Betão nº31 - Novembro 2013

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31

N.

Revista da Associação Portuguesa das Empresas de Betão Pronto

Novembro 2013

Vida Associativa: Controlo Metrológico para Medir Melhor...  04 Técnica: Betões da Arena Pernambuco  08 Qualidade: Marcação CE dos Produtos de Construção 24 Técnica: Substâncias Prejudiciais nos Agregados para Betão  26 Património: 50 Anos da Ponte da Arrábida  34



Editorial

“Uma Guerra sem Tronos…” o

Eng. Jorge Santos Pato

Uma das séries televisivas mais badaladas dos últimos tempos e que adapta com evidente sucesso uma das mais interessantes obras literárias deste século, tem sido sem dúvida “A Guerra dos Tronos”, uma saga épica e fantasista que transporta o espectador para um mundo de reinos e terras imaginários onde a luta pelo poder não obedece a regras ou preceitos políticos, sociais ou morais de qualquer espécie. Curiosamente, não pudemos deixar de estabelecer um paralelo com o que se tem passado na indústria portuguesa, nos tempos mais recentes. De facto, ainda não se travam batalhas, nem se arrasam ou pilham aldeias, ou mesmo se abatem “à socapa” individualidades influentes ou incómodas para os desígnios ambiciosos dos pretendentes ao poder, nem existem propriamente verdadeiros tronos a conquistar/ocupar. No entanto, a crescente ausência de escrúpulos instalada no seio de muitos protagonistas dos sectores da construção, a qual atinge também a área da produção de betão, exacerbada por uma política de concorrência desleal feroz, suportada pelo clima de permissividade e pela inoperante fiscalização da actividade económica e comercial teimosamente instalados, conduziram-nos a um cenário cada vez mais caótico e desregrado, no qual o preço justo já não existe e a angústia da sobrevivência das organizações impõe a sua ditadura cruel sobre o bom senso e a qualidade desejáveis. As maiores vítimas são, afinal, quer as estruturas e os betões que as integram, quer, sobretudo, os utilizadores finais, no que concerne à salvaguarda e satisfação dos seus legítimos interesses. Hoje em dia, sabemos que as obras e os volumes de betão se tornaram, infelizmente, mais escassos em todo o país, levando a que as decisões sobre os fornecimentos dos mesmos e as respectivas adjudicações decorram a partir do preço mais baixo, independentemente dos pressupostos em que o mesmo assenta. A partir daqui caiem rapidamente no esquecimento as indispensáveis práticas de controlo da qualidade dos materiais, e no caso vertente do Betão, sublinhadas através da ignorância quase total e (tantas vezes) premeditada dos necessários ensaios de identidade.

Quando, da parte dos próprios promotores ou donos de obra, projectistas e fiscalizações, se negligenciam ou procuram facilitar as regras e as boas práticas que impendem sobre o processo construtivo e consignadas na lei, a contento de alguns dos protagonistas envolvidos no mesmo, mas colocando em risco, na generalidade dos casos, quer o utilizador, quer o património edificado, estamos lamentavelmente enquadrados num ambiente pernicioso com consequências desajustadas e lamentáveis. E quando alguns dos agentes mais sensatos, idóneos e responsáveis, se querem opor a tal desiderato, tentando reactivar e introduzir o cumprimento das normas em vigor, procurando cumprir aliás, aquilo que seria normal e expectável, e obtém como resposta o desvio da sua rota e o apagamento das imagens que tanto iluminaram, então não estamos muito longe de replicar o comportamento e o quadro de valores morais e humanos que caracterizavam algumas das sociedades de outrora, mesmo as mais fictícias descritas naquela saga histórica. Hoje, os reinos e os tronos deram lugar aos mercados e às empresas, e os reis e conselheiros transformaram-se nos detentores do poder administrativo e empresarial, público e privado. Os exércitos foram simplesmente substituídos pelo simples argumento do “preço mais baixo, custe o que custar a quem se destinam e aos utilizadores finais do betão e das estruturas”... A fome e a miséria, essas, pelos vistos hão-de continuar, tal como noutras épocas, embora de modo mais sofisticado e porventura menos aparente. Na verdade e sem grande exagero, poderemos encontrar algumas semelhanças entre a sociedade actual e o mundo imaginário da Guerra dos Tronos, só que no de agora não basta desligar o comando da TV ou fechar o livro… Quanto ao betão em si mesmo, receamos que se torne uma “espécie” cada vez mais rara, e no caso do betão de qualidade, que a APEB sempre promoveu e defendeu, “evolua” para uma espécie, perigosamente em vias de extinção…

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soluções diferenciadas A actuar no mercado do betão pronto há mais de 35 anos, a Unibetão apresenta no seu currículo um vasto conjunto de obras, cuja envergadura e desafios associados, representam para esta empresa uma consagração do seu nível de desempenho, quer na qualidade dos produtos que fabrica, quer na dos serviços que presta. Numa óptica de permanente adaptação ao mercado, a Unibetão tem registado um crescimento contínuo aliado a uma ampliação do seu raio de acção, seja pela aquisição de outras empresas, seja pela instalação de novas Centrais. Paralelamente, o seu Sistema de Gestão encontra-se certificado pela NP EN ISO 9001 desde o ano de 2000 e as suas Centrais dispõem todas de um Sistema de Controlo de Produção implementado. A aliança entre a dinâmica e a fiabilidade permite-lhe disponibilizar ao mercado da construção civil, um conjunto de soluções diferenciadas ou complementares aos betões correntes, potenciando a melhor concretização dos projectos dos seus clientes.

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Sumário

31

N.

Novembro 2013 Foto da capa: Vista aérea sobre o estádio Arena Pernambuco, Brasil (Autor: Portal da Copa/ME)

04

Vida Associativa

08

Técnica

Controlo Metrológico para “Medir Melhor”…

Arena Pernambuco: Comparação do Desempenho de Betão Autocompactável e Betão Convencional em Climas Quentes

06

Vida Associativa

19

Normalização

26

Técnica

38

Notícias

Dia Mundial da Qualidade: …apenas mais uma data?!...

NP EN 197-1:2012 O que mudou? Eng.o Mário Valente Costa

Prof. Carlos Calado, Prof. Tibério Andrade, Eng.ª Dayana Santos, Eng.º João de Carvalho Prof. Aires Camões

24

Qualidade

34

Património

Marcação CE de Produtos de Construção

50 Anos da Ponte da Arrábida no Porto

Agregados para Betão – Substâncias Prejudiciais Eng.o João André

Separata Acervo Normativo Nacional sobre Betão e Seus Constituintes

Associados da APEB: ABB, Betão Liz, Britobetão, Brivel, Concretope, Duarbel, Eurobetão, Eurocálcio, Ibera, Lenobetão, Lusobetão, Mota-Engil – Engenharia e Construção, Pragosa Betão, Prebel, Salvador & Companhia, Sonangil, Tconcrete, Unibetão e Valgroubetão. Membros Aderentes da APEB: Arcen, Arlaco, BASF, Direcção de Infraestruturas – Repartição de Engenharia de Aeródromos, Euromodal, Perta, Prefangol, Saint-Gobain Weber Portugal, Sika Portugal e Sorgila.

Propriedade APEB – Associação Portuguesa das Empresas de Betão Pronto • Av. Conse-

Design, Publicidade e Produção Companhia das Cores – Design e Comunicação Empresarial,

lheiro Barjona de Freitas, 10-A, 1500-204 Lisboa • T. 217 741 925/932 • F. 217 785 839

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• E-mail: geral@apeb.pt • Internet: www.apeb.pt • Director Eng.0 Mário Barros • Director

• E-mail: design@companhiadascores.com / marketing@companhiadascores.com

Executivo Jorge S. Pato • Coordenador Editorial João André

• Internet: www.companhiadascores.com

Depósito legal 209441/04

Os artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores.

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Vida Associativa

Controlo Metrológico para “Medir Melhor”…

Nos dias que correm é difícil encontrar actividades industriais onde não seja imprescindível assegurar a mensurabilidade de diversas grandezas associadas às características e ao desempenho dos materiais e equipamentos que lhes são afectos. No caso da construção civil e obras públicas, a adequada qualificação das propriedades das matérias-primas e produtos utilizados pressupõe que os mesmos sejam objecto de uma panóplia de ensaios de caracterização que permitam estabelecer a sua elegibilidade para as funções e aplicações pretendidas. No entanto, não basta adquirir e explorar equipamentos capazes de proceder à medição daquelas propriedades e parâmetros inerentes, já que o acto de medir só é válido se for consubstanciado com um controlo metrológico adequado, suportado pelo recurso a equipamentos rastreados e profissionais qualificados. Se é verdade que o mercado oferece diversas possibilidades de escolha de equipamentos e meios técnicos para servir as necessidades da indústria, nomeadamente no âmbito laboratorial, não será menos importante assegurar que os mesmos laborem em plenas

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condições de fiabilidade e exactidão, fornecendo valores válidos durante a vida útil dos equipamentos. É assim que a Metrologia surge inevitavelmente associada à boa utilização dos equipamentos laboratoriais, assumindo-se como um factor indispensável para garantir o sucesso e a credibilidade das medições efectuadas com os mesmos. Esta realidade foi recentemente evidenciada e comprovada através da parceria de colaboração efectiva encetada com a PERTANGOLA, no domínio das calibrações de equipamentos de controlo dedicados à realização de ensaios de controlo da qualidade, designadamente de betões, solos e agregados, betuminosos e ligantes hidráulicos. Foi assim com natural entusiasmo, que o laboratório de Metrologia da APEB, entidade acreditada pelo IPAC, iniciou uma colaboração com a empresa PERTANGOLA, disponibilizando a sua experiência e conhecimentos específicos, numa área, a da metrologia, cada vez mais determinante para o sucesso das organizações que operam no meio económico e industrial.


Vida Associativa

Actualmente, Angola assume-se como um dos maiores expoentes da nova economia em África, existindo uma diversidade de empreendimentos em curso ou programados a curto e médio prazo, que exigem uma resposta cabal e um elevado grau de desempenho dos agentes envolvidos. Para lograr atingir tal objectivo não basta, contudo, ter meios técnicos e humanos aptos e operacionais, pois a garantia da fiabilidade dos mesmos é essencial, fim para o qual os trabalhos de calibração dos equipamentos afectos ao controle dos materiais incorporados nas construções assumem uma relevância enorme. Neste sentido a PERTANGOLA planificou e despoletou recentemente em Angola, uma ampla campanha local de acções de calibração e verificação, dirigidas a uma gama variada de equipamentos, designadamente máquinas de ensaio, balanças e estufas. Realizou-se assim uma campanha alargada que incluiu uma dezena de localidades do extenso território angolano, de Norte a Sul, passando por Luanda, Benguela, Huambo, Patriota, Zango, Lubango, Cunene, Soyo, Luena e Uíge, e que prestou um serviço dedicado a diferentes entidades estabelecidas ou a operar no ramo da construção civil e na indústria de betão e agregados em Angola. Para além do serviço intrínseco inerente aos trabalhos de calibração dos equipamentos em si mesmos,

Trabalhe com

decorreu e foi transmitida durante a campanha, uma preocupação clara, e não menos relevante, em elucidar os clientes e empresas visitadas sobre as vantagens e o dever qualitativo que lhes incumbe, em manter nas melhores condições de conservação, funcionamento e exactidão os seus equipamentos, o que em justa medida assegura, não apenas o bom desempenho e a qualidade do trabalho que prestam, mas também a elevação da sua imagem no mercado envolvente e o aumento da sua credibilidade e confiança junto dos respectivos utilizadores. Foi para este último objectivo que concorreu, afinal, o resultado das acções desenvolvidas pela PERTANGOLA, saldadas por um sucesso assinalável, alicerçado, quer no conhecimento técnico aliado à experiência consolidada pelo Laboratório de Metrologia da APEB ao longo de muitos anos a operar numa área tão específica e delicada, como é a da Metrologia, quer pela própria postura assertiva e excelente grau de colaboração dos clientes, nos processos desenvolvidos durante o período em que se desenrolaram os trabalhos. Acreditamos pois, que foi dado mais um importante passo na senda das iniciativas de interacção activa com a indústria angolana, reforçando-se assim um elo de parceria fundamental para o progresso e competência técnica das organizações envolvidas.

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Vida Associativa

Dia Mundial da Qualidade: …apenas mais uma data?!... Neste mundo de inquietação permanente no qual o simples acto de acordar se transforma rapidamente num desejo premente e irresistível de voltar a mergulhar no sonho, para assim evitar cair no pesadelo do quotidiano actual, tem-se assistido progressivamente à delapidação dos valores sociais e morais básicos da nossa sociedade, alguns dos quais vincaram durante anos a cultura empresarial da indústria portuguesa. Nos meandros da actividade produtiva, comercial e industrial, o termo qualidade e os actos ou funções associados, constituíram um factor basilar essencial na maturação e consolidação profissional das organizações, sustentáculo da sua credibilidade no mercado, catalisador da sua imagem perante os clientes, e impulsionador da satisfação final dos utilizadores dos produtos e serviços disponibilizados. A maioria de todos nós, independentemente do seu meio profissional, habituou-se a lidar, a prescrever e a exigir resultados evidentes da existência de sistemas da qualidade, produtos e recursos certificados, organismos notificados e acreditados, etc., cuja presença diária nos habituámos a testemunhar numa sociedade de consumo ávida e competitiva, na qual a própria qualidade se assumiu como argumento de venda ou atracção comercial, conveniente e eficaz, afinal, também uma nova ferramenta de marketing para os seus promotores. Talvez por isso mesmo, aquele último aspecto acabou por se sobrepor em muitos casos, à própria natureza e missão intrínseca da qualidade enquanto factor gerador de mais-valias de desempenho e satisfação no mercado. Não surpreende assim, que haja sectores para os quais, dada a sua especificidade e a plêiade de agentes envolvidos nos respectivos processos produtivos, a implementação dos desejáveis níveis de qualidade sempre careceu de um maior rigor e compulsão. Um desses sectores é afinal o da construção civil, obras públicas e indústrias afins, onde se tem assistido nos últimos tempos a recuos preocupantes no percurso já traçado anteriormente, rumo à consolidação de políticas da qualidade conscientemente assumidas e funcionais. No passado mês de Novembro celebrou-se curiosamente o Dia Mundial da Qualidade, o qual coincidiu também com a abertura do 38º. Colóquio da Qualidade organizado pela APQ (Associação Portuguesa

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para a Qualidade), em paralelo com múltiplas iniciativas similares um pouco por todo o mundo, como são os casos da Semana Europeia da Qualidade (11 a 17 de Novembro), promovida pela EOQ (European Organization for Quality) e o Mês Mundial da Qualidade celebrado pela ASQ (American Society for Quality). No caso português, a APQ escolheu como tema nuclear do seu colóquio, “A qualidade para um futuro sustentável”, procurando concentrar as atenções no facto de se dever perspectivar a continuidade das acções em defesa da qualidade a médio e longo prazo, sem sucumbir no imediato à profunda crise em que o país se tem debatido. Para tal, a APQ defende que é fundamental reforçar a formação da generalidade dos profissionais da qualidade para lograr aumentar a credibilidade das suas propostas e o seu contributo para a competitividade. Não deixa de ter um sabor amargo a constatação de todos estes eventos serem realizados em prol de algo tão importante em todo o mundo, mas que, no momento actual, se afigura cada vez menos comum na sociedade portuguesa em geral e no domínio da indústria nacional transformadora em particular. Infelizmente, a realidade actual que se nos depara, sobretudo na área da construção, e que envolve inevitavelmente os subsectores das indústrias de betão e agregados, entre outras, evidencia uma regressão crua e inaceitável relativamente às boas práticas e à plena observância dos regulamentos e procedimentos aplicáveis. Uma pretensa agilização do acesso aos intervenientes nos processos de controlo e fiscalização da produção e colocação de betão no mercado, não obstante existir um acervo normativo nacional de referência de cumprimento obrigatório, tem vindo a ser confundida com um facilitismo irresponsável e desviante face aos propósitos da legislação e aos legítimos interesses dos utilizadores, que são, em última instância, o destino final da satisfação dos requisitos da qualidade que devem impender e ser assegurados aos materiais e às construções que os incorporam. Hoje, havendo menos obras e empreendimentos em curso, seria de esperar que a fiscalização e a monitorização do cumprimento das regras subjacentes a um adequado controlo da qualidade e conformidade dos Betões e Agregados, fossem mais incisivas e exigentes, visando assim a equidade perante a lei da actua-


Vida Associativa

ção dos agentes activos no mercado. No entanto, verifica-se cada vez mais o oposto, ou seja: • Obras idênticas ou com a mesma classe de inspecção (exemplo: classe 2 e 3), nas quais não são requeridos ensaios de identidade do betão em laboratórios acreditados; • Obras de classe de inspecção 3, nas quais o produtor fornece betão sem possuir a necessária certificação do controle de produção da unidade que fabrica o betão; • Obras nas quais não são realizados os ensaios de identidade por entidades independentes, externas aos diferentes intervenientes na mesma; • Obras distribuídas geograficamente por diversas frentes de trabalho numa determinada região, nas quais sendo a tipologia das mesmas igual e tendo o betão características comuns, não são aplicados os mesmos cenários ou critérios mínimos de exigência na comprovação da conformidade dos betões. De facto, e não obstante estarem estabelecidas regras claras e precisas sobre os requisitos a observar e satisfazer no domínio do controlo da qualidade dos betões aplicados na obras que ainda se vão erigindo em Portugal, constata-se com apreensão, que as mesmas não são respeitadas ou acabam até por ser negligenciadas, seja nas obras particulares, seja nas públicas, conduzindo assim o património edificado a situações inadmissíveis, cujo desfecho poderá ter consequências lamentáveis. Numa altura em que estão em curso trabalhos de revisão do normativo e da legislação que regula a actividade da especificação, produção, controlo e colocação no mercado dos betões de ligantes hidráulicos e dos agregados que os incorporam, estamos confrontados com uma obscura realidade, intolerável para um país, no qual, se já não bastassem os problemas de ordem política, social e económica que o têm perseguido, depara-se agora, também, com uma preocupante quebra nos níveis de rigor qualitativo e disciplina que se haviam defendido e estabelecido em redor das indústrias de betão e agregados. Como agravante, surgem cada vez mais situações de conivência ou passividade de diversas entidades e agentes responsáveis no processo construtivo. Criou-se um mau hábito de, sob o pretexto da ditadura dos preços e da contenção de custos, culpar a recessão pela adopção de uma política do “laissez faire, laissez passer”, como se diria na linguagem francófona. No entanto, aquilo que se deixa fazer e passar, vai deixar marcas indeléveis que muitos lamentarão no futuro. Deste modo incumbe-nos despertar a atenção daqueles que continuam a deter responsabilidades no seio do mundo da construção e obras públicas e nas actividades que a suportam, para os cenários que se estão a erigir no nosso País envolvendo a

(falta da) qualidade e que se traduzem num retrocesso relativamente aos patamares já alcançados anteriormente. Não basta, de facto, celebrar datas que não são correspondidas de forma efectiva e real, nas práticas e procedimentos assumidos e implementados na sociedade civil e industrial. Seria talvez mais prolífero estabelecer um Observatório da Qualidade que identificasse e diagnosticasse o estado actual, inventariando as situações a merecer intervenção imediata, conduzindo a soluções de curto prazo, pragmáticas e funcionais para a defesa e reinstalação dos níveis de qualidade devidos. Num país transfigurado pela crise, os investimentos na construção têm caído na perigosa tentação de dispensar ou aligeirar os preceitos e práticas inerentes ao controlo da qualidade dos materiais, como se a sua existência fosse um custo supérfluo que se possa dispensar em momentos de forte restrição orçamental. Trata-se de uma acepção errada cujas consequências acarretam problemas graves. Nesta conjuntura sobressaem também os actos de descarga da consciência, por parte daqueles que pressentindo a mera responsabilidade ou a obrigação de realizarem algumas acções formais de comprovação da qualidade dos materiais, aceitam que a oferta mais barata, (que nem sempre é aquela que está isenta de eventuais conflitos de interesses) seja a escolhida para o trabalho a executar. Sabemos que em Portugal há gente competente e qualificada na indústria de Betão, nomeadamente na vertente do Betão Pronto, mas também constatamos que em muitas obras estruturais, o grau de exigência, quer dos especificadores do projecto, quer das próprias fiscalizações adstritas aos empreendimentos é agora menor, sendo algo comum ignorar que a lei e o bom senso prevêem a intervenção de entidades independentes, designadamente laboratórios acreditados nas operações de controlo da conformidade do betão, através dos ensaios de identidade. Se já estamos a construir tão pouco em Portugal, pelo menos asseguremo-nos que quer o Betão que é concebido, produzido e colocado, quer as edificações que são erigidas, tenham a qualidade e durabilidade devidas. De outra forma continuaremos a fantasiar a realidade com a comemoração de datas aparentemente significativas, mas efectivamente desprovidas do conteúdo concreto que pretendem fundamentar. Se a Qualidade é considerada como um factor determinante para um futuro sustentável, então é preciso que os responsáveis da construção desse futuro assumam com plenitude essa premissa e sejam os primeiros valorizar e a permitir o seu importante contributo para tal cenário. Ora, aquilo que mais se vê agora no nosso País, são sobretudo as palavras e cada vez menos os actos.

