórios e encorajá-lo a levantar-se sozinho e começar a andar o mais cedo possível para evitar complicações cardíacas, trombose, embolia pulmonar entre outros.

O tempo de cura vai depender das condições físicas do paciente. Parar de fumar e alimentar-se bem são essenciais para a cicatrização completa da ferida.

A Home Angels possui cuidadores treinados e supervisionados para acompanhar pessoas desde a internação até a alta hospitalar, com continuidade do atendimento na residência. Eles são orientados a observar e registrar qualquer alteração que possa surgir, como inchaços, sangramentos no local do corte, vermelhidão, dores, etc, e assim oferecer as informações essenciais ao acompanhamento médico.

Além de prestar cuidados básicos de higiene, alimentação e vestimenta, o profissional também faz o acompanhamento a terapias orientadas, aos retornos médicos e no controle dos medicamentos.

Faz para o idoso apenas o que ele não consegue fazer sozinho e incentiva atividades adequadas à sua capacidade atual, mas também está junto quando a limitação é grande, preservando a dignidade do assistido. Promove o bem-estar, resgata a autoestima, melhora a qualidade de vida do idoso e traz mais segurança e tranquilidade aos familiares.

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Velhice não é doença Velhice não é doença

Pressionada, a OMS não inclui a “velhice” na nova classificação de doenças, o que iria reforçar o etarismo e afetar políticas públicas dirigidas às pessoas idosas

AOMS desistiu de classificar velhice como doença na nova versão CID-11 (Classificação Internacional de Doenças), que entrou em vigor no início deste ano. A proposta anterior previa substituir o termo senilidade, já presente na CID, por “velhice sem menção de psicose; senescência sem menção de psicose; debilidade senil”.

O recuo do órgão aconteceu após intensa pressão de organizações científicas e da sociedade civil, temerosos de que a inclusão de “velhice” na CID mascarasse problemas reais de saúde para a terceira idade e aumentasse o preconceito contra idosos.

Considerar o parâmetro cronológico de 60+ como fator de velhice, poderia, num futuro próximo, abrir espaço para que fases como adolescência ou infância passassem a ser entendidas como “enfermidades”. Agora, no texto aprovado, a expressão “velhice” foi substituída por “envelhecimento associado a declínio na capacidade intrínseca”. Mas o que isso trouxe de bom?

Para a Dra. Roberta França, médica geriatra e referência em envelhecimento saudável e qualidade de vida dos 60+ “o recuo foi uma grande vitória para a população idosa de todo o mundo, como também para a geriatria, gerontologia e para nossa batalha ao longo dos anos no sentido de que a velhice fosse vista como uma

FIQUE DE OLHO

vitória da vida e não como uma punição. Todos vamos nascer, crescer e morrer e não podemos transformar um processo que é natural em doença. Se estamos evoluindo na geriatria e na gerontologia, na ciência e na medicina para assegurarmos mais qualidade de vida aos anos que estamos ganhando, não faz sentido transformarmos o processo da longevidade em processo de doença".

Ainda segundo ela, “a decisão só não foi boa para os planos de saúde pois para eles seria conveniente ter a velhice transformada em patologia. No preenchimento da anamnese (aquelas perguntas que todo plano faz antes de aceitar um associado), o fator 60+ passaria a ser considerado uma doença pré-existente. Nesse caso, poderiam criar regras mais duras ou mais onerosas para impedir ou dificultar o acesso dos idosos à assistência médica privada numa fase em que há muitas fragilidades. Isso elevaria uma carga brutal no atendimento da saúde do setor público, que já é bastante deficiente”.

Somos um país de cabelos brancos

“No Brasil ainda temos a ideia errônea de que somos um país jovem, do samba, futebol e carnaval, mas na verdade o país envelheceu. Temos hoje uma gama populacional da terceira idade quase igual à população 60-. Precisamos aceitar que somos um país de cabelos brancos e vamos ter que olhar com mais atenção para isso: não temos políticas públi-

cas, nem uma sociedade que olhe para a velhice com a importância que a velhice tem. Não podemos mais fingir que somos um país jovem” - conclui ela.

Envelhecimento e velhice: entenda esses processos

O envelhecimento é um processo natural, onde ocorrem mudanças biopsicossociais específicas, associadas à passagem do tempo e varia de pessoa para pessoa, porque está sujeito tanto a fatores internos, quanto aos influenciados pelo estilo de vida, características do meio ambiente e pela condição de saúde de cada um. Envelhecemos desde que nascemos, logo, envelhecemos conforme vivemos. Por isso, é importante reconhecer que a idade cronológica não é um marcador preciso para as mudanças que acompanham o envelhecimento. Já o termo velhice independe de condições de saúde e hábitos cotidianos, é individual, e pode vir acompanhado de perdas psicomotoras, sociais e culturais. A velhice tem uma dimensão existencial, que modifica a relação da pessoa com o tempo, gerando mudanças em suas relações com o mundo e com sua própria história. Vivenciá-la é conviver com as modificações físicas e fisiológicas do envelhecimento.

