Expresso (Portuguese Economic weekly newspaper)

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Expresso, 15 de agosto de 2014

ECONOMIA

IMOBILIÁRIO Mercado O arrendamento de curta duração de apartamentos veio proporcionar rentabilidade a imóveis que com a crise não foram vendidos

FOTO JOÃO CUPERTINO

Turismo dinamiza imobiliário

Maribela Freitas

L

isboa e o Porto estão na moda e recebem anualmente milhares de turistas que acabam por dinamizar o imobiliário destas cidades. É que muitos proprietários encontraram no short term rental (arrendamento de curta duração) para turistas a solução para ocuparem e rentabilizarem apartamentos que com a crise do mercado imobiliário não conseguiram vender. As taxas de ocupação destes espaços são elevadas e as empresas que se dedicam a esta atividade não têm dúvidas de que com o turismo a crescer, este é um negócio com futuro. Rita Corrêa Figueira é proprietária da empresa F2is, especialista no desenvolvimento de projetos de reabilitação urbana e consultoria. Em 2011 terminou uma obra de reabilitação no Porto, com 12 apartamentos, dos quais apenas vendeu um. Foi já no ano seguinte que teve a ideia de explorar as restantes casas deste edifício para arrendar a turistas. Equi-

pou os apartamentos com mobiliário flexível que duplica a ocupação do espaço e criou a marca Design Oporto Flats que se dedica a arrendamento de curta duração. “É um negócio fruto dos obstáculos que foram aparecendo. Quando começámos no Booking existiam 11 apartamentos no Porto e neste momento são mais de 100. Tal como nós houve quem se apercebesse de que era um negócio que estava a ter algum sucesso e começaram a converter os negócios que tinham para esta área”, explica Rita Corrêa Figueira. Acrescenta que os Design Oporto Flats conseguiram implantar-se no mercado apesar da concorrência que existe hoje na Invicta e que praticamente era inexistente à data de lançamento da marca.

Do Porto para Lisboa Em março deste ano, Rita Corrêa Figueira expandiu a sua atividade para Lisboa. “Abrimos os Design Chiado Flats na rua do Carmo, num prédio recuperado pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira. Temos dez apartamentos que são propriedade de um fundo e que passámos a explorar para fins turísticos”, explica. No primeiro mês a taxa de ocupação

foi baixa, mas agora é superior a 80%. “A adesão dos turistas é muito boa e há bastante oferta e muito qualificada neste nicho de mercado”, refere Rita Corrêa Figueira. E para responder à procura, em setembro vai abrir também em Lisboa o Amoreiras Design Flats, ou seja, mais dois apartamentos localizados num prédio que está a recuperar e que vão ser explorados para arrendamento de curta duração. Para a proprietária da F2is, “o

LISBOA E PORTO ESTÃO NA MODA E ATRAEM CADA VEZ MAIS TURISTAS

turismo tem sido o motor da reabilitação dos centros históricos, para o aparecimento de novos negócios e revitalização das cidades o que, por si só, justifica também uma cada vez maior procura pelas nossas cidades”. Na prática turismo puxa turismo, o que não só dinamiza o imobiliário como toda a estrutura económica nacional. A história de Thomas Gerer é muito semelhante à de Rita. Desde 2002 que se dedica a recuperar edifícios antigos na zona histórica de Lisboa que depois arrenda ou comercializa. Há três anos criou a marca Lisbon Short Stay que alberga 29 apartamentos para arrendamento de curta duração, distribuídos por três edifícios contíguos situados na baixa pombalina. “Na altura não conseguimos arrendar os apartamentos por causa da crise e foi uma boa forma de rentabilizar os imóveis”, conta. As tipologias aqui presentes são T2 com áreas entre os 70 e 80m2, pelos quais cobram €80/noite e as suas taxas de ocupação rondam os 80% a 85%. Os apartamentos têm limpeza diária e existe uma receção que recebe os clientes, como se de um hotel de tratasse. Apesar do sucesso deste projeto, Thomas Gerer

conta que em torno da Rua dos Sapateiros, local onde a Lisbon Short Stay se situa, estão em curso obras para apartamentos de short term rental, hotéis e hostels. A concorrência nesta zona está a aumentar e para o empresário “não tarda quase não temos moradores normais na baixa. O português é assim, quando um negócio resulta, todos querem”.