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Técnica

Arena Pernambuco: Comparação do Desempenho de Betão Autocompactável e Betão Convencional em Climas Quentes Carlos Calado, Professor Adjunto da UPE, Pernambuco, Brasil; Doutorando do Programa Doutoral em Engenharia Civil da Universidade do Minho, Portugal, carlos.calado@upe.br Tibério Andrade, Professor, Mestre, Departamento de Engenharia Civil da UFPE, Pernambuco, Brasil, tiberio@tecomat.com.br Dayana Santos, Engenheira Civil, Mestre, Construtora Norberto Odebrecht, dayana@odebrecht.com João de Carvalho, Mestrando do Departamento de Engenharia Civil da UPE, Pernambuco, Brasil, eng.jribeiro@gmail.com Aires Camões, Professor Auxiliar do Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Minho, aires@civil.uminho.pt

Resumo O emprego do betão autocompactável (BAC) como alternativa ao uso do betão convencional (BC) dependerá, em grande parte, de dois fatores: qualidade e custo compatível. A qualidade abrange aspetos relacionados com a trabalhabilidade, resistência mecânica e durabilidade, e a sua aplicação deve ser devidamente comprovada por intermédio de uma avaliação comparativa de custos que demonstre a viabilidade do seu emprego em larga escala, nomeadamente em grandes empreendimentos. O presente trabalho, tem por objetivo apresentar alguns resultados comparativos de durabilidade e resistência mecânica realizados em amostras de BC e BAC, utilizados na obra da Arena Pernambuco, com o intuito de estudar e identificar possíveis diferenças no comportamento desses betões, a partir dos resultados obtidos. Elegeram-se duas das composições mais aplicadas na obra, que uti-

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lizaram a mesma relação água/cimento, uma para BAC e outra para BC, tendo sido caracterizadas por intermédio da realização dos seguintes ensaios: resistência à compressão, módulo de elasticidade, absorção de água por capilaridade, difusão de iões cloreto e absorção de água por imersão. Durante os meses de maio a julho de 2012 foram realizadas as moldagens dos provetes e a extração de carotes, provenientes de blocos construídos especificamente para o estudo. Os resultados obtidos não permitiram diferenciar o BAC do BC relativamente ao seu desempenho de durabilidade. O BAC apresentou resultados de resistência à compressão um pouco superiores aos do BC equivalente, em média 10.6% aos 7 dias e 4.2% aos 28 dias de idade. Palavras-Chave: Betão autocompactável, durabilidade, betão convencional, resistência à compressão.


Técnica

1. Introdução O presente artigo tem como objetivo avaliar as vantagens e limitações do emprego da tecnologia do betão autocompactável (BAC) comparativamente ao betão convencional (BC), na situação real de uma aplicação em obra em clima quente, nas condições típicas da região nordeste do Brasil. Assim, foi possível adquirir e validar conhecimentos através da experiência resultante da construção da Arena Pernambuco, onde foi utilizado um volume aproximado de 58.000 m3 de betão, sendo 40% de BAC e 60% de BC, caracterizando-se como um estudo de caso que possibilita uma avaliação real através de pesquisa aplicada em obra. Neste contexto, comparou-se o desempenho do BAC e do BC em amostras obtidas e armazenadas em condições ideais de laboratório, com carotes extraídas do betão aplicado na obra e submetido às mesmas condições de exposição ambiental real da Arena Pernambuco, submetendo-as aos ensaios de: resistência à compressão, módulo de elasticidade, difusão de iões cloreto, absorção de água por capilaridade e absorção de água por imersão. Dessa forma, a pesquisa apresenta resultados que pretendem servir como exemplo prático para o meio académico e como prática positiva, técnica e económica, para as empresas de construção.

recorrendo a sapatas apoiadas diretamente sobre o solo e estacas tipo raiz, moldadas in situ. Para o estudo apresentado, foi considerada a produção de betão realizada nos meses de maio, junho e julho de 2012, meses de grande concentração de betonagens. Nesse período, foi betonada uma quantidade de, aproximadamente, 26% do total previsto no projeto. Este período foi caracterizado por uma intensidade de chuvas muito abaixo do esperado para a época em estudo, e a temperatura ambiente variou entre 27ºC e 30ºC. 2.1. Descrição breve A Figura 1 apresenta a Arena Pernambuco em fase de conclusão, onde podem ser observadas as rampas de acesso e os dois níveis de arquibancadas, inferior e superior, todas executadas em BAC.

2. Arena Pernambuco Para avaliação da aplicação real do BAC foi selecionada a obra da Arena Pernambuco (PE), construída para receber jogos da Copa das Confederações 2013 e da Copa do Mundo 2014, da FIFA. Com perfil multiuso – adaptável para diversos eventos – a Arena também foi projetada para sediar grandes espetáculos, convenções e outras competições desportivas. A Arena PE está localizada no município de São Lourenço da Mata - PE, na Região Metropolitana do Recife, tendo sido projetada para uma capacidade máxima de 46.105 pessoas, abrangendo uma área construída de, aproximadamente, 128.000 m². A estrutura da Arena é constituída por elementos de betão armado em todos os níveis, inclusive nas áreas de arquibancada. O volume de betão definido em projeto foi de aproximadamente 58.000 m³, distribuído por 6 níveis. As fundações foram constituídas

Figura 1 – Vista aérea da obra (Arena Pernambuco – 2013)

Para auxiliar a identificação e localização das estruturas, o projeto foi dividido em 6 níveis, 58 eixos e 6 linhas, distribuídos em 10 setores. Na Figura 2 é possível observar o desenvolvimento da obra no setor Sul, onde se destacam alguns dos níveis principais de projeto. Pode-se visualizar a diferença de nível entre as lajes e a altura de betonagem dos pilares dos principais eixos da estrutura.

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Técnica

A fachada leste pode ser verificada na Figura 3 (a), onde são identificados os pilares de sustentação da arquibancada superior, bem como da rampa de acesso localizada no setor sudeste. A Figura 3 (b) identifica parte da arquibancada inferior e, também, dos apoios para montagem da superior, localizadas nos setores norte e noroeste. Todos os pilares, as paredes das rampas de acesso e as estruturas pré-moldadas da arquibancada foram executadas com BAC. O recurso ao BAC foi motivado pela elevada densidade de armaduras dos elementos estruturais e pela necessidade de redução do tempo de colocação e compactação do betão. O BAC permitiu, também, entre outros fatores para além da diminuição do tempo de execução das estruturas, a colocação em obra de grandes volumes de betonagem em menos etapas.

2.2. Trabalhos realizados durante maio, junho e julho de 2012 Durante os meses de maio até julho de 2012 a construção da Arena Pernambuco encontrava-se na fase de execução da superestrutura, com o início de montagem das estruturas pré-moldadas das arquibancadas inferior e superior. A utilização de BAC neste período foi intensificada e, para além de pilares e paredes, todas as estruturas prémoldadas da arquibancada (vigas jacaré e degraus) foram realizadas com BAC. Durante o período referido, foram colocados em obra, nas estruturas, aproximadamente 15.000 m³ de betão; destes, cerca de 40% (6.000 m³) foram BAC, o que corresponde a um volume médio mensal de 2.000 m³. O volume considerado nesta pesquisa representa cerca de 26% do total dos 58.000 m³ de betão estrutural previsto para a construção da totalidade da Arena. Na Figura 4 (a), apresenta-se uma vista aérea parcial da Arena, com destaque para o avanço da superestrutura no mês de junho de 2012. Nessa fase, todos os pilares, paredes de reservatórios, paredes das rampas de acesso e paredes de contensão foram executados com BAC. As vigas e lajes foram betonadas com BC de acordo com o planeamento da obra. A Figura 4 (b) destaca a conclusão da montagem da arquibancada inferior do setor sul e parte do setor sudeste, realizada com BAC. Esta figura permite destacar, também, a altura dos pilares betonados com BAC em apenas uma etapa, entre os níveis de laje adjacentes, assim como a betonagem da arquibancada superior.

Figura 3 – (a) Fachada leste. (b) Vista interna norte e noroeste. (Arena Pernambuco – 2012)

Figura 4 – (a) Vista aérea parcial da Arena. (b) Vista interna da arquibancada inferior sul e sudeste. (Arena Pernambuco – 2012)

Figura 2 – Visualização da obra no setor Sul. (Arena Pernambuco - 2012)

10 Betão n.31 Novembro 2013


Técnica

2.3. O BAC e o BC aplicados na obra O betão aplicado na obra foi especificado em projeto para atender à Classe III de agressividade ambiental da norma ABNT NBR 6118 (2007) – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento, bem como seus Estados Limites Últimos (ELU) e Estados Limites de Serviço (ELS), levando em consideração as diretrizes para durabilidade das estruturas de betão. A norma ABNT NBR 6118 (2007) na sua Tabela 6.1 – Classes de agressividade ambiental apresenta a Classe III como a indicada para ambientes marinhos ou industriais, consequentemente de agressividade forte, com grande risco de deterioração da estrutura. Para atendimento às exigências normativas relacionadas com a Classe III de agressividade ambiental foi especificado pelo projeto estrutural um betão com resistência característica à compressão aos 28 dias (medida em cilindros com 150 mm de diâmetro e 300 mm de altura) igual a 40 MPa e relação água/cimento em massa igual a 0.45. A opção associada à utilização de BAC juntamente com BC partiu dos construtores da obra e não foi devida a exigências dos projetos estrutural ou arquitetónico. A aplicação de BAC foi necessária para atender às necessidades de colocação e compactação do betão nas estruturas, considerando, entre outros fatores, a grande densidade de armaduras em algumas zonas, nomeadamente em pilares. Outro fator preponderante foi a possibilidade de efetuar alturas de betonagens elevadas, atingindo entre 4 m e 6 m. Assim, optando pelo BAC, foi possível betonar pilares em apenas uma única etapa, preenchendo de uma vez a totalidade da distância entre pavimentos. A utilização do BAC também possibilitou a redução dos prazos de execução das estruturas, antecipando etapas de entrega para início das atividades de acabamento, de instalações e permitiu antecipar a montagem da cobertura do estádio. 3. Materiais e metodologia 3.1. Materiais Para viabilizar o uso de BAC nas estruturas, várias composições foram estudadas, variando-se os adjuvantes empregues e o tipo de cimento. Considerando as várias composições de BAC e BC definidas, optou-se, para este estudo, por aplicar as composições que foram fabricadas utilizando o mesmo cimento, agregados e adjuvantes, sendo elas denominadas de CAA-009 para o BAC e CC-012 para o BC. A grande diferença entre as dosagens de cada tipo de betão consistiu num maior teor de finos e de arga-

massa no BAC, em relação ao do BC, e a uma maior quantidade de adjuvante superplastificante, utilizando-se praticamente a mesma quantidade de água. As composições de BAC e BC aplicadas na obra no período em análise estão mais detalhadas na Tabela 1. Tabela 1 – Composições e características da dosagem do BAC e do BC Características /dosagem Resistência estimada fck (MPa) Espalhamento ou abaixamento (mm) Tipo de cimento Consumo de cimento (kg/m3) Consumo de areia (kg/m3) Consumo de brita (Dmáx)19 mm (kg/m3) Consumo de água (l/m3) Relação (A/C) Consumo (l/m3) de adjuvante plastificante Consumo (l/m3) de adjuvante superplastificante Aplicações

CAA-009

CC-012

40

40

700 a 750

140+/-20

CP-II F 32

CP-II F 32

499

451

856

815

830

917

199

180

0,40

0,40

2,99

2,71

4,49

1,80

Paredes e Pilares

Vigas

Os materiais constituintes para o fabrico dos betões foram: • cimento CP II-F-32, que é um cimento portland composto com fíler calcário; • adjuvante líquido de presa normal, plastificante com alto poder de redução de água. Composto por sais sulfonados e carbohidratos em meio aquoso. Densidade igual a 1,19 kg/ litro e pH de 5,5; • adjuvante líquido superplastificante de presa normal de terceira geração. Composto por solução de policarboxilatos em meio aquoso. Densidade igual a 1,06 kg/ litro e pH de 5,0; • os agregados finos e grossos utilizados foram os disponíveis no mercado. O agregado grosso é britado, a partir de rocha granítica, fornecido por pedreira da Região Metropolitana de Recife. O agregado fino utilizado é de origem quartzosa, extraída de jazida no leito do Rio Paraíba, na divisa do estado de Pernambuco com a Paraíba; • a água utilizada foi fornecida da estação de tratamento de água instalada no estaleiro. Foram coletadas amostras mensais para análise e acompanhamento da obtenção das características necessárias para uso em betão.

Novembro 2013 Betão n.31 11


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3.2. Metodologia Conforme referido anteriormente, o período de recolha dos dados e amostras in situ foi de aproximadamente 90 dias, durante os meses de maio a julho de 2012. Nesse período foram realizados ensaios de campo (primeira etapa) e de laboratório (segunda etapa). No estaleiro da obra foram realizados os seguintes ensaios durante os três meses: • espalhamento para o BAC, de acordo com a NBR 15823-2 (2010); • abaixamento para o BC, de acordo com a NBR 10342 (2012); • resistência à compressão uniaxial, nas idades de 7 e 28 dias, para o BC e para o BAC, de acordo com a NBR 5739 (2007); • registo da temperatura do betão na saída da central e aquando da sua colocação na estrutura. Os resultados do controlo tecnológico do betão foram cedidos para análise pela empresa que executou a obra. A Tabela 3 mostra alguns dos resultados obtidos para cada composição e a quantidade de amostras ensaiadas. Para aprofundamento dos estudos de durabilidade do BAC e do BC utilizados na obra, realizaram-se os seguintes ensaios em laboratório: • absorção de água por capilaridade segundo a NBR 9779 (2012); • absorção de água por imersão de acordo com a NBR 9778 (2005), que permitiu determinar o índice de vazios e a massa específica; • difusão de iões cloreto, conforme a ASTM C1202 (2012); • resistência à compressão de acordo com a NBR 5739 (2007); • módulo de elasticidade em compressão segundo a NBR 8522 (2008), para a idade de 33 dias. Nesta segunda etapa, além de estudar o comportamento dos BC e BAC em relação aos ensaios de durabilidade, procurou-se avaliar a influência que as amostras sofreriam quando armazenadas em condições distintas. Nesse caso, as amostras sub-

12 Betão n.31 Novembro 2013

metidas aos ensaios descritos anteriormente tiveram duas origens diferentes: • Família PR – Correspondente a 15 provetes de BC e 15 provetes de BAC moldados e curados (ver Figuras 5 a 8) conforme a NBR 5738 (2003); • Família CR – Correspondente a 15 carotes extraídas de peças pré-moldadas de BC e 15 carotes extraídas de blocos executados no estaleiro utilizando a dosagem CAA-009 (ver Figuras 9 e 10). Os blocos foram curados por apenas 24 horas, com manta húmida, reproduzindo de certa forma as condições de cura das peças produzidas.

Figura 5 – Fabrico do betão

Figura 6 – Moldagem dos provetes


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Figura 7 – Cura dos provetes – PR – em condições de laboratório

Figura 8 – Cura dos provetes – PR – em condições de laboratório

Figura 9 – Cura das carotes em condições atmosféricas do local

Figura 10 – Cura das carotes em condições atmosféricas do local

A extração das carotes foi efetuada cumprindo os parâmetros preconizados pela NBR 7680 (2007). A Tabela 2 apresenta o resumo do número dos provetes e carotes envolvidos nos ensaios de laboratório.

Tabela 2 – Total de amostras usadas para cada ensaio

Família

Composição

Absorção de água por capilaridade

Absorção de água por imersão

Difusão de iões cloreto

Resistência à compressão e módulo de elasticidade

PR

CAA-009

3

3

3

5

PR

CC-012

3

3

3

5

CR

CAA-009

3

3

3

5

CR

CC-012

3

3

3

5

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4 Resultados 4.1. Controlo tecnológico A Tabela 3 apresenta a quantidade de amostras, as resistências médias à compressão aos 7 e aos 28 dias e os espalhamentos/abaixamentos médios, dos ensaios realizados durante os 3 meses da pesquisa no estaleiro da obra.

Tabela 3 – Resultados para as duas composições mais aplicadas no estudo

Temperaturas (Cº) Mês

Nº amostras

Inicial (Central de betão)

Final (Bombagem)

Espalhamento/ abaixamento (mm)

7 dias Resistência (MPa)

Média (±) desvio-padrão

28 dias Resistência (MPa)

Média (±) desvio-padrão

Composição: CAA - 009 maio

27

34,4

33,8

700

44,1±4,57

junho

90

32,8

33,1

702

38,1±5,14

julho

81

32,1

32,8

705

40,7±4,13

48,5±3,49 40,0±5,07

49,5±4,98

49,9±4,69

51,0±4,53

Composição: CC - 012 maio

78

33,9

37,3

159

43,1±3,70

junho

152

32,4

32,7

160

36,5±4,60

julho

235

31,4

31,6

158

38,8±4,60

4.2. Resistência à compressão e módulo de elasticidade A Tabela 4 apresenta os resultados dos ensaios de resistência à compressão conforme a norma ABNT NBR 5739 (2007). Também se apresentam os resultados dos ensaios de determinação do módulo de elasticidade em compressão conforme a norma NBR-8522 (2008). Convencionou-se chamar provete – PR – às

49,0±3,34 38,7±4,97

47,5±4,14

48,6±4,01

49,2±4,00

amostras armazenadas em condições de laboratório, e carote – CR – às amostras armazenadas em condições de exposição reais de agressividade ambiental, no local. A idade das amostras aquando da realização dos ensaios foi de 33 dias (fckj = resistência à compressão e Eci = módulo de elasticidade).

Tabela 4 – Resultados de resistência à compressão e módulo de elasticidade

Tipo

Composição

fcki (MPa) Médias

Eci (GPa) Médias

Provete – PR

BAC

57,4 ± 1,69

38,2 ± 1,31

Carote – CR

BAC

56,7 ± 3,65

39,4 ± 2,32

Provete – PR

BC

62,6 ± 1,72

41,1 ± 0,87

Carote – CR

BC

63,1 ± 3,22

39,9 ± 1,17

14 Betão n.31 Novembro 2013


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Usando a abordagem de Two-Way Anova e nível de significância de 5%, verifica-se não haver diferença estatisticamente significativa entre o tipo de amostra (provete/carote), mas sim em relação à composição. As Figuras 11 e 12 ilustram isso mesmo. A barra refere-se ao intervalo de confiança de 95%. Convém referir que todos os coeficientes de variação destes resultados experimentais foram menores do que 10%. As Figuras 13 e 14 apresentam o gráfico box-plot para as variáveis fcki e Eci, em que se pode visualizar melhor a influência da composição e a independência do tipo de amostra (provete ou carote). Figura 13 – Resultados de Eci em função da composição e do tipo de amostra

Figura 11 – Resultados de fcki em função da composição e do tipo de amostra

Figura 14 – Resultados de Eci em função da composição e do tipo de amostra

Figura 12 – Resultados de Eci em função da composição e do tipo de amostra

Conforme pode ser constatado por observação da Tabela 4, a média da resistência à compressão dos provetes em relação à das carotes foi 1.2% superior para o BAC e 3.6% para BC, o que indica uma tendência de possível melhoria de desempenho do betão armazenado em condições de laboratório. No entanto, a pequena diferença serve apenas como indicativo. No que concerne ao módulo de elasticidade para o BAC, as carotes apresentaram média 3.1% superior em relação aos provetes, ao contrário do BC, onde a média do módulo de elasticidade dos provetes foi 3% superior em relação às carotes. Assim, os resultados apresentam-se compatíveis, com diferenças pouco representativas e dentro da margem de variação esperada para o resultado dos ensaios.