SAIBA MAIS

A CID existe desde 1900 e consiste em um conjunto de 55 mil códigos utilizados por profissionais da saúde, pesquisadores e formuladores de políticas públicas. A classificação é usada para as causas de internação de pacientes e de morte nos atestados de óbito. O texto, em sua 11ª atualização, é totalmente digital, tem um novo formato e recursos multilíngues que reduzem a chance de erro. Ela também melhora a clareza dos termos para o público em geral e facilita a codificação de detalhes importantes, como a disseminação de um câncer ou o local exato e o tipo de fratura. Além dessas atualizações, a nova versão inclui novos capítulos sobre medicina tradicional, saúde sexual e distúrbios relacionados a jogos – que agora foram adicionados à seção sobre transtornos aditivos.

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Dra. Roberta França, geriatra, criadora do projeto social Cantinho da Geriatria (www.cantinhodageriatria.com.br), que promove ações sociais gratuitas para idosos. Foto: divulgação

Histórias para acordar

Mudar de profissão na terceira idade é uma idéia que a princípio pode parecer assustadora, cansativa e até improvável, mas quem encarou este desafio costuma dizer que a experiência é libertadora.

Virando a chave

Histórias de homens e mulheres que se ressignificaram nesta fase da vida são destaques nas midias impressas e digitais. É o caso de Rosa Saito, que tornou-se modelo profissional aos 68 anos e hoje, aos 71, é agenciada pela Mega Model Brasil. Com a marca registrada de seus cabelos brancos, já estrelou campanhas da Natura, Carmen Steffens, Dzarm e Authentic Fee, entre outras.

Outro exemplo é a cozinheira Palmirinha Onofre que aos 68 anos, época em que sustentava seus três filhos com o dinheiro dos salgadinhos que fazia, foi chamada para participar como colaboradora de culinária do programa Note e Anote, da TV Rede Record, onde ficou por mais de cinco anos. Famosa pela simpatia e empatia com os telespectadores, recebeu e aceitou convite para comandar um programa de culinária na TV Gazeta, onde permaneceu por 13 anos. Atualmente, aos 91, foi escolhida pela Enel para explicar, nas redes sociais, o passo a passo de como acessar os canais da empresa para agilizar seus diversos tipos de serviços.

A decisão de encarar uma nova profissão pode marcar o início de uma vida muito mais dinâmica num novo mundo a ser explorado e, com sorte, conquistado. Negar o processo natural da vida só o torna pior.

Foi o que aconteceu com a jornalista Denize Moreno, uma expert em transição profissional. Aos 35 anos, ela trocou a fotografia pelo jornalismo e foi trabalhar numa editora religiosa onde atuou por durante seis anos como redatora chefe. Depois, migrou para uma revista de transportes, segmento pelo qual se apaixonou porque como repórter especial da publicação, viajava muito para cobrir as pautas.

"Foram três anos muito agitados e gratificantes. Tudo era uma grande aventura", recorda ela, com saudade.

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Por Lu Motta

Saindo de transportes, Denize desembarcou no Turismo onde passou de repórter à revisora e coordenadora editorial de uma publicação do segmento e fez inúmeros trabalhos paralelos como assessora de imprensa para hotéis, resorts, operadoras de viagens e centros de eventos, fase que terminou com sua aposentadoria, aos 60 anos.

E agora? O que fazer? Sentar no sofá e ver TV, continuar a assessorar clientes sempre insatisfeitos ou atender ao desejo de mergulhar em novos projetos? A resposta foi rápida:

"Quero e preciso de novos desafios".

Nunca fui tão feliz

Depois de um hiato de um pouco mais de três anos, período em que ocupou seu tempo revendo conceitos, projetando oportunidades e trabalhando como freelancer, dois amigos portoalegrenses que conheciam sua versatilidade intelectual e artística, incentivaram-na a tentar oportunidades de trabalho num ramo que ela sempre admirou: atriz de comerciais de TV.

"Demorei pra decidir porque eu achava que uma mulher de 64 anos, poderia se expor ao ri-

dículo. Mas um dia me enchi de coragem, fiz um book e visitei as agências que eles me recomendaram. Em pouco tempo fui chamada para testes, fui recusada nas primeiras tentativas, mas nunca desisti. Investi em cursos, oficinas e grudei em quem podia me ensinar o ofício. Deu certo! Quando soube que havia sido aprovada para um comercial da Crefisa (empréstimos para a terceira idade), quase surtei de felicidade e nunca mais parei de acreditar em mim. Hoje, aos 76 anos de idade, sou atriz de publicidade e nunca fui tão feliz".

Denize não sabe dizer quantos comerciais já fez para as agências Mondiale, Armando Casting, Typos, Bambini & Ação, Ale Casting e Cris Tonheiro em campanhas para a Perdigão, Conexões Tigre, Odonto Company, Laticinios Santa Clara, Bob´s, Spotify, McDonalds e Fibroi, ocasião em que contracenou com o ator Tony Ramos.

