Informe Comigo Anuário de Pesquisa de Pecuária 2022-2023

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ANUÁRIO DE PESQUISAS PECUÁRIA

RESULTADOS 2022-2023

Editores Técnicos

Amoracyr José da Costa Nuñez

Diego Tolentino de Lima

Hemython Luis Bandeira do Nascimento

João Restle

Rafael Henrique Fernandes

Ubirajara Oliveira Bilego

Centro Tecnológico COMIGO

Geração e Difusão de Tecnologias

Rio Verde - GO - 2023

Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:

Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano - COMIGO

Centro Tecnológico COMIGO

Av. Presidente Vargas, 1878, Jardim Goiás, Rio Verde - GO

CEP 75901-901 - CP 195

Fone: (64) 3611-1573 ou (64) 3611-1684 www.comigo.coop.br ctc@comigo.com.br

Comitê de publicação

Diego Tolentino de Lima

Hemython Luis Bandeira do Nascimento

Rafael Henrique Fernandes

Ubirajara Oliveira Bilego

Periodicidade: anual Volume 5, 2023

Tiragem: 500 exemplares 12a edição

Todos os direitos reservados.

A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei no 9.610).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano - COMIGO

Centro Tecnológico COMIGO

ANUÁRIO DE PESQUISAS PECUÁRIA - RESULTADOS 2022-2023

Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano Centro de Ciência e Tecnologia COMIGO

Av. Presidente Vargas, 1878, Jardim Goiás, Rio Verde - GO

CEP 75901-901 - CP 195

Anuário de Pesquisas CTC Pecuária - Resultados 2022-2023

Editores Técnicos: Amoracyr José da Costa Nuñez, Diego Tolentino de Lima, Hemython Luis Bandeira do Nascimento, João Restle, Rafael Henrique Fernandes, Ubirajara Oliveira Bilego11. Ed. - Rio Verde, GO: Centro Tecnológico COMIGO, 2023. 102 p.: il (algumas color).

Sumário

APRESENTAÇÃO

O Centro Tecnológico COMIGO – CTC consolidase como um segmento da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano – COMIGO, onde a cooperativa realiza suas pesquisas nas áreas de agricultura e pecuária. O centro de pesquisas possui como missão a geração e difusão de tecnologias aos cooperados da COMIGO, bem como para toda sociedade. Criado em 2000, o CTC, possui uma área de 176 hectares, localizada em local estratégico, na cidade de Rio Verde - GO. A área física para a realização das pesquisas está em constante expansão. Em 2023 houve a aquisição de mais 30 hectares que foram anexados ao CTC com o objetivo de expandir as áreas de pesquisas e proporcionar maior suporte a maior feira de tecnologia do Centro-Oeste brasileiro, que é a Tecnoshow COMIGO. O Centro Tecnológico COMIGO reitera seu anseio de tornar-se referência em pesquisas agropecuárias aplicadas na Região, no Estado e no País, atuando de maneira isenta, transparente e imparcial na geração e difusão dos resultados de pesquisas. Essas informações serão divulgadas por meio dos Dias de Campo e dos Workshops de Agricultura e Pecuária. Na edição de 2022 o Workshop de Pecuária foi realizado em três unidades da COMIGO: Iporá, Mineiros e Rio Verde, todas situadas na região Sudoeste do estado de Goiás. Já em 2023, o Workshop de Pecuária será realizado de forma presencial apenas na cidade de Rio Verde. Atualmente, o CTC atua em diferentes áreas do conhecimento, como: Manejo e Controle de Doenças das culturas, Manejo de Pragas e Plantas Daninhas, Fertilidade

do Solo e Nutrição de Plantas, Fitotecnia, Produção Animal, Agricultura de Precisão, Forragicultura e Pastagem. Para assegurar a qualidade e acurácia das pesquisas realizadas pelo CTC, há uma equipe treinada e altamente qualificada, que contempla um grupo de sete pesquisadores além de veterinários, agrônomos, assistentes técnicos e equipe de suporte de campo que apoiam a consolidação das pesquisas. Adicionalmente, há constantes investimentos financeiros que, alinhados aos ideais do cooperativismo, permitem que o CTC continue sua missão de desenvolver tecnologias para incrementar o agronegócio de forma econômica e sustentável.

EDITORIAL

A pecuária brasileira experimentou mais um ano de muitos desafios. Em 2023 a pecuária brasileira chega de forma acentuada no ciclo de baixa. A elevação dos custos de produção e a queda no preço das commodities comprometeram severamente a receita dos produtores neste ano. Com as margens achatadas os produtores tentam animarem-se para o 2024 de esperança, já que a agropecuária brasileira cresceu 15,1% em 2023. Entretanto, a perspectiva para o próximo ano é de que a situação permaneça estável.

Momentos difíceis têm se tornado uma rotina nos últimos dois anos para o pecuarista. Todavia, vale lembrar que ter o controle dos custos de produção e o planejamento dos investimentos faz muita diferença nessa hora, pois, justamente nesses momentos obscuros que podem surgir as grandes oportunidades.

Com as margens cada vez menores é comum observar produtores tentando reduzir despesas. Porém, essa iniciativa deve ser cautelosa para não retirar investimentos no manejo adequado e no uso das tecnologias. Essas ações podem ter efeito contrário ao de trazer economia ao sistema e, na verdade, causar um agravamento econômico com a redução da produtividade.

Nesta edição do nosso Anuário de Pesquisas Pecuária, o pecuarista encontrará preciosas informações sobre opções de forrageiras para os sistemas de integração lavourapecuária, estratégias de suplementação, produção intensiva de pecuária de corte, técnicas de implantação de pastagens, desempenho de bovinos em pastagens irrigadas e diferentes aditivos utilizados na dieta de bovinos confinados.

Os artigos foram escritos de uma forma clara e objetiva para que o produtor possa absorver as informações de forma espontânea e natural. No intuito de favorecer a

leitura, deixando-a mais fácil e prazerosa, foi realizada a inserção nos artigos de fotos, gráficos e tabelas elucidativas. Esperamos que as informações contidas nesse anuário possam contribuir com lida diária do pecuarista nas tomadas de decisões e nos ajustes das estratégias para a conquista das altas produtividades.

Boa leitura!

AGRADECIMENTOS

À Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano – COMIGO, pelas condições operacionais e financeiras de trabalho.

À equipe de apoio do Centro Tecnológico COMIGO, pelo esforço e dedicação, imprescindíveis na realização dos trabalhos.

Aos autores que contribuíram com a produção dos textos.

Aos parceiros de pesquisa da COMIGO.

À equipe da ASCOM - Assessoria de Comunicação da COMIGO.

Às equipes do Departamento de Assistência Técnica da COMIGO.

A todos que de alguma maneira contribuíram para a realização deste trabalho.

ARTIGOS TÉCNICOS

BENEFÍCIOS DA UTILIZAÇÃO DE SUPLEMENTO MINERAL INJETÁVEL

EM BOVINOS DE CORTE

ANTUNES1, Adriene Rodrigues; GUIMARÃES2, Tiago Pereira; BILEGO3, Ubirajara Oliveira; OLIVEIRA4, Katryne Jordana; NASCIMENTO5, Gabriella de Oliveira; MORAIS6, Breno Furquim

1Zootecnista, Discente do Instituto Federal Goiano Campus Rio Verde- GO. e-mail: adrieneantunesvirbac@gmail.com

2Zootecnista, DSc. Docente do Instituto Federal Goiano Campus Rio Verde- GO. e-mail: tiago.guimaraes@ifgoiano. edu.br

3Médico Veterinário, DSc. Pesquisador Veterinário II - ITCComigo. e-mail: ubirajarabilego@comigo.com.br

4Zootecnista, Discente do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia do IF Goiano. e-mail: katrynejordana25@gmail. com

5Médica Veterinária, Discente do Programa de PósGraduação em Zootecnia do IF Goiano. e-mail: gabriellamedvet@hotmail.com

6Graduando de Zootecnia, Discente do Instituto Federal Goiano Campus Rio Verde- GO. e-mail: brenomoraiszootec@ outlook.com

INTRODUÇÃO

A pecuária de corte no Brasil configura-se como uma das atividades de maior importância no âmbito econômico nacional. O país possui o maior rebanho bovino comercial do mundo, além de ser o maior exportador de carne em toneladas e em faturamento (IBGE, 2022; MOITINHO, 2023).

A cadeia produtora de carne bovina apresenta destaque em um contexto mercadológico do agronegócio ao nível nacional, visto que, ocupa extensa área territorial de aproximadamente 220 milhões de hectares, destes 70 milhões estão localizados na Amazônia. Responsável por empregar milhões de pessoas direta e indiretamente, a pecuária de corte movimenta em torno de US$ 167,8 bilhões por ano, US$ 16,5 bilhões de impostos agregados e tem faturamento de

US$ 42 bilhões para os frigoríficos (MALAFAIA et al., 2020).

No Brasil cerca de 75% do rebanho de corte é produzido no sistema extensivo, a criação é disposta em grandes extensões de pastagens, com baixo grau tecnológico.

A maior parte da criação em sistema extensivo é justificado pelo baixo custo de produção, no entanto, a utilização de tal sistema deixa o produtor à mercê de problemas como sazonalidade da produção de forragem no período seco, que resulta em baixa disponibilidade de alimento além de declínio na qualidade nutricional das forrageiras (PASETTI, 2019; SANTOS et al., 2020).

A criação de bovinos a pasto, é resumida em uma alimentação quase que exclusiva de volumoso, com isso, se tratando de minerais, a disponibilidade destes está diretamente correlacionada a quantidade de minerais presentes no solo e, consequentemente, na composição bromatológica das forrageiras, que por sua vez não conseguem suprir as necessidades de mantença e de produção dos animais, havendo a necessidade de suplementação mineral (PIRES, 2011).

A falta de suplementação mineral para bovinos pode resultar em diversos problemas de saúde e desempenho, tais como osteoporose progressiva, crescimento retardado, infertilidade, baixos índices reprodutivos, alto índice de repetição de cio, abortos e, em casos mais graves, o hábito de roer ossos, conhecido como osteofagia. Em um cenário de declínio na produtividade, a deficiência de minerais exerce um impacto significativo na pecuária de corte, especialmente no segmento de cria. Quando as fêmeas reprodutivas carecem de suplementação mineral, enfrentam desafios reprodutivos que repercutem diretamente na diminuição das taxas de

nascimentos e desmama dos bezerros, resultando em uma redução de peso ao desmame. Isso, por sua vez, afeta negativamente a eficiência do sistema produtivo (CUNHA, 2022).

A suplementação mineral se torna uma prática essencial para atender às necessidades nutricionais dos bovinos criados em pastagens, independentemente do nível de intensidade de manejo adotado para a pastagem. Geralmente, as plantas forrageiras são carentes de minerais como sódio, fósforo, iodo, zinco, cobre, cobalto e selênio. Portanto, a suplementação desses minerais assume extrema importância, seja por meio da ingestão (suplementação via cocho) ou da aplicação injetável (MORAES, 2001; SILVA, 2021).

As principais formas de suplementação mineral são, via cocho, em sua maioria cobertos e dispostos em lugares estratégicos nos pastos, sendo regularmente abastecidos com misturas minerais, na forma de pó granulado, como o sal mineral ou suplementos com mistura múltipla (proteinados e/ou energéticos), suplementação líquida, em blocos, bolus intra-ruminais contendo micronutrientes e suplementação mineral injetável.

A Suplementação Mineral Injetável (SMI) desempenha várias funções fundamentais por meio da disponibilização de minerais, tais como a síntese de hormônios e enzimas, o desenvolvimento e a formação de tecido ósseo e do sistema nervoso (BRASCHE, 2015). Nesse contexto, o propósito do presente estudo é conduzir uma revisão de literatura com o intuito de destacar os principais benefícios associados ao uso da Suplementação Mineral Injetável (SMI) em bovinos de corte.

REVISÃO DE LITERATURA

Bovinocultura de corte no Brasil

A pecuária de corte no Brasil tem impulsionado seu crescimento por meio da expansão da fronteira agrícola e pela ocupação de terras previamente esgotadas pela agricultura. Essa atividade desempenha um papel de suma importância

na economia do país, remontando ao período colonial. Ela serve como fonte vital de alimento, matéria-prima e tração animal em engenhos, além de desempenhar um papel crucial na expansão do território destinado à pecuária.

Ao longo dos anos o surgimento de novas tecnologias fez com que a bovinocultura de corte fosse alavancada no cenário nacional, proporcionando a indústria pecuária uma intensificação que refletiu na evolução da produção de carne, fazendo com que o Brasil se destacasse no cenário mundial como o maior exportador de carne bovina (NEVES et al., 2022).

A evolução da pecuária de corte e a importância da mesma para o país, pode ser averiguada através dos números ao que tange sua participação como uma das relevantes engrenagens que movimentam a economia do Brasil. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). (2023), o segundo lugar no ranking do valor bruto da produção da agropecuária brasileira foi ocupado pela pecuária de corte, com R$ 192,6 bilhões, em 2020, ficando atrás somente da produção de soja.

De acordo com a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo). (2022), as exportações de carne bovina em 2022 apresentaram incremento de 42% na receita e 26% no volume, ou seja, os maiores valores da história do produto no país, proporcionando ao Brasil uma receita de US$ 13,091 bilhões, movimentando 2.344.736 toneladas de carne bovina.

A nítida evolução da pecuária de corte nas últimas décadas resultou em avanços na produção, no rebanho efetivo, comércio e mercado. Todo o progresso referente a atividade, advém da tecnificação dos pilares da produção como alimentação, sanidade e melhoramento genético dos rebanhos, além de fatores como o melhor gerenciamento das propriedades e visão das mesmas como empresas (CARVALHO et al., 2017).

A pecuária de corte tem passado por uma crescente tecnificação, adotando avanços reprodutivos, como a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) e melhoramento genético por meio de cruzamentos entre raças taurinas e zebuínas (cruzamento industrial) para otimizar a produtividade nas propriedades. Segundo Neves et al.

(2022), o rebanho nacional destinado à produção de carne é composto principalmente por raças zebuínas, com destaque para o Nelore, seguido por raças como Guzerá, Brahman, Tabapuã, Sindi e Indubrasil, além de raças taurinas, como Aberdeen-Angus, Hereford, Simental, Limousin, Charolês, a raça asiática Wagyu, e cruzamentos mestiços, como Braford e Brangus.

Os avanços no melhoramento genético na pecuária de corte, combinados com outros fatores, têm posicionado o Brasil como o líder mundial na produção e exportação de carne bovina. O uso de cruzamentos, como o Nelore x Angus, tem levado a melhorias significativas em termos de resistência, desempenho e precocidade dos animais. Essas melhorias nas características produtivas resultam em ganhos tanto para os produtores quanto para os consumidores. Isso se deve ao fato de que a utilização de cruzamentos permite alcançar um maior grau de heterose nas proles, que, por sua vez, apresentam ciclos curtos de terminação e uma melhor qualidade de carne (GOMES & OLIVEIRA, 2021).

O manejo sanitário é outro ponto que passou a ganhar maior fomento com a expansão e evolução da pecuária de corte no cenário nacional, visto que, apresenta-se como importante parâmetro que tange a qualidade de carne produzida e comercializada. O manejo sanitário do rebanho, objetiva evitar, reduzir ou mesmo eliminar a incidência de doenças através de vacinação, vermifugação, combate a ectoparasitas e tratamento correto das afecções presentes nos animais, visando maximizar o aproveitamento genético do rebanho elevando os índices produtivos das propriedades (VIEIRA & QUADROS, 2008).

Segundo Bernardi et al. (2014), para manter a saúde animal, alguns programas sanitários que adotam medidas preventivas como vacinação são impostos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e pelos órgãos estaduais de defesa sanitária animal, com intuito de proteger a saúde e bem-estar animal, que atuam em saúde pública por meio da prevenção da transmissão de zoonoses e de doenças transmitidas por alimentos.

Tratando-se da produção animal, a alimentação e

nutrição do rebanho apresenta-se como um dos pontos de maior relevância para o sucesso da atividade. Na bovinocultura de corte, a alimentação e nutrição dos animais constitui-se como ponto de atenção, uma vez que, cada fase de produção (cria, recria e engorda) apresenta distinção quanto as exigências nutricionais e alimentares. A nutrição dos animais deve ser realizada de forma otimizada, visto que, representa o principal fator ambiental que infere efeitos significativos em relação ao o crescimento corporal, a idade ao primeiro parto e custos da produção animal.

Suplementação Mineral

A alimentação dos animais é um dos tópicos mais discutidos e enfatizados na pecuária de corte. Isso ocorre porque a alimentação e a nutrição do rebanho desempenham um papel crucial na obtenção de elevados níveis de produtividade nas propriedades.

Os minerais desempenham papel importante na nutrição dos bovinos, uma vez que, participam ativamente de processos fisiológicos importantes para o crescimento, desenvolvimento e reprodução dos mesmos, como componentes estruturais, constituintes dos líquidos corporais, na manutenção do equilíbrio ácido-básico e da pressão osmótica, na polarização da membrana celular, transmissão de impulsos nervosos, formação de metaloenzimas, cofatores enzimáticos e composição de hormônios. Cada mineral seja este macro ou micro participam de processos vitais para que o organismo funcione perfeitamente (SOUZA, 2014).

Segundo Souza (2014), as exigências de minerais em bovinos variam de acordo com o tipo e nível de produção, idade do animal, raça e grau de adaptação dos animais, nível e forma química do mineral no alimento, e relações com os outros nutrientes da dieta.

Segundo Gordon (2020), embora a proporção dos minerais na dieta seja pequena, sua relevância para os bovinos de corte é significativa. Produtores que buscam soluções para problemas como baixas taxas de prenhez, bezerros recém-nascidos frágeis e outros desafios

relacionados à reprodução e ao desempenho não devem subestimar a importância de uma revisão abrangente do programa mineral de seu rebanho. Com frequência, a carência de minerais emerge como um fator crítico que afeta a saúde e a nutrição do gado de corte. O autor ainda enfatiza que, embora os macrominerais representem geralmente menos de 1% da dieta, desempenham um papel fundamental.

Os macrominerais comuns para bovinos de corte são o cálcio (Ca), fósforo (P), magnésio (Mg), sódio (Na) e enxofre (S). O fornecimento destes nutrientes ao animal deve ser de forma constante, seja de forma alimentar (suplementação via cocho) ou injetável, visto que, os animais de corte necessitam de reposição constante dos mesmos.

Em relação aos microminerais, ou oligoelementos, os mais importantes para bovinos de corte são cobre (Cu) e zinco (Zn), pois esses dois minerais geralmente são deficientes nas forragens. Os microminerais podem ser armazenados por ruminantes em seu corpo para uma posterior utilização, no entanto, este fato não nega a necessidade de suplementação de tais minerais (GORDON, 2020).

Em uma análise isolada e resumida de cada mineral, o cálcio (Ca) é um mineral em que aproximadamente 99% está presente nos ossos e dentes do organismo animal. Sua principal função é participar na formação dos tecidos rígidos do corpo e desempenhar um papel essencial no funcionamento celular. O cálcio é vital para a formação e manutenção dos tecidos ósseos, na coagulação sanguínea, na contração muscular, na secreção de hormônios e na estimulação da transmissão dos impulsos nervosos (HERNANDEZ, 2001).

O fósforo (P) é o segundo mineral com maior concentração no organismo animal, de modo que, similar ao cálcio, tal nutriente está concentrado em cerca de 80% a 85% nos ossos e dentes, o percentual restante encontrase distribuído nos tecidos moles, eritrócitos, músculos, tecido nervoso, e nos fluídos. Com funções importantes no metabolismo bioquímico corporal, o fósforo quando em forma de fosfatos participa da manutenção e na homeostasia ácido-básico, no metabolismo energético,

na transformação e transporte energético via AMP, ADP e ATP, na síntese proteica e na bomba de sódio/potássio. Na forma de fosfolipídios, assegura a integridade da membrana celular. Em consonância com o cálcio, resulta na formação e mineralização da matriz óssea (SUTTLE, 2010).

De acordo com Da Silva (2021), o Ca e o P também desempenham papéis importantes em outras funções corporais. Uma diminuição em um ou ambos pode causar diminuição no ganho de peso e/ou diminuição na eficiência do ganho. Durante a lactação, quantidades baixas de ambos limitam a produção de leite. Uma vaca leiteira de alta produtividade requer três vezes mais Ca do que uma vaca nãolactante. Uma deficiência de P pode atrasar a puberdade nas novilhas e o cio das vacas adultas no pós-parto. Os bovinos também precisam de quantidades corretas de Ca para que o sistema nervoso e muscular funcionem corretamente.

Os efeitos positivos com a suplementação de fósforo para bovinos de corte, podem ser averiguados no estudo de Souza et al. (2014), de modo que, objetivando avaliar os efeitos da associação de uma fonte orgânica de fosforo + vitamina B12 sobre a fertilidade de novilhas zebuínas acíclicas submetidas a protocolos de IATF, concluíram que o grupo suplementado apresentou taxa de prenhez superior ao grupo controle (Tratado = 64,2%, Controle = 35,8%).

Resultados semelhantes podem ser averiguados no estudo de Rodrigues (2021) que avaliou o efeito da suplementação mineral vitamínica injetável de fósforo e vitamina B12 no desempenho reprodutivo de fêmeas bovinas da raça Nelore criadas no Estado do Pará, submetidas ao protocolo de IATF. Os animais suplementados apresentaram taxa de prenhez de 61,29%, já os animais sem suplementação 45,45%, ou seja, a suplementação injetável supriu algumas carências de minerais dos animais e promoveu incremento na fertilidade de vacas submetidas a protocolo de IATF.

O magnésio assim como o cálcio e fósforo concentrase em maior quantidade nos ossos (70%). O magnésio (Mg) configura-se como um dos macrominerais mais importantes para a nutrição de bovinos de corte, visto que, participa ativamente no metabolismo de carboidratos e lipídios e

dos líquidos intra e extracelular, além de formação de ossos e dentes, contração muscular e participação de reações enzimáticas. A deficiência do nutriente pode resultar em problemas como crescimento retardado, hiperirritabilidade e tetania, anorexia, incoordenação muscular, motora e convulsões (MORAES, 2001; VIANA, 2021).

O sódio (Na) é outro nutriente de grande importância para o funcionamento metabólico dos bovinos. Denominado como cátion extracelular, o Na atua na regularização da pressão osmótica e balanço hídrico, mantendo a homeostasia do ácido-base para melhor absorção de monossacarídeos, aminoácidos e sais biliares. Por ser um nutriente com baixos teores nas pastagens, o Na deve ser fornecido para os animais de forma suplementar (MORAES, 2001).

A carência do nutriente na alimentação animal, pode manifestar comportamentos como hábito de roer, lamber ou chupar madeira, lamber ou ingerir solos e lamber o suor de outros animais, com isso, é importante que o cloreto de sódio seja fornecido regularmente para os animais criados em sistema de pastejo (MORAES, 2001).

O cobalto (Co) é outro importante nutriente que deve estar presenta na suplementação de bovinos. O Co é utilizado pela microbiota ruminal para síntese da vitamina B12 (atuante em processos enzimáticos), que por sua vez configura-se como molécula orgânica de alta complexidade, tendo o átomo de Co como seu núcleo ativo. A deficiência nutricional de Co influencia diretamente na síntese e disponibilidade da vitamina B12 no organismo, resultando em problemas como o impedimento na formação de hemoglobina, lesões no sistema nervoso central, além de afetar significativamente a gluconeogênese e hematopoiese. A não suplementação com Co pode resultar em problemas como falta de apetite, perda de peso, pelos arrepiados, pele grossa, anemia e às vezes morte (MORAES, 2001).

Silva et al. (2020) relataram surtos ocorridos em propriedades no Centro-Oeste do Brasil. Esses, em razão da utilização de um mesmo suplemento mineral deficiente de Co, que acarretou a morbidade de 3248 bovinos de diferentes idades e letalidade de 506. Foi observado ainda que os animais

que sobreviveram tiveram seu crescimento comprometido, além de uma queda drástica nos índices reprodutivos.

O enxofre (S) é, de fato, um nutriente importante na nutrição de bovinos, desempenhando várias funções vitais no organismo. Grande parte do enxofre no corpo dos animais se encontra na forma de aminoácidos sulfurados, como metionina e cistina, além de estar presente em vitaminas, tecidos de sustentação, secreções e no líquido sinovial (COSMO & GALERIANI, 2020).