Novembro 2013 Betão n.31 15


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4.3. Durabilidade – Difusão de iões cloreto Apresenta-se a seguir, na Tabela 5, os resultados dos ensaios de difusão de iões cloreto para três amostras de BAC e três amostras de BC, obtidas recorrendo a provetes e carotes, com a idade de 60 dias, contendo ainda a identificação de cada uma das amostras ensaiadas e o resultado (C) que representa a carga média passante em Coulomb.

Tabela 5 - Resultados dos ensaios de difusão de iões cloretos

Betão

BAC

BC

Amostra

Carga média passante em Coulomb (C)

Classificação ASTM C 1202

Provete

2040

Moderada

Carote

2585

Moderada

Provete

1665

Moderada

Carote

2940

Moderada

O método de ensaio adotado (ASTM C – 1202 (1994)) classifica a resistência à penetração de cloretos a partir da carga passante em Coulomb (C). Assim, em relação às amostras da obra da Arena da Copa, todos os ensaios efetuados para BAC e BC, em provetes ou carote, indicaram uma classe de resistência moderada. Observa-se que as carotes de BAC apresentaram melhor desempenho que as de BC. No entanto, os provetes de BC apresentaram melhor desempenho que os de BAC. Por outro lado, tanto para as amostras de BAC como para as de BC, o desempenho dos provetes foi superior ao das carotes, indicando que os ensaios em amostras armazenadas em condição de laboratório apresentam melhor desempenho que os ensaios em amostras extraídas em condições de exposição igual à agressividade do ambiente onde a obra foi construída. No entanto, as diferenças obtidas não foram suficientes para alterar a classe de resistência à penetração de cloretos. 4.4. Durabilidade – Absorção de água por capilaridade Apresentam-se a seguir, na Figura 15, os resultados dos ensaios de absorção de água por capilaridade, expressos em g/cm2, para três amostras de BAC e três amostras de BC. Os ensaios foram feitos em provetes – PR – e em carotes – CR – com a idade de 35 dias aquando do início dos ensaios. Os resultados foram obtidos dividindo-se o acréscimo de massa em cada intervalo de tempo considerado pela área da secção do provete submetido a ensaio. Na Tabela 6 estão indicados os resultados das medições do aumento de massa e o resultado dos cálculos da absorção de água

16 Betão n.31 Novembro 2013

por capilaridade para o BAC e para o BC, utilizando-se quer PR, quer CR. Observando os resultados obtidos, verifica-se um comportamento similar do BAC e do BC. Assim, de acordo com os resultados obtidos, tudo indica que o desempenho do BAC é similar ao do BC.

Figura 15 – Resultados médios de absorção de água por capilaridade

Comparando os resultados de absorção de água por capilaridade nos provetes e nas carotes, verifica-se que as amostras armazenadas em condições de laboratório evidenciaram um desempenho ligeiramente superior às armazenadas em condições reais de exposição à agressividade do ambiente onde a obra foi construída, exceto nas primeiras horas de ensaio, em que sucedeu o inverso (até às 24 horas).


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4.5. Durabilidade – Índice de vazios Apresenta-se a seguir os resultados dos ensaios para determinação do índice de vazios para o BAC e para o BC, expressos em percentagem (%), e determinados aos 33 dias de idade do betão aquando do início dos ensaios. Consideram-se três amostras de BAC e três amostras de BC, provenientes de provetes – PR – e carotes – CR. Inicialmente foram medidas as massas das amostras de BAC e BC e são apresentadas na Figura 16, onde: mi = massa inicial medida após secagem em estufa; ms = massa saturada; mr = massa medida após etapa de ebulição (real).

Figura 16 – Resultados médios das medições de massa das amostras

Após os resultados obtidos foi possível calcular a absorção de água por imersão A (%) e proceder ao cálculo do índice de vazios Iv, expresso em percentagem (%) na Tabela 6. Tabela 6 – Resultados dos cálculos do índice de vazios Variáveis (%)

Amostra

BAC Média

BC Média

Provetes – PR A

RD-04

4.48

3.90

IV

RD-04

10.59

8.99

Carotes – CR A

RD-04

4.72

5.41

IV

RD-04

11.24

12.22

Por observação dos resultados expressos na Tabela 6 é possível constatar que as carotes de BAC apresentaram um desempenho superior às de BC. No entanto, com os provetes sucedeu precisamente o oposto: o BC apresenta um melhor desempenho que o BAC. Por outro lado, tanto para as amostras de BAC como para as de BC, o desempenho dos provetes foi superior ao desempenho das carotes, indicando que os ensaios em amostras armazenadas em condição de laboratório apresentam melhor desempenho que os ensaios em amostras armazenadas em condições de exposição real à agressividade do ambiente onde a obra foi construída. 5. Conclusões Pode-se afirmar que, com base nos resultados obtidos no estudo realizado, as propriedades do betão endurecido não foram significativamente alteradas, quando do emprego de BAC ou BC considerados equivalentes, produzidos incorporando pastas com a mesma relação A/C. Este aspeto é particularmente relevante uma vez que as vantagens na opção de um BAC são indiscutíveis sob o ponto de vista do comportamento em fresco, com aumento da produtividade e facilidade de colocação em peças de elevada esbeltez e densidade de armadura. Quanto aos provetes moldados e curados sob condição normalizada e as carotes extraídas de blocos que sofreram as condições normais de cura num clima quente, os resultados obtidos também se mostraram, em geral, semelhantes, indiciando que em ambos os betões (BAC e BC) não ocorreu perda significativa de desempenho das propriedades no estado endurecido devido à exposição ao clima quente. O trabalho experimental realizado in situ, com a obra em pleno ritmo de desenvolvimento, disponibilizou um conjunto de resultados que permitiu efetuar uma análise comparativa de desempenho entre os dois tipos de betão, conforme demonstrado ao longo deste artigo. Assim, com base nos resultados obtidos, é possível concluir que o betão autocompactável é uma alternativa viável ao uso do betão convencional vibrado mesmo em regiões de clima quente. Este artigo foi escrito segundo o novo acordo ortográfico.

Novembro 2013 Betão n.31 17


Referências AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM C 1202 – Rapid Chloride Penetrability Test. EUA, 2012. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118 – Projeto de estruturas de concreto- Procedimento. Rio de Janeiro, 2007. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 573: Concreto-Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova. Rio de Janeiro, 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739: Concreto – Ensaios de compressão de corpos de prova menteRio a um material estrutural essencial, o que cilíndricos. de Janeiro, 2007.

tem sido prática comum na indústria da construção de outros países, ou a implementação de um processo que assegure e certifique a aptidão e competência profissional dos operadores actuantes no sector, deve ser um ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR a dar, o quanto antes, por parte das entidades 9778: passo Argamassa e concreto endurecidos – Determinação da responsáveis, poisde sóvazios assime massa se poderá acabar absorção de água, índices específica. Rio com de uma Janeiro, 2005. concorrência desleal, que cada vez mais vem acentuando a sua indesejável e nociva presença no mercado. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9779: Acreditamos por conseguinte, que só podemos preva– Argamassa e concreto endurecidos – Determinação da absorlecer com efectiva adesão às regras e ção de águano pormercado capilaridade. Riouma de Janeiro, 2012. regulamentos que regem este tipo de produtos, pelo que ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DEasseguradas NORMAS TÉCNICAS. NBR uma esperamos que sejam a breve prazo, 10342:disciplina – Concretoe– uma Perda fiscalização de abatimentorigorosas – Método nesta de ensaio. indústria. Rio de Janeiro, 2012.

comASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR promete o futuro de muitas estruturas edificadas. 15823-2: Concreto auto-adensável – Parte 2: Determinação do B.I. ASSOCIAÇÃO NBR A falta de BRASILEIRA informaçãoDE noNORMAS acto deTÉCNICAS. compra por parte de espalhamento e do tempo de escoamento- Método do cone de 7680: ConcretoExtração, e ensaio de testemunhos Abrams.Designação: Rio de Janeiro,Prefangol, 2010. Lda. alguns clientes sempreparo conhecimentos técnicos adequade concreto. Rio de Janeiro, 2007 Actividade: Fabrico e comercialização de Betão dos do Betão Pronto, tem sido uma constante com a Pronto, Agregados e Prefabricação de Produtos qual ainda se deparam os serviços desta empresa. Uma ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR de Betão má escolha pode vir a reflectir-se no futuro, originando, 8522: Concreto – Determinação do módulo estático de elasPrincipais produtos: Betão Pronto e Agregados por vezes, danos Rio irreparáveis. ticidade à compressão. de Janeiro, 2008. Mais informações: 00244 222 291 550 A criação de Alvarás específicos para este tipo de actividade, com diversas classes, à semelhança do que

PUB 18 Betão n.31 Novembro 2013

Especial Angola • Outubro 2012 Betão n.29 39

Especial Angola

Técnica


Normalização

NP EN 197-1:2012 O que mudou? Eng.o Mário Valente Costa, Cimpor Indústrias de Cimentos, S.A.

1. Enquadramento A necessidade de criar uma norma harmonizada que servisse transversalmente os países da Comunidade Económica Europeia (CEE) levou ao início dos trabalhos, em 1969, e à atribuição dessa responsabilidade ao Comité Europeu de Normalização (CEN), em 1973, que delegou essa tarefa no Comité Técnico CEN/TC 51. Nos anos setenta havia cerca de 20 tipos diferentes de cimento, todos normalizados a nível nacional e com provas de desempenho satisfatório em aplicações correntes ou especiais. Esta realidade constituiu uma dificuldade para o CEN e obrigou à definição do conceito de “cimentos correntes”. Numa primeira abordagem, o CEN decidiu apenas incluir os cimentos indicados para uso corrente em betão armado, que fossem familiares na maioria dos países europeus. A Diretiva dos Produtos da Construção, no entanto, impunha que fossem também considerados os cimentos “tradicionais” utilizados com sucesso nos diversos países, com o intuito de remover barreiras técnicas ao comércio na área da construção na CEE. Esta abordagem abria a porta a cerca de 50 tipos de cimentos diferentes, levando a que se distinguissem os cimentos correntes dos cimentos especiais. Assim, a EN 197-1 2000, primeira norma harmonizada da história, limitava-se, em termos de âmbito, aos cimentos correntes, com a intenção de os cimentos ditos especiais (cimentos com propriedades adicionais ou especiais) serem incluídos em futuras revisões, à medida que se fossem desenvolvendo estudos técnicos acerca da sua utilização.

Os requisitos físicos, mecânicos e químicos, e os critérios de conformidade a que os cimentos correntes devem obedecer, ficaram então definidos no espaço da UE, mas com a omissão assumida no que diz respeito aos cimentos correntes resistentes a sulfatos e aos de baixo calor de hidratação. Algumas lacunas foram sendo colmatadas com adendas consecutivas, até que o CEN/TC 51 concluiu estudos técnicos que permitiram estabelecer quais os cimentos correntes aceites como resistentes a sulfatos, incluindo-os e definindo-os na EN 197-1:2011. O objetivo mais importante desta revisão é, deste modo, a definição dos requisitos adicionais para cimentos correntes de baixo calor de hidratação, cimentos correntes resistentes aos sulfatos e cimentos de baixa resistência inicial. Manter-se-ão fora do âmbito da EN 197-1 os cimentos de muito baixo calor de hidratação que continuam a ser enquadrados pela EN 14216. 2. As alterações mais significativas 2.1 Cimentos resistentes aos sulfatos / Notação SR A degradação do betão sob ação dos sulfatos é consequência de uma reação química entre os iões sulfato e as partículas de aluminato tricálcico (C3A) da matriz cimentícia com formação de sulfoaluminato de cálcio conhecido vulgarmente como etringite.

Betão n.31 Novembro 2013 19


Normalização

Figura 1 – Quadro 2 da Norma: Os 7 produtos da família dos cimentos correntes resistentes aos sulfatos Composição (percentagem em massa a)) Tipos principais

Notação dos 7 produtos (tipos de cimentos correntes resistentes aos sulfatos)

CEM I

Cimento Portland resistente aos sulfatos

CEM III

Cimento de alto-forno resistente aos sulfatos

CEM IV

Cimento pozolânico resistente aos sulfatos b)

Constituintes principais

Constituintes adicionais minoritários

Clínquer K

Escória de alto-forno S

Pozolana natural P

Cinza volante siliciosa V

CEM I-SR 0 CEM I-SR 3 CEM I-SR 5

95 – 100

-

-

-

0–5

CEM III/B-SR

20 – 34

66 – 80

-

-

0–5

CEM III/C-SR

5 – 19

81 – 95

-

-

0–5

CEM IV/A-SR

65 – 79

-

<---------- 21 – 35 ---------->

0–5

CEM IV/B-SR

45 – 64

-

<---------- 36 – 55 ---------->

0–5

a) Os valores do Quadro referem-se à soma dos constituintes principais com os adicionais minoritários. b) Nos cimentos pozolânicos resistentes aos sulfatos, tipos CEM IV/A-SR e CEM IV/B-SR, os constituintes principais, excepto o clínquer, devem ser declarados na designação do cimento (ver exemplos na secção 8).

O efeito mais visível deste processo é a expansão do betão, que pode não só comprometer a sua integridade, mas também a sua capacidade de aderência às armaduras, deixando-as desprotegidas e desligadas do seu principal aliado. Uma vez que o principal alvo dos sulfatos é um dos minerais que constituem o clínquer, a melhor forma de prevenir esta situação é utilizar cimentos com menor percentagem de clínquer e limitar o teor de C3A a um valor máximo consoante a utilização prevista. Nesta perspetiva, a NP EN 197-1:2012 define logo à partida sete cimentos correntes resistentes aos sulfatos, agrupados em três tipos principais e podendo todos usar a notação SR. Os requisitos a que devem obedecer são os indicados no quadro 2 da Norma.

A determinação do C3A deve ser feita por aplicação da fórmula de Bogue à análise química do clínquer. C3A=2,65*A-1,69*F Em que: A -> a percentagem de Al2O3 em massa no clínquer F -> a percentagem de Fe2O3 em massa no clínquer No caso particular do cimento Portland pode-se aplicar a mesma fórmula aos resultados da análise química do cimento uma vez que se trata de um tipo de cimento com elevado teor de clínquer. Os critérios de conformidade da presente Norma impõem que esta determinação seja feita semanalmente em período inicial de autocontrolo e quinzenalmente em situação de produção corrente.

2.1.1 Cimento Portland resistente aos sulfatos/ CEM I –SR 0/ CEM I –SR 3/ CEM I –SR 5 O cimento Portland resistente aos sulfatos divide-se em três categorias, relacionadas diretamente com o teor de C3A no clínquer correspondendo cada uma delas a um valor máximo de C3A admissível.

2.1.2 Cimento de alto forno resistente aos sulfatos Os cimentos de alto forno resistentes aos sulfatos são cimentos constituídos essencialmente por escória de alto forno. O facto de terem uma baixa incorporação de clínquer, além do contributo da escória, explica o facto de já não ser estabelecido um limite para o C3A. No entanto, só os cimentos CEM III/B e CEM III/C são considerados resistentes aos sulfatos.

• CEM I-SR 0 <-> clínquer com teor de C3A = 0% • CEM I-SR 3 <-> clínquer com teor de C3A ≤ 3% • CEM I-SR 5 <-> clínquer com teor de C3A ≤ 5% (para algumas aplicações este tipo de cimento poderá ter um C3A superior a 5%, desde que devidamente declarado na embalagem ou nos documentos comerciais de acompanhamento.)

2.1.3 Cimento pozolânico resistente aos sulfatos A imposição de limites ao teor de C3A não se cinge aos cimentos do tipo I. Os cimentos pozolânicos também veem o seu teor de C3A limitado ao valor máximo de 9%, tanto no caso do CEM IV/A como no CEM IV/B.

20 Betão n.31 Novembro 2013


Normalização

Figura 2 – Quadro 5 da Norma: Requisitos adicionais para cimentos correntes resistentes aos sulfatos expressos como valores característicos especificados 1

2

3

4

5

Propriedade

Método de ensaio

Tipo de cimento

Classe de resistência

Requisitos a)

EN 196-2*)

CEM I-SR 0 CEM I-SR 3 CEM I-SR 5b) CEM IV/A-SR CEM IV/B-SR

Teor de sulfatos (em SO3)

32,5 N 32,5 R 42,5 N

3,0 %

42,5 R 52,5 N 52,5 R

3,5 %

CEM I-SR 0 C3A no clínquer)

Pozolanicidade

EN 196-2*) d)

=0%

CEM I-SR 3 CEM I-SR 5

- e)

CEM IV/A-SR CEM IV/B-SR

EN 196-5*)

CEM IV/A-SR CEM IV/B-SR

Todas

3% 5% 9%

Todas

Satisfaz o ensaio aos 8 d

a) Os requisitos são indicados em percentagem em massa do clínquer do cimento como produto final, como definido neste Quadro. b) Para aplicações específicas, os cimentos CEM I-SR 5 poderão ser produzidos com um teor de sulfatos maior. Neste caso, o valor numérico deste teor deve ser declarado na embalagem ou na guia de remessa. c) O método de ensaio para a determinação do teor de C3A do clínquer do produto final está em desenvolvimento no CEN/TC 51. d) No caso específico do CEM I, é permitido calcular o teor de C3A do clínquer a partir da análise química do cimento. O teor de C3A deve ser calculado pela equação (1) (ver 5.2.1). e) Até o método de ensaio estar finalizado, o teor de C3A do clínquer (ver 5.2.1) deve ser determinado com base na análise do clínquer como parte do Controlo da Produção em fábrica do produtor (EN 197-2:2000*, 4.2.1.2). *) Ver Anexo NA (nota nacional).

Não obstante o valor de C3A presente no clínquer, nem todos os cimentos pozolânicos podem ser considerados resistentes aos sulfatos. Aliás, a notação SR está apenas reservada aos cimentos pozolânicos cuja adição seja Pozolana Natural, Cinza Volante Siliciosa ou ambas. Aqueles que sejam constituídos por Sílica de Fumo, Pozolana Natural Calcinada ou Cinza Volante Calcária não poderão usar esta notação. Existe ainda mais um detalhe que não poderá ser esquecido: Seja qual for a adição, ela terá de ser no mínimo de 21%. Ao contrário do que sucede no CEM I, pelo menor teor de clínquer do CEM IV, o cálculo do C3A já não poderá ser feito aplicando a fórmula de Bogue à análise química do cimento. Esta determinação terá de ser feita diretamente no clínquer, aplicando esta fórmula aos resultados da análise química do clínquer, obtida do controlo de produção em fábrica. Está em desenvolvimento pelo CEN/TC 51 um método de ensaio que permita a determinação do teor de C3A no clínquer a partir do cimento pelo que, brevemente este assunto poderá ficar muito mais claro. 2.1.4 Requisitos adicionais para cimentos correntes resistentes aos sulfatos Além do que já foi dito anteriormente, a NP EN 1971:2012 define requisitos adicionais a que os cimen-

Betão n.31 Novembro 2013 21


Normalização

tos devem obedecer para poderem ser considerados resistentes aos sulfatos. Estes requisitos encontram-se resumidos no quadro 5 da Norma e são essencialmente teores de sulfatos mais conservadores nos cimentos do tipo I e IV, e a imposição de os cimentos do tipo IV satisfazerem o ensaio da determinação da pozolanicidade aos 8 dias. 2.2 Cimentos considerados resistentes aos sulfatos pelos diferentes países membros do CEN A relativa escassez de cimentos com estas características em alguns países da EU e bons resultados obtidos na utilização de outros cimentos ao longo de vários anos levou alguns dos países da EU a considerarem

como resistentes aos sulfatos alguns dos cimentos correntes e permitir a sua utilização como tal dentro do seu território. Esses cimentos ou não se encontram previstos no Quadro 2, ou não preenchem os requisitos do Quadro 5 e não lhes é permitida a utilização da notação SR na designação normalizada. Os cimentos considerados resistentes aos sulfatos nas normas nacionais dos países membros do CEN são apresentados no Anexo A da Norma. No caso de Portugal é o Documento Nacional de Aplicação da NP EN 206-1, concretamente o quadro 10 da LNEC E 464:2007, que elenca esses cimentos.