Turismo potencia negócio De volta ao Porto, José Maria Reina dirige a By Oporto Apartments, uma empresa que administra imóveis próprios e de terceiros exclusivamente no mercado de arrendamento de curta duração. “Temos quatro unidades num total de 27 apartamentos, estamos a construir mais uma que ficará pronta até o fim deste ano. São apartamentos multifuncionais, com todas as comodidades de um hotel. Os valores rondam os €50 e os €100/ noite”, explica. Também aqui a taxa de ocupação das quatro unidades, o By Bolhão, By Almada, By Clérigos e Look at Me, é grande, rondando os 90%. José Maria Reina conta que enveredou por este negócio “já que se torna um investimento com elevadas taxas de rentabilidade, se bem admi-

nistrado”. E tem possibilidades de florescer na Invicta. “É uma cidade que era totalmente desconhecida em mercados estrangeiros e por uma percentagem significativa de portugueses residentes na região sul que agora estão a olhar para o Porto como uma boa escapadela de fim de semana ou para um curto período de férias”, frisa. Além das empresas que trabalham neste mercado, muitos portugueses estão cientes da

O EXCEDENTE DE OFERTA IMOBILIÁRIA TEM DINAMIZADO ESTE NEGÓCIO


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BREVES

bpiexpressoimobiliario.pt

DISCURSO DIRETO

“O turismo tem sido o motor da reabilitação dos centros históricos, para o aparecimento de novos negócios e revitalização das cidades o que, por si, justifica também uma cada vez maior procura pelas nossas cidades”

ESPAÇOS PARA TODAS AS CLIENTELAS O Design Chiado Flats (foto do lado), na rua do Carmo, goza do traço arquitetónico de Siza Vieira. Nos apartamentos da empresa By Oporto Apartments, da Lisbon Short Stay e do Design Oporto Flats (de cima para baixo nas fotos), a decoração e as áreas disponíveis e preços diferenciados fazem com que estes três conceitos sejam flexíveis para agradar aos diferentes tipos de turistas que chegam diariamente às cidades de Lisboa e Porto

Vistos gold geram €749 milhões vistos gold deram origem a um investimento imobiliário de €749 milhões desde outubro de 2012, data do início do programa, até final de julho deste ano. Já o regime de tributação dos não residentes habituais permitiu atrair para Portugal mais de 3000 famílias europeias. Números que a Confederação Portuguesa da Construção e Imobiliário considera “dois bons exemplos de incentivos” que aproveitam o potencial do imobiliário português e que devem ser valorizados. Em julho, de acordo com a confederação, o investimento estrangeiro ultrapassou os €92 milhões. SUCESSO Os

10%

é o percentual de queda do índice de produção na construção em junho, segundo o INE. Apesar da queda, esta é inferior à registada no mês anterior (-11,2%). Desde agosto de 2013, mês em que o índice caiu 15,5%, que este indicador tem vindo a suavizar as descidas. A evolução em junho é explicada por quedas menos acentuadas nos segmentos da Construção de Edifícios e Engenharia Civil.

RITA CORRÊA FIGUEIRA Proprietária das marcas Design Oporto Flats e Design Chiado Flats

“Não tarda quase não temos moradores normais na baixa. O português é assim, quando um negócio resulta, todos querem” THOMAS GERER Proprietário da Lisbon Short Stay

FOTO BRUNO SOUSA

“É uma cidade que era totalmente desconhecida em mercados estrangeiros e por uma percentagem significativa de portugueses residentes na região sul que agora estão a olhar para o Porto como uma boa escapadela de fim de semana ou para um curto período de férias”

procura nesta área e têm colocado as suas casas para arrendamento de curta duração em sites, nem sempre devidamente legalizados. Segundo a lei, quem se dedica a este tipo de atividade deve estar registado na autarquia da sua área como alojamento local. Na prática são considerados estabelecimentos de alojamento local as moradias, apartamentos e estabelecimentos de hospedagem que dispondo de autorização de utilização, prestem serviço de alojamento temporário, mediante remuneração, mas não reúnam os requisitos para serem considerados empreendimentos turísticos.

185 apartamentos no Porto A título de exemplo do potencial deste nicho de mercado, segundo dados da Câmara Municipal do Porto, entre 2009 e junho deste ano foram registados 185 apartamentos para alojamento local por 39 empresas diferentes. Um total que se distribuiu por um apartamento registado em 2009 e outro em 2010, zero em 2011, 77 em 2012, 70 em 2013 e 36 até junho deste ano. Em relação à capital não foi possível obter dados por parte da Câmara Municipal de Lisboa.