De acordo com Da Silva (2021), o enxofre desempenha um papel crucial na formação de compostos orgânicos que são essenciais para o funcionamento metabólico dos ruminantes.

Além disso, o enxofre é utilizado na formação de pontes dissulfeto em enzimas envolvidas no metabolismo oxidativo, como a glutationa peroxidase. O enxofre é particularmente importante na dieta de vacas no pré-parto, pois auxilia no equilíbrio iônico, desempenhando um papel fundamental na manutenção da saúde e na produção eficiente do rebanho.

A carência do mineral na dieta de bovinos, pode resultar em declínio no desenvolvimento e crescimento animal, visto que, o S é de essencial importância para a síntese proteica.

O cobre (Cu) é, sem dúvida, um micronutriente vital no organismo dos animais, com concentrações que variam de acordo com a espécie e a idade dos indivíduos. O cobre desempenha uma função hematopoiética importante e está presente em diversas enzimas com funções oxidativas (ANDRIGUETTO et al., 1981).

Segundo Cosmo e Galeriani (2020), o cobre desempenha várias funções cruciais no organismo dos animais. Isso engloba aspectos como a pigmentação dos pelos, a mineralização óssea, a formação e a manutenção do sistema nervoso, a preservação dos componentes cardíacos, o estímulo à reabsorção de ferro no intestino e a mobilização deste para o plasma, o que contribui para a síntese de hemoglobina.

Tais funções sublinham a importância incontestável do cobre na nutrição dos animais e na preservação de sua saúde e bem-estar, destacando a necessidade imperativa

de fornecer níveis adequados deste micronutriente em suas dietas.

O zinco (Zn) é outro micronutriente essencial para bovinos de corte. Em relação a nutrição de bovinos de corte em fase de cria, o Zn é fundamental para o bom funcionamento do sistema reprodutivo das fêmeas, além de ser importante constituinte de formação enzimática e proteica. Em síntese, o Zn está diretamente envolvido nos processos de crescimento e desenvolvimento, reprodução, imunidade, proteção, antioxidante e estabilidade das membranas (PASA, 2010; COSMO & GALERIANI, 2020).

Em estudo realizado por Nicodemo, Sereno e Amaral (2008), objetivando destacar a importância dos minerais na reprodução de bovinos, os autores enfatizaram a importância da suplementação do Zn para animais de cria, visto que, as exigências do nutriente para animais em reprodução são altas, de modo que, quando gestantes, as fêmeas mobilizam grandes quantidades deste nutriente para o desenvolvimento embrionário e crescimento fetal.

Azambuja et al. (2009) em estudo buscando verificar a essencialidade, funções e efeitos benéficos dos principais microminerais que atuam diretamente nos tecidos reprodutivos de bovinos, afirmaram que, anormalidades reprodutivas associadas à deficiência de Zinco afetaram particularmente os machos, onde a deficiência deste elemento pode levar a atrofia dos túbulos seminíferos, hipogonadismo e alta incidência de patologias espermáticas, além de prejudicar a produção do hormônio luteinizante (LH), hormônio folículo estimulante (FSH) e testosterona. Os prejuízos de uma dieta deficiente em Zinco são muito mais acentuados em animais jovens, principalmente durante a fase da puberdade, do que em adultos.

Para suprir as necessidades dos minerais para bovinos, Arthington (2015), sugeriu a suplementação mineral injetável (SMI), que tem se tornado cada vez mais popular entre os produtores de bovinos de corte, visto as vantagens quando comparado com o método convencional de suplementação (mineral no cocho). Uma das principais vantagens da SMI é o fornecimento de alguns dos minerais requeridos em maior quantidade pelos animais durante períodos de grandes exigências (Tabela 1), além da aplicabilidade que favorece a nutrição de animais criados em sistema extensivo em locais de difícil acesso logístico para o oferecimento diário das misturas minerais como é o caso de áreas alagadiças como algumas regiões do Pantanal.

Tabela 1 - Requerimento mineral e concentrações máximas toleráveis.

Mineral Unidade

* Exigência descrita no Capítulo 19 do NRC, com base na descrição de fatores que possam alterar sua recomendação. Fonte: Adaptado de NRC (2016).

Importância da Suplementação de acordo com as fases da pecuária de corte

Suplementação na fase de cria

A fase de cria compreende o período entre o nascimento e desmame do bezerro (6 a 8 meses, Figura 1). Na pecuária de corte, para que o produtor alcance o objetivo de desmame de um bezerro ao ano, é crucial que as estações de acasalamento sejam bem definidas, para se ter um controle da época de partos e do desmame. O planejamento das épocas de acasalamentos pode proporcionar elevação na eficiência reprodutiva das matrizes, visto que, pode ser determinada em períodos com maior produção, qualidade e quantidade de forragem, sanando as necessidades nutricionais dos animais.

De acordo com Barbosa et al. (2015), para que uma vaca produza um bezerro por ano, considerando o período de

gestação fixo de 280 dias, é necessário que esta vaca conceba novamente em até no máximo 85 dias após o parto. Nesse sistema produtivo, quanto mais cedo a vaca parir dentro da época de parição pré-estabelecida, maiores serão as chances de repetição da prenhez. A fertilidade do rebanho é, portanto, fator primordial na eficiência produtiva de vacas de corte e depende de fatores como nutrição, sanidade, manejo, fertilidade individual e relação de touros.

Figura 1 - Vacas de corte com cria ao pé. Fonte: Moitinho (2022).

A nutrição dos animais de cria é um ponto determinante para bons índices reprodutivos. As necessidades energéticas destes animais apresentam ordem de prioridade sendo, manutenção, lactação, ganho de peso, condição corporal e reprodução. De modo geral, os animais de cria devem ser mantidos em um nível nutricional de compensação a todas as ordens prioritárias para que não ocorra a inibição da atividade reprodutiva, que é o que determina o sucesso na atividade de produção de bezerros. Para uma boa nutrição das matrizes além da nutrição energética e proteica, é essencial a suplementação com macro e microminerais e vitaminas, uma vez que, estes são fundamentais para o desempenho reprodutivo (BARBOSA et al., 2015).

De acordo com Valentim et al. (2019) a reprodução é amplamente afetada pelo desequilíbrio nutricional de matrizes bovinas sejam estas primíparas ou multíparas. Para Martins (2021), a suplementação mineral para bovinos de corte destinados a cria, apresenta vantagens como redução da idade ao primeiro parto, diminuição do intervalo entre partos, elevação da fertilidade, desmama pesada, redução da

idade de abate, elevação da eficiência alimentar e aumento na taxa de lotação.

Segundo Souza (2014) todos os minerais essenciais são necessários para a reprodução, devido à importância no metabolismo, manutenção e crescimento. A função ou a necessidade de determinado elemento em um tipo de célula ou tecido pode se modificar, dependendo da fase do ciclo reprodutivo ou da gestação. Deficiências nutricionais marginais podem se manifestar por fertilidade reduzida antes de outros sinais clínicos aparecerem. Bezerros podem nascer com defeitos relacionados ao aporte inadequado de algum nutriente sem que a matriz tenha chegado a exibir deficiência clínica. A função ótima de tecidos reprodutivos pode ser limitada por deficiências nutricionais em períodos críticos, incluindo puberdade, parto e pico de lactação.

Suplementação na fase de recria

A fase de recria ocorre após o desmame dos bezerros, de modo que os animais entram em transição de bezerro (as) para garrotes ou novilhas, fase esta que estende até quando os animais atingem o peso de aproximadamente 300 a 360 kg. Nesta fase é importante que a nutrição dos animais seja bem realizada de modo a oferecer as condições adequadas para que estes apresentem bom desenvolvimento estrutural de carcaça no menor tempo possível. A utilização de estratégias de manejo alimentar e de suplementação pode ser determinante para o sucesso da produção em tal fase (FERREIRA & ARANTES, 2021).

Conforme Barbosa et al. (2015), é importante ressaltar que o bom manejo nutricional na fase de cria, pode ser determinante para o desenvolvimento do animal na fase de recria, visto que, machos quando desmamados mais pesados apresentam melhor desenvolvimento na fase de recria e, consequentemente, menor tempo para o abate, já as fêmeas entram em reprodução mais precoces, adiantando a idade ao primeiro parto.

Segundo Silva (2022), a eficiência do crescimento de um animal é função de duas características fundamentais, a taxa de ganho de peso corporal e composição dos tecidos depositados. Do ponto de vista nutricional, o crescimento animal pode ser medido de duas formas, eficiência energética, expressa em megacalorias (Mcal) depositadas por Mcal ingerido, ou eficiência alimentar, expressa em kg de ganho de Peso vivo por kg de ração ingerida. Os níveis de nutrientes e manejo alimentar empregados ao longo da vida do animal podem afetar a taxa de crescimento, tempo de terminação, peso corporal e proporções da composição da carcaça (músculo, gordura e osso). A densidade energética da dieta pode direcionar a energia para a síntese de proteínas ou gorduras.

Para Batistelli (2018) os fatores citados acima, configuram-se como pontos chave para se obter animais com carcaça ideal, ou seja, com maior relação carne/osso, melhor cobertura de gordura e, consequentemente, melhor qualidade de carne. Nesse sentido, a suplementação dos animais viabiliza o abate precoce com melhor acabamento de carcaça, além de elevar a capacidade de suporte da propriedade.

Suplementação na fase de engorda

A fase de engorda ou terminação, pode ser realizada a pasto ou em confinamento. No Brasil, mesmo com a modernização da pecuária de corte, grande parte dos animais destinados ao abate são terminados a pasto. Este tipo de terminação exige maior atenção dos produtores,

visto que, a pecuária extensiva tem como um dos principais obstáculos para o sucesso, a estacionalidade forrageira, e com isso a elevação nutricional dos animais neste período. De modo geral, é essencial que os animais independentes da forma de terminação, sejam suplementados de maneira adequada para que desempenhem o melhor potencial produtivo (FERREIRA & ARANTES, 2021).

De cordo com Alencar (2019) o manejo dos bovinos em estágio de engorda para o abate deve ser de forma estratégica, buscando evitar quedas de produtividade (distúrbios metabólicos, doenças e acidente). Com o objetivo de intensificar a terminação de animais, técnicas nutricionais têm sido bem estabelecidas, se moldando aos diferentes sistemas de produção. A estrutura corpórea dos animais destinados a terminação depende de fases anteriores (cria e recria), animais bem nutridos e bem estruturados nessas fases, consequentemente, serão animais com potencial para imprimir bons resultados. A fase de acabamento de bovinos sempre esteve relacionada a questões técnicas de infraestrutura e nutrição com o objetivo de oferecer condições para os bovinos demostrar seu potencial produtivo.

A suplementação mineral para bovinos em engorda, pode ser determinante para maximizar o ganho de peso do animal principalmente no período seco, ou seja, de estacionalidade forrageira, de modo que, ocorre o declínio da qualidade nutricional das forragens, e, consequentemente, na produção a pasto. A suplementação estratégica, principalmente na seca e quando corretamente realizada, faz com que a perda de peso seja revertida para ganhos moderados ou, pelo menos, que haja manutenção de peso dos animais (GOMES et al., 2015).

Figura 2 - Bezerros em fase de recria.
Figura 3 - Engorda/terminação de bovinos a pasto.
Fonte: Prodap (2023).

Uso

Bovinos De Corte

A suplementação mineral injetável (SMI) caracterizase como um suplemento com dupla ação do fósforo na forma orgânica e inorgânica com associação de outros minerais como selênio, cobre, potássio e magnésio. O produto apresenta-se como excelente opção para o fornecimento de minerais essenciais durante períodos de grandes exigências metabólico-nutricionais como, pós-parto e lactação, reprodução, manutenção e ganho de peso e período seco das vacas.

O produto tem como principal objetivo suplementar os animais de forma rápida e em curto espaço de tempo, de modo que, atua como complemento da suplementação oral em períodos de alta demanda nutricional, garantindo a possibilidade de melhor expressão do potencial produtivo e reprodutivo do rebanho e, consequentemente, o sucesso da atividade pecuária. Vale ressaltar que o SMI é constituído por minerais importantes que podem ser determinantes para evitar ou tratar problemas de ordem nutricional na pecuária de corte ou leite, como baixa função ovariana, cios irregulares e outras patologias relacionadas com a infertilidade, tanto nos machos como nas fêmeas, osteomalácia, raquitismo, distrofia muscular, retenção placentária, desordens nervosas e tetania hipomagnesêmica.

A composição do SMI para cada 10 mL de produto é a seguinte: glicerofosfato de sódio (14 g), fosfato monossódico (20,1 g), cloreto de cobre (0,4 g), cloreto de potássio (0,6 g), cloreto de magnésio (2,5 g), selenato de sódio (0,24 g) e água estéril (q.s.p.100 mL). A administração do produto deve ser realizada de forma subcutânea ou intramuscular (preferencialmente) nas doses de 10 mL (bovinos adultos) e 5 mL (bezerros), de acordo com o objetivo da propriedade e do período de transição (desmama, mudança de pasto, entrada de confinamento) ou animais debilitados.

De acordo com Pereira (2018), o suplemento pode ser administrado de forma preventiva ou durante os períodos de alto desafio metabólico-nutricional do ciclo produtivo dos animais, como pós-parto, lactação, reprodução, manutenção

e ganho de peso e período seco das vacas.

São diversos os estudos que comprovam a eficácia do SMI ao que tange parâmetros produtivos e reprodutivos de bovinos. Os primeiros estudos científicos com o produto no Brasil foram publicados no WBC (World Buiatrics Congress) 2016 realizado em Dublin na Irlanda. Um destes estudos que avaliou o desempenho de animais tratados com SMI na pósdesmama, demonstrou em seus resultados, ganho de peso de 7 kg para os animais que receberam o produto quando comparados com o lote controle (sem o produto). Outro estudo, que avaliou o desempenho reprodutivo de fêmeas tratadas com SMI em programas de transferência de embrião em tempo fixo (TETF), com o produto administrado no D0 na dosagem de 15mL, obteve 13% a mais na taxa de prenhez do grupo tratado em relação ao não tratado (N = 225, P<0,05). Os dois grupos de animais foram tradados com os mesmos protocolos hormonais e mantidos sob o mesmo manejo (PEREIRA, 2018).

Penteado et al. (2017), avaliou o efeito do tratamento com SMI, durante um protocolo de inseminação artificial em tempo fixo (IATF) sobre a taxa de prenhez de 752 vacas Nelore com cria ao pé de quatro fazendas comerciais de corte localizadas no Estado do Paraná. Na ocasião, ofertaram aos animais uma dose de 15mL de SMI no D0 do protocolo. Observou-se efeito positivo da suplementação com SMI na taxa de prenhez geral, Tratado = 52% vs. Controle = 45%.

Outro estudo relacionou a utilização do SMI com indicadores reprodutivos de bovinos, foi realizado por Pessoa (2017). O pesquisador avaliou o efeito da suplementação injetável sobre o crescimento folicular de 254 vacas primíparas (Hereford, Angus ou cruzamento) com bezerros ao pé. Os animais tratados com SMI (120 animais) apresentaram folículo dominante no dia da inseminação (D11) significativamente superior aos dos animais do grupo controle (15,42 ± 0,11mm vs 14,62 ± 0,39mm). A taxa de prenhez do grupo suplementado com SMI foi de 54% e 47% do grupo controle, comprovando a melhora do desempenho reprodutivo das fêmeas tratadas com o produto.

Para Ribeiro e Oliveira Júnior (2022), a utilização

de SMI aliada a uma boa suplementação via cocho e um bom manejo sanitário, resulta em melhores ganhos de peso dos bezerros principalmente nas fases de cria e recria proporcionando um adiantamento da maturidade sexual dos animais. A utilização da SMI com nutrientes essenciais para bovinos, resulta em influência direta no metabolismo destes, estimulando, consequentemente, o crescimento e ganho de peso.

Em estudo conduzido por Glombowsky et al. (2018), foram avaliados os efeitos benéficos da suplementação com SMI na saúde de bezerras leiteiras, os pesquisadores administraram uma dosagem de 3 mL por animal nos dias 2 e 14 após o parto. Foram colhidas amostras de sangue nos dias 2, 10, 20 e 30 de vida dos animais para análise das enzimas antioxidantes, incluindo catalase (CAT), superóxido dismutase (SOD), e glutationa peroxidase (GPx), bem como para realizar avaliações hematológicas e análises bioquímicas séricas relacionadas ao metabolismo de proteínas, lipídios e carboidratos. Os resultados indicaram que a suplementação mineral injetável apresentou propriedades benéficas para os bezerros desde o nascimento até os 30 dias de vida, resultando em um aumento da atividade das enzimas antioxidantes, melhoria da imunidade e prevenção de problemas associados a distúrbios como a diarreia e a anemia. Portanto, essa abordagem pode ser considerada estratégia promissora para a prevenção de alterações relacionadas à alta taxa de mortalidade durante o período inicial de vida.

Outro estudo utilizando o SMI foi realizado por Lima et al. (2016). Os pesquisadores buscaram determinar o efeito de uma única injeção de 10 mL do produto em 253 bovinos de crescimento rápido criados a pasto. Os resultados comprovaram que os animais tratados com o produto apresentaram ganhos diários médios individuais de 349,8 g a mais em comparação com animais do grupo controle. Lollato et al. (2018), avaliaram a eficiência da utilização da SMI aos 60 dias de vida em bezerros e bezerras da raça nelore, na melhoria do ganho de peso até os 150 dias de vida, utilizando da dosagem de 1 mL para cada 50 kg de peso vivo. Nesse estudo, averiguaram a existência de efeito

da suplementação injetável no peso, independente do sexo dos animais entre 105 e 150 dias, e, consequentemente, no ganho de peso durante o experimento. O efeito da suplementação injetável colaborou com um incremento de 5 kg no ganho total de peso nos bezerros suplementados quando comparados com os animais do grupo controle. Nas fêmeas, a suplementação injetável, melhorou o ganho de peso total e também o peso aos 150 dias de vida. Dessa forma, concluiu-se que a SMI estratégica aos 60 dias de vida, colaborou com a melhoria do desempenho de bezerros e bezerras lactentes da raça Nelore.

A utilização da SMI como estratégia nutricional para bovinos de corte, visa corrigir as deficiências nutricionais das pastagens equilibrando o fornecimento de nutrientes minerais, estes que por sua vez se fazem importantes, principalmente para a reprodução (VIANA et al., 2017).

CONCLUSÃO

A SMI caracteriza-se como excelente estratégia no fornecimento de macro e micro minerais essenciais para bovinos criados a pasto principalmente em períodos de maior demanda nutricional.

A SMI é uma estratégia já estabelecida no mercado que entrega bons resultados mediante sua utilização como complemento da suplementação oral em períodos de alta demanda nutricional. Tratando-se da utilização do produto em consonância com os resultados abordados, para todas as fases pode-se notar a entrega de bons resultados.

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ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL PARA SUÍNOS CONFINADOS

MAGALHÃES1, Letícia Marques; NUÑEZ2, Amoracyr José Costa; CERON3, Marcos Speroni; BILEGO4, Ubirajara Oliveira; ALMEIDA5, Vivian Vezzoni

1Graduanda em Zootecnia, Escola de Veterinária e Zootecnia - UFG

2Engenheiro Agrônomo, DS.c., Professor Adjunto, Escola de Veterinária e Zootecnia – UFG

3Zootecnista, DS.c., Professor Adjunto, Escola de Veterinária e Zootecnia – UFG

4Médico Veterinário, DSc, Pesquisador Veterinário II, Cooperativa A. P. R. S Goiano – COMIGO

5Engenheira Agrônoma, DS.c., Professora Adjunta, Escola de Veterinária e Zootecnia – UFG

INTRODUÇÃO

Suínos são animais onívoros, com alto grau de curiosidade, inteligentes e extremamente sociáveis. Em condições naturais, os suínos dedicam grande parte do tempo investigando o ambiente, isto é, praticam ações de olhar, cheirar, lamber, fuçar e mastigar objetos. Na suinocultura industrial, por sua vez, os animais são confinados em todas as fases da vida, frequentemente em ambientes monótonos, com pouco ou nenhum estímulo, o que resulta em privação do ato exploratório da espécie e, por fim, frustação e comportamentos nocivos ao seu bem-estar. Portanto, a intensificação da produção de suínos em sistemas confinados, apesar de possibilitar ganhos de produtividade, desencadeou problemas de comportamento e bem-estar animal.

As novas exigências da sociedade relacionadas à qualidade ética dos alimentos de origem animal disponilizados para o consumo requerem conhecimentos sobre possíveis estratégias para produzir suínos com lucratividade, desde que a qualidade de vida dos animais seja mantida durante o ciclo de produção. Neste contexto,

o emprego do enriquecimento ambiental nas granjas tem sido proposto como uma ferramenta importante para viabilizar os comportamentos inatos da espécie suína, com consequente redução do estresse gerado pelo ambiente de confinamento. Assim, o objetivo dessa revisão de literatura é abordar os benefícios do uso do enriquecimento ambiental na suinocultura, bem como as principais estratégias para incentivar o interesse dos suínos pelo enriquecimento ambiental por períodos prolongados.

DEFINIÇÃO DE ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL

O termo enriquecimento ambiental é muito abrangente e, portanto, não apresenta definição exata. Para facilitar o entendimento, o termo geralmente referese à oferta de: 1) substratos orgânicos, por exemplo, palha, maravalha e casca de arroz, em grandes quantidades no piso da baia (Figura 1A); ou 2) objetos, popularmente denominados “brinquedos”, colocados suspensos em locais específicos no ambiente de alojamento, como corrente metálica pendurada na divisória da baia (Figura 1B), ou disponibilizado de forma solta no piso da baia, como galões de plástico livres no chão (FOPPA et al., 2020). De acordo com a Instrução Normativa nº 113 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2020), enriquecimento ambiental é a promoção de um ambiente diversificado, com o uso de materiais e procedimentos adequados, a fim de estimular e permitir a expressão de comportamentos inerentes dos suínos, sendo, por fim, traduzido em melhor bem-estar animal.

A B

Fonte: Acervo pessoal de V. V. Almeida

O enriquecimento ambiental pode ser classificado em: 1) enriquecimento social – envolve contato direto e indireto (visão, audição ou olfato) com humanos ou outros indivíduos da mesma espécie; 2) enriquecimento ocupacional – engloba o enriquecimento psicológico e enriquecimentos que estimulam a movimentação dos animais; 3) enriquecimento físico – modificações na complexidade das instalações, com oferta de substratos e objetos ou, até mesmo, mudanças estruturais permanentes no ambiente de alojamento dos animais; 4) enriquecimento sensorial – interação com materiais que promovam estímulos sensoriais, por exemplo, música e vocalização que estimulam a audição ou objetos que estimulam a sensibilidade tátil na boca e no focinho; e 5) enriquecimento nutricional – oferta de grande variedade ou novos alimentos, assim como mudança na forma de fornecimento dos alimentos (BLOOMSMITH et al., 1991).

COMPORTAMENTO DOS SUÍNOS

Um dos erros mais frequente cometidos para a implementação do enriquecimento ambiental nas granjas é fornecer “brinquedos”, música ou outros estímulos com pouca importância funcional para os suínos (FOPPA et al., 2020). Para que a prática do enriquecimento ambiental seja eficiente, é fundamental conhecer o comportamento dos

suínos, visto que manifestações estereotipadas surgem quando há incompatibilidade entre os instintos dos animais e o ambiente que os rodeia. Sabe-se que as estereotipias implicam em comportamentos repetitivos, invariáveis e sem função aparente e, no caso dos suínos, normalmente se manifestam por meio de atividades oro-nasais (MASON, 1991). Em suínos, os exemplos mais comuns de comportamentos estereotipados são: morder parte das instalações, enrolar a língua, ingestão excessiva de água, canibalismo e falsa mastigação (RADKOWSKA et al., 2020).

Suínos são animais que possuem comportamentos social e exploratório aguçados. Em condições naturais, dedicam grande parte do tempo investigando o ambiente, isto é, praticam ações de olhar, cheirar, lamber, fuçar e mastigar objetos (GODYŃ et al., 2019). Em ambientes sem enriquecimento, os suínos passam por processo de frustação e, consequentemente, redirecionam seu repertório exploratório aos companheiros da baia, o que resulta em episódios de agressão, canibalismo, vício de sucção de vulva e tetos, entre outros (SARUBBI, 2014). Adicionalmente, o sentimento de frustação faz com que os suínos explorem de maneira fixa qualquer equipamento que faça parte da baia, como é o caso dos animais que ficam horas apertando o bebedouro com o focinho e desperdiçando água (DIAS et al., 2014).