Figura 3 – Anexo A da Norma: Lista de cimentos correntes considerados resistentes aos sulfatos nas normas nacionais dos diferentes países membros do CEN não incluídos no Quadro 2 ou não preenchendo os requisitos do Quadro 5 Membros do CEN

Norma Nacional

Áustria

ÖNORM B 3327-1 ÖNORM B 4710-1

Bélgica

NBN B12-108

Dinamarca

DS/INF 135

França

NF P 15-319

Tipos de cimento CEM II/A-S, II/B-S, II/A-V, II/B-V, II/A-M, II/B-M, II/A-D, III/A V/A (S-V) I II/A-V, II/B-V II/A-S, II/B-S, II/A-V, II/A-P, II/A-M (S-V) III/A V/A, V/B

Hungria

MSZ 4737-1

II/A-V II/A-S, II/B-S, II/A-D, II/A-P, II/A-V, II/A-L, II/A-LL, II/B-L, II/B-LL, II/A-M, II/A-W, II/A-T, II/B-P, II/B-V, II/B-W, II/B-T, II/B-M

Itália

UNI 9156

III/A IV/A, IV/B V/A, V/B II/B-V

Polónia

PN-B-19707

III/A V/A, V/B II/A-L, II/A-LL, II/A-M, II/A-S, II/B-S, II/A-D, II/A-P, II/B-P, II/A-V, II/B-V

Portugal

NP EN 206-1

III/A IV/A, IV/B V/A, V/B II/A-S, II/B-S, II/A-D, II/A-P, II/B-P, II/A-V, II/B-V

Espanha

UNE 80303-1

III/A V/A

Suíça

SN EN 206-1

II/A-D II/B-M (D, V, S, T, LL) II/B-V

Reino Unido

BS 8500

III/A IV/A (V), IV/B (V)

22 Betão n.31 Novembro 2013


Normalização Figura 4 – Quadro 3 da Norma: Requisitos mecânicos e físicos expressos como valores característicos especificados Resistência à compressão (MPa)

Classe de resistência

Resistência inicial aos 2 d

aos 7 d

32,5 L a)

-

12,0

32,5 N

-

16,0

32,5 R 42,5 L

a)

10,0 -

-

42,5 R

20,0

-

10,0

-

52,5 N

20,0

-

52,5 R

30,0

-

a) Classe

32,5

52,5

75

42,5

62,5

60

16,0

10,0

a)

aos 28 d

Expansibilidade (mm)

-

42,5 N

52,5 L

Resistência de referência

Tempo de início de presa (min)

52,5

-

10

45

de resistência definida apenas para os cimentos CEM III.

2.3 Cimentos de baixo calor de hidratação O fabrico do cimento, como é amplamente conhecido, é um processo no qual uma parte dos 1450ºC a que ocorre a clinquerização irá permanecer latente no clínquer que constitui o cimento. Esta energia térmica potencial irá ser libertada por altura do processo de hidratação do cimento numa reação exotérmica. Se nos casos mais correntes esta libertação de calor não se traduz em nenhum embaraço para a obra, em betonagens de grandes massas já é necessário limitar esta libertação de calor sob pena de comprometer o desempenho da estrutura. A NP EN 197-1:2012 no seu artigo 7.2.3 define inequivocamente o critério que define os cimentos de baixo calor de hidratação: O calor de hidratação não poderá ser superior a 270J/g, aos 7 dias quando determinado pela NP EN 196-8:2008, ou às 41h quando esta determinação for feita pela NP EN 196-9:2008. Estes cimentos são identificados com a notação LH. Os cimentos de muito baixo calor de hidratação continuam a ser enquadrados pela EN 14216. 2.4 Cimentos de baixas resistências iniciais As baixas resistências iniciais estão intimamente ligadas ao baixo calor de hidratação. É facilmente compreendida esta relação: processo de hidratação mais lento e resistências iniciais mais baixas concorrem para uma libertação de calor mais moderada. Para os cimentos do tipo III a NP EN 197-1:2012 previu uma nova classe de resistência inicial que é exclusiva para este tipo de cimento conforme especificada no quadro 3: Classe L O desenvolvimento mais lento do processo de hidratação, com consequência direta no crescimento da resistência, torna os betões fabricados com estes cimentos mais sensíveis durante o processo de maturação o que exige cuidados suplementares. A duração do período de cura e as metodologias de proteção são os pontos que devem merecer especial atenção por parte do projetista e do utilizador do betão.

2.5 Outras alterações Esta revisão da Norma abriu espaço ainda a algumas pequenas correções e ajustes circunstanciais, de pouca relevância para o mercado português mas que não podiam ser descuradas num artigo que pretende partilhar as principais alterações que esta revisão introduziu. O quadro 1 vê corrigidos os limites de introdução de adições em dois cimentos. O CEM II/A M passa a ter como limite mínimo de adições 12%, o que na prática já assim era, uma vez que dois constituintes a um mínimo de 6% já perfaziam os 12% agora preconizados pela Norma. O outro limite alterado, de forma muito subtil, foi a diminuição em 1% do limite máximo de escórias e das restantes adições no cimento composto CEM V/B. Outra novidade, já nos requisitos químicos, é a permissão de o cimento CEM II/B-M com mais de 20% de xisto cozido poder conter até 4,5% de SO3 em todas as classes de resistência. A NP EN 197-1:2012 abre ainda espaço para a produção, na mesma fábrica, de vários cimentos com a mesma designação normalizada. 3. Conclusões Não considerando alguns ajustes de menor relevo, as grandes alterações introduzidas pela NP EN 197-1:2012 são sem sombra de dúvidas a definição de requisitos para cimentos resistentes aos sulfatos, cimentos de baixo calor de hidratação e cimentos de baixas resistências iniciais. Não será esta Norma que revolucionará a escolha do ligante ou a produção de betão, também não era esse o objetivo do CEN/TC 51 quando a redigiu. No entanto, permite harmonizar a utilização destes cimentos, contribuindo para construções mais duráveis, construídas com materiais mais adequados, utilizando menos recursos naturais e contribuindo para um melhor meio ambiente. Este artigo foi escrito segundo o novo acordo ortográfico.

Betão n.31 Novembro 2013 23


Qualidade

Marcação CE de Produtos de Construção Decreto-Lei n.o 130/2013, de 10 de Setembro Foi finalmente publicado o diploma que executa o Regulamento (UE) n.º 305/2011, do parlamento Europeu e do Conselho, que entrou em pleno vigor no passado dia 1 de Julho de 2013. Trata-se do Decreto-Lei n.º 130/2013, de 10/09/2013. O referido Regulamento (UE) n.º 305/2011, usualmente conhecido por Regulamento dos Produtos de Construção (RPC), estabelece as condições harmonizadas para a colocação dos produtos de construção no mercado Europeu, sucedendo à Directiva 89/106/CEE, que foi transcrita para o direito nacional através do Decreto-Lei n.º 113/93. Não obstante o RPC seja um regulamento comunitário e como tal ter aplicação directa e obrigatória, cada Estado-Membro precisa de estabelecer as disposições que permitem a sua execução na ordem jurídica interna desse país. Para o efeito, o RPC estabelece um período de transição que se prolongou desde Março de 2011 até Junho de 2013, durante o qual os Estados-Membros deveriam ter publicado os seus diplomas de execução para que tudo estivesse preparado para a entrada do RPC em vigor na data estabelecida: 1 de Julho de 2013. Isto aconteceu na generalidade dos países, mas relativamente a Portugal, o Governo Português foi incapaz de o fazer em tempo útil, provocando uma situação inusitada, uma vez que na data indicada o nosso país se viu sem qualquer organismo notificado, nomeadamente organismos de certificação e laboratórios de ensaios, e sem fiscalização de mercado. Só no dia 10 de Setembro de 2013, com a publicação do Decreto-Lei n.º 130/2013 é que a situação fica resolvida, ficando completo o acervo legal inerente à comercialização dos produtos de construção no nosso país.

24 Betão n.31 Novembro 2013

Este diploma define assim as disposições que permitem executar o RPC, nomeadamente as seguintes: • A Direcção Geral das Actividades Económicas (DGAE) é designada para assegurar a representação do nosso país no seio do Comité Permanente da Construção; • O Instituto Português da Qualidade (IPQ) é nomeado como autoridade notificadora, isto é, como entidade responsável pela avaliação dos organismos de notificados (organismos autorizados a exercer as funções de avaliação e verificação da regularidade do desempenho, nomeadamente: organismos de certificação e laboratórios de ensaios) e de os notificar à Comissão Europeia e aos outros Estados-Membros; • Ao IPQ é igualmente atribuída a responsabilidade de assegurar as funções de Ponto de Contacto para os produtos de construção; • É estabelecida a obrigatoriedade de a Declaração de Desempenho e as informações e instruções de segurança (que acompanham o produto) serem redigidas na língua Portuguesa para os produtos colocados no mercado nacional; • São nomeadas as autoridades fiscalizadoras, nomeadamente a Autoridade da Segurança Alimentar e Económica (ASAE), que fica responsável pela fiscalização do mercado, e a Autoridade Tributárias e Aduaneira, que fica com a responsabilidade de controlar a fronteira externa relativamente aos produtos provenientes de países terceiros; • São, ainda, claramente identificadas as infracções que são passíveis de constituir contra-ordenação e as correspondentes coimas e sanções acessórias (ver Quadro seguinte).


Qualidade

Contra-Ordenações

Coimas

Recusa de apresentação de documentação e informação ou de acesso às suas instalações à ASAE Aposição da marcação CE em produtos não-conformes com os requisitos aplicáveis Falta de aposição da marcação CE em produtos abrangidos Aposição de outras marcações, sinais e inscrições susceptíveis de induzir terceiros em erro quanto ao significado e/ou ao grafismo da marcação CE Aposição de qualquer outra marcação que prejudique a visibilidade e legibilidade da marcação CE Aposição da marcação CE em produtos de construção não abrangidos por especificação técnica harmonizada

Pessoa singular: 1000€ a 3740€ Pessoa colectiva: 2500€ a 44 890€

Pessoa singular: 1500€ a 3740€ Pessoa colectiva: 5000€ a 44 890€

Falta de elaboração da Declaração de Desempenho para produtos colocados no mercado Não conformidade do conteúdo da Declaração de Desempenho Fornecimento desadequado da Declaração de Desempenho Declaração de Desempenho não redigida em Português Inexistência, incorrecção ou incompletude da documentação técnica que suporta a Declaração de Desempenho Incumprimento do prazo de arquivo de 10 anos para a Declaração de Desempenho e para a correspondente documentação técnica Falta de aposição de elementos que permitam a identificação do produto (tipo, lote ou número de série ou quaisquer outros elementos que permitam a respectiva identificação) Falta de aposição da identificação do fabricante e do importador (no produto, na embalagem ou num documento que acompanhe o produto)

Pessoa singular: 500€ a 3740€ Pessoa colectiva: 2000€ a 44 890€

Instruções e informações de segurança não redigidas em Português O não fornecimento ou recusa de disponibilização da informação e documentação solicitadas por uma autoridade competente A não disponibilização da identificação do operador económico a quem forneceram, ou que lhe tenha fornecido, um produto de construção

Tal como referido acima, o RPC sucede à Directiva 89/106/CEE, pelo que este diploma revoga o Decreto-Lei n.º 113/93, de 10 de Abril. O diploma entrou em vigor no dia seguinte ao da sua publicação, ou seja: 11 de Setembro de 2013. Relativamente ao betão, nomeadamente o betão pronto, não obstante se trate de um produto de construção colocado no mercado, continua a não estar abrangido pela marcação CE, pois a norma de referência, EN 206-1, publicada no ano 2000, não é uma norma harmonizada, isto é: não consta da lista de normas harmonizadas relativamente aos produtos de construção. Por conseguinte, o disposto no Decreto-Lei n.º 130/2013 não afecta a colocação no mercado do betão, o qual continua a não poder ostentar a marcação CE. De referir que é por esta razão que existe legislação específica relativamente à colocação no mercado do betão, a saber: Decreto-Lei n.º 301/2007, de 23 de Agosto.

No entanto, os fabricantes de betão pronto deverão ter em conta o disposto no Decreto-Lei n.º 130/2013, nomeadamente no que respeita aos materiais constituintes que adquirem, os quais, com a excepção da água, estão todos abrangidos por especificações técnicas harmonizadas, devendo o respectivo fabricante emitir uma declaração de desempenho e aplicar a marcação CE (nas embalagens ou nos documentos comerciais). Desta forma, os fabricantes do betão têm legitimidade de exigir aos seus fornecedores o fornecimento da declaração de desempenho, redigida na língua portuguesa, tal como as instruções e informações de segurança que devem acompanhar o produto.

Novembro 2013 Betão n.31 25


Acervo Normativo Nacional sobre Betão e os seus Constituintes Pretende-se com este documento, informar os associados da APEB e todos os interessados, sobre o acervo normativo aplicável ou com interesse para o sector do betão pronto, nomeadamente o referente ao betão e seus constituintes. Além das normas portuguesas apresentam-se também as Especificações LNEC e outros documentos normativos europeus, tais como Relatórios Técnicos (TR) e Especificações Técnicas (TS), que complementam o acervo normativo nacional. Esta informação corresponde à situação verificada em 21 de Novembro de 2013, pelo que, após esta data, deverá ser periodicamente actualizada, face à anulação, substituição ou publicação de novos documentos normativos. Agregados Normas NP 957:1973

Inertes para argamassas e betões. Determinação do teor em água superficial de areias.

NP 1039:1974

Inertes para argamassas e betões. Determinação da resistência ao esmagamento.

NP 1380:1976

Inertes para argamassas e betões. Determinação do teor em partículas friáveis.

NP 1382:1976

Inertes para argamassas e betões. Determinação do teor de álcalis solúveis. Processo por espectrofotometria de chama.

NP 1457:1977 NP 1458:1977 Errata: Mai 1979 NP EN 932-1:2002

Peneiros e peneiração para ensaio. Vocabulário.

NP EN 932-2:2002

Ensaios das propriedades gerais dos agregados. Parte 2: Métodos de redução de amostras laboratoriais.

NP EN 932-3:2010

Ensaios das propriedades gerais dos agregados. Parte 3: Método e terminologia para a descrição petrográfica simplificada.

EN 932-5:2012

Tests for general properties of aggregates. Part 5: Common equipment and calibration.

NP EN 932-6:2002

Ensaios das propriedades gerais dos agregados. Parte 6: Definições de repetibilidade e reprodutibilidade.

EN 933-1:2012

Tests for geometrical properties of aggregates. Part 1: Determination of particle size distribution - Sieving method. Ensaios para determinação das características geométricas dos agregados. Parte 2: Determinação da distribuição granulométrica. Peneiros de ensaio, dimensão nominal das aberturas. Tests for geometrical properties of aggregates. Part 3: Determination of particle shape - Flakiness index.

NP EN 933-2:1999 EN 933-3:2012 EN 933-4:2008

Peneiros para ensaio. Redes metálicas e chapas metálicas perfuradas. Aberturas nominais. Ensaios das propriedades gerais dos agregados. Parte 1: Métodos de amostragem.

EN 933-6:2001

Tests for geometrical properties of aggregates. Part 4: Determination of particle shape – Shape index. Ensaios das propriedades geométricas dos agregados. Parte 5: Determinação da percentagem de superfícies esmagadas e partidas nos agregados grossos. Tests for geometrical properties of aggregates. Part 6: Assessment of surface characteristics. Flow coefficient of aggregates.

NP EN 933-7:2002

Ensaios das propriedades geométricas dos agregados. Parte 7: Determinação do teor de conchas. Percentagem de conchas nos agregados grossos.

EN 933-8:2012 EN 933-9:2011 +A1:2013 EN 933-10:2009 NP EN 933-11:2011 NP EN 1097-1:2012

Tests for geometrical properties of aggregates. Part 8: Assessment of fines - Sand equivalent test.

NP EN 1097-2:2011

Ensaios das propriedades mecânicas e físicas dos agregados. Parte 2: Métodos para a determinação da resistência à fragmentação.

NP EN 1097-3:2002

Ensaios das propriedades mecânicas e físicas dos agregados. Parte 3: Determinação da baridade e do volume de vazios.

NP EN 1097-4:2012

Ensaios das propriedades mecânicas e físicas dos agregados. Parte 4: Determinação dos vazios do fíler seco compactado.

NP EN 1097-5:2011

Ensaios das propriedades mecânicas e físicas dos agregados. Parte 5: Determinação do teor de água por secagem em estufa ventilada.

EN 1097-6:2013

Tests for mechanical and physical properties of aggregates. Part 6: Determination of particle density and water absorption.

NP EN 1097-7:2012

Ensaios das propriedades mecânicas e físicas dos agregados. Parte 7: Determinação da massa volúmica do fíler. Método do picnómetro.

EN 1097-8:2009

Tests for mechanical and physical properties of aggregates. Part 8: Determination of the polished stone value.

NP EN 1097-9:2002

Ensaios das propriedades mecânicas e físicas dos agregados. Parte 9: Determinação da resistência ao desgaste provocado por pneus com correntes. Ensaio nórdico.

NP EN 933-5:2010

A1:2005 EN 1097-10:2002

Tests for geometrical properties of aggregates. Part 9: Assessment of fines - Methylene blue test. Tests for geometrical properties of aggregates. Part 10: Assessment of fines - Grading of filler aggregates (air jet sieving). Ensaios das propriedades geométricas dos agregados. Parte 11: Ensaio para classificação dos constituintes de agregados grossos reciclados. Ensaios das propriedades mecânicas e físicas dos agregados. Parte 1: Determinação da resistência ao desgaste (micro-Deval).

EN 1367-1:2007

Tests for mechanical and physical properties of aggregates. Part 10: Determination of water suction height. Tests for mechanical and physical properties of aggregates. Part 11: Determination of compressibility and confined compressive strength of lightweight aggregates. Tests for thermal and weathering properties of aggregates. Part 1: Determination of resistance to freezing and thawing.

NP EN 1367-2:2013

Ensaios das propriedades térmicas e de meteorização dos agregados. Parte 2: Ensaio do sulfato de magnésio.

EN 1097-11:2013

NP EN 1367-3:2005 AC:2011

Ensaios das propriedades térmicas e de meteorização dos agregados. Parte 3: Ensaio de ebulição para basaltos “Sonnenbrand”.

NP EN 1367-4:2011

Ensaios das propriedades térmicas e de meteorização dos agregados. Parte 4: Determinação da retracção por secagem.

EN 1367-5:2011

Tests for thermal and weathering properties of aggregates. Part 5: Determination of resistance to thermal shock.

EN 1367-6:2008 EN 1744-1:2009 +A1:2012 NP EN 1744-3:2005

Tests for thermal and weathering properties of aggregates. Part 6: Determination of resistance to freezing and thawing in the presence of salt (NaCl).

EN 1744-4:2005

Tests for chemical properties of aggregates. Part 4: Determination of water susceptibility of fillers for bituminous mixtures.