“Quem quer cumprir a lei e estar legal nesta atividade tem um conjunto muito simples de ações e registos a desenvolver”, explica Joaquim Ribeiro, presidente do sector de empreendimentos turísticos e alojamento local da Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP). Acrescenta que a lei em vigor tem lacunas, mas o novo diploma já aprovado em Conselho de Ministros, a aguardar publicação em “Diário da República”, traz alterações, nomeadamente uma simplificação de processo de registo que espera venha a trazer para a legalidade unidades de alojamento que estão na economia paralela. Dos 350 sócios de alojamento local da AHRESP, cerca de 30% laboram na área dos apartamentos, mas Joaquim Ribeiro estima que este número venha a crescer até ao final do corrente ano. “Este mercado tem crescido exponencialmente, sobretudo nas zonas urbanas. O que se está a passar em Lisboa e no Porto é que a oferta aumentou, sobretudo devido à reabilitação urbana e ao excedente de oferta imobiliária que ocorreu nos últimos cinco anos”, finaliza Joaquim Ribeiro. mfreitas.externo@impresa.pt

IMOBILIÁRIO NOS AÇORES Uma plataforma eletrónica com toda a informação sobre o mercado imobiliário açoriano é uma das componentes do projeto “Living in Azores”. Cerca de metade das imobiliárias do arquipélago já estão inscritas nesta plataforma, com uma centena de imóveis disponíveis, revela uma nota do gabinete de imprensa da presidência do governo regional dos Açores.

Campanha portuguesa inspira arquitetos brasileiros PARTILHA O

Sindicato dos Arquitetos do Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, e a Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas, lançaram uma brochura intitulada “Contrate um Arquiteto e Urbanista” que é inspirada na Campanha Trabalhar com Arquitetos lançada pelas Secções Regionais do Sul e Norte da Ordem dos Arquitetos portuguesa no ano passado, refere uma nota da Ordem dos Arquitetos. A brochura reproduz os conteúdos portugueses mas adaptados à realidade brasileira.

O CRÉDITO MALPARADO NA HABITAÇÃO EM PERCENTAGEM DO TOTAL DO CRÉDITO CONCEDIDO PARA ESTE FIM SUBIU DE 2,36% EM MAIO PARA 2,40% EM JUNHO, SEGUNDO DADOS DIVULGADOS PELO BANCO DE PORTUGAL

p u b l i c i d a d e

TERRENO + CASA

CONSTRUA A SUA CASA DE SONHO POR MENOS DO QUE ESPERA

JOSÉ MARIA REINA Proprietário do By Bolhão, By Almada, By Clérigos e administrador do Look at Me

“Este mercado tem crescido exponencialmente, sobretudo nas zonas urbanas. O que se está a passar em Lisboa e no Porto é que a oferta aumentou, sobretudo devido à reabilitação urbana e ao excedente de oferta imobiliária que ocorreu nos últimos cinco anos” JOAQUIM RIBEIRO Presidente do sector de empreendimentos turísticos e alojamento local da AHRESP

CASA DE SONHO RE/MAX ATRAI MAIS DE 400 CONTACTOS EM 3 MESES Desde que foi lançado, o projeto Casa de Sonho RE/MAX já teve mais de 400 pedidos de contacto. Em apenas 3 meses, mais de 400 pessoas demonstraram interesse num produto que veio solucionar uma necessidade do mercado. Este serviço destina-se aos portugueses que já têm ou pretendem adquirir um terreno para construir a sua casa de sonho. Em parceria com a MELOM, a RE/MAX disponibiliza no site www.casadesonhoremax.pt cinco projetos de casas com tipologias desde o T1 ao T4. Os projetos são da autoria da MELOM, que assegura o licenciamento, a construção e a execução dos mesmos através da sua rede de franchisados, arquitetos e construtores. O prazo de construção da obra é de um ano, com garantia de cinco anos após a construção. Este projeto permite assim a aquisição de uma moradia com acabamentos de qualidade a preços equilibrados, já que os mesmos variam entre os 89 mil euros e os 216 mil euros consoante o projeto e tipologia escolhidos. Para consultar mais detalhes, os clientes podem visitar o site RE/MAX em www.remax.pt ou o site da Casa de Sonho em www.casadesonhoremax.pt


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