Figura 1 – Enriquecimento ambiental com o uso de maravalha no piso da baia (A) e corrente metálica pendurada na divisória da baia (B).

A construção de ninho pela fêmea suína é um comportamento inato da espécie que permaneceu inalterado pela domensticação, o que indica a importância de atender a essa demanda comportamental em sistemas intensivos de produção de suínos (BAXTER et al., 2011). A construção do ninho inicia-se nas últimas 24 horas pré-parto, sendo a atividade intensificada durante as últimas 6 a 12 horas antes do parto (DIAS et al., 2014). Na suinocultura industrial, as fêmeas gestantes são alojadas em celas parideiras sem material de manipulação, fato que redireciona seu comportamento de construção de ninho para a instalação e resulta em mordeduras das barras de ferro e desempenho reprodutivo reduzido (DIAS et al., 2014).

Outro aspecto importante a ser destacado é que embora o sentimento de medo tenha sido minimizado pela domesticação das espécies, as respostas de medo perante os humanos não foram completamente eliminadas nos sistemas de produção (CEBALLOS e GÓIS, 2016). O medo promove respostas clássicas de estresse e, portanto, é definido como um estado afetivo indesejável, com impactos negativos não somente na produtividade, mas também no bem-estar dos suínos (HÖTZEL, 2020). Para exemplificar, animais que vocalizam, fogem e não permitem a aproximação das pessoas tendem a estar estressados e respondendo a experiências ruins previamente vivenciadas. O comportamento de brigas entre os animais pode indicar que os recursos presentes na baia são insuficientes, a exemplo de lotação inadequada, mistura indevida de lotes e ausência de materiais que estimulem a ação de brincar (MACIEL e BUSS, 2020). Normalizar o sentimento de medo no ambiente de produção pode refletir no comportamento dos suínos durante todas as fases do seu ciclo de vida (DE OLIVEIRA et al., 2015; BRAJON et al., 2016).

O normal é que o suíno doméstico seja mais curioso do que medroso quando expostos a situações novas, bem como na presença de estranhos, e que se sintam confortáveis com a aproximação de pessoas conhecidas, como por exemplo, o manejador (MACIEL e BUSS, 2020). O enriquecimento ambiental pode reduzir os comportamentos associados ao medo por estimular a atividade investigativa dos suínos,

o que resulta em estados emocionais positivos (SARUBBI, 2014). Contudo, os benefícios do enriquecimento ambiental dependem da interação com os demais fatores associados ao animal e ao ambiente confinado. De nada adianta fazer uso de enriquecimento ambiental na tentativa de melhorar a condição de vida do animal se o ambiente em que ele se encontra não proporciona conforto térmico e físico, ou se os suínos são submetidos a interações tácteis negativas como palmadas, empurrões e golpes.

CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL

Na maioria das vezes, materiais sem propósitos específicos são inseridos na baia dos animais e chamados de enriquecimento ambiental (NEWBERRY, 1995). Entretanto, para que uma determinada estratégia de enriquecimento do ambiente seja satisfatória, além de apresentar boa condição sanitária e ser ambientalmente correta, recomenda-se que seja economicamente viável, de fácil operacionalidade e reposição, e que possua alta durabilidade (MENCH et al., 2010). Para serem considerados funcionais e eficazes, os materiais empregados como enriquecimento ambiental devem atender a uma série de características específicas, conforme descritas na Tabela 1 (VAN DE WEERD e ISON, 2019; FOPPA et al., 2020). Adicionalmente, os materiais ofertados não devem causar danos à saúde dos animais, como obstrução intestinal pela ingestão de fragmentos (SEIER et al., 2005).

Tabela 1. Características que o material de enriquecimento ambiental deve apresentar

Característica

Seguro

Permite que o suíno...

Interaja com o material de forma saudável, ou seja, o material não deve, em hipótese nenhuma, causar danos à saúde dos suínos

Investigável Explore o material com o focinho e a boca

Manipulável

Mastigável

Comestível (com textura, sabor ou cheiro interessante)

Altere a posição e a aparência do material

Manipule/deforme o material por meio de mordidas

Ingira o material e, de preferência, que possua benefícios nutricionais. A alimentação regular não é considerada enriquecimento ambiental.

Fonte: Adaptado de VAN DE WEERD e ISON (2019) e FOPPA et al. (2020)

De acordo com MENCH et al. (2010), a segurança do material utilizado na prática de enriquecimento ambiental deve ser avaliada de acordo com o checklist descrito abaixo:

• O material de enriquecimento não possui pontas afiadas.

• Não há risco de que algum membro do animal ou outra parte do seu corpo possam ficar presos em qualquer parte do material de enriquecimento.

• O material de enriquecimento não pode ser quebrado ou desmontado pelo animal.

• Se o material de enriquecimento puder ser quebrado ou desmontado pelo animal, os fragmentos gerados não representam risco à saúde do animal.

• Não há risco de que o material de enriquecimento (ou parte dele) possa ser mastigado e/ou engolido.

• O material de enriquecimento é atóxico.

• O material de enriquecimento pode ser higienizado e esterilizado adequadamente para evitar a transmissão de doenças.

Não há risco de que o animal possa utilizar o material de enriquecimento para danificar o ambiente de alojamento ou causar danos aos companheiros da baia.

Deve ser ofertado de forma que...

Não promova riscos de lesões ou de ingestão de fragmentos impróprios que podem causar danos à saúde

Permaneça interessante aos suínos (fornecido em quantidades suficientes)

Seja acessível pela suspensão do material ao nível do olho do animal ou ao nível do piso da baia

Seja acessível para a manipulação oral de todos os animais da baia ou, pelo menos, a maioria deles

Seja limpo, seguro e higiênico, sem risco de contaminação por produtos químicos ou agentes causadores de doenças

Ainda de acordo com as diretrizes estabelecidas pela União Europeia, os materiais utilizados como enriquecimento ambiental são categorizados em três tipos: ótimos, subótimos e interesse marginal (Tabela 2).

Tabela 2. Categorias de materiais de enriquecimento ambiental

Categoria

Ótimos

Subótimos

Interesse marginal

Descrição Exemplo

São substratos orgânicos fornecidos em abundância e podem ser utilizados sozinhos, pois apresentam todas as características listadas na Tabela 1.

São substratos orgânicos ou objetos com boas qualidades, porém não contemplam todas as características que foram listadas na Tabela 1. Devem ser utilizados em combinação com outros materiais que atendam a todas as necessidades comportamentais dos suínos.

São objetos que proporcionam distração aos animais, porém não atendem a todos os requisitos essenciais. Devem ser fornecidos em combinação com outros materiais ótimos e subótimos

Fonte: Adaptado de FOPPA et al. (2020, 2023)

Considerando que os suínos são animais sociais e que preferem realizar as atividades em grupo, como por exemplo, comer juntos, andar juntos, dentre outras, uma das propostas atuais para enriquecer ambientes confinados é o uso de correntes metálicas ramificadas, uma vez que permitem acesso simultâneo por todos os animais do grupo (BRACKE, 2017). Embora sejam consideradas um material de enriquecimento de interesse marginal (Tabela 2), as correntes metálicas são atrativas para os suínos devido à sua mobilidade, à sua forma anatômica para a boca do suíno e ao barulho gerado com sua manipulação.

Por definição, correntes ramificadas (Figura 2) consistem em uma corrente disponibilizada verticalmente com a extremidade apoiada no piso da baia e a adição de outras correntes (elos extras) para ramificá-la, permitindo que os suínos interajam todos juntos com o objeto tanto no chão quanto na altura do focinho (BRACKE e KOENE, 2019). Como vantagens das correntes ramificadas, merecem destaque a facilidade da interação dos suínos, independente do tamanho do animal, bem como a durabilidade do material (FOPPA et al., 2020).

Palha e feno disponibilizados à vontade

Casca de arroz, maravalha e corda de sisal

Correntes metálicas e brinquedos de plásticos duro

Figura 2 – Corrente metálica ramificada. Suínos de diferentes tamanhos podem manipulá-la juntos, tanto em pé quanto deitados, com benefícios sociais e sincronização do comportamento da espécie.

Fonte: BRACKE e KOENE (2019)

Um estudo com nove materiais (corrente simples, tubo, bola pequena, bola grande, madeira dura, corrente curta, corrente pendurada muito alta, corrente no chão e corrente ramificada) de enriquecimento ambiental para suínos foi realizado para investigar a prevalência e a pontuação de bem-estar animal, numa escala de 0 (pior aceitação) a 10 (melhor aceitação) (Figura 3). A corrente ramificada apresentou pontuação melhor do que os outros

materiais avaliados e sua pontuação de bem-estar foi, em média, de 5,1, ou seja, próxima do nível pré-determinado de aceitabilidade (5,5). Os benefícios para o bem-estar animal resultantes da oferta de bolas, tubo, madeira dura e correntes metálicas (simples, curta e disposta no chão da baia) foram inferiores do que é considerado enriquecimento aceitável (BRACKE e KOENE, 2019).

Figura 3 – Aceitabilidade de vários materiais de enriquecimento ambiental para suínos. As barras azuis indicam a pontuação de 0 a 10 recebida para cada material. Letras diferentes entre parênteses indicam diferença significativa. Material de enriquecimento aceitável possui pontuação igual ou superior a 5,5.

Fonte: BRACKE e KOENE (2019)

ERROS COMUNS NO EMPREGO DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL

Na suinocultura brasileira, o emprego de materiais de enriquecimento ambiental tem sido feito de maneira aleatória, sem levar em consideração os conhecimentos científicos envolvidos (PIEROZAN et al., 2017). Recentemente, um levantamento sobre o emprego de enriquecimento ambiental em granjas brasileiras evidenciou que 89,1% dos suinocultores fazem uso de ambientes enriquecidos, porém quase a metade destes afirmou não saber o que significa enriquecimento ambiental (PIEROZAN et al., 2020). Na mesma pesquisa, os suinocultores, que reportaram não usar ambientes enriquecidos, elencaram as seguintes razões: aumento do custo de produção (39,6%), ausência de conhecimento sobre o tema (31,3%) e dificuldades na obtenção de materiais para a execução da prática (21,3%).

Quando há o uso de enriquecimento ambiental de forma arbitrária, os benefícios da prática muitas vezes não são alcançados pela ausência das características dos materiais descritas anteriormente. Existe também a preocupação de que a manipulação de materiais inadequados cause frustação nos suínos devido às tentativas de interação sem sucesso, como por exemplo tentar morder uma bola ou um tronco de madeira que sejam muito grandes para o tamanho da boca do animal (VAN DE WEERD e ISON, 2019). Outro aspecto de destaque é que suínos se habituam rapidamente aos materiais ofertados (GODYŃ et al., 2019) e, assim, um dos desafios da prática de enriquecimento ambiental é manter a atratividade a longo prazo para os suínos.

A forma de apresentação, bem como a localização dos materiais ofertados são fatores que podem influenciar o interesse dos suínos. Objetos ofertados livres no piso da baia

perdem o potencial de atratividade ao se tornarem sujos com fezes, além de terem grandes chances de se alojarem nos cantos da baia, inviabilizando sua movimentação, ou ainda de ficarem presos atrás dos comedouros (VAN DE WEERD e ISON, 2019). Diante disso, o fornecimento de objetos suspensos ao nível dos olhos dos suínos é a prática mais indicada para o adequado entretenimento. Deve-se ter cuidado para não pendurar os objetos muito alto, pois os suínos apresentam limitada capacidade de levantar a cabeça devido à anatomia do seu pescoço (VAN DE WEERD e ISON, 2019).

Um erro comum na tentativa de prover enriquecimento ambiental para os animais é disponibilizar quantidade insuficiente de objetos, fato que pode desencadear competição pelo recurso, favorecendo a inquietação e a incidência de agressões (ZWICKER et al., 2015). Adicionalmente, o tamanho dos objetos oferecidos deve ser ajustado em função da idade e do tamanho do animal. Caso o suíno não seja capaz de agarrar adequadamente o objeto entre as mandíbulas, a manipulação (mastigação) do objeto ficará comprometida (VAN DE WEERD e ISON, 2019). Portanto, a oferta de objetos em quantidades e tamanho apropriados é fundamental para o sucesso da prática.

De modo geral, substratos orgânicos usados como materiais de enriquecimento requerem reposição diária para que permaneçam sempre frescos e limpos. A ausência de renovação e/ou substituição dos objetos de enriquecimento afeta negativamente o interesse dos suínos. Nos sistemas de produção, quando os suínos são expostos de forma contínua a algum tipo de objeto, pouca interação dos animais com o objeto pode ser observada. Isso porque suínos se habituam rapidamente aos objetos apresentados, com consequente redução na motivação para a interação (TRICKETT et al., 2009). A rotação do material de enriquecimento ao longo do tempo dentro da baia é uma estratégia prática para minimiza a perda de interesse do animal. Dois dias de exposição ao objeto são suficientes para os suínos se familiarizarem e esse mesmo objeto não deve ser reintroduzido na baia por um período de cinco dias a partir da primeira exposição (GIFFORD et al., 2007).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso de ambientes enriquecidos é uma estratégia promissora para promover o bem-estar de suínos produzidos em sistemas confinados. A viabilidade econômica e as condições de operacionalização na granja são fatores determinantes para a escolha do tipo de enriquecimento ambiental, sendo possível o uso da criatividade para reduzir os custos dos materiais que serão ofertados. A disponibilização de substratos e brinquedos que gere motivação deve ser amplamente estudada e divulgada para aproximar ainda mais essa prática da sociedade, além de demonstrar que o setor suinícola está adotando ações com o intuito de melhorar a qualidade de vida dos animais de produção. Entretanto, o uso de enriquecimento ambiental não é a solução de todos os problemas da granja e, portanto, o comportamento específico da espécie e o ambiente de alojamento devem ser considerados para aproveitar todos os benefícios do enriquecimento ambiental.

REFERÊNCIAS

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ARTIGOS CIENTÍFICOS

CARACTERÍSTICAS DE FORRAGEM E DESEMPENHO DE BOVINOS

DE CORTE EM PASTAGEM DE ZURI E QUÊNIA EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA

BILEGO1, Ubirajara Oliveira; NASCIMENTO2, Hemython Luis Bandeira do; FERNANDES3, Rafael Henrique; OLIVEIRA4, Katryne Jordana de; LIMA5, Diego Tolentino de; MARQUES6, Bruno de Souza; COSTA7, Kátia Aparecida de Pinho, MORAIS8 Breno Furquim de

1Médico Veterinário, Dr. em Ciência Animal, Pesquisador em Produção Animal do Centro Tecnológico COMIGO, Rio VerdeGO. E-mail: ubirajarabilego@comigo.com.br

2Eng. Agrônomo, Dr. Zootecnia, Pesquisador em Forragicultura e Manejo de Pastagens do Centro Tecnológico COMIGO, Rio Verde-GO. E-mail: hemythonluis@comigo. com.br

3Eng. Agrônomo, Dr. em Fitotecnia, Pesquisador em Fitopatologia do Centro Tecnológico COMIGO, Rio Verde-GO. E-mail: rafaelhenrique@comigo.com.br

4Zootecnista, Mestranda em Zootecnia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano - Campus Rio Verde-GO. E-mail: katrynejordana25@gmail.com

5Eng. Agrônomo, Dr. em Agronomia, Pesquisador em Entomologia do Centro Tecnológico COMIGO, Rio Verde-GO. E-mail: diegotolentino@comigo.com.br

6Médico Veterinário, Mestrando em Zootecnia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano - Campus Rio Verde-GO. E-mail: brunoszmarques@gmail.com

7Zootecnista, Drª em Ciência do Solo, Professora D4 do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia GoianoCampus Rio Verde-GO. E-mail: katia.costa@ifgoiano.edu.br

8Graduando em Zootecnia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano - Campus Rio Verde-GO. E-mail: brenomoraiszootec@outlook.com

INTRODUÇÃO

A agropecuária enfrenta desafios na busca por tecnologias que aumentem a rentabilidade e o desempenho zootécnico para atender à crescente demanda por alimentos (FERREIRA et al., 2020). A expansão agrícola e a intensificação de áreas para suprir a demanda global por produtos agropecuários, pressionam a capacidade de carga da Terra e a absorção de resíduos e emissões de gases de efeito estufa (REIS et al., 2020).

Neste cenário, a Integração Lavoura-Pecuária (ILP) destaca-se como prática essencial, harmonizando interesses ambientais e econômicos, permitindo aumento de produtividade sem recorrer ao desmatamento (VALANI et al., 2021). A ILP, com a utilização de pecuária na segunda safra, é uma alternativa eficaz para substituir a safra de milho na rotação de cultura da soja, apresentando inúmeros benefícios para a agricultura circular, resultando em diversificação de renda e otimização dos recursos disponíveis na propriedade rural (DIAS et al., 2021).

A prática da pecuária na segunda safra desempenha um papel fundamental na ciclagem de nutrientes, enriquecendo o solo e reduzindo a necessidade de adubação química, contribuindo para a sustentabilidade agrícola e a mitigação do impacto ambiental (RYSCHAWY et al., 2017; COSTA et al., 2016), além de reduzir os custos de produção, e oferecer flexibilidade de manejo e melhoria da eficiência produtiva, resultando em benefícios econômicos, incluindo o

aumento da produtividade da soja (DIAS et al., 2020; MUNIZ et al., 2021).

Além de garantir oferta de forragem de qualidade para os animais durante a estação seca, os sistemas ILP ainda deixam um residual de biomassa para o plantio direto na safra posterior (NAUDIN et al., 2015; ANDRADE et al., 2020). Esse cenário abre perspectivas promissoras para o mercado de carne bovina, atendendo à crescente demanda por produtos sustentáveis e valorizando a produção integrada, impulsionando a cadeia produtiva e trazendo benefícios econômicos significativos para os produtores (VINHOLIS et al., 2019; HARRISON et al., 2021).

A escolha correta da planta forrageira que será utilizada nesses sistemas de produção é de fundamental importância, pois a mesma deve atender aos requisitos nutricionais dos animais, possuir rápida capacidade de estabelecimento, produzir uma palhada de qualidade para atender de forma adequada tanto o componente animal quanto como biomassa para cobertura do solo na agricultura. Condições climáticas e época de semeadura do capim, também devem ser considerados entre os critérios de escolha da forrageira. Embora as Brachiarias sejam as mais utilizadas, o Panicum maximum tem demonstrado ser uma alternativa viável e promissora (NASCIMENTO et al., 2023; BILEGO et al., 2022; MUNIZ et al., 2022; NASCIMENTO et al., 2022).

Diante da escassez de mais informações sobre o desempenho dessas gramíneas, objetivou-se avaliar a qualidade da forragem e o desempenho animal em sistema de Integração Lavoura-Pecuária, utilizando as cultivares Panicum maximum BRS Quênia e o Panicum maximum BRS Zuri.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no Centro Tecnológico COMIGO (CTC), em Rio Verde – GO. Segundo Thornthwaite (1948) o clima de Rio Verde - GO é classificado em B 4 rB’4a’ (úmido, pequena deficiência hídrica, mesotérmico e evapotranspiração no verão menor que 48%). A área

utilizada para o experimento encontra-se sob as coordenadas 17⁰45’48’’ S e 51⁰02’14’’ W, com altitude de 832m e é composta de 2,21 ha (talhão I8) e 2,93 ha (talhão J9), conforme demonstrado na Figura 1. O talhão I8, utiliza-se do sistema de Integração Lavoura Pecuária desde o ano agrícola 2011/2012 e o talhão J9 utiliza-se do sistema de ILP desde o ano agrícola 2016/2017.

No estudo, foram avaliados três sistemas de produção, dois com integração lavoura pecuária (ILP), nos quais após a colheita da soja é plantado o capim para pastejo dos animais na entressafra, e um tradicional com sucessão de culturas (SS), onde é plantada a soja na safra e o milho na segunda safra. Nos sistemas ILP foram implantadas as cultivares de capim-zuri e capim-quênia. A área experimental destinada à produção animal foi dividida em quatro módulos de pastejo. Cada módulo, foi subdividido em cinco piquetes, quatro foram formadas com as forragens e uma com milho em segunda safra (Figura 1). O posicionamento da cultura do milho nas extremidades dos talhões visou facilitar os tratos culturais e a colheita dos grãos. Para a separação dos módulos e seus respectivos piquetes, utilizou-se de cercas elétricas montadas com auxílio de postes de eucalipto e vergalhões de ferro, isoladores de canto e de linhas e aparelho eletrificador Speedrite 6000i – Datamars – São Paulo, com produção elétrica a partir de placas solares e armazenadas em bateria HELIAR de 70 amperes.

Antes da implantação do experimento foram colhidas amostras de solo na área experimental, na profundidade de 0 a 20 cm e enviadas ao laboratório para determinação das características químicas (Quadro 1).

Quadro 1. Valores da matéria orgânica (MO), capacidade de troca catiônica (CTC), e dos nutrientes do solo em sistemas de Integração Lavoura Pecuária e de Sucessão (SS) na região de Rio Verde – GO.

Sistema

Fonte: Laboratório Químico Industrial

A semeadura das gramíneas forrageiras e do milho foi realizada no dia 26/02/2023. Para essa atividade, utilizou-se da semeadora-adubadora pneumática Baldan modelo SPDE CXP 5000, com 24 linhas e espaçamento entre linhas de 17 cm. Na semeadura foram utilizados 8,8 kg ha-1 de semente grafitada com valor cultural 80% para ambas forrageiras.

Para a adubação de semeadura foi utilizado o fertilizante do formulado NPK (11-40-00), na dose de 420 kg ha-1

A semeadura do milho foi realizada em 27/02/23, utilizando-se de 2,8 sementes m-1 do híbrido B2401 PWU com semeadora-adubadora e espaçamento entre linhas de 50 cm. No momento da semeadura foram aplicados no sulco 150 ml ha-1 do co-inoculante Biomax Azum (Azospirillum brasilense, concentração mínima 3,0 x 103 UFC mL-1, Vittia), 500 mL ha-1 de Meta Turbo (Metarhizium anisopliae), e 250 ml ha-1 de RayNitro Zn News (Nitrogênio 7,00%; Fósforo 7,00% e Zinco 4,00%). A adubação de semeadura foi realizada no sulco com

400 kg ha-1 do fertilizante formulado 15-15-15.

O método de pastejo adotado foi o intermitente, com taxa de lotação variável. As avaliações da estrutura do pasto eram realizadas sempre nas mudanças de piquetes. Sempre antes da entrada e imediatamente após a saída dos animais de cada piquete era mensurada a altura do pasto e colhida a massa da forragem para estimativa da sua produção. A altura era mensurada em 30 pontos aleatórios por piquete, utilizando-se da régua graduada em centímetros. Para quantificar a massa de forragem pré-pastejo e do resíduo pós-pastejo, eram colhidas duas amostras de forragem por piquete, em pontos representativos da condição média do pasto. A área contendo a massa a ser colhida era delimitada por moldura de tubos PVC medindo 1,0 m x 1,0 m (1,0 m2). As amostras foram cortadas rente ao solo, pesadas e retiradas duas sub-amostras com aproximadamente 300 g de foragem, que foram acondicionadas em sacos plásticos,

Milho Milho
Talhão J9 Talhão I8 ILP2A ILP1A
Milho
Milho
Figura 1 – Imagem aérea da área experimental com seus respectivos módulos.
Fonte: Pedro Cabral - ASCOM

identificadas e levadas para o laboratório de forragicultura e pastagens do IF Goiano de Rio Verde. Uma sub-amostra era destinada à separação dos componentes morfológicos em folha (lâmina foliar), colmo, material morto e invasoras. Após a separação, cada fração dos componentes era colocada em sacos de papel, pesados, levados para secar em estufa de circulação de ar forçada à 55°C por 72 horas e posteriormente pesadas novamente para determinação da massa seca. A outra sub-amostra foi destinada a realização das análises da composição química da forrageira. As amostras foram colocadas em estufa de ar forçado a 55°C para determinação da matéria seca parcial. Em seguida, o material foi moído em moinho com peneira de 1 mm e submetido a análises químicas. Foram realizadas análises de composição química para determinação de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), de acordo com as metodologias descritas pela AOAC (1990). A fibra em detergente neutro (FDN) e a fibra em detergente ácido (FDA) foram estimadas pelo método descrito por Mertens (2002). A digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) foi analisada pela técnica descrita por Tilley e Terry (1963) utilizando o instrumento Daisy II, sendo as amostras de forragem inicialmente incubadas em frascos com líquido ruminal, obtido de ruminantes abatidos em frigorífico. Os frascos foram colocados no instrumento Daisy II, que mantém uma temperatura constante de 39°C sob agitação constante. Após um período de incubação típico de 48 horas, foram adicionados 8g de Pepsina e 40ml de ácido clorídrico com concentração 6N para imitar a digestão no intestino delgado, decompondo componentes não digeridos anteriormente. Após mais 24 horas de digestão os resíduos foram filtrados, lavados, secos e pesados para determinar a perda de massa, cuja diferença é usada para calcular a percentagem de digestibilidade da matéria seca, expressa como a relação entre a massa inicial e a massa indigesta.