NP EN 1744-5:2011

EN 1744-7:2011

Ensaios das propriedades químicas dos agregados. Parte 5: Determinação de sais de cloreto solúveis em ácido. Ensaios das propriedades químicas dos agregados. Parte 6: Determinação da influência do extracto de agregados reciclados no tempo de início de presa do cimento. Tests for chemical properties of aggregates. Part 7: Determination of loss of ignition of Municipal Incinerator Bottom Ash Aggregate (MIBA Aggregate).

EN 1744-8:2012

Tests for chemical properties of aggregates. Part 8: Sorting test to determine metal content of Municipal Incinerator Bottom Ash (MIBA) Aggregates.

NP EN 12620:2002 +A1:2010

Agregados para betão.

NP EN 1744-6:2011

NP EN 13055-1:2005 AC:2010 NP EN 13055-2:2011 NP EN 13139:2005 AC:2010

Tests for chemical properties of aggregates. Part 1: Chemical analysis. Ensaios das propriedades químicas dos agregados. Parte 3: Preparação de eluatos por lexiviação dos agregados.

Agregados leves. Parte 1: Agregados leves para betão, argamassas e caldas de injecção. Agregados leves. Parte 2: Agregados leves para misturas betuminosas e tratamentos superficiais e para aplicações em camadas de materiais não ligados ou tratados com ligantes hidráulicos. Agregados para argamassas.

21 de Novembro de 2013


AGREGADOS (Cont.) Especificações LNEC E 222:1968

Agregados. Determinação do teor em partículas moles.

E 251:1985

Inertes para argamassas e betões. Ensaio de reactividade com os sulfatos em presença de hidróxido de cálcio.

E 415:1993

Inertes para argamassas e betões. Determinação da reactividade potencial com os álcalis. Análise petrográfica.

E 467:2006

Guia para a utilização de agregados em betões de ligantes hidráulicos.

E 471:2009

Guia para a utilização de agregados reciclados grossos em betões de ligantes hidráulicos.

CIMENTOS Normas NP 4435:2004

Cimentos. Condições de fornecimento e recepção.

NP EN 196-1:2006

Métodos de ensaio de cimentos. Parte 1: Determinação das resistências mecânicas.

NP EN 196-2:2006 NP EN 196-3:2005 +A1: 2009 NP EN 196-5:2011

Métodos de ensaio de cimentos. Parte 2: Análise química dos cimentos.

NP EN 196-6:2010

Métodos de ensaio de cimentos. Parte 6: Determinação da finura.

NP EN 196-7:2008

Métodos de ensaio de cimentos. Parte 7: Métodos de colheita e de preparação de amostras de cimento.

NP EN 196-8:2010

Métodos de ensaio de cimentos. Parte 8: Calor de hidratação. Método da dissolução.

NP EN 196-9:2010

Métodos de ensaio de cimentos. Parte 9: Calor de hidratação. Método semi-adiabático.

NP EN 196-10:2007

Métodos de ensaio de cimentos. Parte 10: Determinação do teor do crómio (VI) solúvel em água no cimento.

NP EN 197-1:2012

Cimento. Parte 1: Composição, especificações e critérios de conformidade para cimentos correntes.

NP EN 197-2:2001

Cimento. Parte 2: Avaliação da conformidade.

NP EN 197-4:2006

Cimento. Parte 4: Composição, especificações e critérios de conformidade para cimentos de alto-forno de baixas resistências iniciais.

NP EN 413-1:2011

Cimento de alvenaria. Parte 1: Composição, especificações e critérios de conformidade.

EN 413-2:2005

Masonry cement. Part 2: Test methods.

NP EN 14216:2005

Cimento. Composição, especificações e critérios de conformidade para cimentos especiais de muito baixo calor de hidratação.

NP EN 14647:2010

Cimento de aluminato de cálcio. Composição, especificações e critérios de conformidade.

NP EN 15743:2010

Cimento supersulfatado. Composição, especificações e critérios de conformidade.

Métodos de ensaio de cimentos. Parte 3: Determinação do tempo de presa e da expansibilidade. Métodos de ensaio de cimentos. Parte 5: Ensaio de pozolanicidade dos cimentos pozolânicos.

Especificações LNEC E 64:1979

Cimentos. Determinação da massa volúmica.

E 357:1995

Cimentos brancos. Determinação da brancura (factor de reflectância luminosa).

E 462:2004

Cimentos. Resistência dos cimentos ao ataque por sulfatos.

E 476:2007

Pastas de cimento. Determinação da retracção autogénea.

Outros documentos DNP CEN/TR 196-4:2011 CR 13933:2000

Métodos de ensaio de cimentos. Parte 4: Determinação quantitativa dos constituintes.

CR 14245:2001

Guidelines for the application of EN 197-2 “Conformity Evaluation”.

TR 15697:2008

Cement – Performance testing for sulfate resistance – State of the art report.

Masonry cement – Testing for workability (cohesivity).

Adições Normas NP 4220:2010

Pozolanas para betão, argamassa e caldas. Definições, requisitos e verificação da conformidade.

NP EN 450-1:2012

Cinzas volantes para betão. Parte 1: Definição, especificações e critérios de conformidade.

NP EN 450-2:2006

Cinzas volantes para betão. Parte 2: Avaliação da conformidade.

NP EN 451-1:2006

Métodos de ensaio das cinzas volantes. Parte 1: Determinação do teor de óxido de cálcio livre.

NP EN 451-2:1995 NP EN 13263-1:2005 +A1: 2009 NP EN 13263-2:2005 +A1: 2009

Métodos de ensaio de cinzas volantes. Parte 2: Determinação da finura por peneiração húmida.

NP EN 15167-1:2008 NP EN 15167-2:2008

Sílica de fumo para betão. Parte 1: Definições, requisitos e critérios de conformidade. Sílica de fumo para betão. Parte 2: Avaliação da conformidade. Escória granulada de alto-forno moída para betão, argamassa e caldas de injecção. Parte 1: Definições, especificações e critérios de conformidade. Escória granulada de alto-forno moída para betão, argamassa e caldas de injecção. Parte 2: Avaliação da conformidade.

Especificações LNEC E 384:1993

Escória granulada de alto-forno moída para betões. Determinação do teor de material vítreo por difracção de raios X.

E 385:1993

Fíler calcário para betões. Determinação do valor do azul de metileno.

E 386:1993

Fíler calcário para betões. Determinação do teor de carbono orgânico total (TOC).

E 412:1993

Materiais em pó. Determinação da superfície específica. Método B.E.T..

E 466:2005

Fíleres calcários para ligantes hidráulicos.

Outros documentos TR 15677:2008

Fly ash obtained from co-combustion – A report on the situation in Europe.

TR 15840:2009

Evaluation of conformity of fly ash for concrete – Guidelines for the application of EN 450-2.

TR 16443:2013

Backgrounds to the revision of EN 450-1:2005+A1:2007 - Fly ash for concrete.

21 de Novembro de 2013


ADJUVANTES Normas NP EN 480-1:2006 +A1:2011 NP EN 480-2:2007

Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Métodos de ensaio. Parte 1 : Betão de referência e argamassa de referência para ensaio.

NP EN 480-4:2007

Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Métodos de ensaio. Parte 4: Determinação da exsudação do betão.

NP EN 480-5:2007

Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Métodos de ensaio. Parte 5: Determinação da absorção capilar.

NP EN 480-6:2007

Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Métodos de ensaio. Parte 6: Análise por espectrofotometria de infravermelhos. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Métodos de ensaio. Parte 8: Determinação do teor de resíduo seco.

NP EN 480-8:2012 NP EN 480-10:2009 NP EN 480-11:2007 NP EN 480-12:2007 NP EN 480-13:2009 +A1:2011 NP EN 480-14:2007 NP EN 480-15:2013 NP EN 934-1:2008 NP EN 934-2:2009 +A1:2012 NP EN 934-3:2009 +A1:2012 NP EN 934-4:2009 NP EN 934-5:2008 NP EN 934-6:2003 A1:2008

Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Métodos de ensaio. Parte 2: Determinação do tempo de presa.

Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Métodos de ensaio. Parte 10: Determinação do teor de cloretos solúveis em água. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Métodos de ensaio. Parte 11: Determinação das características dos vazios do betão endurecido com ar introduzido. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Métodos de ensaio. Parte 12: Determinação do teor de álcalis dos adjuvantes. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Métodos de ensaio. Parte 13: Argamassa de alvenaria de referência para o ensaio de adjuvantes para argamassa. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Métodos de ensaio. Parte 14: Medição da susceptibilidade à corrosão do aço em betão armado pelo ensaio electroquímico potenciostático. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Métodos de ensaio. Parte 15: Betão de referência e método de ensaio de adjuvantes modificadores da viscosidade. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Parte 1: Requisitos gerais. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Parte 2: Adjuvantes para betão. Definições, requisitos, conformidade, marcação e etiquetagem. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Parte 3: Adjuvantes para argamassa de alvenaria. Definições, requisitos, conformidade, marcação e etiquetagem. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Parte 4: Adjuvantes para caldas de injecção para bainhas de pré-esforço. Definições, requisitos, conformidade, marcação e etiquetagem. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Parte 5: Adjuvantes para betão projectado. Definições, requisitos, conformidade, marcação e etiquetagem. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Parte 6: Amostragem, controlo da conformidade e avaliação da conformidade.

Especificações LNEC E 416:1993

Adjuvantes para argamassas e betões. Avaliação da corrosão das armaduras. Métodos electroquímicos.

Água Normas NP EN 1008:2003 NP EN 13577:2008

Água de amassadura para betão. Especificações para a amostragem, ensaio e avaliação da aptidão da água, incluindo água recuperada nos processos da indústria de betão, para o fabrico de betão. Ataque químico do betão. Determinação da concentração de dióxido de carbono agressivo da água.

Betão Normas NP 1385:2010

Betões. Determinação da composição do betão fresco.

NP 1387:2010

Betão. Determinação dos tempos de presa.

NP EN 206-1:2007 Emenda 1:2008

Betão. Parte 1: Especificação, desempenho, produção e conformidade.

Emenda 2:2010 NP EN 206-9:2010

Betão. Parte 9: Regras adicionais para betão autocompactável (BAC).

NP EN 12350-1:2009

Ensaios do betão fresco. Parte 1: Amostragem.

NP EN 12350-2:2009

Ensaios do betão fresco. Parte 2: Ensaio de abaixamento.

NP EN 12350-3:2009

Ensaios do betão fresco. Parte 3: Ensaio Vêbê.

NP EN 12350-4:2009

Ensaios do betão fresco. Parte 4: Grau de compactabilidade.

NP EN 12350-5:2009

Ensaios do betão fresco. Parte 5: Ensaio da mesa de espalhamento.

NP EN 12350-6:2009

Ensaios do betão fresco. Parte 6: Massa volúmica.

NP EN 12350-7:2009

Ensaios do betão fresco. Parte 7: Determinação do teor de ar. Métodos pressiométricos.

NP EN 12350-8:2010

Ensaios do betão fresco. Parte 8: Betão autocompactável. Ensaio de espalhamento.

NP EN 12350-9:2010

Ensaios do betão fresco. Parte 9: Betão autocompactável. Ensaio de escoamento no funil V.

NP EN 12350-10:2010

Ensaios do betão fresco. Parte 10: Betão autocompactável. Ensaio de escoamento na caixa L.

NP EN 12350-11:2010

Ensaios do betão fresco. Parte 11: Betão autocompactável. Ensaio de segregação no peneiro.

NP EN 12350-12:2010

Ensaios do betão fresco. Parte 12: Betão autocompactável. Ensaio de espalhamento no anel J.

NP EN 12390-1:2012

Ensaios do betão endurecido. Parte 1: Forma, dimensões e outros requisitos para o ensaio de provetes e para os moldes.

NP EN 12390-2:2009 Errata: Nov 2010

Ensaios do betão endurecido. Parte 2: Execução e cura de provetes para ensaios de resistência mecânica.

NP EN 12390-3:2011

Ensaios do betão endurecido. Parte 3: Resistência à compressão de provetes.

NP EN 12390-4:2003

Ensaios do betão endurecido. Parte 4: Resistência à compressão – Características das máquinas de ensaio.

NP EN 12390-5:2009

Ensaios do betão endurecido. Parte 5: Resistência à flexão de provetes.

NP EN 12390-6:2011

Ensaios do betão endurecido. Parte 6: Resistência à tracção por compressão de provetes.

NP EN 12390-7:2009

Ensaios do betão endurecido. Parte 7: Massa volúmica do betão endurecido.

NP EN 12390-8:2009

Ensaios do betão endurecido. Parte 8: Profundidade de penetração da água sob pressão.

NP EN 12504-1:2009

Ensaio do betão nas estruturas. Parte 1: Carotes. Extracção, exame e ensaio à compressão.

NP EN 12504-2:2012

Ensaio de betão nas estruturas. Parte 2: Ensaio não destrutivo – Determinação do índice esclerométrico.

NP EN 12504-3:2007

Ensaio de betão nas estruturas. Parte 3: Determinação da força de arranque.

NP EN 12504-4:2007

Ensaio de betão nas estruturas. Parte 4: Determinação da velocidade de propagação dos ultra-sons.

21 de Novembro de 2013


BETÃO Normas (Cont.) NP EN 13670:2011 Emenda 1:2012 NP ENV 13670-1:2007 Emenda 1:2008

Execução de estruturas de betão. Execução de estruturas em betão. Parte 1: Regras gerais.

NP EN 13791:2008

Avaliação da resistência à compressão do betão nas estruturas e em produtos prefabricados.

NP EN 14487-1:2008

Betão projectado. Parte 1: Definições, especificações e conformidade.

NP EN 14487-2:2008

Betão projectado. Parte 2: Execução.

NP EN 14488-1:2008

Ensaios de betão projectado. Parte 1: Amostragem do betão fresco e endurecido.

NP EN 14488-2:2008

Ensaios de betão projectado. Parte 2: Resistência à compressão do betão projectado jovem.

NP EN 14488-3:2008 NP EN 14488-4:2005 +A1: 2008 NP EN 14488-5:2008

Ensaios de betão projectado. Parte 3: Resistência à flexão (máxima, última e residual) de vigas reforçadas com fibras.

NP EN 14488-6:2008

Ensaios de betão projectado. Parte 6: Espessura de betão sobre um substrato.

NP EN 14488-7:2008

Ensaios de betão projectado. Parte 7: Dosagem de fibras no betão reforçado com fibras.

NP EN 14845-1:2008

Métodos de ensaio de fibras no betão. Parte 1: Betões de referência.

NP EN 14845-2:2008

Métodos de ensaio de fibras no betão. Parte 2: Influência sobre a resistência.

NP EN 14889-1:2008

Fibras para betão. Parte 1: Fibras de aço. Definições, especificações e conformidade.

NP EN 14889-2:2008

Fibras para betão. Parte 2: Fibras poliméricas. Definições, especificações e conformidade.

Ensaios de betão projectado. Parte 4: Resistência de aderência em carotes à tracção simples. Ensaios de betão projectado. Parte 5: Determinação da capacidade de absorção de energia de provetes de lajes reforçadas com fibras.

Especificações LNEC E 383:1993

Betões. Determinação da resistência à penetração de cloretos. Método da célula de difusão.

E 387:1993

Betões. Caracterização de vazios por método microscópico.

E 388:1993

Betões. Análise macro e micro-estrutural. Exame petrográfico.

E 389:1993

Betões. Preparação de lâminas delgadas para análise micro-estrutural.

E 390:1993

Betões. Determinação da resistência à penetração de cloretos. Ensaio de imersão.

E 391:1993

Betões. Determinação da resistência à carbonatação.

E 392:1993

Betões. Determinação da permeabilidade ao oxigénio.

E 393:1993

Betões. Determinação da absorção de água por capilaridade.

E 394:1993

Betões. Determinação da absorção de água por imersão. Ensaio à pressão atmosférica.

E 395:1993

Betões. Determinação da absorção de água por imersão. Ensaio no vácuo.

E 396:1993

Betões. Determinação da resistência à abrasão.

E 397:1993

Betões. Determinação do módulo de elasticidade em compressão.

E 398:1993

Betões. Determinação da retracção e da expansão.

E 399:1993

Betões. Determinação da fluência em compressão.

E 413:1993

Betões. Determinação da permeabilidade ao ar e à água. Método de Figg.

E 454:1999

Betões de cimento branco. Recomendações para a escolha dos constituintes.

E 461:2007

Betões. Metodologias para prevenir reacções expansivas internas.

E 463:2004

Betões. Determinação do coeficiente de difusão dos cloretos por ensaio de migração em regime não estacionário.

E 464:2007

E 475:2007

Betões. Metodologia prescritiva para uma vida útil de projecto de 50 e de 100 anos face às acções ambientais. Betões. Metodologia para estimar as propriedades de desempenho do betão que permitem satisfazer a vida útil de projecto de estruturas de betão armado ou pré-esforçado sob as exposições ambientais XC e XS. Betões. Determinação da permeabilidade à água. Método GWT.

E 477:2007

Guia para especificação do betão de ligantes hidráulicos conforme com a NP EN 206-1.

E 465:2007

Outros documentos CR 1901:1995

Regional Specifications and Recommendations for the avoidance of damaging alkali silica reactions in concrete.

CR 12793:1997

Measurement of the carbonation depth of hardened concrete.

TS 12390-9:2006

Testing hardened concrete – Part 9: Freeze-thaw resistance – Scaling.

TS 12390-10:2007

Testing hardened concrete – Part 10: Determination of the relative carbonation resistance of concrete.

TS 12390-11:2010

Testing hardened concrete – Part 11: Determination of the chloride resistance of concrete, unidirectional diffusion.

CR 13901:2000

The use of the concept of concrete families for the production and conformity control of concrete.

CR 13902:2000

Test methods for determining the water/cement ratio of fresh concrete.

TR 15177:2006

TR 15868:2009

Testing the freeze-thaw resistance of concrete – Internal structural damage. Concrete – Release of regulated dangerous substances into soil, groundwater and surface water – Test method for new or unapproved constituents of concrete and for production concretes. Survey of national requirements used in conjunction with EN 206-1:2000.

TR 16142: 2011

Concrete – A study of the characteristic leaching behaviour of hardened concrete for use in the natural environment.

TR 16349: 2012

Framework for a specification on the avoidance of a damaging Alkali-Silica Reaction (ASR) in concrete.

TR 16369: 2012

Use of control charts in the production of concrete.

TR 16563:2013

Principles of the equivalent durability procedure.

TR 15678:2008

Caldas de injecção Normas NP EN 445:2008

Caldas de injecção para armaduras de pré-esforço. Métodos de ensaio.

NP EN 446:2008

Caldas de injecção para armaduras de pré-esforço. Procedimentos de injecção.

NP EN 447:2008 Errata: Jan 2011

Caldas de injecção para armaduras de pré-esforço. Requisitos básicos.

Fontes de informação: www.ipq.pt | www.lnec.pt | www.cen.eu Significado do sombreado: linha inserida e/ou alterada

21 de Novembro de 2013


Técnica

Agregados para Betão – Substâncias Prejudiciais Eng.o João André

Preâmbulo Afigurando-se o Betão como um dos materiais de construção mais relevantes dos tempos modernos, é necessário ter consciência de que o seu comportamento e desempenho nas diversas construções que integra, depende inevitavelmente das propriedades dos seus constituintes, dos quais os Agregados se assumem como protagonistas marcadamente influentes. De facto, a diversidade de origens, tipologias e características inerentes àqueles materiais acabam por condicionar a jusante, a própria qualidade dos Betões que vão incorporar. Assim, procurou-se, com o presente artigo, dar uma orientação e alertar para a forma como determinados factores podem interferir decisivamente e de modo indesejável na qualidade dos betões, nomeadamente a existência de substâncias prejudiciais nos agregados. A base do texto que se segue fundamenta-se de uma forma objectiva, para além do acervo normativo aplicável em Portugal, essencialmente na norma europeia EN 12620, transcrevendo-se, quando justificável, algumas passagens dos documentos normativos.

divididas em três grandes grupos: • impurezas que interferem na hidratação do cimento (ácidos húmicos, sais minerais); • substâncias envolventes do agregado, formando películas (argila e silte ou pó de pedra); • partículas frágeis e defeituosas (torrões de argila, carvão, linhina).