O que ela sabe “é que não existe nada mais prazeroso do que entrar no set às 6 da manhã, passar pelo figurino e maquiagem, ir para a gravação e repetir a cena até a aprovação final. A gente vai embora

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Denize Moreno, atriz de publicidade Foto: divulgação

Histórias para acordar

Alguns trabalhos de Denize Moreno

feliz porque sabe que fez um bom trabalho e quando o comercial começa a passar na TV eu amo assistir com meus netos, meus maiores fãs”.

Perguntada como esse trabalho ressignificou sua vida, Denize Moreno se apressa a dizer:

"Vivo sem estresse no cumprimento do meu ofício. Mantenho minha autoestima com uma alimentação saudável, cuidados com a pele e cabelos e faço longas caminhadas. Vejo meus compromissos e a vida através de lentes cor-de-rosa. Atuar não é um trabalho, é um prazer que às vezes dura até 12 horas num set de gravação".

E para homens ou mulheres da terceira idade que desejam ressignificar suas vidas, aconselha:

"O segredo para uma boa transição profissional é combinar vontade com oportunidade, disposição e disponibilidade. Enxerguem novas possibilidades e acreditem: nós não somos invisíveis e o mercado precisa do nosso perfil".

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Perdigão na Brasa Friboi - vai na confiança Conexões Tigre Bob's Fake Denize Moreno e o ator Tony Ramos Foto: divulgação

Pensar e fazer diferente? Sim, é possível

A população de idosos residentes no Brasil aumentou 40% em uma década. Com a evolução da medicina e da tecnologia a expectativa de vida vai continuar crescendo de maneira expressiva, mas a principal questão que permeia as discussões no campo da saúde mental é: o quanto a qualidade e sentido de vida acompanham (ou não) esta expectativa?

No Brasil, a ausência ou ineficácia de políticas públicas voltadas para a população idosa impactam negativamente o cotidiano destas pessoas, aumentam a exclusão social e os coloca em situação de extrema vulnerabilidade. A chegada à velhice é repleta de medos, dúvidas, mitos e estigmas, justamente porque fazemos parte da sociedade da super produtividade e do culto à juventude, onde o termo idoso é confundido com obsoleto e o saber e experiências adquiridas, ignorados. Para quem alcança a terceira idade, é um desafio manter-se motivado socialmente e ativo no mundo corporativo. Contribuem para isso a incompreensão e a falta de interesse sobre o universo dos idosos, geralmente tratados como incapazes de decidir sobre sua vida, seu corpo, seu tempo e até sobre suas finanças. Diante dessa narrativa social equivocada, o idoso geralmente retira-se do protagonismo de sua própria vida, tornando-se um espectador e dependente da decisão de terceiros. Como lidar com isso?

Com o passar dos anos é natural que as limitações físicas tenham maior impacto sobre nossa autonomia, mas essa nova condição não pode colocar o idoso num lugar totalmente improdutivo e sem possibilidades. Sentir e aceitar essas limitações possibilita modificar sua rotina e, a partir daí, perceber que ainda há muito a ser feito, sonhado e realizado.

Aquele curso que ficou para trás, frequentar uma escola de música ou uma academia para a terceira idade, aprender a explorar o smartphone para conversar com os amigos em um grupo do Whatsapp, fazer uma chamada de vídeo com aquele parente distante, pagar contas pelo aplicativo do banco no celular e até - por que não? - criar

um blog para interagir com a comunidade do mundo virtual estão entre as muitas outras opções que podem ampliar os horizontes e preencher de maneira dinâmica as horas ociosas.

A história de vida de toda pessoa é de um valor inestimável, um patrimônio pessoal e intransferível, mas ressignificar a relação com o tempo para a construção de um roteiro que traga mais motivação e dinamismo ao seu dia a dia está diretamente ligado à maneira com que você se relaciona com você mesmo, o quanto se apoia e se motiva ou o quanto é o seu pior algoz.

Por isso, quando notar que seus pensamentos o levam frequentemente para lugares onde só existe o passado ou te paralisam e te aprisionam nas paredes de sua casa, questione se não é hora de conversar com um amigo de confiança para desabafar sobre aquilo que dói pensar, pondere se uma atividade física, social ou intelectual não fariam você quebrar esse padrão mental negativo ou se uma ajuda profissional não te faria “pegar mais leve “ com você.

Pode não ser fácil mas é sempre possível a busca e conquista de novos significados para viver com mais qualidade, ter protagonismo e dar mais sentido à vida.

Artigo
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Por Erick Tozzo, psicólogo Foto: divulgação
24 | Revista Home Angels | 2º semestre | 2022 Cerca de 150 unidades em todo o Brasil AMAZONAS MARANHÃO CEARÁ GOIÁS DISTRITO FEDERAL BAHIA SÃO PAULO MINAS GERAIS PARANÁ RIO DE JANEIRO SANTA CATARINA RIO GRANDE DO SUL SERGIPE PERNAMBUCO ALAGOAS PARAÍBA EM BREVE EM BREVE EM BREVE MATO GROSSO RIO GRANDE DO NORTE PARÁ EM BREVE EM BREVE EM BREVE Acesse nosso site www.homeangels.com.br Nós podemos ajudar! e encontre a unidade mais próxima de você. Encontre a Home Angels

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