Para estimar o acúmulo total de forragem de cada sistema, somou-se a massa de forragem pré-pastejo obtida no primeiro ciclo de pastejo com a massa de forragem acumulada da rebrota nos ciclos 2 e 3. O acúmulo de forragem de cada ciclo de pastejo foi obtido pela diferença entre a massa seca de forragem pré-pastejo do ciclo posterior menos

a massa seca do resíduo pós-pastejo no ciclo anterior.

A produtividade do milho em segunda safra foi avaliada no dia 10/07/2023, aos 133 dias após a semeadura.

Para essa mensuração foram colhidas as espigas das plantas de milho disponíveis em três metros lineares de quatro linhas, em quatro pontos diferentes, em cada parcela, totalizando 48 m de colheita. As amostras foram trilhadas, em seguida, realizada a pesagem da massa fresca dos grãos (kg) e depois, houve a mensuração de umidade (três vezes). Os dados foram ajustados para 14% de umidade dos grãos e a estimativa de produtividade corrigida em função do número de plantas colhidas e população estimada (ha-1), e apresentados em sacas de 60 kg por hectare (sc ha-1).

Para a avaliar a produção animal, utilizou-se de 17 garrotes da raça Nelore (Figura 2), com idade média de 19 meses e peso corporal médio de 348,71 ± 19,48 kg. Os animais foram pesados sob jejum prévio de alimentos sólidos de 16 horas, em seguida casualizados e distribuídos de forma aleatória entre os tratamentos. A taxa de lotação (animais por módulo) foi ajustada conforme a capacidade de suporte de cada módulo. Antes do período experimental os animais foram vacinados e desverminados conforme o calendário profilático da propriedade.

Para o fornecimento de água de qualidade ad libitum aos animais utilizou-se de bebedouros metálicos, com enchimento por boias de gravidade e capacidade de 500 litros. O bebedouro ficava centralizado entre os quatro módulos, com livre acesso pelos animais.

Os animais foram inseridos no sistema 62 dias após a semeadura das forrageiras (28/04/2023) e permaneceram na área durante 145 dias, sendo retirados da área em 20/09/2023. As pesagens dos animais foram realizadas a cada 28 dias e as pesagens inicial e final foram realizadas com jejum prévio de sólidos. Nessas ocasiões também foram realizadas a mensurações morfométricas, com metodologia adaptada de Freneau et al. (2008), visando avaliar o crescimento dos animais.

A suplementação dos animais foi realizada com dois suplementos, atendendo às exigências nutricionais dos mesmos, e ajustado à qualidade da forragem observada à cada ciclo de avaliações. Foram utilizados os suplementos Cooperbeef Águas® de 28/04/2023 a 04/06/2023 e Cooperbeef Transição® de 08/06/2023 a 19/06/2023 (Quadro 2), com fornecimento sugerido de 3 g por kg de peso corporal para ambos os suplementos. Entre os dias 04/06/2023 e 08/06/2023 foi utilizada uma mistura dos dois suplementos para adaptação dos animais a nova formulação do suplemento. O suplemento era fornecido em cochos de plástico, próximos da fonte de água, com disponibilidade de 40 cm por animal e a quantidade a ser fornecida era ajustada ao peso dos animais, na ocasião das pesagens.

Figura 2 – Garrotes da raça Nelore em sistema de ILP com diferentes cultivares de Panicum maximum. Foto tirada em 28/04/2023 (início do experimento). Fonte: Ubirajara Bilego (2023)

(máx.), g

Fonte: Suplemento Mineral COMIGO Quadro 2– Níveis de garantia por kg dos suplementos utilizados durante o período experimental.

Saccaromyces cerevisae, ufc/g 1,9 x 106 1,9 x 106

Consumo UA-1 dia-1, g 1.000,00 1.000,00

Figura 3 – Precipitação mensal acumulada (mm) e temperatura média (°C) registrados entre 26 de fevereiro e 20 de setembro de 2023.

Fonte: Estação meteorológica PlugField instalada no Centro Tecnológico COMIGO em Rio Verde, Goiás (S 17°45’45’’ O 51°02’16’’).

Os dados das precipitações da área experimental e temperatura foram coletados diariamente e os valores mensais pela estação meteorológica automática PlugField instalada no campo experimental do Centro Tecnológico COMIGO (Figura 3). Durante o período experimental foram registrados um acumulado de 502 mm de chuva e temperatura média de 21,6 °C.

No final do período experimental, os animais foram avaliados quanto às características de carcaça, guiadas por ultrassom. Essas características foram avaliadas com auxílio de equipamento de ultrassonografia (ALOKA 500V), em tempo real, com transdutor linear de 17,2 cm e 3,5 MHz e acoplador acústico. Foram avaliadas área de olho de lombo (AOL); AOL para 100 kg de peso corporal (AOL/100) em cm²; espessura de gordura subcutânea (EGS); EGS para 100 kg de peso corporal (EGS/100); EGS na picanha (EGSP) em mm; grau de marmoreio em percentual; e a determinação do ratio representado pela relação entre a largura e a altura da AOL. As medidas de AOL e EGS foram obtidas entre a 12ª e a 13ª costelas, do lado direito do animal, com o transdutor posicionado perpendicularmente à coluna vertebral e transversalmente sobre o músculo Longissimus thoracis

(contra-filé). Para o melhor acoplamento entre o transdutor e a curvatura da costela utilizou-se um standoff (acoplador acústico de silicone). O marmoreio foi mensurado, com auxílio do software BIA (Bovine Image Analysis) autorizado pela Ultrasound Guidelines Council (UGC), diretamente sobre o Longissimus thoracis entre a 11ª, 12ª e a 13ª costelas em posicionamento longitudinal em relação à coluna vertebral. Para garantir o melhor contato da sonda com o corpo do animal utilizou-se óleo vegetal como acoplante acústico. Todas as avaliações foram realizadas pela empresa DGT Brasil Ltda, por técnicos treinados e credenciados pela UCG. Posteriormente, as imagens foram interpretadas, analisadas, certificadas e arquivadas pelo técnico da DGT Brasil e, em seguida, o relatório final foi encaminhado ao Setor de Pecuária do CTC COMIGO.

O delineamento experimental foi Blocos Casualizado (DIC), com duas cultivares de gramínea forrageira como tratamentos, distribuídos em dois blocos (talhões). Em cada bloco haviam dois tratamentos, distribuídos aleatoriamente, com quatro repetições (n. de piquetes), para avaliações de cada forrageira. Para a mensuração do total de arrobas produzidas em cada módulo de pastejo, foram somados os pesos obtidos

dos animais de cada módulo, durante o experimento. Esse valor total foi dividido por 30 kg considerando o rendimento de carcaça de 50%. Para obtenção do ganho de peso médio diário (GMD) foi utilizado o peso final menos o peso inicial dividido pelo período em dias, que os animais permaneceram no experimento.

Os dados referentes a produção vegetal foram analisados utilizando o método de modelos mistos com estrutura paramétrica especial na matriz de covariância, por meio do procedimento MIXED do software estatístico SAS (LITTELL et al., 2006). As cultivares de forrageira foram considerados efeitos fixos, blocos e repetições foram considerados efeito aleatório. Para escolher a matriz de covariância foi usado o critério de informação de Akaike (WOLFINGER et al., 1993). As médias dos tratamentos foram estimadas pelo “LSMEANS” e a comparação foi realizada pelo teste de Tukey com nível de significância de 10%.

Os dados referentes à produção animal foram submetidos à análise de crítica e consistência e, quando

atendidas as premissas básicas da análise paramétrica, as variáveis foram submetidas à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, através do programa R versão R-4.1.2 (2021), utilizando-se do pacote estatístico easyanova (ARNHOLD, 2013).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados apresentados na Tabela 1 indicam que, a composição bromatológica dos capim-quênia e capimzuri foi similar, no contexto do sistema (ILP). No entanto, destaca-se diferença significativa (p = 0,0038) em relação à fibra detergente ácido (FDA) e à digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) (p = 0,0509). Os maiores teores de FDA observados no capim-zuri foram diferentes (p = 0,05) do capim-quênia e resultaram em menor digestibilidade dessa forrageira. Verificou-se que os valores da DIVMS foram de 55,91% e 54,90% para os capins capim-quênia e Zuri, respectivamente.

Tabela 1 – Composição bromatológica do capim-quênia e capim-zuri em sistema de ILP. CTC – 2023.

Variáveis1

Tratamento

EPM2

Valor de P

Lignina (% da MS)

1 FDA: fibra insolúvel em detergente ácido (%/matéria seca); FDN: fibra insolúvel em detergente neutro; DIVMS: Digestibilidade in vitro da matéria seca 2EPM: erro-padrão da média. Médias seguidas de letras diferentes a mesma linha diferem ao teste de Tukey a 10% de probabilidade.

As maiores alturas do dossel pré-pastejo foram observadas (p = 0,02) nas pastagens de capim-zuri (104,61 cm) em comparação com as pastagens de capim-quênia (82,3 cm).

Essa diferença ocorreu devido às diferenças morfológicas inerentes a cada forrageira (JANK et al., 2017), como comprimento das folhas, número e tamanho dos perfilhos. Outro fator que corrobora com este resultado é a floração capim-quênia ocorrer precocemente em relação a floração do capim-zuri e desta forma, uma vez que a floração ocorre, há indução ao alongamento do caule, o que contribui para o aumento da proporção de colmo (VALOTE et al., 2021).

Verificou-se valores semelhantes quanto ao teor de proteína bruta do capim-quênia de 10,48% e do capim-zuri 10,00%. Essa similaridade pode ser explicada pela qualidade

dos capins (ABREU et al., 2023) e pelas capacidades de rebrota (COSTA et al., 2023) de ambas as forrageiras. Essa situação pode ocorrer, principalmente, devido as precipitações atípicas para a região, ocorridas no mês de agosto de 2023. Essas precipitações contribuíram adicionalmente, para que houvesse semelhança nos valores referentes a produção de massa seca do capim-quênia (7067,98 kg/ha-1) e do capim-zuri (7195,66 kg/ha-1) resultado bem superior a Brachiaria Ipyporã (3354 kg/ha-1) e a Brachiaria Mulato II (3179 kg/ha-1) conforme

observado por Bilego et al. (2021). As plantas forrageiras de porte mais elevado como o capim-zuri oferecerem maior potencial de produção de forragem (JANK et al., 2022) quando comparado com as de porte mais baixo como o capim-quênia (JANK et al., 2021). No entanto, a produção de forragem depende de uma série de fatores como por exemplo, a amplitude térmica ambiental do ecossistema de pastagem (CRUZ et al., 2021).

1 MS: Matéria Seca; 2EPM: erro-padrão da média. Médias seguidas de letras diferentes a mesma linha diferem ao teste de Tukey a 10% de probabilidade.

Não houve diferenças significativas quanto aos valores de desempenho entre os animais mantidos no capimzuri e capim-quênia durante a segunda safra de 2022/2023 conforme demonstrado na Tabela 3. Os animais apresentaram desempenhos satisfatórios em ambas forrageiras. Da mesma forma, não foram observadas diferenças significativas quanto à produção de arrobas por hectare, lotação inicial e lotação final entre os tratamentos.

Tabela 2 – Produção e características estruturais dos cultivares Quênia e Zuri em sistema de ILP. CTC – 2023.

Os animais mantidos em pastos de capim-quênia apresentaram GMD médio de 0,82 kg, enquanto os animais no capim-zuri apresentaram GMD médio de 0,86 kg, valores semelhantes aos observados por Muniz et al. (2022) que verificaram um GMD de 0,83 kg em garrotes Nelore, em pastejo de capim-tamani, nas mesmas condições.

A disponibilidade de forragem de boa qualidade nos sistemas contribuiu para o desempenho observado em ambas forrageiras. As taxas de lotação inicial e final, conforme apresentado na Tabela 3, não sofreram reduções como esperado para o auge da estação seca (agosto e setembro). Este resultado pode ser atribuído à alta precipitação ocorrida no mês de agosto (78 mm), que, embora atípica, desempenhou um papel crucial na produção de massa, beneficiando-se da notável capacidade de rebrota dos Panicuns utilizados

(COSTA et al., 2023).

Destaca-se a relevante produção e a disponibilidade de forragem no sistema de integração lavoura-pecuária durante o período seco, que é tradicionalmente desafiador nos sistemas convencionais. A produção consistente de forragem na entressafra pode ser atribuída aos benefícios intrínsecos do sistema integrado, onde a forragem aproveita os nutrientes do solo provenientes dos resíduos das culturas anuais, resultando em uma nutrição contínua para as forrageiras. Essa sinergia promove uma maior disponibilidade de forragem, mesmo em períodos de déficit hídrico (MUNIZ et al., 2022), o que alinha-se à resiliência do sistema, face a condições climáticas adversas e destaca a eficácia das espécies forrageiras escolhidas para o sistema de integração lavoura-pecuária.

Tabela 3 – Valores de peso corporal e desempenho de garrotes da raça Nelore avaliados em sistema de ILP com diferentes Panicuns. CTC - 2023.

Variável1

EPM2 Valor de P Tratamento

final, UA ha-1

1PESOi: Peso inicial; PESOf: peso final; GMD: ganho de peso médio diário; GMT: ganho de peso total; @ ha-1= arrobas produzidas por hectare e UA ha-1= unidade animal por hectare. 2EPM.: erro-padrão da média. Médias seguidas de letras diferentes a mesma linha diferem ao teste F a 5% de probabilidade.

Os resultados das medidas morfométricas apresentados na Tabela 4 indicam que não houve diferenças entre os grupos de animais manejados em diferentes forrageiras no sistema de integração lavoura-pecuária

(ILP). Esses resultados confirmaram a homogeneidade do crescimento dos animais da raça Nelore, indicando que a escolha entre capim-quênia e capim-zuri no contexto do sistema ILP não influenciou as características morfométricas dos animais.

Tabela 4 – Medidas morfométricas de garrotes da raça Nelore avaliadas em sistema de ILP com diferentes Panicuns. CTC –2023.

1(AG): Altura da garupa; (AC): altura da cernelha; (LG): largura da garupa; (LP): largura do peito (CC): comprimento corporal; (PT): perímetro torácico; PE: perímetro escrotal e ECC: escore de condição corporal. 2EPM: erro-padrão da média. Médias seguidas de letras diferentes a mesma linha diferem ao teste F a 5% de probabilidade.

As variáveis avaliadas por ultrassonografia, como peso corporal (PESO), área de olho de lombo (AOL), relação entre comprimento e largura da AOL (RATIO), marmoreio (MAR), espessura de gordura subcutânea (EGS) e espessura de gordura na picanha (EGPICANHA), não apresentaram diferenças entre os tratamentos.

Tabela 5 – Características da carcaça de garrotes da raça Nelore avaliadas por ultrassonografia, em sistema de ILP com diferentes Panicuns. CTC – 2023. Variáveis1

1PESO: peso corporal no dia da avaliação; AOL: área de olho de lombo; AOL100: valor da área de olho de lombo para cada 100 kg de peso corporal; RATIO: relação entre comprimento e a largura da AOL; MAR: marmoreio; EGS: espessura de gordura subcutânea; AGS/100: espessura de gordura subcutânea para cada 100kg de peso corporal e EGPICANHA: espessura de gordura na picanha. 2EPM: erro-padrão da média. Médias seguidas de letras diferentes a mesma linha diferem ao teste F a 5% de probabilidade.

O consumo do suplemento Cooperbeef Águas foi semelhante entre os animais de ambos os tratamentos. Já o consumo do suplemento Cooperbeef Transição foi semelhante em valores absolutos, porém, foi maior para o grupo de animais manejados no capim-quênia, quando expressos em valores relativos ao peso corporal. Essa

diferença influenciou no consumo total de suplementos que permaneceu maior entre os animais do capim-quênia. Em ambos, os consumos dos suplementos, expressos em porcentagem do peso corporal, o consumo efetivo ficou abaixo do consumo estimado (3 g kg-1 de PC).

Tabela 6 – Consumo dos suplementos energético-proteicos em sistema de ILP com diferentes Panicuns. CTC – 2023.

Variável1

EPM2 Valor de P Tratamento

capim-quênia capim-zuri

g kg-1

CSTOTAL, g

1CSA: consumo do suplemento cooperbeef águas; CSAPC: consumo do suplemento cooperbeef águas para cada kg de peso corporal; CST: consumo de suplemento cooperbeef transição; CSTPC: consumo de suplemento cooperbeef transição para cada kg de peso corporal; CSTOTAL: consumo de total de suplementos; CSTOTALPC: consumo de total de suplementos para cada kg de peso corporal. 2EPM: erro-padrão da média. Médias seguidas de letras diferentes a mesma linha diferem ao teste F a 5% de probabilidade.

Verificou-se que houve considerável aumento na produção de grãos de milho (89,21 sc ha-1), no presente experimento, em relação as safras de 2019/2020, 2020/2021 e 2021/2022 em que foram produzidas 87 sc ha-1, 46,1 sc ha-1 e 32,5 sacas ha-1 respectivamente. No entanto, as baixas produtividades nos anos agrícolas de 2020/2021 e 2021/2022 pode ser explicada devido ao forte veranico na fase de enchimento de grãos do milho comprometendo significativamente a produtividade da cultura naqueles anos (BILEGO et al., 2020; BILEGO et al., 2021; NASCIMENTO et al., 2023).

Em sistemas de ILP, a incorporação da pecuária oferece vantagens como a diversificação de fontes de renda (GARRETT et al. 2019), redução de riscos associados a eventos climáticos extremos (PIREZ et al., 2021) e melhoria da fertilidade do solo devido ao aporte de resíduos orgânicos provenientes da atividade pecuária (SILVA, et al., 2024). Além disso, o pastejo controlado contribui para o manejo eficiente da vegetação, reduzindo a necessidade de insumos externos e proporcionando

maior sustentabilidade a longo prazo (MUNIZ, et al., 2021).

CONCLUSÃO

As cultivares de capim-zuri e capim-quênia possuem grande potencial para utilização em sistemas de integração lavoura-pecuária na segunda safra, após a cultura da soja, pois proporcionaram alta produtividade de massa e valor nutritivo das forrageiras que garantiram excelente desempenho e produtividade animal. Adicionalmente, ainda deixaram no sistema de produção considerável residual de palhada para a semeadura da soja na safra posterior.

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USO DE ADITIVOS NUTRICIONAIS

SOBRE O DESEMPENHO

E AS

CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA DE BOVINOS DE CORTE CONFINADOS

BILEGO1, Ubirajara Oliveira; NUÑEZ2, Amoracyr José Costa; RESTLE3, João; OLIVEIRA4, Katryne Jordana de; FERREIRA5, Izabela Silva; POLVEIRO6, Fernando Pitaluga de Castro; GUEDES6, Jessyca Bianca Tavares; FIGUEIREDO7, Cibelle Borges; FERREIRA8, Reginaldo Nassar

1Médico Veterinário, Dr em Ciência Animal Pesquisador em Produção Animal do Centro Tecnológico COMIGO, Rio VerdeGO. E-mail: ubirajarabilego@comigo.com.br

2Engenheiro Agrônomo, Dr. Professor de Bovinocultura de corte na EVZ – UFG. Email: ajcnunez@ufg.br

3Engenheiro Agrônomo, PhD Animal Sciene, Professor Voluntário do Programa de Pós-graduação em Zootecnia –UFG. Email: jorestle@terra.com.br

4Zootecnista, Mestranda em Zootecnia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano - Campus Rio Verde-GO. E-mail: katrynejordana25@gmail.com

5Graduanda de Medicina Veterinária – Universidade de Rio Verde - UniRV

6Graduandos de Zootecnia – Alunos de Iniciação Científica da EVZ - UFG

7Zootecnista Drª em Zootecnia – Gerente de produtos –Rações COMIGO

8Médico Veterinário, DSc. Professor Titular ICB – UFG –Email: reginaldonassar@gmail.com

INTRODUÇÃO

O Brasil destaca-se por possuir o maior rebanho comercial de bovinos do mundo, com 202,8 milhões de cabeças estimadas em 2022. Além disso, o país é o segundo maior produtor mundial de carne bovina, com 10,8 milhões de toneladas em equivalente carcaça (TEC) produzidas naquele ano, e o maior exportador, com 3 milhões de TEC comercializadas no exterior (ABIEC, 2023). Associadas a esses

índices estão a demanda mundial por proteína animal e a alta competitividade dos mercados agrícolas. Tais condições exigem que a produtividade da cadeia da carne bovina seja constantemente aumentada de forma responsável, economicamente sustentável e, principalmente, garantindo a saúde e a segurança alimentar.

A terminação de bovinos de corte em confinamento é realizada com a utilização de dietas com alta inclusão de carboidratos rapidamente fermentáveis oriundos dos grãos de cereais (milho e sorgo) para atender aos requerimentos nutricionais associados ao elevado desempenho esperado. Entretanto, o alto consumo desses ingredientes pode desencadear distúrbios metabólicos nesses animais, como a acidose ruminal (NAGARAJA & LECHTENGBERG, 2007). Para minimizar esses transtornos e aumentar a eficiência de conversão dos alimentos em carne, o uso de aditivos nutricionais tem sido uma das mais evidentes transformações na nutrição de ruminantes nas últimas décadas. Em levantamento sobre práticas nutricionais para bovinos confinados, realizado com nutricionistas que respondem por aproximadamente 4,7 milhões de animais confinados no Brasil, Silvestre & Millen (2021) reportaram que 100% dos nutricionistas entrevistados recomendam a utilização de algum tipo de aditivo nas dietas.

De acordo com a Instrução Normativa 13/04, aditivo é definido como “substância, micro-organismo ou produto formulado, adicionado intencionalmente aos produtos, que não é utilizado normalmente como ingrediente, tenha ou não valor nutritivo e que melhore as características dos

produtos destinados à alimentação animal ou dos produtos animais, melhore o desempenho dos animais sadios ou atenda às necessidades nutricionais” (MAPA, 2004).

Atualmente, os aditivos usados na nutrição de bovinos de corte têm contribuído sobremaneira para o aumento da eficiência alimentar e para a saúde do trato gastrointestinal dos bovinos. Dentre eles, destacam-se os ionóforos, as leveduras, as enzimas e os extratos naturais de plantas como taninos, saponinas e óleos essenciais.

Os ionóforos são antibióticos que modificam a população de microrganismos do rúmen ao promoverem a inibição das bactérias Gram-positivas, que são responsáveis pela produção dos ácidos acético, butírico e lático, bem como de H 2 (precursor do metano), selecionando as Gramnegativas, produtoras dos ácidos propiônico e succínico ou utilizadoras de ácido lático. Um dos principais efeitos dos ionóforos, como a monensina, é a redução na ocorrência de distúrbios metabólicos devido ao controle do pH ruminal (BERGEN & BATES, 1984).

As leveduras são fungos unicelulares, especialmente do gênero Saccharomyces spp., que eram inicialmente usadas na fermentação do açúcar para consumo humano mas, recentemente, têm sido utilizadas como aditivos em dietas para ruminantes (MORAIS et al., 2006). As leveduras promovem mudanças na população microbiana por meio da remoção do oxigênio e do fornecimento de nutrientes para o crescimento de bactérias, fungos e protozoários ruminais, favorecendo a degradação ruminal (WALLACE, 1994).

Existem ainda aditivos que são usados como fontes de nutrientes, mas que podem proporcionar a modulação do ambiente ruminal. Os granulados bioclásticos marinhos presentes no litoral do Brasil são formados principalmente por algas calcárias (Maerl e Lithothamnium), que são compostas por carbonato de cálcio e carbonato de magnésio, além de mais de 20 oligoelementos presentes em quantidades variáveis, principalmente Fe, Mn, B, Ni, Cu, Zn, Mo, Se e Sr. São utilizadas para diversas aplicações: agricultura (maior volume), como na cultura do feijoeiro (MELO & FURTINI, 2003) e em pastagens (SILVA et al., 2023), potabilização da

água para consumo, indústria de cosméticos e de alimentos, implantes em cirurgias ósseas, nutrição animal e tratamento da água de lagos (DIAS, 2001).