1. Generalidades

2. Impurezas de origem orgânica

Os agregados utilizados na fabricação de betão não devem ser reactivos com o cimento e ser suficientemente estáveis diante da acção dos agentes externos com os quais vão estar em contacto na central de produção de betão. Os agregados devem estar isentos de substâncias prejudiciais, como argila, matéria orgânica, etc., que diminuam a sua aderência à pasta de cimento ou que prejudiquem as reacções de presa e endurecimento do betão. Os agregados não devem reagir com o cimento dando lugar a produtos expansivos que possam criar tensões internas na massa de betão, que alterem ou diminuam as resistências mecânicas ou durabilidade dos mesmos. As substâncias prejudiciais nos agregados podem ser

A matéria orgânica é a impureza mais frequente nos agregados finos. Consiste em tecidos de animais e vegetais, geralmente sob a forma de partículas minúsculas de húmus e argila orgânica, que são principalmente formados por carbono, nitrogénio e água. Este tipo de material, ao encontrar-se em grandes quantidades, afecta de uma forma nociva as propriedades do betão, como a resistência, a durabilidade e os tempos de presa do betão. As impurezas orgânicas interferem nas reacções químicas de hidratação do cimento durante o processo de presa originando um retardamento, o qual origina, como anteriormente se referiu, uma diminuição da resistência e da durabilidade do betão. Por isso é importante detectar este tipo de matéria, saber como actua e até que quantidade é admissível.

26 Betão n.31 Novembro 2013

Podem instalar-se, ainda, certas reacções químicas entre o agregado e o cimento, que ao originarem expansão, anulam a coesão existente entre os materiais. As reacções expansivas enquadram-se em três tipos diferentes: • reacção em meio húmido, entre álcalis do cimento e a sílica não cristalizada do agregado; • reacção dos álcalis do cimento com o carbonato de magnésio de certos calcários dolomíticos; • reacção de determinadas formas da alumina do agregado (por exemplo, feldspatos sódicos alterados ou caulinizados), com sulfatos em presença de elevada alcalinidade proveniente da hidratação do cimento.


Técnica

Ao falar-se nos prejuízos causados pela matéria orgânica no betão, também se deve dar ênfase aos danos provocados nas armaduras, como o aço, onde pode ocorrer a corrosão, que é um dos maiores problemas no betão armado, produzindo-se a degradação das suas propriedades. Como nem todas as impurezas orgânicas são prejudiciais o mais aconselhável é realizar um ensaio para conhecer a quantidade de matéria nos agregados e desta maneira se poder tomar decisões, sobre a utilização dos agregados. Estes ensaios sobre a determinação dos componentes orgânicos que afectam o endurecimento e a presa do cimento encontram-se descritos na norma EN 1744-1, secção 15. A norma EN 12620 refere que a presença de matéria orgânica deve ser determinada de acordo com a EN 1744-1 secção 15.1 (determinação do teor de húmus). Se os resultados revelarem um teor elevado em húmus, convém determinar a presença de ácido fúlvico de acordo com a EN 1744-1 secção 15.2. Se nestes ensaios a cor do líquido que sobrenada for mais clara que as cores-padrão, pode considerar-se que os agregados não contêm matéria orgânica. 2.1 Teor de húmus A matéria orgânica que dá ao solo a cor escura é constituída essencialmente por um material chamado húmus. O húmus deriva principalmente das plantas que realizam fotossíntese. Alguns componentes desse material (como a celulose e a hemicelulose) provêm por sua vez da decomposição anterior efectuada por organismos que vivem no solo. A fracção de cor escura do húmus é formada por ácidos húmicos e fúlvicos, e é solúvel em soluções alcalinas devido à presença dos grupos ácidos. O ensaio que se deve fazer inicialmente é a determinação do teor de húmus (EN 1744-1 Secção 15.1). Como referido anteriormente, o húmus é uma substância orgânica que se forma no solo pela decomposição de restos de animais e de plantas. O teor de húmus é determinado a partir de um ensaio colorimétrico, quando o provete para ensaio é agitado numa solução de hidróxido de sódio. O método de ensaio baseia-se no facto de o húmus desenvolver uma cor escura ao reagir com o hidróxido de sódio. A intensidade da cor depende do teor de húmus. Se a solução não estiver ou estiver apenas ligeiramente colorida (ver figura 1), o agregado não contém quantidades consideráveis de húmus. O aparecimento de uma cor escura (ver figura 2) resulta nor-

malmente num teor elevado de húmus. No entanto esta reacção poderá ter outras causas. O resultado do ensaio deve indicar se a cor da solução é um Ensaio Negativo (mais clara do que a cor padrão) ou um Ensaio Positivo (mais escura do que a cor padrão). O facto de, após o ensaio de um agregado, a cor ser mais escura que a cor padrão, não significa necessariamente que seja impróprio para utilizar. A matéria orgânica detectada por este método pode não ser prejudicial para o betão como acontece com a linhina; a coloração obtida no ensaio pode ser devida a minerais ou sais de ferro; há ainda compostos orgânicos como a glucose, que não dão cor à solução, e são prejudiciais para o cimento. A natureza da matéria orgânica presente no agregado é muito mais importante do que a quantidade. Se existirem suspeitas da existência de açúcares ou de matérias contendo açúcar, convém que o agregado seja sujeito ao ensaio de determinação dos contaminantes orgânicos pelo método da argamassa de acordo com a norma EN 1744-1 secção 15.3.

Figura 1 – Agregado sem húmus considerável

Figura 2 – Agregado com elevado teor de húmus

2.2 Teor de ácido fúlvico Se os resultados do ensaio de determinação do teor de húmus revelarem um teor elevado em húmus, convém determinar a presença de ácido fúlvico de acordo com a EN 1744-1 secção 15.2 que especifica um método de determinação do teor de ácido fúlvico dos agregados finos. Os ácidos fúlvicos são componentes dos ácidos húmicos que têm um efeito retardador na hidratação do

Novembro 2013 Betão n.31 27


Técnica

cimento. Os ácidos fúlvicos dissolvem-se em ácido clorídrico produzindo uma cor amarela. A intensidade da cor aumenta à medida que aumenta a concentração de ácidos fúlvicos. Os compostos de Fe (III) produzem uma cor acastanhada na presença de ácido clorídrico. Esta cor é eliminada pela conversão dos compostos de Fe (III) em compostos de Fe (II) incolores utilizando uma solução de cloreto de estanho. O resultado do ensaio deve indicar se a cor da solução é um Ensaio Negativo (mais clara do que a cor padrão) ou um Ensaio Positivo (mais escura do que a cor padrão) . A solução colorida padrão é obtida por dissolução de 45,0 g de FeCl3.6H2O e 5,50 g CoCL2.6H2O em 279,5 g de água com 1 ml de HCl concentrado. A solução colorida padrão (laranja-tangerina) é equivalente à Cor Normalizada Gardner n.º 11 (ver Figura 3).

De acordo com a norma EN 1744-1 secção 15.3 o método de argamassa é um ensaio de desempenho com o objectivo de demonstrar e quantificar quaisquer efeitos que os contaminantes orgânicos nos agregados possam ter no endurecimento da argamassa. O método consiste em preparar duas argamassas nominalmente idênticas e ensaiá-las quanto ao índice de endurecimento e resistência à compressão. Uma das argamassas é feita com o agregado de ensaio tal como recebido, enquanto a outra argamassa é preparada com o mesmo agregado após ter sido aquecido a (480±25)oC de forma a destruir a matéria orgânica. O agregado aquecido funciona como um controlo a partir do qual o agregado em estudo é comparado. Procede-se à avaliação no que respeita ao seu efeito no tempo de presa e na resistência à compressão aos 28 dias de idade. Logo após terminada a mistura de cada argamassa (uma com o agregado aquecido, outra com o agregado no estado de recepção), determina-se o tempo de presa de acordo com a norma EN 1015-9. De acordo com a norma EN 1015-11, a partir de cada mistura determina-se a resistência à compressão de cada argamassa aos 28 dias. De acordo com a norma EN 12620 secção 6.4.1, as proporções de tais materiais devem ter um valor que não provoquem: • um aumento do tempo de presa nos provetes de argamassa de ensaio superior a 120 min; • uma diminuição da resistência à compressão nos provetes da argamassa de ensaio superior a 20 % aos 28 dias. 3. Constituintes que afectam a superfície de acabamento do betão

Figura 3 – Cor Normalizada Gardner n.º 11

2.3 Determinação dos contaminantes orgânicos pelo método da argamassa Já foi referido que o facto de, após o ensaio de um agregado, a cor ser mais escura que a cor padrão, não significa necessariamente que seja impróprio para utilizar. Neste caso pode realizar-se o ensaio de determinação dos contaminantes orgânicos pelo método da argamassa (EN 1744-1 secção 15.3) que é muito mais moroso de realizar, mas conclusivo sobre a qualidade dos agregados relativo a este parâmetro.

28 Betão n.31 Novembro 2013

Quando o aspecto da superfície do betão for uma característica essencial ou determinante, convém que os agregados não contenham materiais em proporções capazes de afectar negativamente a qualidade ou durabilidade da superfície. Geralmente, são partículas que pelas suas propriedades físicas alteram a integridade ou a resistência do betão, não só devido ao facto de a sua resistência ser inferior à da argamassa mas também à possibilidade de alterações volumétricas excessivas por embebição, secagem ou congelação da água no seu interior. Certos constituintes de agregados podem ter um efeito prejudicial na superfície de acabamento do betão podendo formar manchas, descolorações, expansões ou destacamentos se estiverem perto da superfície do betão. Os sulfuretos de ferro reactivos e a lenhite são dois exemplos de materiais que podem provocar tais efeitos no betão.


Técnica

A lenhite e o carvão devem ser eliminados do agregado se este se destina ao betão à vista e, no betão sujeito a desgaste, a presença de todas as partículas friáveis e com baixa resistência deve ser também completamente eliminada. Sabendo-se que pequenas percentagens, em massa, de contaminantes nos agregados podem afectar a superfície de acabamento do betão, convém verificar se a origem dos agregados é adequada ao destino final. A norma EN 12620 Anexo G secção G.4 refere que, normalmente, a proporção de contaminantes orgânicos leves, determinada de acordo com a norma EN 1744-1 secção 14.2, convém que não exceda: • 0,5 % em massa do agregado fino; ou • 0,1 % em massa do agregado grosso. Quando a superfície de acabamento for de particular importância, a proporção de contaminantes orgânicos leves, determinada de acordo com a norma EN 1744-1 secção 14.2, convém que não exceda: • 0,25 % em massa do agregado fino; ou • 0,05 % em massa do agregado grosso. Em certos casos, como por exemplo para paramentos mais críticos, pode ser necessário estabelecer requisitos adicionais quanto aos níveis de contaminantes orgânicos leves. 4. Impurezas constituídas por sais minerais Muitos sais minerais podem estar misturados com o agregado e provocar alterações na presa, na resistência, na durabilidade, promover a deterioração do betão, originando reacções nocivas com o cimento ou com as armaduras do betão armado, como já referido anteriormente. Enquadram-se neste âmbito o caso de agregados contaminados ou contendo sais minerais tais como cloretos, compostos contendo enxofre (exemplo, sulfatos (especialmente gesso)), sulfuretos, óxidos de ferro e certos compostos de chumbo e zinco. 4.1 Cloretos Os cloretos podem existir nos agregados naturais ou serem provenientes da água com a qual estiveram em contacto. Em geral, os agregados extraídos do mar contêm sais em que predominam os cloretos e os sulfatos. Os cloretos alteram o tempo de presa do cimento e a velocidade do endurecimento, sendo extremamente perigosos no caso do betão armado ou pré-esforçado. Porque, existindo armaduras de aço, a presença do ião cloro promove a oxidação sob a forma de ferrugem, provocando não só diminuição da sua secção, mas também expansão, pois a ferrugem forma-se com

um extraordinário aumento de volume, que acaba por romper o recobrimento do betão, o que acelera mais ainda o processo de corrosão. Assim, pode-se afirmar que a corrosão devida aos cloretos é generalizada e altera a secção do aço, que rompe normalmente, com o alongamento unitário de rotura que tinha antes da corrosão. O teor de iões cloro solúveis em água da maior parte dos agregados extraídos de depósitos continentais é geralmente muito baixo. Sempre que se possa demonstrar que o teor de cloro de tais materiais não é superior a 0,01%, este valor pode ser utilizado no cálculo do teor máximo de cloretos dos materiais constituintes do betão. O ensaio deve ser realizado de acordo com a norma EN 1744-1 secção 5.1 - Determinação de sais de cloreto solúveis em água utilizando o método de Volhard (método de referência). A percentagem de cloretos no betão deve ser limitada através de valores precisos em função dos diferentes tipos de betão. De acordo com a norma NP EN 2061:2007 secção 5.2.7 o cloreto de cálcio e os adjuvantes à base de cloretos não devem ser adicionados ao betão com armaduras de aço, aço de pré-esforço ou com qualquer outro tipo de material embebido. O teor de cloretos de um betão, expresso em percentagem de iões cloreto por massa de cimento, não deve exceder o valor dado no quadro seguinte:

Utilização do betão

Sem armaduras de aço ou outros metais embebidos, com excepção de dispositivos de elevação resistentes à corrosão Com armaduras de aço ou outros metais embebidos

Classe do teor de cloretos a)

Máximo teor de Cl por massa de cimento b)

Cl 1,0

1,0 %

Cl 0,20 0,20 % Cl 0,40 0,40% Cl 0,10 0,10% Com aço de pré-esforço Cl 0,20 0,20% a) Para um uso específico do betão, a classe a aplicar depende das disposições válidas no local de utilização do betão. b) Quando forem utilizadas adições do tipo II e quando estas forem consideradas para a dosagem de cimento, o teor de cloretos é expresso em percentagem de iões cloreto por massa de cimento mais massa total das adições consideradas.

Para a determinação do teor de cloretos de um betão deve calcular-se a soma das contribuições dos materiais constituintes, usando um, ou uma combinação,

Novembro 2013 Betão n.31 29


Técnica

dos seguintes métodos: • cálculo baseado, para cada um dos materiais constituintes, no teor máximo de cloretos permitido na respectiva norma ou no teor declarado pelo produtor; • cálculo baseado, para cada um dos materiais constituintes, no teor de cloretos calculado mensalmente a partir da média das últimas 25 determinações mais 1,64 vezes o respectivo desvio-padrão. Este método é particularmente aplicável a agregados dragados do mar e para aqueles casos onde não existe um valor máximo declarado ou normalizado. 4.2 Sulfatos A presença de sulfatos nos agregados pode levar à desagregação do betão por expansão. Os sulfatos podem reagir com a alumina do agregado ou do cimento, se em presença de uma solução sobressaturada de hidróxido de sódio originar-se etringite, reacção que é expansiva. Em certas condições, outros compostos com enxofre presentes nos agregados podem oxidar-se no betão e produzir sulfatos. Estes podem também provocar a desagregação do betão por expansão. O ensaio de determinação de sulfatos solúveis em ácido é realizado de acordo com a norma EN 1744-1 secção 12. O teor de iões sulfatos é expresso como uma percentagem da massa do agregado. De acordo com a especificação LNEC E 467 o requisito de conformidade para os agregados, exceptuando as escórias arrefecidas ao ar, implica um valor menor ou igual a 0,2 %. 4.3 Enxofre total Quando requerido, o teor total de enxofre dos agregados, determinado de acordo com a norma EN 1744-1 secção 11, não deve exceder 1 % em massa para os agregados, excepto escórias de alto-forno arrefecidas ao ar. Devem ser tomadas precauções especiais quando no agregado se verifique a existência de pirrotite (forma instável do sulfureto de ferro) pois este mineral é muito instável em presença dos agentes atmosféricos, pois oxida-se facilmente produzindo ácido sulfúrico. Se a presença da pirrotite for confirmada, o teor máximo de enxofre deve ser reduzido para 0,1 %. 4.4 Alcalinos A pesquisa de iões alcalinos só deve ser realizada quando o agregado que se vai utilizar é reactivo com os álcalis, e apenas tem interesse a limitação da quantidade de álcalis quando o ligante do betão é cimento portland ou portland de ferro. O inconveniente da existência, nos agregados, de sais não prejudiciais para o betão nem para as armaduras resume-se à possível provocação de eflorescências, devido à percola-

30 Betão n.31 Novembro 2013

ção da água através do betão, e à sua evaporação na superfície. A eflorescência é provocada pelo carbonato de cálcio, pelo sulfato de cálcio e pelos carbonatos e sulfatos alcalinos, provenientes dos sais incorporados no betão. Há no entanto casos de destruição do betão devido à cristalização e dissolução alternada de sais (especialmente sulfato de magnésio) no betão. 5. Finos De acordo com a norma EN 12620 a definição de finos é a fracção do agregado que passa no peneiro de 0,063 mm. Tipo de partículas finas: • argila (dimensões inferiores a 2µm) • silte ou pó de pedra (dimensões entre 2µm e 60 µm) proveniente da britagem. As partículas finas, devido às suas dimensões podem enfraquecer o betão, na medida que ao revestirem as partículas do agregado, impedem uma aderência activa da pasta de cimento com o agregado. Estes tipos de partículas podem aumentar a água de amassadura e fazê-la variar de uma para a outra. Logo, para uma determinada composição de betão cuja consistência se pretende manter constante, a incorporação de partículas finas, para além das do estudo da composição, origina uma variabilidade da água de amassadura com implicações nas propriedades do betão, nomeadamente na sua resistência. 5.1 Influência da argila e do pó de pedra A influência de partículas de argila é mais nefasta para o betão que as partículas finas provenientes da britagem. Por isso a quantidade admissível para o fabrico do betão é diferente. As partículas de argila têm dimensões inferiores à do cimento. O mecanismo de aderência das partículas de argila ao cimento, origina a formação de uma película que constitui uma barreira à difusão de iões, que impede a cristalização regular e homogénea dos componentes hidratados. Se não forem em quantidade suficiente para formar películas à volta dos grãos de cimento vão interferir no crescimento dos cristais dos componentes hidratados e na sua colagem que pode até ser impedida ou muito reduzida. Há argilas que pela sua constituição mineralógica


Técnica

modificam a presa e o endurecimento do betão e outras como as argilas expansivas do tipo da bentonite que, por adsorção da água de amassadura, podem tornar o betão durante a mistura duro, com falta de trabalhabilidade. Se a argila reveste o agregado, também tem uma acção prejudicial ao impedir a perfeita ligação do cimento com o agregado, com implicações nas tensões de rotura do betão. A presença das partículas de argila pode baixar as tensões de rotura à compressão entre 20 % a 30 %. Sobre este assunto A. Sousa Coutinho realizou um estudo sobre uma composição de betão que se descreve: Composição do betão de referência por metro cúbico: 300 kg de cimento; 1855 kg de agregados (795 kg de areia e 1060 kg de agregados grossos) e 190 l de água. A consistência do betão medida através do ensaio de abaixamento, mantém o valor de 30mm.

MPa, por vezes a fronteira entre a verificação da conformidade para um C25/30, no estudo em análise. De salientar que para uma mesma percentagem de substituição de agregado a argila tem um acréscimo maior de água que a do pó de pedra, para a mesma consistência. O pó de pedra é constituído por partículas com dimensões maiores que as da argila, logo é menor a sua influência no crescimento e colagem dos cristais do cimento hidratado. A incorporação de pó de pedra no betão em determinadas situações permite corrigir a granulometria do agregado ou até da pasta de cimento, contribuindo para uma maior compacidade da mistura nos casos de betões com dosagens baixas de cimento e/ou betões com areia mais grossa com falta de finos. As limitações para a incorporação do pó de pedra no betão não são por isso tão grandes como para a argila. O maior inconveniente das partículas muito finas é diminuírem a resistência ao desgaste, nomeadamente por abrasão. Os agregados que contenham quantidade de partículas finas superiores aos limites estabelecidos devem ser lavados. No caso da argila e matéria orgânica muito ligadas ao agregado, a lavagem mais eficaz é obtida recorrendo à adição de hidróxido de sódio na água de lavagem. A solução de hidróxido de sódio ataca a matéria orgânica e origina a floculação da argila, limpando o agregado das partículas finas que se encontravam aderentes à sua superfície. A acção prejudicial dos finos existentes nos agregados finos e nos fíleres deve ser avaliada através da realização dos ensaios de: • determinação do teor de finos de acordo com a norma EN 933-1; • ensaio do equivalente de areia de acordo com a norma EN 933-8; • ensaio de azul de metileno de acordo com a norma EN 933-9. A determinação do teor em agregados muito finos e matérias solúveis contidas nos agregados é realizada de acordo com a norma NP EN 933-1 relativa à análise granulométrica dos agregados.

