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CAUTELA PARA 2023
Chavaglia avaliou o ano de 2022 e falou sobre as perspectivas da Cooperativa para o ano que vem
Por Samir Machado
Opresidente Antonio Chavaglia foi o entrevistado do último episódio da segunda temporada do Comigocast, o podcast da Cooperativa, e fez um balanço do ano e falou sobre as perspectivas para 2023, que deverá ser um ano de cautela.

Segundo ele, o ano agrícola da safra 2021/2022 teve pontos positivos em relação à soja, já que tivemos alta produtividade de uma maneira geral no Estado de Goiás. Isso contribuiu bastante para que o produtor tivesse um pouco mais de renda, pagar equipamentos, fazer investimentos e cumprir seus compromissos.


“Agora com o milho, tivemos algumas regiões com quebra de safra, o que foi lamentável, por falta de chuva. Isso atrapalha muito a vida do produtor e, em algumas vezes, o que ele ganhou na soja não dá para cobrir o prejuízo do milho. Isso não é bom porque o setor fica descapitalizado em alguns momentos, deixando o produtor em grande dificuldade”, destacou o presidente.

Armazenagem
Em sua avaliação, Chavaglia disse que a Cooperativa conseguiu receber a safra de soja satisfatoriamente, superando a expectativa que era de 42 milhões de sacas, tendo recebido 49 milhões de sacas. “É um trabalho excepcional da COMIGO, já que nossa capacidade armazenadora não suporta isso. Então tem que tirar muita soja [dos armazéns] durante a safra. Estamos recebendo 1.4 vez a capacidade da Cooperativa, e isso realmente dá uma tranquilidade, pelo menos do nosso ponto de vista, que a gente fez o possível e o impossível para acomodar a safra”, salientou.
Faturamento E Custos
Já em relação a 2023, ele disse que a Cooperativa terá um faturamento importante, que deverá ser em torno de R$ 15 bilhões, graças à participação dos associados e ao trabalho de toda a equipe. “Isso deixa um resultado razoável, onde é possível continuar dando sustentabilidade à Cooperativa e também ao associado. Entretanto, tudo tem alguns momentos que dificulta. Os



Balanço
insumos para a safra 2022/2023 subiram num nível que ninguém esperava. O custo aumentou de 50% a 60%, dependendo da época que o produtor comprou seu fertilizante, os herbicidas e inseticidas; o óleo diesel nem se fala”, ressaltou o presidente.
Para Chavaglia, o óleo diesel é um item que pesa muito no bolso do produtor e nas atividades agrícolas de transporte e outras relacionadas ao setor. Isso acaba diminuindo a renda em todos os setores. “Mas o produtor é persistente e está fazendo de tudo para cumprir o seu papel, que é o de plantar e cuidar da lavoura”, ponderou.
Clima

A questão climática também preocupa. “Além dos custos ainda temos os problemas climáticos que estamos enfrentando este ano [agrícola], que têm sido um fator muito sério”, salientou e completou: “A gente espera, pelo menos, que o produtor possa ter uma produção razoável, não vai ser tão boa quanto à que foi o ano passado. Tudo indica que ela será menor”.

Sustentabilidade

Chavaglia também falou sobre a política de uso do solo e sustentabilidade que a Cooperativa está adotando recentemente. “Essa é uma questão muito séria no mundo inteiro. Embora o Brasil tenha a maior reserva florestal em pé do mundo, é fundamental que a Cooperativa se organize para ter essas normas de sustentabilidade internamente e queremos repassar isso para o produtor”, adiantou ele.

Disse também que o cooperado tem que estar bastante atento porque pode chegar o dia em que, se a propriedade não tiver certificada, ele não conseguir comprador para seu produto.”Se os compradores da COMIGO exigirem, a curto prazo, a certificação de propriedade, pode ser que venha a acontecer que alguns produtores não possam entregar a soja na COMIGO. É uma necessidade real que o produtor procure a Cooperativa para se informar sobre este assunto, saber o que ele precisa fazer para certificar sua propriedade. Essa questão de CAR e georreferenciamento é coisa do passado. Não importa o tamanho da propriedade, não importa a atividade. Se é bovinocultor ou agricultor familiar, é necessário fazer a certificação”, orientou o presidente.
De acordo com ele, não se faz uma certificação de um dia para o outro e nem todos os produtores de uma só vez. “Contudo, se não começarmos a fazer isso, nunca vai acontecer e seremos prejudicados por não achar comprador do nosso produto. Hoje está faltando produto no mundo, por isso esta barreira não está tão frontal ainda para fazer as exportações. Agora, se porventura vier a sobrar alimento no mundo, começará a exclusão maior daqueles produtores que não estão certificados. Então é necessário ficar atento e procurar se informar. É questão de higiene e organização interna da propriedade. Certifique sua propriedade. Existem gastos, mas não são relevantes”, salientou Chavaglia.
O presidente revelou que a Cooperativa está se preparando para ajudar nessa certificação. “As certificações feitas em algumas propriedades até o momento foram feitas em parceria com algumas multinacionais. Eu já certifiquei uma de minhas propriedades e tenho que certificar outras. Digo isso pra reforçar que é necessário. O produtor em algum momento pode perguntar o que ele vai ganhar com isso. Vai ganhar condições de vender o seu produto e ainda receber um delta [bonificação] lá no final sobre isso. É um valor pequeno, o mais importante é ter comprador para o seu produto”, justificou.