O uso de Lithothamnium calcareum (LC) na alimentação de várias espécies de animais de produção tem sido estudado há muitos anos, como em coelhos (EULLER et al., 2010), suínos (OLIVEIRA, 2021), poedeiras (SOUZA, 2012), caprinos (ORSINE et al., 1989) e bovinos (COMPARIN et al., 2013; CARVALHO et al., 2016). Em pesquisa recente, Lima et al. (2024) demonstraram que bovinos que receberam 90 g dia-1 de LC apresentaram maior crescimento ruminal de bactérias do gênero Prevotella spp., produtoras de ácido propiônico, o que levou ao aumento na população de Bacteroidetes, respostas relacionadas com menores riscos de desenvolvimento de acidose.

Nesse contexto, o presente experimento foi conduzido com o objetivo de avaliar o desempenho, as características morfométricas e de carcaça de bovinos de corte terminados em confinamento com dietas contendo monensina sódica em combinação com diferentes aditivos.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Setor de Pecuária do Centro Tecnológico COMIGO, da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano - COMIGO, localizado na microrregião Sudeste do estado de Goiás, no município de Rio Verde (latitude Sul 17° 47’ 53”, longitude Oeste 51° 55’ 53” e altitude média de 815 m).

Foram utilizados 96 tourinhos da raça Nelore (Figura 1), com idade média de 21 meses e peso corporal (PC) inicial médio de 368,8 ± 51,6 kg. Os animais foram divididos em 16 baias (unidade experimental) com seis animais, distribuídas aleatoriamente entre quatro tratamentos, com quatro repetições por tratamento. As baias eram equipadas com cocho de concreto com disponibilidade de 1,2 m lineares por animal e bebedouro de concreto, com capacidade de 500 L e enchimento automático. Os quatro tratamentos avaliados foram: 1) dieta com monensina, levedura viva (Saccharomyces cerevisiae) e LC (MOLEVLIT); 2) dieta com monensina e

levedura viva (Saccharomyces cerevisiae) (MOLEV); 3) dieta com monensina (MON); e 4) dieta com monensina e LC (MOLIT). Os aditivos foram fornecidos via concentrado e, em função dos tratamentos, as concentrações com base na matéria seca (MS) foram de 28,8 mg kg-1 de concentrado para a monensina, 20,2 g kg-1 de concentrado para a levedura viva e 11,4 g kg-1 de concentrado para o LC.

Figura 1 – Animais de cada grupo experimental no início do experimento. Foto tirada em 10/07/2023.

FONTE: Arquivo pessoal

No início do período experimental, os animais foram identificados com brinco e boton eletrônico, desverminados e vacinados contra clostridioses e doenças do complexo respiratório bovino. O período de adaptação foi conduzido por meio do protocolo em escada, com fornecimento de dietas com níveis crescentes de concentrados comerciais. Nesse período, os animais receberam dietas com relação volumoso: concentrado (na MS) de 60:40 por 8 dias,

45:55 por 8 dias e 30:70 por 8 dias. Após o período de adaptação, os animais passaram a ingerir a dieta final com a relação volumoso:concentrado de 25:75. Os ingredientes concentrados das dietas foram utilizados na forma de ração comercial previamente misturada. Para as dietas de adaptação foi utilizada a ração comercial Ração Corte 18f® e para a dieta final foi utilizada a Ração Beef 16 AE® (Quadro 1).

MOLEVLIT

Quadro 1 – Ingredientes da dieta experimental (g kg-1) com base na matéria seca

Item

*Relação volumoso: concentrado

FONTE: Rações COMIGO

As dietas de adaptação e final (Quadro 2) foram formuladas para atender às exigências dos animais estimadas pelo BRCORTE 2016 (Valadares Filho et al., 2016).

Quadro 2 – Níveis de garantia e composição bromatológica dos ingredientes da dieta.

FONTE: Laboratório Químico Industrial COMIGO e Laboratório 3rlab (Goiânia).

As dietas foram fornecidas às 09h30, por meio da mistura mecânica do volumoso e do concentrado com auxílio do equipamento IPACOL® Mod. VPTM 4.0, com capacidade de 4 m3, arrastado por trator MF - 275. O consumo de MS foi calculado pela diferença entre a quantidade oferecida e as sobras, que eram pesadas diariamente e mantidas em cerca de 5% a 10% do total oferecido. A mensuração da MS da silagem de milho era realizada semanalmente através da metodologia Dryer bag® (MACHADO & MARCONDES, 2017).

Os animais foram pesados sob jejum de sólidos de 16 horas no início e no final do período experimental. Pesagens intermediárias foram realizadas a cada 21 dias (sem jejum) para monitoramento do ganho médio diário (GMD), determinado pela diferença entre os pesos final e inicial

dividida pelo número de dias de experimento. A eficiência alimentar foi determinada pela divisão do GMD pelo consumo de MS, enquanto a eficiência biológica (EB) foi calculada pela divisão do CMS pelo ganho de carcaça em arrobas.

Durante as pesagens inicial e final, foram realizadas determinações de medidas morfométricas e escore de condição corporal dos animais. As medidas morfométricas foram determinadas com auxílio de fita métrica e bengala hipométrica, sendo elas: altura de garupa (AG) – distância entre a tuberosidade sacral, na garupa, e a extremidade distal do membro posterior; altura de cernelha (AC) –distância entre a região da cernelha e extremidade distal do membro anterior; comprimento corporal (CC) – medida entre a articulação escapulo-umeral a articulação coxofemoral; perímetro torácico (PT) – medida com base entre esterno e a cernelha, passando atrás da paleta; e perímetro escrotal (PE) medida na porção mais larga da bolsa escrotal. O escore de condição corporal (ECC) foi avaliado pelo mesmo avaliador treinado em ambas as avaliações.

As avaliações do escore de fezes eram feitas diariamente, às 08h00, por um mesmo avaliador treinado. Para essa mensuração, quatro a seis bolos fecais por baia foram classificados quanto à sua forma física e consistência, conforme metodologia descrita por Hulsen (2005), utilizando os seguintes escores: 1) bolo fecal líquido, indicando excesso de proteína ou amido; 2) bolo fecal solto, não formando uma pilha, geralmente por falta de fibra efetiva na dieta; 3) pontuação ideal; bolo fecal empilha em altura de até 5 cm, formando vários anéis concêntricos com uma depressão central; 4) bolo fecal espesso, formando pilhas com mais de 5 cm de altura; e 5) bolo fecal seco, formando bolas espessas.

As características de carcaça foram avaliadas com auxílio de equipamento de ultrassonografia (ALOKA 500V), em tempo real, com transdutor linear de 17,2 cm e 3,5 MHz e acoplador acústico. Foram avaliadas a área de olho de lombo (AOL), em cm2; a espessura de gordura subcutânea (EGS), em mm; a EGS na picanha (EGSP), em mm; o grau de marmoreio, em percentual; e o ratio, representado pela relação entre a largura e a altura da AOL. As medidas de AOL e EGS foram

obtidas entre a 12ª e a 13ª costelas, do lado direito do animal, com o transdutor posicionado perpendicularmente à coluna vertebral e transversalmente sobre o músculo Longissimus thoracis (contra-filé). Para o melhor acoplamento entre o transdutor e a curvatura da costela, utilizou-se um standoff (acoplador acústico de silicone). O grau de marmoreio foi mensurado com auxílio do software BIA (Bovine Image Analysis) autorizado pela Ultrasound Guidelines Council (UGC), diretamente sobre o Longissimus thoracis entre a 11ª, 12ª e a 13ª costelas, em posicionamento longitudinal em relação à coluna vertebral. Para garantir o melhor contato da sonda com o corpo do animal, utilizou-se óleo vegetal como acoplante acústico. Todas as avaliações ultrassonográficas foram realizadas pela empresa DGT Brasil Ltda, por técnicos treinados e credenciados pela UCG. Posteriormente, as imagens foram interpretadas, analisadas, certificadas e arquivadas pelo técnico da DGT Brasil e, em seguida, o relatório final foi encaminhado ao Setor de Pecuária do CTC COMIGO.

Ao final dos 86 dias de confinamento, três animais por baia, cujos pesos eram os mais próximos da média geral da baia, foram selecionados, encaminhados para um frigorífico comercial (Marfrig, Mineiros/GO, localizado a 190 km do confinamento experimental) e abatidos por métodos humanitários de acordo com as normas exigidas pela Inspeção Federal Brasileira (Brasil, 2008). O peso da carcaça quente foi obtido ao final da linha de abate e utilizado para calcular o rendimento de carcaça quente. Após 24 horas de resfriamento em câmara fria, com temperatura entre zero e 1°C, a meia carcaça direita de cada animal foi avaliada quanto à conformação (1-3: inferior; 4-6: má: 7-9: regular; 10-12: boa; 13-15: muito boa; 16-18: superior), perímetro de braço, comprimento de braço, comprimento de carcaça, espessura de coxão e comprimento de perna (MÜLLER, 1987). Na meia carcaça esquerda, entre a 12ª e 13ª costelas, foi feito um corte para expor o músculo Longissimus thoracis, onde a EGS foi medida com auxílio de paquímetro.

Os dados foram submetidos à análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Para as análises de escore de fezes, escore de

condição corporal e conformação da carcaça, os dados foram comparados através do teste de Kruskal-Wallis ao nível de 5% de probabilidade. As análises estatísticas foram conduzidas considerando o delineamento inteiramente ao acaso, com auxílio do pacote estatístico easyanova (ARNHOLD, 2013) do programa computacional R, versão 4.0.2 (2020).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O GMD e o ganho médio total não diferiram entre os tratamentos, o que resultou em peso corporal

semelhante entre os grupos ao final do experimento (Tabela 1). Entretanto, os animais do grupo MOLIT apresentaram ganhos numericamente superiores (11%) em relação aos demais grupos, o que proporcionou, em média, 15 kg a mais de peso corporal final para esse tratamento. Resultados semelhantes foram descritos por Comparin et al. (2013), que não observaram influência da inclusão de LC no suplemento de novilhas Brangus terminadas a pasto sobre o desempenho. A inclusão de leveduras vivas na dieta também não alterou o desempenho de bovinos confinados (SOUSA, 2019; STADLER JUNIOR et al., 2019).

Tabela 1 – Desempenho de tourinhos Nelore confinados, recebendo diferentes aditivos na dieta. Fazenda Modelo – CTC 2023.

Tratamento

Variável1

inicial, kg

1PC inicial = Peso corporal inicial; PC final = Peso corporal final; GMD = ganho médio diário e GMT = Ganho de peso total. 2EPM= Erro-padrão da média; 3Médias seguidas por letras diferentes na linha diferem estatisticamente, pelo teste e Tukey, a 5% de probabilidade.

O consumo de MS, em kg dia-1 ou em % do peso corporal, não diferiu entre os grupos durante ou após o período de adaptação (Tabela 2). Além disso, não foram observadas diferenças quanto ao escore de fezes e às eficiências alimentar e biológica entre os tratamentos avaliados. Todavia, como a eficiência biológica tem importantes implicações econômicas, vale salientar que o grupo MOLEV apresentou valores 13% piores, em média, em relação aos demais. Na prática, isso significa que, para cada arroba produzida, o grupo MOLEV consumiu, em média, 16,2 kg a mais de alimento com base na MS. De forma semelhante, Carvalho et al. (2016) não verificaram influência do LC em associação com a monensina sobre o consumo alimentar de novilhos Nelore. Outros autores também não observaram efeito da inclusão de levedura na dieta de bovinos confinados sobre o consumo de MS (SOUSA, 2019; STADLER JUNIOR et al., 2019), o que corrobora com os resultados encontrados no presente estudo.

Tabela 2 – Consumo de matéria seca, eficiência alimentar, eficiência biológica e escore de fezes de tourinhos Nelore confinados recebendo diferentes aditivos na dieta. Fazenda Modelo – CTC 2023.

1CMSadap = Consumo de matéria seca na adaptação; CMS = Consumo de matéria seca; PC = Peso corporal; CMS = Consumo de matéria seca; EA = Eficiência alimentar; EB = Eficiência biológica; EF = Escore de fezes. 2EPM= Erro-padrão da média; 3Médias seguidas por letras diferentes na linha diferem estatisticamente, pelo teste de Tukey e pelo teste de Kruskal-Wallis*, a 5% de probabilidade.

As medidas morfométricas corporais avaliadas não diferiram entre os tratamentos (Tabela 3). Entretanto, os animais do grupo MOLIT apresentaram maiores valores de ECC em relação aos animais dos grupos MON e MOLEVLIT. Esse resultado pode ser explicado ao menos parcialmente pela diferença numérica no GMD, com valores 11% maiores para o tratamento MOLIT em relação à média dos demais, já que maiores taxas de ganho resultam em maior proporção de tecido adiposo na composição desse ganho (NASEM, 2016). A condição corporal de ruminantes reflete o estado metabólico do animal, sendo que maiores valores indicam indivíduos menos susceptíveis a doenças, mais aptos à reprodução e com maior acúmulo de reservas corporais (FERNANDES et al., 2016).

Tabela 3 – Morfometria corporal de tourinhos Nelore confinados recebendo diferentes aditivos na dieta. Fazenda Modelo –CTC 2023.

Tratamento

Variável1

1 ECC = Escore de condição corporal. 2EPM= Erro-padrão da média; 3Médias seguidas por letras diferentes na linha diferem estatisticamente, pelo teste de Tukey e pelo teste de Kruskal-Wallis*, a 5% de probabilidade.

Apesar dos maiores valores de ECC observados para os animais do grupo MOLIT em relação aos tratamentos MON e MOLEVLIT, os incrementos nas características de carcaça, obtidos pelas diferenças entre as medições realizadas por ultrassonografia ao final e ao início do confinamento, não diferiram entre as combinações de aditivos avaliadas (Tabela 4).

Tabela 4 – Incrementos nas características de carcaça mensuradas por ultrassonografia em tourinhos Nelore confinados recebendo diferentes aditivos na dieta. Fazenda Modelo – CTC 2023.

Tratamento

Variável1

1AOL = Área de olho de lombo; MAR = Marmoreio; EGS = Espessura de gordura subcutânea; EGPICANHA = Espessura de gordura subcutânea na região da picanha. 2EPM = Erro-padrão da média; 3Médias seguidas por letras diferentes na linha diferem estatisticamente, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

As características de carcaça avaliadas no frigorífico também não diferiram entre os tratamentos (Tabela 5), resultados que podem ser explicados pelo desempenho semelhante entre os grupos. De forma similar, Comparin et al. (2013) não encontraram diferenças quanto às características de carcaça (rendimento, espessura de gordura subcutânea e

área de olho de lombo) quando incluíram LC ao suplemento de novilhas de corte. Ademais, Stadler Júnior et al. (2019) também não verificaram efeitos da adição de levedura na dieta de confinamento de novilhas ½ Angus sobre as características de carcaça.

Tabela 4 – Características de carcaça de tourinhos Nelore confinados recebendo diferentes aditivos na dieta. Fazenda Modelo – CTC 2023

Variável1

1PA = Peso de abate; PCQ = Peso de carcaça quente; REND = Rendimento de carcaça; CB = Comprimento do braço; PB = Perímetro do braço; CP = Comprimento da perna; ECX = Espessura do coxão; CC = Comprimento da carcaça; CONF = Conformação e EGS = Espessura de gordura subcutânea. 2EPM= Erro-padrão da média; 3Médias seguidas por letras diferentes na linha diferem estatisticamente, pelo teste de Tukey e pelo teste de Kruskal-Wallis*, a 5% de probabilidade.

Segundo Comparin et al. (2013), a adição do LC em dietas de bovinos pode possibilitar aumentos na absorção e digestibilidade dos minerais, já que esse aditivo é rico em minerais de origem orgânica, de maior solubilidade. A maior disponibilidade dos macro e microminerais adsorvidos às estruturas celulares e a elevada porosidade (responsável por aumentar a superfície de contato) facilitariam a assimilação desses compostos, permitindo um melhor desempenho animal (MELO & MOURA, 2009). Adicionalmente, em trabalho recente, Lima et al. (2024) comprovaram que a inclusão de LC em dietas de bovinos de corte com elevada proporção de concentrado resultou em maior crescimento de bactérias do gênero Prevotella spp., especializadas na produção de ácido propiônico. O aumento na quantidade de Prevotella levou ao aumento na população de bactérias do filo Bacteroidetes, o que está relacionado ao menor risco de acidose ruminal. Sendo assim, é possível inferir que o LC pode substituir o bicarbonato como tampão ruminal e, possivelmente, melhorar o desempenho animal. Apesar de essa resposta não ter sido evidenciada no presente estudo, sugere-se que mais pesquisas sejam realizadas com o objetivo de elucidar os efeitos desses aditivos nas dietas de bovinos confinados sobre o desempenho e as características de carcaça.

CONCLUSÃO

A combinação de LC com monensina promoveu aumento no escore de condição corporal de tourinhos Nelore confinados. Entretanto, a combinação de LC, leveduras vivas e monensina não promoveu melhora no desempenho e nas características de carcaça.

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ENSAIO IN VITRO DE DEGRADABILIDADE DA MATÉRIA

SECA DE DIETAS CONTENDO DIFERENTES ADITIVOS

CAIXETA1, Luis Fernando de Sousa, OLIVEIRA 2, Jade Helena Plaza , STACIARINI2, Marco Túlio de Lima; MACHADO2, Pedro Augusto de Oliveira, FERREIRA3, Reginaldo Nassar

1Zootecnista, Dr. P&D Super Premium Tecnologia em Produtos Biológicos – Goiânia – GO

2Graduando de Zootecnia – Universidade Federal de Goiás –EVZ/UFG – Goiânia – GO

3Médico Veterinário, Dr. Professor Titular do Instituto de Ciências Biológicas – Universidade Federal de Goiás – ICB/ UFG – Goiânia – GO

INTRODUÇÃO

A produção de ruminantes baseia-se na integração dos nutrientes com os mecanismos biológicos do organismo animal, visando melhorar a qualidade dos produtos comercializados, o bem-estar e a saúde do animal. Para essas espécies, o rúmen desempenha papel fundamental pelo seu funcionamento e dinâmica, constituindo-se de um órgão de transformação e aproveitamento dos alimentos (MARTINS et al. 1999).

Os alimentos utilizados nas dietas dos ruminantes devem ser fracionados para sua adequada caracterização. Dessa forma, o estudo da cinética da degradação ruminal possui alta relevância nos diferentes alimentos utilizados na nutrição de ruminantes e os resultados obtidos têm possibilitado aos nutricionistas o balanceamento de rações, visando atender às exigências dos microrganismos e do animal hospedeiro (VALADARES FILHO, 1994).

A estimativa da degradação ruminal dos alimentos

tem sido fundamental para avaliar a quantidade de nutrientes disponíveis para os microrganismos do rúmen e sua qualidade (Moreira et al., 2003). Portanto neste trabalho, objetivou-se avaliar a degradabilidade in vitro da matéria seca de dieta composta por silagem de milho e concentrado com diferentes aditivos.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento in vitro foi realizado no laboratório de Fisiologia da Digestão localizado no Instituto de Ciências Biológicas II - ICB II, pertencente à Universidade Federal de Goiás – UFG, localizado em Goiânia-Goiás.

Para a avaliação da degradabilidade foram realizados ensaios in vitro de 5 (cinco) rodadas, utilizando-se de substrato composto por silagem de milho e concentrado, contendo diferentes aditivos, correspondentes aos quatro tratamentos a serem testados, sendo:

• T1 – MO+LEV+LITHO

• T2 – MO+LEV

• T3 – MO

• T4 – MO+LITHO

As dietas analisadas foram secas em estufa de circulação forçada de ar com temperatura de 55° C para se evitar perdas por volatilização ou alteração dos nutrientes, por 72 horas e posteriormente foram moídas a 1 mm em moinho tipo Willey.

O método de degradabilidade in vitro é um método

utilizado para avaliar o desaparecimento da MS de alimentos volumosos pelo resíduo remanescente da digestão microbiana. É pelo desaparecimento e diferença de peso do alimento que é possível estimar as taxas de degradações das frações solúveis e insolúveis ajustando os dados ao modelo proposto por Orskov & McDonald (1979). Nesse sistema, são obtidas estimativas do tempo de colonização, a taxa de degradação e a extensão da degradação.

As degradabilidades da matéria seca das dietas foram determinadas pela técnica in vitro, utilizando-se de uma incubadora “In vitro” modelo Te-150 da marca Tecnal® e sacos de incubação F57 da marca Ankom® medindo 05 por 05 cm, com poros de 57 micras, selados a quente, contendo 0,5 g da dieta a ser analisada conforme metodologia proposta por TILLEY & TERRY(1963) citado por SILVA (1990), onde utiliza-se de 400 mL de líquido ruminal e 1600 mL de solução de saliva artificial para a incubação de 26 amostras, sendo 24 saquinhos com substrato para retirada em 8 horários, ou seja, 3 saquinhos por horário de retirada e 2 saquinhos selados sem substrato, utilizados como fator de correção. Neste caso foram utilizados os tempos de retirada de 0, 1, 3, 6, 12, 24, 48 e 72 horas. A solução de saliva artificial para a incubação é colocada em jarros de 2000 mL fechados e mantidos no interior do equipamento à 39°C até o momento da inoculação.

Dois bovinos fistulados no rúmen, mantidos a pasto foram utilizados como doadores do inóculo. Dois litros de líquido ruminal foram coletados de cada animal e armazenados em garrafa térmica previamente aquecida. No laboratório, 400 mL de líquido ruminal foram adicionados em cada jarro juntamente com os saquinhos com substrato de cada tratamento.

Após a retirada nos tempos determinados, os saquinhos foram imediatamente retirados e lavados com água gelada para cessar a atividade dos microrganismos até a água ficar translúcida. Posteriormente, foram colocados em estufa à 55°C por 72 horas, depois à 105°C por 3 horas e pesados. Os saquinhos referentes ao tempo 0 horas de incubação foram imersos na solução com liquido ruminal e

seguiram o mesmo processo de lavagem.

Para a avaliação da degradação potencial (p) foi utilizado o modelo matemático proposto por ORSKOV e McDONALD (1979):

p = a + b ( 1 - ekt )

onde:

p = degradação potencial do componente nutritivo em porcentagem

a = fração solúvel em porcentagem

b = fração insolúvel potencialmente degradável em porcentagem

a + b = degradabilidade potencial do componente nutritivo

kt = taxa de digestão por ação fermentativa em porcentagem por hora

t = tempo de incubação em horas

A degradabilidade efetiva foi determinada de acordo com a expressão descrita por ORSKOV e McDONALD ( 1979):

P = a + b * k ( k + k p )-1

onde:

P = degradabilidade efetiva em porcentagem

K p = ritmo de fluxo das frações nutritivas por hora

a,b,k = as mesmas constantes da equação anteriormente citada.

O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso, com quatro tratamentos e cinco repetições. Os dados foram analisados por meio de medida repetida no tempo, e comparados através do teste Tukey a 5% de probabilidade utilizando o programa R, (R Development Core Team, 2012).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A média da degradabilidade in vitro da matéria seca (MS) das dietas analisadas estão apresentados em porcentagem na Tabela 1 e os parâmetros da degradação das dietas analisadas estão apresentados na Tabela 2.

Observa-se na Tabela 1, variação na degradabilidade das dietas analisadas no decorrer do tempo. O tratamento MO+LEV+LITHO apresentou menor fração solúvel na hora 0, quando comparada aos tratamentos MO e MO+LITHO. Também observou-se maior degradabilidade do tratamento MO na hora 6 em relação aos demais tratamentos. Na hora 12 não verificou-se diferenças significativas entre os tratamentos, assim como na hora 72.

Tabela 1 – Médias da degradabilidade in vitro da matéria seca (%) das dietas analisadas

Tratamentos

Horas

Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem ao teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

Tabela 2 – Parâmetros da Degradação das dietas analisadas

a – Fração A; b – Fração B; c – Fração C; DE – Degradabilidade Efetiva; k – Taxa de passagem; FI – Fração Indegradável; DP – Degradabilidade Potencial

Figura 1 – Médias da degradabilidade in vitro da matéria seca (%) das dietas analisadas com Desvio Padrão

Figura 2 –Médias da degradabilidade in vitro da matéria seca (%) das dietas analisadas.