Figura 4 – Variação da tensão de rotura à compressão, a 28 dias, do betão de referência, com a quantidade de argila, de pó de calcário e de 5% de pó com quantidades crescentes de argila. A percentagem refere-se ao peso total do agregado.

O teor de finos de um agregado é dado pela equação:

f A substituição de 2 % de agregado por argila (aproximadamente 37 kg de argila por metro cúbico) baixou a tensão de rotura em 28 %. No caso da substituição de agregado por pó de pedra o decréscimo das tensões de rotura não é tão significativo. Uma substituição de agregado por 3 % de pó de pedra origina uma diminuição da resistência em 4

(M1 - M2) + P x100 M1

onde: M1 - massa do provete de ensaio seco M2 - massa do material seco com granulometria superior a 0,063 mm.

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Técnica

Nota: partículas retidas no peneiro de 0,063 mm e restantes de dimensão superior. P - massa do material peneirado que passa no peneiro de 0,063 mm na peneiração a seco do material seco após a lavagem. Nota: (M1 – M2) quantidade de finos que passaram no peneiro de 0,063 mm durante a lavagem do agregado. 5.2 Ensaio de equivalente de areia O ensaio de equivalente de areia destina-se especialmente a medir rápida e seguramente o teor de argila, com o fim de evitar a utilização de materiais com quantidades excessivas de argila. Quando o agregado contém outros finos, além da argila, o ensaio não é conclusivo. Pois as partículas argilosas são mais sensíveis à floculação que outras partículas finas. O ensaio de equivalente de areia é tão sensível à quantidade de finos como à qualidade dos finos. 5.3 Ensaio de azul de metileno A norma sobre o ensaio de azul de metileno, que se baseia na adsorção de um corante (azul de metileno), foi desenvolvida em França nos finais dos anos 80, com o objectivo de caracterizar a natureza dos finos que se utilizavam na fabricação do betão. Posteriormente desenvolveram-se variantes da dita norma para determinar a presença de argila nos finos das partículas de tamanho inferior a 400 um para a sua utilização, também, em agregados destinados a pavimentos. As diferenças entre estas normas são várias e de diferente significado; entre elas, podem mencionar-se as relativas às fracções de finos utilizadas no ensaio, a concentração da solução de azul de metileno que se utiliza, o método de determinação da mancha de azul (visual e calorimétrica), assim como a forma de expressão dos resultados de ensaio. Nas primeiras normas (por exemplo, NLT 171/ 90 e UNE 83130) o resultado era expresso em gramas de azul de metileno por cem gramas de amostra (g/100 g), enquanto na NP EN 933-9 o resultado é expresso em gramas de azul de metileno por mil gramas de amostra (g/1000 g). Os primeiros estudos realizados sobre a norma EN 933-9 referiam que não era necessário modificar as especificações fixadas nas normas anteriores, e assim se manteve até início do ano 2002, quando se comprovou que a especificação devia alterar-se, pelo menos através da introdução na norma europeia de uma nova unidade de medida. As variações da norma de ensaio poderiam levar também à fixação de valores distintos, em função da capacidade de adsorção da fracção fina, que varia segundo a natureza e composição das argilas que a formam; este método seria muito complicado de sistematizar e de especificar e não se vislumbra que traga maior qualidade aos agregados finos das diferen-

32 Betão n.31 Novembro 2013

tes unidades de produção e utilização (exemplo, pavimentos). Assim, a comissão responsável pela elaboração das normas de produto europeias optaram por uma solução simples que resolve a situação descrita e que consiste em multiplicar os valores do azul de metileno por dez, para manter as especificações nos níveis semelhantes às normas anteriores à EN 933-9. O ensaio de azul de metileno tem como objectivo avaliar o grau de contaminação argilosa dos finos constituintes do agregado fino. O azul de metileno tem a propriedade de ser adsorvido pela argila e matéria orgânica. O princípio do ensaio baseia-se numa massa de finos que é dispersa em água destilada à qual se adicionam incrementos de azul de metileno. Enquanto o azul de metileno é adsorvido, ele não cora a água. Esta reacção verifica-se depositando uma gota sobre um papel de filtro: o centro da mancha é azul escura (argila antes de adsorver o azul de metileno) e a auréola da mancha mantém-se incolor. A partir de uma certa quantidade de azul de metileno, a auréola persiste de cor azul claro de cerca de 1 mm à volta da mancha. Nesta fase toda a argila esgotou a sua capacidade de adsorção. Nota: Adsorção – processo pelo qual uma substância (gás ou líquido) adere à superfície de outra (sólido). Na adsorção verifica-se a formação de uma camada de gás ou líquido sobre a superfície de um sólido. A norma NP EN 933-9 define um método para a determinação do valor (MB) do azul de metileno da fracção 0/2 mm em agregados finos e de granulometria extensa e a determinação do valor azul de metileno da fracção 0/0,0125 mm (MBF) (Ex. misturas betuminosas). De acordo com esta norma incrementos de uma solução de azul de metileno são sucessivamente adicionadas a uma suspensão em água destilada do provete, até que o limite de adsorção do azul de metileno pelas partículas seja atingido. Este limite é identificado através do método da mancha em papel de filtro. Quando os finos são pouco argilosos, pode adicionar-se caulinite à suspensão. (Ver em anexo descrição do ensaio). 6. Avaliação dos finos De acordo com a norma EN 12620, os finos devem ser considerados não prejudiciais quando qualquer uma das quatro condições seguintes se verificar: a) teor total de finos do agregado fino inferior a 3 % ou a outro valor de acordo com as disposições em vigor no local de utilização do agregado; b) valor do equivalente de areia (SE), quando determinado de acordo com a EN 933-8, superior a um limite inferior especificado; c) valor do ensaio de azul de metileno (MB), quando determinado de acordo com a EN 933-9, inferior a um determinado limite especificado;


Técnica

d) desempenho equivalente ao de um agregado considerado satisfatório ou quando haja evidência do seu emprego satisfatório, sem que tenham resultado problemas. Os requisitos de conformidade para os ensaios do equivalente de areia e do azul de metileno na fracção 0/2 mm devem normalmente ser expressos com uma probabilidade de 90 %. De acordo com a especificação LNEC E 467 os requisitos mínimos para a verificação de conformidade para o teor de fino e qualidade dos finos é a seguinte:

Bibliografia [1] EN 12620:2013 (Ed. 2) Aggregates for concrete [2] EN 1744-1:2009+A1:2012 (Ed. 1) Tests for chemical properties of aggregates. Part 1: Chemical analysis. [3] Coutinho, A. de Sousa – Fabrico e propriedades do betão, volume 1, 1988 [4] EN 933-1:2012 (Ed. 2) Tests for geometrical properties of aggregates. Part 1: Determination of particle size distribution - Sieving method.

a) teor de finos: agregados grossos: f4; agregados naturais 0/8: f16; agregados de granulometria extensa: f16; agregados finos: f22. b) valor do equivalente de areia (SE), quando determinado de acordo com a EN 933-8, SE ≥ 50 para agregados com mais de 3% de finos; c) valor do ensaio de azul de metileno (MB), quando determinado de acordo com a EN 933-9, MB 2,0 g/kg de finos para agregados com mais de 3% de finos.

[5] EN 933-9:2009+A1:2013 (Ed. 1) Tests for geometrical properties of aggregates. Part 9: Assessment of fines - Methylene blue test. [6] EN 933-8:2012 (Ed. 2) Tests for geometrical properties of aggregates. Part 8: Assessment of fines - Sand equivalent test. [7] NP EN 206-1:2007 Betão. Parte 1: Especificação, desempenho, produção e conformidade [8] Especificação LNEC 467:2006 Guia para a utilização de agregados em betões de ligantes hidráulicos.

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Património

50 Anos da Ponte da Arrábida no Porto

Comemoraram-se em 22 de Junho do corrente, 50 anos da inauguração da Ponte da Arrábida sobre o rio Douro, verdadeiro expoente da engenharia civil portuguesa e que à data, no ano de 1963, constituia a ponte em arco de betão armado com maior vão em todo o mundo: 270 metros. De facto a Ponte da Arrábida constitui uma obra-prima da Engenharia de Pontes, sendo como tal reconhecida internacionalmente. O seu processo construtivo, ao abrigo de um cimbre metálico em arco apoiado nas duas margens, com peso de 2200 toneladas, e colocado sucessivamente em três posições distintas, constituiu uma operação de extraordinário rigor e engenho, nunca antes realizada. A Ponte da Arrábida é a primeira grande ponte sobre o rio Douro integralmente concebida, projectada e construída pela Engenharia Portuguesa. O seu autor, Engenheiro Edgar Cardoso, notabilizou-se como projectista de pontes, combinando sabiamente nas suas obras, espalhadas pelos quatro continentes, engenho, ousadia, inovação, sensibilidade e apuro estético. No

34 Betão n.31 Novembro 2013

contexto do acervo de obras que deixou, a Ponte da Arrábida é, para muitos especialistas, a sua maior obra-prima. Ao longo das últimas décadas a Ponte da Arrábida tornou-se um dos mais poderosos símbolos da cidade do Porto, provavelmente aquele que no futuro melhor simbolizará o Porto do século XX. No presente, a Ponte da Arrábida, para além da sua relevância utilitária como principal ligação entre as duas margens do rio no coração da Área Metropolitana do Porto, constitui Património no sentido mais nobre do termo. De entre as pontes do estuário do rio Douro, a Ponte da Arrábida é a ponte mais próxima da foz, inserindo-se numa área muito sensível em que têm surgido novas construções, em ambas as margens, quer à cota alta, quer à cota das duas estradas marginais. O ano de 2013 tem assim um significado especial para a Cidade Invicta, pois não só se comemoram os 50 anos de vida em serviço da Ponte da Arrábida, como também se completa o centenário do nascimento naquela cidade, do seu autor, o inesquecível Engenheiro Edgar Cardoso.


Património

Como se referiu, a Ponte da Arrábida sobre o rio Douro, no Porto, foi inaugurada no dia 22 de Junho de 1963, segundo projecto do Engenheiro Edgar Cardoso, sendo, naquela data, a ponte em arco construída em betão armado com maior vão em todo o mundo: 270 metros. A metodologia usada para a sua construção, por um lado, e a solução construída, por outro, constituíram na época avanços notáveis a nível internacional. A obra em si era descrita então, como: “uma ponte de arco com tabuleiro superior, de tímpanos aligeirados, com a rasante à cota de 68 m, com 25 m de largura, comportando o seu perfil transversal duas faixas de circulação de 8 m cada, duas pistas de 1,70 m para ciclistas, dois passeios de 1,50 m e um separador central de 2 m. Com a nova ponte, o vão sobre o rio Douro era assim vencido por um só arco de flecha igual a 52 m e com uma corda de 270 m, o que o tornava o maior vão do mundo de betão armado, entre os executados até então. O arco é formado por duas costelas, cada uma com a largura constante de 8 m, nas quais se apoia uma série de colunas rectangulares que sustentam o tabuleiro. Este tem o comprimento de 493 m, e a ponte, entre encontros, tem uma extensão total de cerca de 615 m”.

O seu projectista, Engenheiro Edgar Cardoso, nascido no Porto (1913) e licenciado na Faculdade de Engenharia (1937), notabilizou-se ao longo de quase seis décadas de intensa vida profissional, como um excepcional projectista de estruturas, sendo autor do projecto de pontes em quatro continentes. Tinha acabado de completar 50 anos aquando da inauguração da Ponte da Arrábida, considerada por muitos como uma das suas obras-primas. Perto de três décadas depois, já quase octogenário, via inaugurada em 24 de Junho de 1991, a ponte ferroviária de S. João, poucos quilómetros a montante da Ponte da Arrábida, e que tal como esta, foi um recorde mundial em pontes desta tipologia, com o seu vão central de 250 metros sobre o rio Douro, que veio a substituir a centenária Ponte Maria Pia, situada 180 metros a jusante. Nestas 5 décadas, desde a sua construção, a Ponte da Arrábida, para além de constituir a principal ligação rodoviária entre as duas margens do rio Douro no coração da Área Metropolitana do Porto, consolidou-se como um dos mais poderosos, se não o mais poderoso símbolo da Cidade. Os primeiros estudos para uma nova travessia datam de 1930. A ideia de uma ponte ligando o Candal à Arrábida surgiu em 1945, e foi submetida ao Conselho Superior das Obras Públicas em 1950. Decidiu-se avançar com uma ponte mista (rodoviária e ferroviária) na zona da Arrábida, mas estudos posteriores levaram à opção de manter o traçado ferroviário independente da estrada, em face das dificuldades com as ligações às redes de um e de outro lado. Edgar Cardoso foi então escolhido, em 1952, para proceder à elaboração de anteprojectos para a ponte rodoviária. Foram cinco os anteprojectos, correspondentes a outras tantas soluções: • Ponte em betão armado; • Ponte de alvenaria regular; • Ponte suspensa; • Ponte metálica do tipo arco; • Ponte de betão pré-esforçado. A escolha acabou por recair na solução da ponte em arco de betão armado. Por razões de economia, Edgar Cardoso concebeu um cimbre metálico galgando o rio de um só vão – em vez da solução de execução directa do arco, em troços sucessivamente espiados à parte já executada. Tal cimbre foi dimensionado com três arcos de alma cheia, tipo “caixão”, contraventados entre si, e permitia construir uma das costelas. Numa segunda fase seria ripado com as suas 2200 tf sobre caminhos de deslizamento até à posição da segunda costela, dando lugar à betonagem desta.

Novembro 2013 Betão n.31 35


Património

36 Betão n.31 Novembro 2013

Após a conclusão do cimbre procedeu-se à construção da costela, betonando-a por secções espaçadas, de comprimentos variáveis. Por fim, quando só faltava o fecho, foram bloqueadas as articulações das nascenças. Oito macacos de 700 tf foram colocados no fecho. A acção de 4500 tf fez aumentar 0,10 m a abertura do fecho e, nessa posição, ele foi betonado. Após a presa necessária, os macacos foram retirados e a costela ficou a constituir um arco encastrado. Macacos idênticos foram então utilizados na base dos primeiros troços do cimbre para permitir aliviar e retirar uma primeira “bolacha” do apoio não rígido, a que se seguiram outras “bolachas” até ao cimbre baixar 0,40 m, ficando apoiado em charriots de aço através de interposta viga de betão armado.

Foto cedida por Direção-Regional Cultura Norte

Finalmente, o cimbre seria colocado por baixo do vão entre costelas para a execução da grade de contraventamento. As fases mais espectaculares da obra foram precisamente a montagem do cimbre na sua primeira posição e as suas ripagens posteriores – fases que tiveram lugar só após a construção dos viadutos de acesso, com os seus pilares, pilastras e tabuleiro. Em cada margem, começou-se por montar os caixões do primeiro troço, apoiados em maciços não rígidos, formados por “bolachas” e prumos de madeira, e com o recurso a gruas fixas nas margens. Depois, os caixões do segundo troço foram montados e ligados aos do primeiro por rebitagem, ficando apoiados em pórticos provisórios de betão armado construídos nas margens, para a amarração contra o vento. Aqui as gruas já estavam montadas no bordo dos primeiros troços. Os caixões destes primeiros e segundos troços foram levados em camião até ao local de montagem. Seguiram-se o terceiro, o quarto e o quinto troços, em que o transporte já foi feito pelo rio, com batelões e seus rebocadores, e as gruas posicionadas sempre na ponta do troço anterior. O conjunto foi então espiado por uma série de cabos de aço ao tabuleiro do respectivo viaduto de acesso, já construído. Nova operação semelhante foi seguida para os sextos e sétimos troços, com outra série de cabos de amarração. A montagem do oitavo troço precedeu uma das fases mais celebradas desta obra – a montagem do tramo central de fecho, com 78 m de comprimento, 500 tf de peso, elevado desde o batelão pelas gruas, agora instaladas no bordo do oitavo troço.


Património

Ficha Técnica da Obra ( Elementos retirados do Livro “As Pontes do Porto”, de Paulo Cruz e José M. Lopes Cordeiro, Ed. Civilização, Porto 2001) Início da construção

25 . Out . 1956

Inauguração

22 . Jun . 1963

Pessoal envolvido na construção Média diária de operários

400

Máximo diário de operários

1050

Total de horas de trabalho

8.000.000

Consumo de materiais Cimento

19.280 ton.

Betão

58.700 m3

Varão de aço

2.250 ton.

Aço laminado no cimbre

2.200 ton.

Aço laminado na ponte (guardas)

74 ton.

Madeira em moldes, cavaletes e andaimes

6.600 m3

Alvenarias e cantarias

7.700 m3

Escavações e movimentos de terra

93.000 m3

Reboco com argamassa de cimento e areia no extradorso dos arcos incluindo pintura

4.500 m3

De novo por meio de macacos, agora actuando na horizontal sobre as nascenças do cimbre, foi lentamente arrastado sobre caminhos de deslizamento até à posição da outra costela, 15,00 m a jusante da primeira. Operação inversa da do descimbramento colocou o cimbre na posição correcta para a construção da costela. De idêntico modo se procedeu para, em terceira fase, colocar o cimbre no meio das costelas com vista à execução da “grade” de betão armado que as une. Finalmente o cimbre foi colocado em três posições sucessivas e desmontado costela a costela, troço a troço, por meio de pórticos, diferenciais e equipamentos instalados sobre a “grade”. Seguiu-se a construção dos pilares e do tabuleiro na parte correspondente ao arco, já que os viadutos laterais estavam já concluídos antes da montagem do cimbre. O tabuleiro da Ponte da Arrábida passou então a constituir-se como uma peça contínua de quase 500 metros de extensão assegurando a ligação do Porto a Gaia.

Dimensões Comprimento total:

495 m

Largura total da plataforma:

26,5 m

Largura de cada faixa de rodagem:

8m

Largura de cada corredor para ciclistas:

2m

Largura de cada passeio:

2 X 1,5 m

Largura do separador:

2m

Custo previsto no projecto

80 410 415$00 (5300$00 / m2)

Custo real

112 799 039$00 (7 435$00 / m2)

Bibliografia [1] http://paginas.fe.up.pt/~arrabida50/site/documentos/Documento%20Ponte%20Arrabida.pdf. [2] Processo de Classificação da Ponte da Arrábida como Monumento Nacional, Porto Julho de 2010 – IGESPAR

Novembro 2013 Betão n.31 37


Notícias

Unibetão na Experimenta Design Uma viga de betão branco com cortiça foi a peça idealizada pelo Arquitecto Carrilho da Graça para a sua participação em “Metamorphosis”, a exposição inaugural da ExperimentaDesign 2013, em exibição no Mosteiro dos Jerónimos até 1 de Dezembro. A Unibetão participou na concretização deste projecto dando corpo ao objecto, que se tornou o resultado da metamorfose do cimento em cortiça. Foi produzido um UniLeve® cortiça branco*, que conferiu à peça um aspecto suave e uma leveza contrastante com a robustez do elemento, que é simultaneamente estrutural, resistente, leve e branco.

