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POSSO FORNECER CAPIM MASSAI PARA A MINHA TROPA?

É cada vez mais frequente a dúvida e receio entre os produtores rurais no fornecimento das forrageiras da espécie Panicum maximum, principalmente o capim Massai. Posso ou não fornecer esse capim para a minha tropa? E a resposta é sim, porém deve-se tomar alguns cuidados.

Desenvolvido pela Embrapa Gado de Corte, o capim Massai é um híbrido espontâneo do cruzamento entre duas espécies de Panicuns (maximum x infestum). Entre as principais características satisfatórias avaliadas durante as pesquisas para a validação desta forrageira estão: a alta rusticidade à fertilidade do solo (solos de baixa fertilidade), boa tolerância ao alumínio tóxico do solo, boa tolerância às cigarrinhas das pastagens, sistema radicular agressivo, sendo o Massai o mais rústico entre todos os Panicuns que existe na atualidade.

Ele é indicado para todas as regiões do Brasil, exceto para as regiões onde ocorrem geadas e que estão sujeitas a alagamentos. Essa forrageira é indicada para as seguintes categorias animais: Bovinos de Corte e Leite, Caprinos e Ovinos, Búfalos, e, em alguns casos pontuais, podendo utilizar para equinos, muares e asininos.

Bovinos, ovinos, caprinos e búfalos são espécies ruminantes e seu sistema digestivo é dividido em 4 compartimentos (rúmen, retículo, omaso e abomaso), onde a principal forma de digestão é a microbiana. Os equinos são animais monogástricos, ou seja, a sua digestão é feita por enzimas, diferente dos ruminantes.

Devido a um processo evolutivo, os animais ruminantes aprenderam a consumir alimentos na natureza de menor qualidade nutricional e menor quantidade de uma forma geral. Essa evolução ajudou que os animais e bactérias vivessem em harmonia, onde as bactérias são hospedeiras nestes animais. As bactérias ajudam a degradar esse alimento de menor qualidade dentro do trato digestório do animal e, posteriormente após o encerramento do ciclo de vida da bactéria, ela se torna uma proteína microbiana, sendo essa possível de ser assimilada pelos ruminantes. Ou seja, os ruminantes têm uma alta capacidade de digestão de fibras e alimentos pobres por causa das bactérias, entre outros processos digestórios.

Já o sistema digestório dos equinos e muares são monogástricos (um único estômago e digestão feita por enzimas).

O fato de não ter bactérias que auxiliam na quebra de fibras e alimentos de má qualidade, faz com que estes animais necessitem de um cuidado dobrado no fornecimento de alimentos de ótima qualidade.

Nem sempre conseguimos fornecer uma forragem ideal para a tropa, por ser difícil formar um pasto com gramas, já que o sistema é plantado por mudas e seu estabelecimento é mais lento comparado aos capins convencionais, onde estes são formados por sementes.

As forragens mais indicadas para os equinos e muares são as gramas Tifton, Coast Cross e Jiggs, pois apresentam uma fibra mais digestível e possuem uma alta relação folha/talo. Já os capins, quando mal manejados, tendem a alongar muito os talos e ficarem com pouca folha, ou seja, capim passado, de uma forma geral, pode causar cólica nestes animais.

O capim Massai apresenta uma ótima qualidade nutricional para os animais, mas no caso dos equinos e muares, deve-se manter uma altura máxima de 40 cm e a saída dos animais é com 30 cm. Este manejo de altura e saída é importante para garantir o maior fornecimento de folhas para estes animais, diminuindo a possibilidade de cólicas ou outros problemas gastrointestinais. Em caso do pasto ultrapassar esta altura ideal de 40 cm, roçar a área é indicado para voltar a padronizar a altura do pasto. Outro ponto que facilita manejar pastos de Massai para a tropa é deixar piquetes menores, isso auxilia no melhor pastejo na área.

Outro mito é que os equinos e muares sofrem cólicas devido à ingestão de sementes de Massai. As sementes não causam isso, geralmente o pasto vai sementear de uma forma ou outra, o que acontece é que nestes pastos que estão sementeando, na grande maioria dos pastos, eles estão passados (pasto com bastante talo), por isso pode ocorrer esses problemas com cólicas.

Sendo assim, a escolha da forrageira para o fornecimento da tropa vai depender primeiramente do tipo de solo, regimes de chuvas na região, manejo de fertilidade, manejo de pastagem e manejo do pastejo. Na dúvida, entre em contato com um técnico da COMIGO para te auxiliar na melhor escolha da forrageira para a sua tropa.

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