Um dos objetivos com o uso de aditivos é a modulação da microbiota ruminal. E dessa forma, modificar a velocidade e os produtos da fermentação. Essa ação pode resultar em melhor desempenho dos bovinos. O uso de dietas com alto nível de concentrado aumentam a taxa de passagem da dieta no rúmen. Essas ocorrências resultam em modificações na ação fermentativa.

No presente trabalho, observou-se que nos tempos de 6, 24 e 48 horas de fermentação, os aditivos testados promoveram alteração na degradabilidade da dieta no ambiente ruminal. Observou-se ainda, que o uso da Monensina sódica proporcionou maior degradabilidade da MS. Isso pode favorecer um melhor desempenho dos animais. Em dietas que não atendam a demanda para máximo desempenho, esse resultado pode fazer a diferença no ganho de peso.

Outro aspecto a ser considerado é a saúde intestinal. A modulação da flora ruminal pode resultar em menor produção de ácido lático com consequente estabelecimento de acidose metabólica.

CONCLUSÕES

O tratamento contendo apenas MONENSINA apresentou maiores taxas de degradação da MS nos tempos 6, 24 e 48 horas. A associação dos demais aditivos à monesina não teve influência na degradabilidade das dietas.

REFERÊNCIAS

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PRODUÇÃO, QUALIDADE DE

E DESEMPENHO ANIMAL

DE CULTIVARES DE PANICUNS SOB

IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO NA REGIÃO DE RIO VERDE - GO

BILEGO1, Ubirajara Oliveira; NASCIMENTO2, Hemython Luis Bandeira do; FÉLIX3, Karoline Oyama; BEZERRA3, Maria Beatriz de Souza; OLIVEIRA4, Katryne Jordana de; FERREIRA5, Izabela Silva

1Médico Veterinário, Dr. em Ciência Animal, Pesquisador em Produção Animal do Centro Tecnológico COMIGO, Rio Verde - GO Email: ubirajarabilego@comigo.com.br

2Engenheiro Agrônomo, Dr. em Zootecnia, Pesquisador em Forragicultura do Centro Tecnológico COMIGO, Rio Verde –GO Email: hemythonluis@comigo.com.br

3Graduanda de Zootecnia – Instituto Federal Goiano – Campus de Rio Verde - GO

4Zootecnista, Aluna do Programa de Pós-graduação em Zootecnia – IF Goiano Campus de Rio Verde – GO

4Graduanda de Medicina Veterinária – Universidade de Rio Verde - UniRV

INTRODUÇÃO

Atualmente, a pecuária de corte necessita ser intensificada com apoio técnico para que ela seja economicamente viável e possa competir com demais atividades agrícolas. Nos momentos econômicos mais desafiadores, a adoção de tecnologias não pode cessar, pois, isso pode reduzir de forma mais pronunciada a margem do pecuarista e dificultar sua permanência na atividade.

O Brasil aumentou a sua taxa de ocupação da bovinocultura em 2022. Nesse período verificou-se crescimento do rebanho em cerca de 3,3%, estimado em 202 milhões de cabeças, e a redução da área de pastagens em 5,7% para aproximadamente 154 milhões de hectares.

Simultaneamente houve aumento da taxa de ocupação brasileira para 1,32 cabeças por hectares, o que refletiu em aumento da produtividade ABIEC (2023).

Nos últimos dez anos a pecuária de corte apresentou considerável evolução nos mais diversos aspectos, principalmente devido a adoção de tecnologias. Dentre as principais tecnologias disponíveis para a pecuária de corte, a irrigação de pastagens destaca-se pelas vantagens da intensificação com menor custo de fornecimento e armazenagem do que outras estratégias de alimentação volumosa como feno e silagem. Simultaneamente, novas cultivares de gramíneas forrageiras mais produtivas como algumas do gênero Panicum maximum foram desenvolvidas com o objetivo de diversificar o uso de forrageiras e intensificar a produção animal. Os híbridos como o Panicum maximum BRS Tamani, lançado em 2015 (JANK et al., 2021) e o Panicum maximum BRS Quênia, lançado em 2017 (JANK et al., 2017), teêm apresentado excelentes resultados quanto à produtividade e à de facilidade de manejo.

A estratégia da irrigação pode ser uma importante ferramenta para amenizar a sazonalidade produtiva das forragens nas regiões Centro-Sul do Brasil (GOMES et al., 2015). Embora o crescimento das forrageiras tropicais não dependa somente da água, a irrigação de pastagens ameniza a deficiência na produção forrageira em função do déficit hídrico observado em alguns momentos do período seco e nos veranicos durante a estação chuvosa. Adicionalmente, a irrigação pode contribuir fortemente para o aumento da

produtividade e da rentabilidade da produção animal a pasto (MENDONÇA, 2021).

Dessa forma, o presente estudo foi conduzido com o objetivo de avaliar a produção e a qualidade da forragem, bem como o desempenho animal em pastejo irrigado com os cultivares Panicum maximum BRS Tamani e Panicum maximum BRS Quênia, durante o período chuvoso e seco de 2023, na região de Rio Verde – GO.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no Setor de Pecuária do Centro Tecnológico COMIGO, no município de Rio Verde – GO. A altitude média do local é de 820 m, com topografia plana a levemente ondulada e solo do tipo latossolo vermelho distrófico com textura areno-argilosa. No Quadro 1 constam os valores referentes à análise do solo antes do período experimental.

Quadro 1 –Análise de solo da área irrigada no período seco de 2023.

O sistema de irrigação utilizado foi por aspersão convencional fixa, composta por tubulação de PVC (Tigre –Indaiatuba – SP), motobomba 5 cv, (WEG – Franklin Eletric Ind. Motobombas S.A. – Joinville – SC), controlador automatizado de irrigação (Hunter X-core 601, Kadox – Curitiba – PR), válvulas solenoides, sensor de chuva, aspersores de impacto (NAAN – Naandanjain – Leme-SP) e reguladores de pressão. O sistema foi dividido em seis setores, com quatro aspersores de impacto por setor que funcionavam com pressão de serviço de 28 mca. Esse dimensionamento permitiu que o sistema aplicasse a lâmina líquida máxima de 6,8 mm por hora piquete-1. O manejo da irrigação foi realizado a partir da determinação da evapotranspiração diária utilizando-se do evaporímetro de Piché (Pi, mm d-1), e com auxílio da equação 1 (Eq.01) proposta por Villa-Nova & Ometto (1981) e as equações 2 e 3 (Eq.02 e Eq.03) definidas por Makkink (1957).

• Equação 01 =

• Equação 02 = W = 0,407 + 0,0147 T para 0 < T < 16 ºC

• Equação 03 = W = 0,483 + 0,0100 T para 16,1 < T < 32 ºC

A área total utilizada foi de 8.852m2, dividida em 12 piquetes de 675 m2 cada, com duas áreas de descanso, providas

de bebedouro e cocho de polietileno montado sobre suporte metálico, para o fornecimento dos suplementos. De forma aleatória, os 12 piquetes foram divididos em dois blocos (A e B), com cada bloco subdividido em dois módulos de pastejo (capim-quênia e capim-tamani), com três piquetes em cada módulo, totalizando seis piquetes para cada cultivar. Para a implantação das forrageiras foram utilizados 5 kg ha-1 de semente comercial com valor cultural de 80% para ambas as cultivares. A semeadura do capim foi realizada em linha com a semeadora-adubadora pneumática Baldan modelo SPDE CXP 5000, com 24 linhas e espaçamento entre linhas de 17 cm. A adubação fosfatada foi realizada na linha no momento da semeadura, utilizando-se de 300 kg ha-1 de super fosfato simples. As adubações de cobertura foram realizadas sempre na saída dos animais de cada piquete e a dosagem foi de 50 kg ha-1 de N, em cada aplicação.

O método de pastejo adotado foi o intermitente com taxa de lotação rotativa variável. Utilizou-se como referência para o manejo as alturas de entrada e saída do pasto. Recomendou-se, para o capim-quênia, que os animais entrassem com a forrageira na altura de 50-60 cm e a saíssem na altura de 25-30 cm e para o capim-tamani, que entrassem na altura de 50-55 cm e saíssem com 20-25 cm. A medida da altura da forragem era obtida através das médias de 10 pontos amostrais obtidos dentro de cada piquete. Amostras da forrageira foram colhidas imediatamente antes

da entrada dos animais no piquete de entrada e logo após a saída no piquete de saída. Utilizou-se do quadrado metálico de 0,25 m2, arremessado aleatoriamente para delimitar a área onde foram retiradas as amostras. Foram obtidas duas amostras, retiradas rente ao solo, para mensuração da oferta total de forragem no período. Para o cálculo da capacidade de suporte utilizou-se do valor total da oferta da forragem em massa verde, ajustado para 50% de eficiência do pastejo e divido pela estimativa de consumo diário de 2,2% de matéria seca (MS) em relação ao peso corporal dos animais. Após colhidas, as amostras foram acondicionadas em sacos plásticos, identificadas e, em seguida, enviadas

para o Laboratório Químico Industrial da COMIGO®, para a realização das análises bromatológicas.

O experimento foi dividido em dois períodos: 1) ÁGUAS (fevereiro a maio) e 2) SECA (junho a setembro), ambos no ano de 2023.

No período de águas, com início em 28/02/2023 e término em 11/05/2023, foram utilizados 16 garrotes Nelore, com idade média de nove meses e peso médio de 243 kg. Para as avaliações do período de seca, iniciado em 27/06/2023 e concluído em 25/09/2023 (90 dias), foram utilizados 12 garrotes Nelore, com idade média de 12 meses e peso médio de 310 kg.

Figura 1 –Animais no dia da pesagem inicial. Foto tirada em: (28/02/2023) Fonte: Arquivo pessoal

Antes de entrarem no sistema, os animais foram vacinados contra clostridioses e desverminados conforme o calendário profilático preconizado pela assistência técnica da propriedade. Os animais foram avaliados e pesados a cada

21 dias. As pesagens inicial e final foram realizadas mediante jejum de sólidos de no mínimo 16 horas, quando também foram avaliadas as medidas morfométricas em todos os animais.

2B

Figura 2 –Garrotes nos módulos capim-tamani (2A) e capim-quênia (2B). Foto tirada em: (28/02/2023)

Fonte: Arquivo pessoal

As mensurações morfométricas foram realizadas por metodologia adaptada de Freneau et al. (2008), com uso de fita métrica e bengala hipométrica. As variáveis mensuradas foram: altura da garupa (AG) - distância entre a tuberosidade sacral, na garupa, e a extremidade distal do membro posterior; altura da cernelha (AC) - distância entre a região da cernelha e a extremidade distal do membro anterior; comprimento corporal (CC) - medida que vai da articulação

Durante o período de pastejo os animais receberam o suplemento proteico- energético Cooperbeef Águas® (Tabela 1), com recomendação de consumo de 0,3% em relação ao peso corporal dos animais, fornecidos em cocho de polietileno, com disponibilidade mínima de 25 cm por animal. 2A

escapulo-umeral à articulação coxofemoral e perímetro torácico (PT) - perímetro tomando-se como base o esterno e a cernelha, passando por trás da paleta.

*UA= Unidade animal equivalente a 450 kg de peso corporal.

Fonte: Suplemento Mineral COMIGO

Para as avaliações da produção e composição química da forrageira, o delineamento experimental foi em blocos ao acaso, considerando-se 12 piquetes divididos em dois

blocos, com dois módulos para cada bloco, e três piquetes por módulo.

Figura 3 –Temperaturas máxima, média e mínima e precipitação, durante o 1º período experimental (Águas – 27/02/2023 a 11/05/2023).

Fonte: Estação meteorológica automática, situada no Centro Tecnológico COMIGO, em Rio Verde - GO (S 17°45’45” O 51°02’16”).

Figura 3 –Temperaturas máxima, média e mínima e precipitação, durante o 2º período experimental (Seca – 27/06/2023 a 25/09/2023).

Fonte: Estação meteorológica automática, situada no Centro Tecnológico COMIGO, em Rio Verde - GO (S 17°45’45” O 51°02’16”).

Os dados das avaliações de produção forrageira e de composição bromatológica foram submetidos à análise de variância, com auxílio do pacote estatístico easyanova (ARNHOLD, 2013), do programa computacional R (R Development Core Team, 2021). Quando detectadas diferenças na análise de variância, as médias foram comparadas através do teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Os valores do desempenho animal e morfometria foram apresentados na forma de estatísticas descritivas, com auxílio do pacote estatístico ds (ARNHOLD, 2014), do programa computacional R.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Resultados – 1º período – Águas 2023

Durante o primeiro período experimental, verificou-

se que as cultivares de panicuns apresentaram valores semelhantes quanto à produção de massa verde e seca (Tabela 1), bem como quanto às alturas de saída. Entretanto, verificou-se que o capim-quênia apresentou maiores alturas de entrada (P≤ 0,01) em relação ao capim-tamani. Essa diferença já era esperada, uma vez que as duas forrageiras apresentam características morfológicas e estruturais distintas, que são definidas pela genética de cada material. Dessa forma, o capim Quênia é considerado um Panicum de porte médio enquanto o capim Tamani é considerado um Panicum de porte baixo (JANK et al., 2017).

A composição bromatológica não diferiu (P > 0,05) entre as forrageiras, (Tabela 2), o que confirma o padrão semelhante de crescimento e produção para ambas.

Tabela 1 –Produção forrageira de panicuns, em sistema de irrigação, durante o 1º período experimental – (Águas), realizado de 28/02/2023 a 11/05/2023. Fazenda Modelo – CTC 2023.

1 AE= altura de entrada, AS= altura da saída, MV ha-1 = massa verde por hectare, MS ha-1 = massa seca por hectare. 2EPM= Erropadrão da média; a,b Médias seguidas por letras diferentes, diferem pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

Tabela 2 – Composição bromatológica de panicuns irrigados, durante o 1º período experimental – (Águas), realizado de 28/02/2023 a 11/05/2023. Fazenda Modelo – CTC 2023.

1MS = massa seca; PB = proteína bruta; EE = extrato etéreo; Ca = cálcio; P = fósforo; FDN = fibra insolúvel em detergente neutro; FDA = fibra insolúvel em detergente ácido; NDT= nutrientes digestíveis totais; EPM2= Erro-padrão da média. a,b Médias seguidas por letras diferentes diferem a 5% de probabilidade.

A composição bromatológica de ambas as forrageiras apresentaram alta qualidade nutricional, condição permitiu que os animais apresentassem características morfométricas (Tabela 3), e desempenhos (Tabela 4) satisfatórios. A morfometria tem grande impacto no desempenho pois, possui alta relação com o peso do animal adulto (VAZ et al., 2019).

Tabela 3 –Morfometria dos animais durante o 1º período experimental – (águas), realizado de 28/02/2023 a 11/05/2023. Fazenda Modelo – CTC 2023.

AG= altura da garupa; AC=altura da cernelha; LG=largura da garupa; LP= largura do peito; CC= comprimento do corpo; PT=perímetro torácico; PE=perímetro escrotal e ECC= escore de condição corporal.

Durante o primeiro período, os animais obtiveram ganho médio diário (GMD) acima de 0,8 kg dia-1, valor considerado satisfatório, já que grande parte desse período inicial englobou a transição águas-seca. Nessa época do ano, observa-se redução no desempenho animal em função das alterações morfofisiológicas que ocorrem nas forrageiras e que são causadas pelas alterações ambientais.

Tabela 4 –Desempenho dos animais durante o 1º período experimental – (águas), realizado de 28/02/2023 a 11/05/2023. Fazenda Modelo – CTC 2023.

PESOi=peso inicial; PESOf= peso final; GMD= ganho de peso médio diário; GMT=ganho de peso total; C.V.= coeficiente de variação

O consumo de suplemento também ocorreu de forma semelhante entre os animais manejados nos capimquênia e capim-tamani, tanto em valores absolutos (kg dia1), quanto em gramas por kg de peso corporal (Quadro 3).

Mesmo em condições de forragens de excelente qualidade, o uso estratégico de suplementos proteico-energéticos pode ser utilizado visando aumentar a taxa de lotação, o ganho individual e o desempenho por área (CARDOSO et al., 2020).

Quadro 3 –Consumo de suplemento Cooperbeef Águas®, durante o 1º período experimental águas, realizado de 28/02/2023 a 11/05/2023. Fazenda Modelo – CTC 2023.

Indicador  capim-quênia capim-tamani

Consumo por cabeça (g)

765,20

785,22 g kg-1 de peso corporal 2,69 2,77

Resultados – 2º período – Seca 2023

A partir do mês de junho, as condições ambientais já caracterizavam o período seco, com menor fotoperíodo e

menores temperaturas médias (Figura 4). Nessas condições, houve menor taxa de crescimento e produção de ambas as forrageiras, em relação ao período anterior (Tabela 5).

Tabela 5 – Produção forrageira de panicuns, em sistema de irrigação, durante o 2º período experimental – (seca), realizado de 27/06/2023 a 25/09/2023. Fazenda Modelo – CTC 2023.

1 AE= Altura de entrada, AS= altura da saída, MV ha-1 = massa verde por hectare, MS ha-1 = massa seca por hectare. 2EPM= Erropadrão da média; a, bMédias seguidas por letras diferentes na linha diferem estatisticamente a 5% de probabilidade, ao teste de Tukey.

No período seco, as alturas alvo para a entrada dos animais nos piquetes foram menores (Tabela 5). O capimquênia manteve maior altura de entrada devido à sua arquitetura e a seu porte, em relação ao capim-tamani. As alturas de saída também foram reduzidas nesse período, porém semelhantes entre as cultivares.

As produções de massa verde e massa seca por hectare não diferiram entre os panicuns durante o período seco, mas foram menores do que no período de águas.

Ao avaliarem simultaneamente o capim-quênia e o capim-tamani, sob duas intensidades de pastejos, Tesk et al.

(2020), recomendaram as alturas de 35 e 55 cm como alturas alvo para entrada dos animais e como altura de saída de 25 e 35 cm para os capins tamani e quênia respectivamente. Os mesmos autores reportaram diferenças quanto às alturas durantes as estações avaliadas sob duas intensidades de pastejo.

Durante o período seco foram observadas alterações na composição bromatológica, em função das cultivares (Tabela 6). O capim-quênia apresentou maiores teores (P ≤ 0,05) de cálcio e fósforo e menores teores de FDN e FDA em relação ao capim-tamani (Tabela 6).

Tabela 6 – Composição bromatológica de panicuns, em sistema de irrigação, durante o 2º período experimental – (seca), realizado de 27/06/2023 a 25/09/2023. Fazenda Modelo – CTC 2023.

1MS = massa seca; MN= matéria natural; PB = proteína bruta; EE = extrato etéreo; Ca = cálcio; P = fósforo; FDN = fibra insolúvel em detergente neutro; FDA = fibra insolúvel em detergente ácido; NDT= nutrientes digestíveis totais; EPM2= Erro-padrão da média. a, bMédias seguidas por letras diferentes na linha diferem, ao teste de Tukey, estatisticamente a 5% de probabilidade.

Os maiores valores de FDN e FDA para o capimtamani no período seco sugerem que essa forrageira pode ser mais vulnerável a alterações na sua composição quando ocorrem mudanças nas condições ambientais, o que pode ter impacto no consumo de MS e na digestibilidade da forragem. Apesar das diferenças entre as cultivares, os valores de

FDN observados no presente estudo foram semelhantes aos reportados por Tesk et al. (2020) para essas mesmas forrageiras (70,38%). Assim como no período de águas, o desempenho animal durante o período seco foi considerado satisfatório, com GMD maior do que 0,91 kg, porém com menor taxa de lotação (Tabela 7).

Tabela 7 – Desempenho dos animais durante o 2º período experimental – (seca), realizado de 27/06/2023 a 25/09/2023. Fazenda Modelo – CTC 2023.

PESOi=peso inicial; PESOf= peso final; GMD= ganho de peso médio diário; GMT=ganho de peso total; C.V.= coeficiente de variação

As taxas de crescimento corporal, avaliadas por meio das medidas morfométricas, também ocorreram de forma satisfatória e positiva (Tabela 8).

Tabela 8 – Medidas morfométricas dos animais durante o 2º período experimental – (seca), realizado de 27/06/2023 a 25/09/2023. Fazenda Modelo – CTC 2023.

AG= Altura da garupa; AC=altura da cernelha; LG=largura da garupa; LP= largura do peito; CC= comprimento do corpo; PT=perímetro torácico; PE=perímetro escrotal, ECC= escore de condição corporal, PTS= pontos e C.V.= coeficiente de variação.

Os consumos médios de suplemento durante o período seco, tanto em g dia-1 como em g kg-1 de peso corporal, foram semelhantes entre os grupos de animais de ambas as forrageiras (Quadro 4).

Quadro 4 – Consumo de suplemento Cooperbeef Águas®, durante o 2º período experimental – (seca), realizado de 27/06/2023 a 25/09/2023. Fazenda Modelo – CTC 2023.

Indicador  capim-quênia capim-tamani

Os pastos formados pelos capins quênia e tamani irrigados foram altamente produtivos. Entretanto, ficou evidente que mesmo com o uso da irrigação houve redução do potencial produtivo de ambas as forrageiras durante o período seco. Em trabalho de revisão sobre pastagens irrigadas no Brasil, Mendonça (2021) relatou que a técnica da irrigação não elimina a estacionalidade da produção forrageira, justamente por haver, além da água, outros fatores ambientais, como menores fotoperíodos e temperaturas que limitam essa produção.

CONCLUSÃO

Os pastos formados pelos capins quênia e tamani irrigados, apresentaram alta produção de massa de forragem e proporcionaram satisfatório desempenho animal. Na região de Rio Verde- GO, o uso da irrigação em pastagens de gramíneas forrageiras tropicais potencializou a produção de forragem durante o período das águas, mas não impediu sua redução durante o período seco.

REFERÊNCIAS

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USO DE DIFERENTES FONTES

DE FÓSFORO NA IMPLANTAÇÃO DE PASTAGENS, EFEITOS NA PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO DA FORRAGEM E IMPACTOS NO DESEMPENHO ANIMAL

NASCIMENTO¹, Hemython Luis Bandeira do; BILEGO², Ubirajara Oliveira; FÉLIX3, Karoline Oyama; BEZERRA3, Maria Beatriz de Souza; OLIVEIRA4, Katryne Jordana de; FERREIRA5, Izabela Silva

1Eng. Agrônomo, Dr. em Zootecnia, Pesquisador em Forragicultura do Instituto de Ciência e Tecnologia COMIGO, Rio Verde-GO.E-mail: hemythonluis@comigo.com.br

²Médico Veterinário, Dr. em Ciência Animal, Pesquisador em Produção Animal do Centro Tecnológico COMIGO, Rio Verde-GO.

E-mail: ubirajarabilego@comigo.com.br

3Graduanda de Zootecnia – Instituto Federal Goiano – Campus de Rio Verde - GO

4Zootecnista, Aluna do Programa de Pós-graduação em Zootecnia – IF Goiano Campus de Rio Verde – GO

4Graduanda de Medicina Veterinária – Universidade de Rio Verde - UniRV

INTRODUÇÃO

A pecuária é uma das atividades de maior importância para a economia brasileira, contribuindo com cerca de 40% para o PIB do agronegócio e 10% para o PIB nacional. Mais de 95% do rebanho brasileiro que corresponde à cerca 202 milhões de cabeças depende exclusivamente dos quase 153 milhões de ha de pastagens para se alimentar (ABIEC, 2023).

Apesar da grande importância das pastagens para nossos sistemas de produção e para a economia nacional, estima-se que apenas no bioma Cerrado existam cerca de 30 milhões

de hectares de pastagens com algum nível de degradação Cordeiro et al. (2022).

Entre as causas da degradação de pastagens destacam-se erros de manejo, falhas no controle de invasoras, ausência de reposição de nutrientes e falhas na implantação. Entre os macros nutrientes, o fósforo é um dos mais importantes, pois, está diretamente ligado ao crescimento radicular, perfilhamento e consequentemente à produtividade do pasto. Em geral, os solos brasileiros, especialmente em áreas destinadas a pecuária apresentam baixos teores de fósforo e requerem manejo e adequada reposição desse nutriente. Devido a sua dinâmica no solo, com baixa mobilidade e possível indisponibilização por fixação nos óxidos de ferro e/ou alumínio em solos intemperizados, a forma mais eficiente de fornecer fósforo para pastagens é no momento da implantação da cultura. Nessa ocasião, o fósforo pode ser incorporado ao solo antes ou durante a semeadura do capim, o que permite que o elemento fique mais próximo ao sistema radicular da forrageira e favoreça a absorção e utilização pela cultura.