* UniLeve®cortiça branco D1,6 LC16/18 X0 Cl0,4 Dmáx12,5 S4 Para mais informações visite www.unibetao.pt ou contacte marketing.unibetao@secil.pt

SEW-EURODRIVE Portugal certificada como entidade formadora A SEW-EURODRIVE Portugal viu reconhecido o seu empenho na prestação de serviços de formação profissional técnica de elevada qualidade. A empresa foi certificada como entidade formadora, no âmbito do disposto na Portaria n.º 851/2010, de 6 de Setembro, alterada e republicada pela Portaria n.º 208/2013, de 26 de Junho, nas áreas de: 520-Engenharia e técnicas afins e 523-Electrónica e automação. A SEW-EURODRIVE Portugal dispõe de uma equipa de recursos humanos dotada de elevadas competências técnico-profissionais nas suas áreas de actuação. Estas competências e experiência dos colaboradores funcionam como recurso principal da actividade desenvolvida ao nível da formação profissional técnica, através da concepção de módulos que permitem a transmissão de conhecimentos teóricos e práticos, ajustados às necessidades internas e externas, optimizando o desempenho dos seus profissionais. Mais informações em www.sew-eurodrive.pt

38 Betão n.31 Novembro 2013

ARCEN apresenta novo website Com o objectivo de fortalecer a sua imagem online, a ARCEN remodelou o seu website, onde é possível assistir a um novo vídeo corporativo. Fundada em 1990 e reconhecida pelo seu vanguardismo tecnológico, a ARCEN oferece ao mercado soluções orientadas para o cliente, que vão desde a concepção do projecto, à produção, passando pela montagem e assistência de equipamentos de betão, agregados e asfalto. Mais recentemente, fruto da integração da empresa EUROCRANE no Grupo ARCEN, a sua oferta estende-se também aos equipamentos para portos marítimos. Conheça o novo website da ARCEN em www.arcen.pt

Perta abre filial em Moçambique Presente há mais de 40 anos na área de Engenharia Civil e Obras Públicas, Fundações e Ambiente em Portugal, a Perta representa mais de 20 marcas internacionais líderes no seu segmento de mercado e tem alargado o seu mercado ao continente africano, com destaque para Angola com quem mantém relações regulares desde 2006, o que culminou na criação da Pertangola. Decorridos 5 anos, a experiência no mercado africano permitiu à Perta a expansão a mais uma geografia, com a abertura, em 2013, da sua filial em Moçambique. Entre os seus clientes encontram-se as principais empresas de Construção Civil e Obras Públicas, Institutos Públicos e Privados e Universidades. À semelhança do que acontece em Angola, a Perta em Moçambique fornece Equipamentos e presta Serviços de Assistência Técnica pós venda e Formação nas áreas de Construção Civil e Obras Públicas. Possui igualmente stock local de diversos equipamentos e materiais de consumo imediato, para atender às necessidades mais urgentes de todos os seus clientes. Mais informações em www.perta.pt, www.pertangola.com e www.pertamoz.com



Associados

Alexandre Barbosa Borges, S.A. Rua do Labriosque, 70 Martim 4755-307 BARCELOS

Eurobetão – Betão Pronto, S.A. Av. das Forças Armadas 125, 7.º 1600-079 LISBOA

Eurocálcio Calcários e Inertes, S.A. Vale de Ourém, São Mamede Apt. 96 2496 -908 FÁTIMA Betão Liz, S.A.

Prebel – Soc. Técnica de Prefabricação e Construção, S.A. Caminho do Engenho Velho, São Martinho 9000 - 260 FUNCHAL

Salvador & Companhia, Lda. R. dos Arcos, 67, Apartado 79 2301-909 TOMAR

Rua Alexandre Herculano, 35 1250-009 Lisboa

BritoBetão, Lda. Herdade Monte das Flores Estrada da Canada, Apartado 437 7002 -505 ÉVORA

Brivel – Britas e Betões de Vila Real, S.A. S. Cosme, S. Tomé do Castelo 5000-371 VILA REAL

Concretope – Fábrica de Betão Pronto, S.A. Estrada Nacional 10/1, Qta. dos Porfírios 2819-501 SOBREDA

Duarbel – Construção Civil e Obras Públicas, S.A. Rua da Aviação Portuguesa, 135 2705 -845 VILA VERDE SNT

Ibera – Indústria de Betão, S.A. Quinta da Madeira, EN 114, Km 85 Apartado 424 7006-805 ÉVORA

Lenobetão, S.A. Apartado 1004 PC Quinta da Sardinha 2496-907 Santa Catarina da Serra

Lusobetão – Betões de Portugal S.A. Urb. Imotorres, Lote 8 Quinta da Bela Vista 2660- 009 FRIELAS

Mota-Engil – Engenharia e Construção, S.A. Rua do Rego Lameiro, 38 4300 - 454 Porto

Pragosa Betão, S.A. Apartado 46 2440 - 901 BATALHA

40 Betão n.31 Novembro 2013

Sonangil – Construção Civil e Obras Públicas, S.A. Quinta do Secretário Via Rápida da Caparica 2810 -116 Almada

TCONCRETE, S.A. Rua de Pitancinhos, Apartado 208, Palmeira 4711-911 BRAGA

Unibetão – Indústrias de Betão Preparado, S.A. Av. das Forças Armadas 125, 7.º 1600-079 LISBOA

Valgroubetão – Sociedade de Betão Pronto, Lda. Z. I. Vale do Grou, R. Sta. Bárbara 2525-000 ATOUGUIA DA BALEIA


Associados

Betão Liz, S.A. Capital Social 22.000.000,00 euros

Sede Social Rua Alexandre Herculano, 35 1250-009 Lisboa Telefone: 213 118 100

CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL

RESPONSÁVEL/DIRECTOR DO MERCADO

Fax: 213 118 821

CENTROS DE PRODUÇÃO CONTACTO

LOCAL

RESPONSÁVEL/DIRECTOR DO MERCADO

CONTACTO

Valença

251 839 079

Figueira da Foz

233 435 400

Ponte de Lima

258 762 840

Coimbra

213 118 312

Felgueiras

255 311 337

239 420 640

Guimarães

252 904 344

V. Nova de Poiares

Famalicão

João Pedro Alves

252 372 508

Bragança

273 300 950

Mirandela

278 263 722

Vila Real

259 336 954

Armamar

254 851 048

Senhora da Hora

229 511 323

Rio Tinto Custóias

Eng.º Jorge Santos

224 893 949 229 512 849

Gondomar

224 649 780

Gaia

227 629 887

Esmoriz

256 781 016

Aveiro

234 342 471

Anadia

234 743 714

Viseu

232 440 075

Tábua

235 412 736

Mangualde

232 611 501

Moncorvo

Mário Jorge Neto

279 252 628

Guarda

271 221 321

Covilhã

275 331 551

Castelo Branco

272 327 501

Condeixa Pombal

Eng.º Aníbal Ferreira

239 941 072 236 216 156

Leiria

244 841 735

Entroncamento

249 727 372

Rio Maior

243 991 138

Óbidos

262 959 595

Portela de Sintra

219 233 471

Cascais

214 690 613

Carnaxide Alhandra

214 247 547 Eng.ª Cristina Cruz

219 511 401

Loures

219 893 589

Frielas

219 896 370

Alfragide

214 241 700

Almada

212 533 728

Setúbal

265 709 600

Pinhal Novo Alcochete

212 380 978 Eng.º Paulo David

212 348 360

Alcantarilha

282 322 439

Esteveira

282 968 168

Loulé

289 420 280

Novembro 2013 Betão n.31 41


Associados

BritoBetão – Central de Betão, Lda. Capital Social 350.000,00 euros

Serviços Centrais e Administração

Sede

Herdade Monte das Flores Estrada da Canada, Apartado 437 7002 -505 Évora

Outão – Setúbal

Telefone: 266 704 138 Fax: 266 704 108

CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL

RESPONSÁVEL/DIRECTOR DE ZONA

CONTACTO

Évora Vendas Novas

266 704 138 Eng.º Pedro Menéres

265 805 222

Alcácer do Sal

265 613 281

Brivel – Britas e Betões de Vila Real, S.A. Capital Social 400.000,00 euros

Sede Social S. Cosme – S. Tomé do Castelo 5000-371 Vila Real

Telefone: 259 302 630 Fax: 259 356 538 E-mail: geral@brivel.pt

CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL

Vila Real Macedo de Cavaleiros

42 Betão n.31 Novembro 2013

RESPONSÁVEL/DIRECTOR DO MERCADO

CONTACTO

Eng.º Rui Teotónio

259 302 630 939 201 033 ruiteotonio@brivel.pt

Hugo Ferreira

939 201 022 hugoferreira@brivel.pt


Associados

Concretope – Fábrica de Betão Pronto, S.A. Sede Social Estrada Nacional 10/1 Quinta dos Porfírios 2819-501 Sobreda

Telefone: 212 587 540 Fax: 212 587 548 E-mail: geral@concretope.pt

CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL

RESPONSÁVEL/DIRECTOR DO MERCADO

CONTACTO

Almada

João Ferreira

969 053 428

Orlando Gonçalves

968 013 214

Lagos Albufeira S. Brás de Alportel

Duarbel – Construção Civil e Obras Públicas, S.A. Capital Social 700.000,00 euros

Sede Social Rua da Aviação Portuguesa, 135 Vila Verde 2705-845 Terrugem – Sintra

Telefone: 219 614 100 E-mail: geral.duarbel@gmail.com

CENTRO DE PRODUÇÃO LOCAL

RESPONSÁVEL/DIRECTOR DO MERCADO

CONTACTO

Vila Verde – Sintra

António Fernando Rodrigues

219 614 100 962 677 277

Novembro 2013 Betão n.31 43


Associados

Eurobetão – Betão Pronto, S.A. Capital Social 675.000 euros

Serviços Centrais e Administração

Sede

Av. das Forças Armadas 125, 7.º 1600-079 Lisboa

Telefone: 213 172 420 Fax: 213 555 012 E-mail: geral.eurobetao@secil.pt

Outão – Setúbal CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL

RESPONSÁVEL/DIRECTOR DO MERCADO

CONTACTO

Pombal

236 216 114

Leiria

244 843 170

Caldas da Rainha

262 841 777

Santarém

243 351 459

Abrantes Entroncamento

241 833 129 Eng.º Luís Moreira

249 719 272

Portalegre

245 362 177

Elvas

268 624 181

Coimbra

239 980 390

Tondela

232 817 325

Figueira da Foz

233 412 081

Beja Sines

Eng.º Sebastião Santos

284 324 430 269 632 332

Ibera – Indústria de Betão, S.A. Capital Social 2.000.000,00 euros

Sede Social Quinta da Madeira EN 114, Km 85 Apartado 424 7006-805 Évora

Telefone: 266 758 500 Fax: 266 758 511 / 506

CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL

RESPONSÁVEL/DIRECTOR DO MERCADO

Évora

266 758 501/2

Montemor-o-Novo Borba

266 893 709 Eng.º Joaquim Cascalheira

268 890 612

Reguengos de Monsaraz

266 501 604

Sines

269 878 160

Beja Moura

44 Betão n.31 Novembro 2013

CONTACTO

Eng.º Ricardo Matias

284 998 744 285 252 573


Associados

Lenobetão, S.A. Capital Social 7.000.000,00 euros

Sede Social Apartado 1004 PC Quinta da Sardinha 2496-907 Santa Catarina da Serra

Telefone: 244 749 100 Telefax: 244 749 129 E-mail: geral@lenobetao.pt Website: www.lenobetao.pt

CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL Paredes Fátima Leiria Abrantes Castelo Branco Portalegre Tortosendo Guarda Alcantarilha Montijo

RESPONSÁVEL/DIRECTOR DO MERCADO

CONTACTO 224 332 430 249 539 551 244 851 900 241 362 217 272 325 799 245 362 009 275 957 273 962 108 036 282 310 330 212 308 390

Eng.º Bruno Martins (962 108 237)

Eng.º Hugo Basílio (962 108 036) Engº. João Jordão (962 108 232)

Mota-Engil – Engenharia e Construção, S.A. Capital Social 100.000.000,00 euros

Telefone: 220 914 820 Fax: 220 914 830 ÁREA COMERCIAL

Sede Social Rua do Rego Lameiro, 38 4300-454 Porto

LOCAL

Responsável/Director do Mercado

Rego Lameiro

Eng.ª Daniela Maia

CONTACTO 912 504 080 comercialbet@ mota-engil.pt

CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL

RESPONSÁVEL Produção

CONTACTO

Eng.ª Marta Durães

919 448 593

Eng.ª Fernanda Moreira

918 541 754

Eng.ª Margarida Morgado

913 642 133

Paredes* Canelas* Venda Nova III* Cantanhede Ceira Santa Iria da Azóia* Metro Sul Tejo* Pedrógão* *Centrais com capacidade para fornecer betão para Classe de Inspecção 3.

Novembro 2013 Betão n.31 45


Associados

Salvador & Companhia, Lda. Capital Social 5.500,00 euros

Telefone/fax: 249 382 112 E-mail: salvador.companhia@gmail.com

Sede Social Rua dos Arcos, 67 Apartado 79 2301-909 Tomar

CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL

RESPONSÁVEL/DIRECTOR

CONTACTO

DO MERCADO Tomar

Guerreira Santa Cita -Tomar

Dr. Joaquim Oliveira (Mercado) Eng.º Hugo Cruz (Qualidade) Pedro Nunes (Comercial)

249 382 112

249 382 112

962 604 463

Sonangil - Construção Civil e Obras Públicas, S.A. Capital Social 200.000,00 euros

Sede Social Quinta do Secretário Via Rápida da Caparica 2810 -116 Almada

Telefone: 212 952 990 Fax: 212 952 989 E-mail: geral@sonangil.pt Website: www.sonangil.pt

CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL

RESPONSÁVEL/DIRECTOR

CONTACTO

DO MERCADO Almada

46 Betão n.31 Novembro 2013

Fernando Mendes

212 952 990


Associados

Unibetão – Indústrias de Betão Preparado, S.A. Capital Social 13.110.000,00 euros Serviços Centrais e Administração Av. das Forças Armadas, 125 – 7º piso 1600-079 Lisboa

Sede Outão – Setúbal Telefone: 213 172 420 Fax: 213 555 012 E-mail: geral.unibetao@secil.pt www.unibetao.pt

CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL

RESPONSÁVEL/ DIRECTOR DE ZONA

CONTACTO

Gaia / Maia

227 169 180 / 229 415 953

Carriça / Póvoa do Varzim

229 871 490 / 252 611 460

Viana do Castelo / Braga Guimarães / Penafiel Amarante / Vila Real

Eng.º José Guedes

258 322 203 / 253 672 578 253 587 183 / 255 726 365 255 432 819 / 259 336 067

St.ª Maria da Feira

256 373 625

Albergaria-a-Velha

234 524 533

Castelo Branco

272 907 221

Guarda

271 211 559

Frielas

219 898 640

Queluz Linhó / Vila Franca de Xira

Eng.º Pedro Menéres

214 343 290 219 240 457 / 263 286 810

Torres Vedras

261 330 030

Setúbal / Alcochete

265 528 220 / 212 348 370

Casal do Marco

212 267 800

Ferreiras / Olhão

289 571 371 / 289 703 336

Portimão / Lagoa

Eng.º Sebastião Santos

282 968 173 / 282 353 554

Para garantir uma solução de accionamento optimizada, não só conta o produto, como também as Organizações por detrás do produto. Por isso, oferecemos-Ihe um serviço inovador e completo de apoio ao produto, que está disponível 24 Horas por dia, 7 dias por semana. Com o CDS® - Complete Drive Service, a SEW-EURODRIVE oferece aos seus clientes um sistema de serviço modular que vai ao encontro de todas as exigências impostas durante o ciclo de vida do produto: desde a colocação em funcionamento à gestão completa da manutenção – um pacote completo de seviços que contempla todos os aspectos da tecnologia de accionamentos. O resultado: uma solução feita à medida das suas necessidades. Entre outros serviços, o CDS® - Complete Drive Service evita ou minimiza tempos de paragem e anomalias. Como o serviço perfeito também exige rapidez, os nossos Centros de Compêtencia estão sempre próximos do Cliente.

Novembro 2013 Betão n.31 47


Membros Aderentes

ARCEN ENGENHARIA, S.A. Rua de S. Caetano, n.º 125 Zona Ind. de S. Caetano 4410 - 494 CANELAS Tel.: 227 637 130 • Fax: 227 637 159 arcen@arcen.pt www.arcen.pt

ARLACO – COMÉRCIO E INDÚSTRIA DE MATERIAL ELECTRÓNICO, LDA. Rua Joaquim Agostinho n.º 33 4410 - 276 Canelas VILA NOVA DE GAIA Tel.: 227 128 271/80 • Fax: 227 128 281 arlaco@arlaco.pt www.arlaco.pt

BASF Portuguesa, S.A. Rua 25 de Abril, nº1 2689-538 PRIOR VELHO Tel.: 219 158 550 • Fax: 219 158 552 geral-ebeportugal@basf.com www.basf-cc.pt / www.basf.pt

DIRECÇÃO DE INFRAESTRUTURAS – REPARTIÇÃO DE ENGENHARIA DE AERÓDROMOS Laboratório de Solos e Pavimentos Av. Leite de Vasconcelos, n.º 4 2724 -506 AMADORA Tel.: 219 537 181 • Fax: 219 936 035 di.repea.lsp@emfa.pt

EUROMODAL, LDA. Rua Aires Ornelas, 137 4000-023 Porto Tel.: 225 379 171 • Fax: 225 360 508 mail@euromodal.pt www.euromodal.pt

PERTA – SOC. EQUIP. CONST. CIVIL, LDA. Rua Jaime Lopes Dias, n.º 3 A/B 1750-124 Lisboa Tel.: 217 520 560 • Fax: 217 592 842 vendas@perta.pt www.perta.pt

PREFANGOL, LDA. Pólo Industrial de Viana Luanda Angola Tel.: 00244 222 291 550 Fax: 00244 929 172 459

48 Betão n.31 Novembro 2013

SAINT-GOBAIN WEBER PORTUGAL, S.A. Tojeira, Apartado 16 3240-908 AVELAR Tel.: 236 620 600 • Fax: 236 620 620 info@weber.com.pt www.weber.com.pt

SIKA PORTUGAL, S.A. Rua de Santarém, 113 4400-292 Vila Nova de Gaia Tel.: 223 776 900 • Fax: 223 776 966 info@pt.sika.com www.sika.pt

SORGILA – SOCIEDADE DE Argilas, S.A. Rua Principal, 1420 2415-002 Bidoeira de Cima Tel.: 244 720 580 • Fax: 244 721 097 geral@sorgila.pt


45 anos

de experiência CONTROLO DE QUALIDADE | FUNDAÇÕES | MINAS | AMBIENTE | OBRAS PÚBLICAS

PORTUGAL Sede: Rua Jaime Lopes Dias, 3 A/B 1750-124 Lisboa T. +351 217 520 560 F. +351 217 592 842 E-mail: vendas@perta.pt

www.perta.pt

ANGOLA Pertangola, Lda. Lar do Patriota, rua 62 – casa 626 Município de Belas Benfica – Luanda T. +244 921 011 926 E-mail: antonio.mendes@pertangola.com

www.pertangola.com

Moçambique Av. 30 de Janeiro, 106G Matola A Maputo, Moçambique T. +258 842 266 030 E-mail: geral@pertamoz.com

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GAMA GLENIUM®

Controle total de execução A gama de produtos Glenium®® SKY é a família de superplastificantes com maior presença no mercado de betão pronto, demonstrando que a tecnologia de éter policarboxílico desenvolvida pela BASF Construction Chemicals, fornece as melhores prestações e rentabilidade ao betão

A gama de Superplastificantes Glenium®® ACE destinada ao mercado da pré-fabricação, proporciona elevadas resistências iniciais, e poder fluidificante ao betão, tornando esta indústria mais rentável.

BASF Portuguesa, S.A. Sede: Rua 25 de Abril, nº 1 2689-538 PRIOR VELHO Tel: 219 499 900 Fax: 219 499 945 Delegação Norte: R. Manuel Pinto de Azevedo, 626 4100-320 PORTO Telef.: 226 159 600 Fax: 226 106 702 Encomendas EBE: Tel: 219 499 935 Fax: 219 499 948 encomendasebeportugal@basf.com www.basf-cc.pt www.basf.pt geral-ebeportugal@basf.com

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