Além do fósforo, outro nutriente de extrema importância para as pastagens e que interfere diretamente no crescimento radicular, bem como na eficiência de utilização do fósforo e nitrogênio pela planta é o enxofre.

Nesse sentido, objetivou-se com o presente estudo

avaliar estabelecimento, a produção e a composição de pastos de capim-piatã, assim como o desempenho animal, quando implantado com diferentes fertilizantes fosfatados na região do Sudoeste Goiano.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Setor de Pecuária do Centro Tecnológico COMIGO, em Rio Verde – GO. Segundo Thornthwaite (1948) o clima de Rio Verde - GO é classificado em B 4 rB’4a’ (úmido, pequena deficiência hídrica, mesotérmico e evapotranspiração no verão menor que 48%).

A área utilizada para o experimento encontra-se sob as coordenadas 17⁰45’48’’ S e 51⁰02’14’’ W, com altitude de 832 m e possui aproximadamente 5,4 ha, divididos em três blocos (Figura 1). O solo da área é do tipo LATOSSOLO VERMELHO

Distrófico (SANTOS et al. 2018), com tores médios de 21,5% de argila, 1,5% de silte e 77% de areia.

Antes da semeadura da forrageira foi realizado o preparo do solo com revolvimento (aração + gradagem) e aplicação de herbicida (3 L ha-1 de Roundup Transorb) para eliminação das culturas anteriores e coletadas amostras de solo para análises. Para correção do solo e elevação da saturação por bases, foram aplicadas duas toneladas de calcário por ha em outubro 2022, antes do revolvimento

do solo. A semeadura do capim foi realizada no dia 6 de dezembro de 2022 utilizando 8 kg ha-1 de sementes comerciais de Brachiaria brizantha BRS Piatã com valor cultural de 80%.

A semeadura do capim foi realizada em linhas, utilizando-se da semeadora-adubadora pneumática Baldan, modelo SPDE CXP 5000, com 24 linhas e espaçamento entre linhas de 17 cm. A adubação fosfatada foi realizada na linha, no momento da semeadura. A quantidade de P2O5 definida foi de 156 kg ha-1 com o objetivo de elevar os teores de P no solo para 20 mg dm-3 e atender às exigências do sistema de produção com médio nível de intensificação (PEREIRA et.al., 2018). Foi utilizada a mesma dose de P2O5 para toda área, com variação da fonte de formulação em função dos tratamentos. As fontes de P 2 O 5 utilizadas foram o super fosfato simples (20% de P2O5 + 16% de Ca + 10% de S) e o fertilizante formulado contendo (11% de N + 40% de P2O5 + 11,7% de S).

Em janeiro de 2023 foi realizada uma aplicação com 1,5 L ha-1 de 2,4 D (17/01/2023) e outra com 3,5 L ha-1 de Primestra Gold (19/01/2023) para controle de plantas invasoras.

Aproximadamente 7 dias após a aplicação do Primestra Gold foi realizada a adubação em cobertura com 250 kg ha-1 do formulado NPK (20-00-20). O período experimental foi de 06/12/2022 a 17/10/2023, compreendendo assim um período de chuvas parcial e um período seco completo.

Quadro 1 – Saturação por bases (V), capacidade de troca de cátions (CTC), matéria orgânica (MO) e teores de nutrientes do solo, da área experimental implantada com capim-piatã, na região de Rio Verde – GO.

A área total possui 5,4 ha, dividida em 3 blocos, cada bloco foi dividido em 2 módulos, e cada módulo subdividido

em 4 piquetes, totalizando assim 6 módulos de pastejo com quatro piquetes cada (Figura 1).

Durante a etapa de estabelecimento da pastagem (antes da entrada dos animais na área), foram realizadas algumas avaliações da população de plantas, composição botânica e morfológica do pasto e infestação de invasoras. Aos 21 e 42 dias após a semeadura (DAS) do capim foram realizadas as avaliações de densidade populacional de plantas. Aos 72 DAS, antes da entrada dos animais na área, foram realizadas avaliações da altura do pasto e coletas de massa de forragem para estimativa da produção forrageira, composição morfológica e botânica do pasto. Para avaliação da população de plantas foi realizada a contagem de plantas em cinco pontos aleatórios por unidade experimental com o auxílio da moldura metálica medido 0,5 m x 0,5 m (0,25 m2).

Em cada ponto eram contadas todas as plantas da gramínea forrageira contidas no interior da moldura, para estimar a quantidade de plantas m2, o valor obtido na contagem era multiplicado por quatro.

Para avaliação da produção de forragem aos 72 DAS foram realizadas coletas de amostras de forragem em 4 pontos por unidade experimental aleatoriamente. As amostras foram cortadas rente ao solo utilizando-se de uma moldura de 1 m² (1 m x 1 m), em seguida foram pesadas e retiradas subamostras com aproximadamente 500 g de forragem, que foram levadas para estufa de ventilação forçada, à 65°C, por

72 horas, para determinação do teor de matéria seca. Antes da coleta de massa de forragem, foi mensurada a altura do pasto em 30 pontos aleatórios por unidade experimental.

Para avaliação da composição botânica, densidade de perfilhos e composição morfológica do pasto foram coletadas aleatoriamente mais 4 amostras por unidade experimental usando uma moldura de 0,25 m² (0,5 m x 0,5 m) o corte foi realizando rente ao solo e as amostras coletadas foram levadas para a sala de processamento de amostras onde foi realizada a separação botânica do material coletado (capim e invasoras), contagem de perfilhos e a separação morfológica do capim (folha, colmo e material morto).

Para estimar o acúmulo total de forragem de cada sistema, somou-se a massa de forragem pré-pastejo obtida no primeiro ciclo de pastejo com a massa de forragem acumulada da rebrota ao longo do período avaliado. O acúmulo de forragem de cada ciclo de pastejo foi obtido pela diferença entre a massa seca de forragem pré-pastejo do ciclo posterior menos a massa seca do resíduo pós-pastejo no ciclo anterior.

Para determinação da composição morfológica e química do pasto, eram retiradas sub-amostras da forragem coletada, e fracionadas em duas partes com mesma massa de forragem, uma parte era destinada à separação dos

Figura 1 – Imagem aérea da área experimental, implantada com capim-piatã.
Fonte: Arquivo pessoal

componentes morfológicos e a outra parte era destinada a análise bromatológica. As amostras utilizadas para determinação da composição morfológica eram separadas em folha (lâmina foliar), colmo (colmo + bainha) e material morto. Após a separação, os componentes foram pesados e colocados para secar em estufa de circulação forçada de ar, a 55 °C até atingir peso constante e posterior determinação de peso seco. As amostras destinadas a análise bromatológica da forrageira eram envidadas ao Laboratório Químico Industrial da COMIGO.

Para avaliação da produção animal, foram utilizados 54 tourinhos Nelore, com idade de 19 meses e peso médio inicial de 303 kg. Os animais foram identificados, pesados e, em seguida, casualizados e distribuídos de forma aleatória nos seis módulos de pastejo de acordo com a capacidade de suporte de cada área. Antes do período experimental os animais foram vacinados contra clostridioses e desverminados conforme o calendário profilático da propriedade. As pesagens dos animais foram realizadas a cada 28 dias e as pesagens inicial e final de cada período (seca e águas) foram realizadas com jejum prévio de sólidos. Ao longo do período experimental foram realizados ajustes na taxa de lotação animal em função da capacidade de suporte da área. O método de pastejo adotado foi rotativo (intermitente) com taxa de lotação variável. O critério adotado para entrada e saída dos animais em cada piquete foi altura do pasto, sendo que os animais entravam em um novo piquete quando o pasto atingia altura entre 30 e 40 cm e saíam com altura entre 20 e 15 cm .

Durante o período experimental os animais foram suplementados com suplemento proteico-energético com três composições distintas, atendendo às demandas nutricionais dos animais e às deficiências do pasto em cada momento do período experimental. O nível sugerido da suplementação foi de 0,3% em relação ao peso corporal.

Cálcio (Mín.), g

Cálcio (Máx.), g

Fósforo, mg

Cobre, mg

UI= Unidade internacional; FDA= Fibra insolúvel em detergente ácido FDN= Fibra insolúvel em detergente neutro; PB= Proteína bruta; NNP= Nitrogênio não-proteico.

Os suplementos eram fornecidos diariamente, em cochos de plástico, com disponibilidade de pelo menos 30 cm lineares por animal. No local, os animais ainda tinham acesso à água de excelente qualidade, fornecida em dois bebedouros de metal, com capacidade para 1000 L e 500 L respectivamente.

Os dados foram analisados utilizando o método de modelos mistos com estrutura paramétrica especial na matriz de covariância, por meio do procedimento MIXED do software estatístico SAS (LITTELL et al., 2006). As forrageiras e níveis de intensificação foram consideradas efeitos fixos, blocos e repetições foram considerados efeito aleatório. Para escolher a matriz de covariância foi usado o critério de informação de Akaike (WOLFINGER et al., 1993). As médias dos tratamentos foram estimadas pelo “LSMEANS” e a comparação foi realizada pelo teste de Tukey com nível de significância de 10%.

Para as características avaliadas na etapa de estabelecimento do pasto, só foi verificado efeito significativo de tratamento para porcentagem de colmo na massa de forragem, que foi maior nos pastos implantados com o formulado em relação à área onde foi usado o super simples (p < 0,010). Não sendo verificadas diferenças significativas para as demais variáveis, que apresentaram médias de 47 e 22 plantas m-2 aos 21 e 42 DAS, respectivamente. Aos 72 DAS foram verificados valores médios de 4.708 kg ha-1 de MS de forragem e altura do pasto de 70,5 cm, e em relação a composição botânica verificou-se que o pasto era composto em média por 29% de invasora e 71% de capim, com uma boa população de perfilhos (média de 178 perfilhos m-2). Em relação a composição morfológica, do capim era composta por 61% de folhas e 39% colmos sem presença de material morto na massa de forragem (Tabela 2). NUTRIENTE

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tabela 2 – Valores médios de número de plantas aos 21 e 42 dias após a semeadura (NP21 NP42), densidade populacional de perfilhos aos 72 dias após a semeadura (DPP72), massa de forragem e altura do pasto aos 72DAS, porcentagem de invasoras na massa do pasto, porcentagem de capim na massa do pasto, porcentagens de folha e de colmo na massa de capim durante a etapa de estabelecimento do pasto

Médias seguidas por letras diferentes na linha, diferem entre si pelo teste de Tukey a 10%.

Durante a etapa de manutenção da pastagem não foram verificadas diferenças para altura do pasto, tanto no pré quanto no pós-pastejo (p > 0,10), com valores médios de 44,5 cm e 33 cm, respectivamente. Isso é um indicativo que o manejo realizado na área foi eficiente em manter condições semelhantes entre os tratamentos, apesar das alturas de manejo inicial terem excedido em relação as alturas metas pré-determinadas, os resultados produtivos obtidos foram interessantes e promissores. Em relação a produção de forragem, o acúmulo de foragem durante o período também foi semelhante entre sistemas com média de 9.229 kg de MS ha-1.

Foram observadas diferenças para a composição química do pasto, como teores de proteína bruta (PB) e FDN. Quanto a PB, verificou-se que nos pastos implantados com superfosfato simples como fonte de P2O5, os valores foram

em média 15% maiores em relação aos pastos implantados com o formulado como fonte de fósforo. Para os teores de FDN, verificou-se resposta contrária da observada para proteína, com maiores teores de FDN nos pastos implantados com o formulado em relação aos pastos que receberam o super simples. Os teores de FDA e NDT não diferiram e apresentaram médias de 35% e 62,6% respectivamente.

Quanto ao desempenho animal, verificou-se diferença apenas para a taxa de lotação, que foi maior nos pastos implantados com uso do superfosfato simples como fonte de P 2 O 5 (p < 0,10). Para capacidade de suporte, ganho médio diário e produção acumulada de arrobas por hectare não foram verificadas diferenças. Os valores médios foram de 7,4 UA ha-1, 0,8 kg animal-1 dia-1 e 34,7 @ ha-1, respectivamente para capacidade de suporte, GMD e produtividade animal.

Tabela 3 – Valores médios de altura pré e pós-pastejo, acúmulo de forragem, proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), nutrientes digestíveis totais (NDT), Taxa de lotação, capacidade de suporte (CS), ganho médio diário (GMD) e produtividade de arrobas

Médias seguidas por letras diferentes na linha, diferem entre si pelo teste de Tukey a 10%.

CONCLUSÃO

Tanto o superfosfato simples quanto o formulado proporcionaram bom estabelecimento e produtividade do pasto no primeiro ano após a implantação. Adicionalmente, proporcionaram bom desempenho animal e alta produtividade de arrobas, atingindo produção acumulada acima de 34 @ ha-1 em apenas 7 meses.

REFERÊNCIAS

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE GRAMÍNEAS FORRAGEIRAS

DOS GÊNEROS BRACHIARIA,

PANICUM E ANDROPOGON PARA SISTEMAS INTENSIFICADOS NO SUDOESTE GOIANO

NASCIMENTO¹, Hemython Luis Bandeira do; MARQUES³, Bruno de Souza

1Eng. Agrônomo, Dr. Zootecnia, Pesquisador em Forragicultura do Centro Tecnológico COMIGO, Rio Verde-GO. E-mail: hemythonluis@comigo.com.br

3Médico Veterinário, Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia do IF Goiano, Rio Verde-GO. E-mail: brunoszmarques@gmail.com

INTRODUÇÃO

O pasto é a base da alimentação dos sistemas de produção de bovinos no Brasil, cerca de 96% do rebanho 202 milhões de cabeças são criados em regime exclusivo de pastejo (ABIEC, 2023). Ainda de acordo com dados da ABIEC (2023) o PIB da pecuária que foi estimado em aproximadamente R$ 1,02 trilhões representa 41% do PIB do agronegócio e 10% do PIB nacional, ou seja, a cada R$ 100,00 movimentados pela economia brasileira R$ 10,00 vem da pecuária, e 96% desse faturamento, depende das pastagens para ocorrer. Dessa forma podemos afirmar que o pasto é sem dúvidas uma das principais culturas agrícolas do país. Nesse sentido e tendo em vista as dimensões continentais do Brasil e grande variação nas condições edafoclimáticas de cada região, se faz importante o conhecimento do potencial de novas opções de gramíneas forrageiras que sejam mais produtivas e melhor adaptadas à essas condições e aos diferentes modelos de

sistemas de produção.

Neste cenário, os gêneros Urochloa spp. (sin. Brachiaria) e Megathyrsus maximus (sin. Panicum maximum) são de especial importância, representando as espécies mais amplamente empregadas nos sistemas de produção a pasto no Brasil (MARTUSCELLO et al., 2022). As gramíneas forrageiras desses gêneros são altamente adaptadas aos climas tropical e subtropical, oferecendo não apenas alta produtividade, especialmente durante o período das águas, mas também apresentando uma excelente aceitabilidade pelos animais devido ao seu alto valor nutricional e abundante produção foliar (COSTA et al., 2021; JANK et al., 2022).

O gênero Urochloa corresponde a cerca de 85% das pastagens cultivadas no país, destacando-se por sua adaptabilidade a condições de déficit hídrico e solos de baixa fertilidade. As gramíneas forrageiras desse gênero apresentam alto potencial produtivo e excelente valor nutritivo quando manejadas de forma adequada (JUNTASIN et al., 2022). Nas últimas duas décadas tem-se observado um grande esforço das empresas para lançamento de novas cultivares de forrageiras, principalmente dos gêneros Urochloa spp. (sin. Brachiaria), Megathyrsus maximus (sin. Panicum maximum) e também de Urochloa spp. híbridas (sin. Brachiaria). Com o intuito de conhecer melhor as características e potencial dessas novas cultivares de forrageiras para formação de pastagens permanentes,

sistemas de integração lavoura pecuária e também para produção de silagem, nos últimos cinco anos vários estudos foram conduzidos no Centro Tecnológico COMIGO com diversas cultivares de gramíneas forrageiras tropicais. Entre esses estudos foram avaliadas as características agronômicas e nutricionais de 11 gramíneas forrageiras e verificado grande potencial produtivo de algumas espécies de Panicum (Zuri, Paredão, Quênia e Tamani), principalmente no período das águas, e elevado potencial das espécies de Brachiaria híbridas (Ipyporã, Mulato II, Mavuno, Cayana e Sabiá), especialmente no período seco, quando apresentaram produtividade de forragem superior em relação aos Panicuns (NASCIMENTO et al., 2020a, 2020b).

Em outra série de estudos foi avaliado o potencial produtivo de algumas Brachiarias híbridas (Ipyporã, Mulato II e Mavuno) e alguns Panicuns (Zuri, Quênia e Tamani) para utilização em sistemas de integração lavoura pecuária e também visualizou-se excelentes resultados indicando que esses materiais apresentam grande potencial para utilização nesses sistemas, podendo proporcionar ganhos tanto na etapa da pecuária, como também para formação de palhada para a implantação da lavoura no ano seguinte, desde que manejados de forma adequada (BILEGO et al., 2020, 2021, 2022; NASCIMENTO et al., 2021, 2022, 2023). E um estudo no qual foi avaliado o potencial produtivo para a produção de silagem de três Panicuns (Zuri, Paredão e Tamani), três Brachiarias híbridas (Ipyporã, Mulato II e Mavuno) e duas espécies de Brachiaria brizantha (Paiaguás e Braúna) com três intervalos de corte (SILVA et al., 2022).

Durante esse período, novas cultivares de gramíneas forrageiras foram desenvolvidas e selecionadas, gerando assim uma nova demanda para realização de estudos avaliando e validando o potencial desses materiais. Entre esses novos materiais lançados no mercado recentemente, estão o Panicum maximum cv. Miyagui lançado pela ANPROSEM (Associação Nacional dos Produtores de Sementes de Gramíneas e Leguminosas Forrageiras) em 2017, os materiais da espécie Andropogon gayanus BRS Sarandi, lançado pela Embrapa em 2023, e MG7 Tupã, lançado pela Matsuda Sementes em 2016, além das Brachiarias híbridas

Camello e Cayman lançadas pelo grupo Papalotla em 2021.

O capim Miyagui tem como principais características alta produção de forragem, folhas largas e compridas, grande produção de sementes e panícula mais fechada. A principal cultivar de P. maximum que mais se assemelha com à cv. Miyagui é o Mombaça principalmente em relação as características de estrutura do dossel e composição bromatológica (GRUPO ESPERANÇA RURAL, 2021).

Por apresentarem maior adaptabilidade e resistência para mitigar riscos fitossanitários e para promover uma gestão mais sustentável e resiliente dos sistemas de produção a pasto, as forrageiras do gênero Andropogon são uma opção interessante particularmente especialmente para regiões com menor regime de chuva ou maior instabilidade climática (CARVALHO et al., 2021). Com o intuito de fomentar essa demanda a Embrapa lançou uma nova cultivar de Andropogon gayanus, a BRS Sarandi que é uma cultivar adaptada a solos de baixa fertilidade, porte levemente mais baixo, maior quantidade de perfilhos e maior qualidade nutricional, em razão da maior quantidade de folhas, proporcionando maior ganho de peso de bovinos em pastejo.

A BRS Sarandi é recomendada para sistemas de cria e recria na pecuária de corte, sendo excelente opção para ambientes restritivos em termos de clima e solo (BRAGA et al., 2022).

Uma outra opção de Andropogon gayanus lançado no mercado foi o Tupã (MG7 Tupã) que é recomendado para solos de média a baixa fertilidade, incluindo áreas com limitações de profundidade ou cascalho, e se adapta bem a regiões de clima árido. Seu manejo recomendado inclui o início do pastejo quando a planta atinge 50 a 60 cm de altura, e a retirada dos animais quando a forragem está entre 18 a 20 cm, otimizando a regeneração e a sustentabilidade da pastagem. Com um ciclo de florescimento de aproximadamente 110 dias, a MG7 Tupã apresenta um ciclo vegetativo prolongado, garantindo a manutenção da produção forrageira e da qualidade nutricional por mais tempo. Caracteriza-se por um porte médio, com folhas que podem chegar a 90 cm de comprimento, tornando-se uma escolha eficaz para sistemas de produção que enfrentam condições adversas de solo e

clima (MATSUDA, 2024).

Seguindo a tendência de lançamentos de Brachiarias híbridas no mercado brasileiro de sementes de forrageiras que vem crescendo bastante surgiram as cultivares Cayman e Camello. O Cayman é um híbrido lançado com a promessa de adaptação a áreas com alta umidade do solo (encharcadas), alterando sua morfologia para formar caules nodosos que geram raízes adventícias, otimizando a absorção de nutrientes e facilitando a oxigenação (MARTÍN et al. 2018).

Outra opção de Brachiaria híbrida foi o capim Camello, que de acordo com a empresa detentora da genética, é recomendado para ambientes áridos e semiáridos, como os encontrados em regiões secas da América Central (PAPALOTLA, 2021; CIAT, 2021).

Nesse sentido objetivou-se com o estudo, avaliar o potencial produtivo e adaptativo de novas opções de gramíneas forrageiras tropicais para utilização em sistemas de produção com diferentes níveis de intensificação no Sudoeste Goiano.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na fazenda

experimental do Centro Tecnológico COMIGO, em Rio Verde – GO. A área utilizada para o ensaio encontra-se sob as coordenadas 17⁰45’48’’ S e 51⁰02’14’’ W, com altitude de 832 m. Segundo Thornthwaite (1948) o clima de Rio Verde - GO é classificado em B 4 rB’4a’ (úmido, pequena deficiência hídrica, mesotérmico e evapotranspiração no verão menor que 48 %). O experimento foi realizado de outubro de 2022 a setembro de 2023, sendo observado um volume acumulado de precipitação equivalente a 1.492 mm.

O solo da área é do tipo Latossolo Vermelho Distrófico (SANTOS et al. 2018), com tores médios de 39,5% de argila, 7,2% de silte e 53,3% de areia . Antes da semeadura das forrageiras foi realizado o preparo do solo com revolvimento (aração + gradagem) e aplicação de herbicida (glyphosate na dose de 1500 g e.a. ha-1) para eliminação das culturas anteriores. Ademais, foram coletadas amostras de solo para análise e como os teores de nutrientes apresentavam-se em níveis adequados às exigências das forrageiras que seriam implantadas, optou-se por não realizar nenhuma ação corretiva ou adubação de implantação (Tabela 1). Durante os dois anos anteriores à implantação do experimento a área foi cultivada com pastagem.

Tabela 1 – Capacidade de troca de cátions (CTC), matéria orgânica (MO) e teores de nutrientes do solo em que o experimento foi conduzido.

Foram avaliadas 7 cultivares de gramíneas forrageiras, sendo duas de Panicum maximum (BRS Zuri e Miyagui), duas cultivares de Andropogon gayanus (BRS Sarandi e MG7 Tupã), duas Brachiarias híbridas (Camello e Cayman) e a Brachiaria brizantha BRS Piatã. Em dezembro de 2021 foi realizada a semeadura de forma manual à lanço e as sementes incorporadas a cerca de 3 cm de profundidade ao solo com grade niveladora fechada. Detalhes sobre as quantidades de semente utilizadas e valor cultural de cada lote de sementes podem ser verificados no Quadro 1.

Quadro 1. Valor cultural (VC), recomendação de quantidade de sementes puras viáveis (SPV) e quantidade de semente comercial utilizada corrigida para o VC.

As cultivares foram submetidas à dois níveis de intensificação, sendo um considerado intensivo no qual as forrageiras receberam adubação de manutenção com 100 kg ha-1 de nitrogênio e de potássio, parcelado em duas aplicações e o outro considerado moderado onde as forrageiras não receberam nenhuma adubação para reposição de nutrientes. O delineamento experimental foi blocos completos

casualizados (DBC), com arranjo fatorial 7 x 2 (7 cultivares e 2 níveis de intensificação) e quatro repetições totalizando 56 unidades experimentais com 25 m² cada uma (Figura 1).

Para as avaliações o período experimental considerado foi de outubro de 2022 a setembro de 2023, correspondendo a um ano de avaliações e contemplando os períodos de águas e seca.

Figura 1. Aspecto visual do experimento de avaliação de gramíneas forrageiras em sistemas com e sem intensificação de pastagem.

As avaliações foram realizadas em intervalos de 28 dias até o mês de abril, e entre maio e setembro devido à grande redução no crescimento da forrageira os intervalos de avaliação foram estendidos para 56 dias. Em cada avaliação, foram realizados, o monitoramento da altura do pasto, coleta

de massa de forragem e roçagem das parcelas para simular a remoção de folhas pelo pastejo. A altura foi mensurada sempre antes e após a roçagem de cada parcela, em 10 pontos por parcela. A massa de forragem foi quantificada coletando duas amostras por parcela, utilizando uma moldura quadrada

com 0,25 m² (0,5 m x 0,5 m). as cultivares de Brachiaria foram roçadas a 15 cm de altura em relação ao solo e os Panicuns e Andropogons a 30 cm. Após coletadas, as amostras foram pesadas e sub-amostradas com aproximadamente 500 g. Em seguida, foram levadas à estufa de circulação forçada de ar a 55 °C até atingir peso constante, para secagem e posterior determinação de peso seco.

Para determinação da composição morfológica e química do pasto, eram retiradas sub-amostras de forragem coletada, e fracionadas em duas partes com mesma massa de forragem, uma parte era destinada à separação dos componentes morfológicos e a outra parte era destinada a análise bromatológica. As amostras utilizadas para determinação da composição morfológica eram separadas em folha (lâmina foliar), colmo (colmo + bainha) e material morto. Após a separação, os componentes foram pesados e colocados para secar em estufa de circulação forçada de ar, a 55 °C até atingir peso constante e posterior determinação de peso seco. As amostras destinadas a análise bromatológica eram envidadas ao Laboratório Químico Industrial da COMIGO, para a realização das análises da composição química da forrageira, onde foram realizadas as análises dos teores de proteína bruta (PB, %), fibra insolúvel em detergente neutro (FDN, %) e fibra insolúvel em detergente ácido (FDA, %).

Os dados foram analisados utilizando o método de modelos mistos com estrutura paramétrica especial na matriz de covariância, por meio do procedimento MIXED do software estatístico SAS (LITTELL et al., 2006). As forrageiras e níveis de intensificação foram consideradas efeitos fixos, blocos e repetições foram considerados efeito aleatório. Para escolher a matriz de covariância foi usado o critério de informação de Akaike (WOLFINGER et al., 1993). As médias dos tratamentos foram estimadas pelo “LSMEANS” e a comparação foi realizada pelo teste de Tukey com nível de significância de 10%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Só foram verificados efeitos significativos de nível de intensificação para as variáveis Produção Total de Forragem, Produção de Folhas (p<0,0001) não sendo verificado efeito significativo para as demais variáveis (Tabela 2). Foram verificados efeitos significativos de cultivar para as variáveis Altura, Produção Total de Forragem, Produção de Folhas, Porcentagem de Folha, Porcentagem de Colmo e Porcentagem de Material Morto. Não foi verificado efeito significativo de interação entre nível de intensificação e cultivar para nenhuma das variáveis analisadas (p>0,10).

Tabela 2. Valores de p e níveis de significância dos fatores nível de Intensificação, Cultivar e interação entre Intensificação e Cultivar (Intens.*Cult.), para as variáveis Altura, Produção Total de Forragem (PTF), Produção de Folhas (PFolha), Porcentagem de Folha (%Folha), Porcentagem de Colmo (%Colmo), Porcentagem de Material Morto (%Morto), Proteína Bruta (PB), Fibra em Detergente Neutro (FDN), Fibra em Detergente Ácido (FDA) e Nutrientes Digestíveis Totais (NDT).

Fator Altura

* Significativo pelo teste F a 10% de probabilidade

As cultivares de Panicum maximum e Andropogon gayanus apresentaram maiores alturas em relação as Brachiarias (p <0,0001), sendo apresentados valores médios 64 cm de altura para Panicuns e Andropogons e 30 cm para as Brachiarias (Tabela 3), esse padrão de resposta já era esperado uma vez que a altura de planta é uma característica definida geneticamente e plantas dos gêneros Panicum maximum e Andropogon gayanus apresentam porte

mais elevado que as Brachiarias. Para a produção total de forragem (PTF), verificou-se que quando manejadas com alto nível e intensificação as forrageiras apresentaram incremento médio de 23% de produção em relação às que foram manejadas com nível moderado de intensificação (p < 0,0001). Entre as forrageiras verificou-se que o capim Sarandi apresentou em média 18% a mais de produção em relação ao capim Zuri e às Brachiarias híbridas Camello e Cayman (p = 0,0083).

Para produção acumulada apenas de folhas (PFolha) verificou-se padrão de resposta semelhante ao ocorrido para produção total em relação aos níveis de intensificação, com maiores produções verificadas nos sistemas com alto nível de intensificação (Tabela 3), que apresentaram incremento médio de 25% na produção de folhas em relação aos sistemas manejados com nível moderado de intensificação (p <0,0001). Em relação às cultivares, quando analisada apenas a produção acumulada de folhas (PFolha), que é a parte preferencialmente consumida pelos animais e de maior valor nutritivo, verifica-se uma mudança no padrão de resposta das forrageiras, sendo a maior produção de folhas verificada para o capim Miyagui, que apresentou em média 49% a mais de produção de folhas em relação às Brachiarias (Camello, Cayman e Piatã). Os capins Zuri e Sarandi apresentaram

em média 47% a mais de produção de folhas em relação às Brachiarias híbridas Camello e Cayman. E o capim Piatã apresentou produção de folhas em média 53% maior em relação ao Camello.

Em relação à composição morfológica, as cultivares de Panicum maximum (Zuri e Miyagui) apresentaram maior porcentagem de folhas em relação as demais forrageiras (p <0,0001) com média de 85,3% de participação de folhas na massa de forragem, sendo cerca de 32% maior em relação às demais forrageiras. Os Andropogons (Sarandi e Tupã), a Brachiaria brizantha Piatã e a Brachiaria híbrida Cayman apresentaram em média 42% a mais de participação de folhas na massa de forragem em relação ao capim Camello. O capim Camello apresentou a maior porcentagem de colmo na massa de forragem (33%), sendo em média 163% maior em relação às demais forrageiras, as menores porcentagens de colmo na massa de forragem foram observadas nas cultivares de Panicum maximum Zuri e Miyagui, que apresentaram em média apenas 4% de participação de colmo na massa de forragem. Em relação à fração material morto as maiores porcentagens foram verificadas no capim Camello (18,4%) e as menores nos Panicuns Zuri e Miyagui (10,7%) não sendo verificada diferença entre as demais cultivares (Tabela 3).

Tabela 3. Médias de Produção Total de Forragem (PTF), Produção de Folhas (PFolha), Altura, Porcentagem de Folha, Porcentagem de Colmo e Porcentagem de Material Morto de sete gramíneas forrageiras cultivadas no Sudoeste Goiano.

Intensificação

Para composição química da forragem, não foram verificados efeitos de nível de intensificação, cultivar ou interação entre nível de intensificação e cultivar para os teores de PB (p = 0,775, p = 0,674 e p =0,692), FDN (p = 0,317, p = 0,132 e p =0,192), FDA (p = 0,279, p = 0,109 e p =0,537) e NDT (p = 0,532, p = 0,528 e p =0,316) (Tabela 2). Neste sentido, apenas para fins de caracterização dos valores de cada variável analisada no experimento, foram observadas valores médios entre as cultivares de gramíneas forraeiras de 9,3%, 71,5%, 36,4% e 54,3% de PB, FDN, FDA e NDT, respectivamente.

CONCLUSÃO

As forrageiras Panicum maximum Zuri e Miyagui e o Andropogon gayanus BRS Sarandi destacam-se em produtividade em relação às BRACHIARIAS híbridas Camello e Cayman, especialmente em produção de folhas. Zuri e Miyagui destacam-se ainda pela alta proporção de folhas na composição da biomassa das plantas, apresentando média acima de 85% de folhas na massa de forragem.

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USO DE BACTÉRIAS PROMOTORAS DE CRESCIMENTO

DE PLANTAS

EM PASTAGENS DE PANICUM

MAXIMUM BRS

ZURI E BRACHIARIA BRIZANTHA BRS PIATÃ

NASCIMENTO¹, Hemython Luis Bandeira do; ² CUNHA, Mariangela Hungria da; ³NOGUEIRA, Marco Antonio

1Eng. Agrônomo, Dr. em Zootecnia, Pesquisador em Forragicultura do Instituto de Ciência e Tecnologia COMIGO, Rio Verde-GO.

E-mail: hemythonluis@comigo.com.br

² Eng. Agrônoma, Drª em Agronômia (Ciência do Solo), Pesquisadora da Embrapa Soja

E-mail: mariangela.hungria@embrapa.br

³Eng. Agrônomo, Dr. em Agronomia (Solos e Nutrição de Plantas), Pesquisador da Embrapa Soja

E-mail: marco.nogueira@embrapa.br

INTRODUÇÃO

O agronegócio brasileiro é responsável por 25% do valor do PIB nacional, movimentando cerca R$ 2,5 trilhões, dos quais 41,6% (R$ 1,02 trilhão) vieram do sistema agroindustrial da carne. Considerando que o PIB nacional atingiu valor de R$ 9,9 trilhões em 2022, a pecuária representou 10% desse valor (ABIEC, 2023). Estima-se que o rebanho nacional seja de 202 milhões de cabeças de bovinos, criados em uma área de aproximadamente 153 milhões de ha de pastagens, e cerca de 96% desse rebanho é criado exclusivamente em regime de pastejo e os outros 4% passaram pela pastagem em alguma fase da vida. Dessa forma, 10% do PIB nacional depende do pasto para ser gerado.

Nas últimas duas décadas verificou-se redução da área de pastagens do Brasil, que em muitas regiões tem sido

substituída por lavouras (LANDAU et al., 2020); contudo, no mesmo período houve crescimento do rebanho de bovinos (ABIEC, 2023). Essa menor dependência de área é fruto da adoção e aplicação correta de novas tecnologias que têm gerado melhorias na qualidade das pastagens, resultando em maior capacidade de suporte e melhoria dos índices zootécnicos nos sistemas de produção.

Apesar das melhorias ocorridas em relação às condições das pastagens, estima-se que cerca de 60% da área de pastagens apresenta algum nível de degradação (BOLFE et al., 2024). Os principais fatores que levam á degradação das pastagens estão associados a falhas na implantação e erro de manejo, principalmente a falta de reposição de nutrientes. Entre os nutrientes que mais limitam a produção das pastagens, o nitrogênio e o fósforo se destacam por estarem diretamente ligados ao crescimento radicular da planta e à produção de folhas.

Contudo, os elevados preços e flutuações de mercado muitas vezes limitam o uso desses fertilizantes, principalmente em sistemas de produção pecuários menos tecnificados, que infelizmente tendem a entrar em processo de degradação. Uma alternativa para reduzir a dependência de fontes químicas de fertilizantes e assegurar maior produtividade, longevidade e sustentabilidade das pastagens é a utilização de bactérias promotoras de crescimento de plantas, como as dos gêneros Azospirillum e Pseudomonas. Entre os benefícios, esses microrganismos

estimulam o crescimento radicular, favorecendo a absorção de água e nutrientes, inclusive aumentando a eficiência de uso dos fertilizantes (HEINRICHS et al., 2020; GUIMARÃES et al., 2022).

Além da capacidade de fixação biológica de nitrogênio, as bactérias do gênero Azospirillum estão envolvidas na produção de alguns fitormônios como auxinas, giberelinas, citocininas e etileno, bem como na solubilização e outros mecanismos de absorção do fósforo (LEITE et al., 2018). Já as bactérias do gênero Pseudomonas atuam principalmente em processos microbianos que facilitam a absorção do fósforo. Nesse contexto, objetivou-se com o presente estudo avaliar os efeitos da utilização de bactérias promotoras de crescimento de plantas sobre as características agronômicas e químicas de pastos de Brachiaria brizantha (sin. Urochloa brizantha) BRS Piatã e de Panicum maximum (sin. Megathyrsus maximus) BRS Zuri.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na fazenda experimental do Centro Tecnológico COMIGO, em Rio Verde – GO. Segundo Thornthwaite (1948), o clima de Rio VerdeGO é classificado em B 4 rB’4a’ (úmido, pequena deficiência hídrica, mesotérmico e evapotranspiração no verão menor que 48%). A área utilizada para o ensaio encontra-se sob as coordenadas 17⁰45’48’’ S e 51⁰02’14’’ W, com altitude de 832 m. O solo da área é do tipo Latossolo Vermelho Distrófico (SANTOS et al., 2018), com teores médios de 42,5% de argila, 6% de silte e 51,5% de areia.

Como a área era cultivada anteriormente com soja e o solo já apresentava alta saturação por bases e elevados teores elevados teores de matéria orgânica e nutrientes (Tabela 1), não foi necessária nenhuma ação corretiva antes da implantação do experimento, pois as exigências nutricionais das gramíneas forrageiras escolhidas para implantação na área já eram atendidas.

Tabela 1. Saturação por bases (V), matéria orgânica (MO) capacidade de troca catiônica (CTC), e teores de nutrientes na camada de 0 a 20 cm de profundidade no local do ensaio em Rio Verde – GO.

V MO CTC Ca Mg Al K P(Mehlich) B

Antes da semeadura das gramíneas forrageiras foi

realizado o revolvimento do solo, com aração seguida de gradagem e cerca de 30 dias depois foi realizada a dessecação da vegetação que rebrotou, utilizando 3,5 L p.c. ha-1 de Xeque Mate + 1,5 L p.c. ha-1 de Select One Pack.

Foram conduzidos dois experimentos na área (Figura 1), um com a Brachiaria brizantha BRS Piatã (Experimento 1) e outro com o Panicum maximum BRS Zuri (Experimento 2), e em ambos experimentos foram utilizados os mesmos tratamentos. Para a implantação do experimento, foram utilizadas sementes convencionais sem revestimento. No dia da semeadura foi realizada a inoculação das sementes com Bactérias Promotoras de Crescimento de Plantas (BPCP) das espécies Azospirillum brasilense e Pseudomonas fluorescens, de forma isolada ou em associação, e combinados com doses de nitrogênio, e após os pastos estabelecidos foram realizadas aplicações de manutenção dos inoculantes via foliar. Os tratamentos utilizados e doses utilizadas são apresentados com detalhes quadro 1.

Quadro 1. Descrição dos tratamentos e doses de inoculantes utilizadas em cada tratamentos na implantação e para manutenção das pastagens

Doses do inoculante

Tratamento Descrição

Implantação Manutenção (mL ha-1)

Controle Sem N e sem Inoculante 0 0

AP1

A. brasilense (CNPSo 2083 + CNPSo 2084) + P. fluorescens (CNPSo 2719)

50N 50 kg ha-1 de N

A+50N

P+50N

CNPSo 2083 (4 mL kg-1 de semente) + CNPSo 2084 (4 mL kg-1 de semente) + CNPSo 2719 (8 mL kg-1 de semente)

CNPSo 2083 (75 mL ha-1) + CNPSo 2084 (75 mL ha-1) + CNPSo 2719 (150 mL ha-1)

AP2+50N

AP1+50N

A. brasilense (CNPSo 2083 + CNPSo 2084) + 50 kg ha-1 de N 8 mL + 8 mL kg-1 de semente

CNPSo 2083 (150 mL ha-1) + CNPSo 2084 (150 mL ha-1)

P. fluorescens (CNPSo 2799) + 50 kg ha-1 de N 16 mL kg-1 de semente 300 mL ha-1

A. brasilense (CNPSo 2083 + CNPSo 2084) + P. fluorescens (CNPSo 2799) + 50 kg ha-1 de N

A. brasilense (CNPSo 2083 + CNPSo 2084) + P. fluorescens (CNPSo 2719) + 50 kg ha-1 de N

100N 100 kg ha-1 de N

A+100N

P+100N

CNPSo 2083 (4 mL kg-1 de semente) + CNPSo 2084 (4 mL kg-1 de semente) + CNPSo 2799 (8 mL kg-1 de semente)

CNPSo 2083 (4 mL kg-1 de semente) + CNPSo 2084 (4 mL kg-1 de semente) + CNPSo 2719 (8 mL kg-1 de semente)

CNPSo 2083 (75 mL ha-1) + CNPSo 2084 (75 mL ha-1) + CNPSo 2799 (150 mL ha-1)

CNPSo 2083 (75 mL ha-1) + CNPSo 2084 (75 mL ha-1) + CNPSo 2719 (150 mL ha-1)

AP2+100N

AP1+100N

A. brasilense (CNPSo 2083 + CNPSo 2084) + 100 kg ha-1 de N 8 mL + 8 mL kg-1 de semente

CNPSo 2083 (150 mL ha-1) + CNPSo 2084 (150 mL ha-1)

P. fluorescens (CNPSo 2799) + 100 kg ha-1 de N 16 mL kg-1 de semente 300 mL ha-1

A. brasilense (CNPSo 2083 + CNPSo 2084) + P. fluorescens (CNPSo 2799) + 100 kg ha-1 de N

A. brasilense (CNPSo 2083 + CNPSo 2084) + P. fluorescens (CNPSo 2719) + 100 kg ha-1 de N

CNPSo 2083 (4 mL kg-1 de semente) + CNPSo 2084 (4 mL kg-1 de semente) + CNPSo 2799 (8 mL kg-1 de semente)

CNPSo 2083 (4 mL kg-1 de semente) + CNPSo 2084 (4 mL kg-1 de semente) + CNPSo 2719 (8 mL kg-1 de semente)

CNPSo 2083 (75 mL ha-1) + CNPSo 2084 (75 mL ha-1) + CNPSo 2799 (150 mL ha-1)

CNPSo 2083 (75 mL ha-1) + CNPSo 2084 (75 mL ha-1) + CNPSo 2719 (150 mL ha-1)

Os experimentos foram conduzidos em Delineamento com Blocos Casualizados (DBC) com 4 repetições, totalizando assim 48 unidades experimentais para cada experimento, cada uma com área de 50 m² (5 m x 10 m), (Figura 1).

As estirpes utilizadas nos inoculantes estão depositadas na Coleção de Culturas de Microrganismos

Multifuncionais da Embrapa Soja: Bactérias Diazotróficas e Promotoras do Crescimento de Plantas. Nos tratamentos AP1, AP1 + 50N e AP1 + 100N foi utilizado inoculante comercial com registro para pastagens com braquiárias. Para os demais tratamentos foram elaborados inoculantes experimentais na Embrapa Soja.

Panicum maximum BRS Zuri

Logo após a inoculação foi realizada a semeadura à lanço. Para o capim Piatã foram utilizados 15 kg ha-1 de sementes (VC = 80%) e para o capim Zuri foram utilizados 11 kg ha-1 de sementes (VC = 80%), após a semeadura as sementes foram incorporadas ao solo a uma profundidade de cerca de 3,0 cm usando grade niveladora fechada.

O período experimental avaliado compreendeu entre janeiro de 2022 a setembro de 2023, dividido em dois períodos, Ano 01 (01/12/2021 até 13/07/2022) e Ano 02 (05/10/2022 até 22/09/2023). No Ano 01 de experimento, as adubações em cobertura com nitrogênio foram realizadas em fevereiro e março de 2022 (110 kg ha-1 de ureia) e foi realizada uma aplicação foliar de inoculantes em maio de 2022. No Ano 02 as adubações nitrogenadas foram realizadas em novembro de 2022 e fevereiro de 2023 (110 kg ha-1 de ureia), e as aplicações de manutenção dos inoculantes via foliar foram realizadas em janeiro e abril de 2023. Para as aplicações de manutenção do inoculante via foliar, no Ano 1 foi realizada apenas uma aplicação em maio de 2022 e no Ano 2 foram realizadas duas aplicações uma em janeiro e outra em abril de 2023. Tanto parta as adubações nitrogenadas quanto para as aplicações

foliares dos inoculantes, as aplicações foram realizadas cerca de 5 a 7 dias após o corte das forrageiras.

Para avaliar as características produtivas e agronômicas das forrageiras, foram realizadas avaliações a cada 28 dias durante o período das águas e a cada 56 dias no período da seca (devido à grande redução no crescimento da forrageira). Em cada avaliação, foram realizados o monitoramento da altura do pasto (antes e após o corte do dossel forrageiro), coleta de massa de forragem e colheita da forragem utilizando uma plataforma de colheita de área total de forragem para silagem (modelo JF C-120) acoplada na tomada de potência do trator remoção de folhas pelo pastejo. A massa de forragem foi quantificada coletando duas amostras por parcela, utilizando uma moldura quadrada com 0,25 m² (0,5 m x 0,5 m). As amostras foram coletadas a 15 cm de altura para o capim Piatã e a 30 cm para o capim Zuri. Após coletadas, as amostras foram pesadas e subamostradas com aproximadamente 500 g. Em seguida, foram levadas à estufa de circulação forçada de ar a 55 °C até atingir peso constante, para secagem e posterior determinação de peso seco.

Para determinação da composição morfológica e

Figura 1. Imagem aérea da área do experimento.
Brachiaria brizantha BRS Piatã

química do pasto, em meados de cada período avaliado (seca e águas) cada subamostra de forragem coletada foi fracionada em duas partes com mesma quantidade de massa de forragem, sendo parte era destinada à separação dos componentes morfológicos e a outra para a análise bromatológica. As amostras utilizadas para determinação da composição morfológica foram separadas em folha (lâmina foliar), colmo (pseudocolmo + bainha) e material morto. Após a separação, os componentes foram pesados e colocados para secar em estufa de circulação forçada de ar, a 55 °C até atingir massa constante e posterior determinação da massa seca. As amostras destinadas à análise bromatológica foram envidadas ao Laboratório Químico Industrial da COMIGO, para a realização das análises da composição química da forrageira, onde foram realizadas as análises dos teores de proteína bruta (PB, %), fibra insolúvel em detergente neutro (FDN, %) e fibra insolúvel em detergente ácido (FDA, %) e extrato etéreo (EE, %) (referência do método).

Os dados foram analisados utilizando o método de modelos mistos com estrutura paramétrica especial na matriz de covariância, por meio do procedimento MIXED do

software estatístico SAS (LITTELL et al., 2006). Os inoculantes foram considerados efeitos fixos, blocos e repetições foram considerados efeito aleatório. Para escolher a matriz de covariância foi usado o critério de informação de Akaike (WOLFINGER et al., 1993). As médias dos tratamentos foram estimadas pelo “LSMEANS” e a comparação foi realizada pelo teste de Tukey com nível de significância de 10%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No Ano 1 (dezembro de 2021 a julho de 2022) verificouse temperatura média 23 °C e um acumulado de chuvas de 1.061 mm e no Ano 2 (outubro de 2022 a setembro de 2023) foi registrada temperatura média de 21,7 °C e precipitação acumulada de 1.363 mm. O balanço hídrico sequencial foi determinado seguindo o método de Thornithwaite e Mather (1955) usando o modelo proposto por Rolim et al. (1998) para obter os valores do Excedente e do Déficit hídrico para a região nos períodos desejados (Figura 2). Os dados de precipitação e temperatura foram coletados da estação automática do Centro Tecnológico Comigo e da estação meteorológica do INMET localizada em Rio Verde – GO.

Figura 2. Balanço Hídrico no Centro Tecnológico COMIGO no período 2022 a 2023. (Fonte: Amanda Magalhães Bueno)

Experimento 1: Brachiaria brizantha BRS Piatã

No experimento com a Brachiaria brizantha BRS Piatã os efeitos mais significativos das bactérias promotoras de crescimento de plantas (BPCP) foram verificados sobre a produção total de forragem e a produção de folhas (p < 0,0001), tanto no Ano1, quanto no Ano2. Para Produção Total

de Forragem (PTF) verificou-se que, no 1º ano de condução do experimento, todos os tratamentos apresentaram médias superiores ao tratamento controle, sem adubação e sem fertilizante nitrogenado, com destaque para o tratamento AP1, que mesmo sem receber adubação nitrogenada obteve produtividade total de forragem 10% superior e estatisticamente semelhante ao tratamento 50N (Tabela 2).

Tabela 2. Produção total de forragem (PTF, kg ha-1 de MS), produção de folhas (PF, kg ha-1 de MS), porcentagem de folha (%F), porcentagem de colmo (%C), porcentagem de material morto (%MM), fibra em detergente neutro (FDN, %), fibra em detergente ácido (FDA, %), proteína bruta (PB, %) e nutrientes digestíveis totais (NDT, %) de Brachiaria brizantha BRS Piatã manejada com bactérias promotoras de crescimento para plantas.

Tratamento

Ano 1

Ano 2

ns Não significativo a 10% de probabilidade pelo Teste F. Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si pelo Teste de Tukey a 10% de probabilidade.

Com exceção do tratamento P+50N, em todos os tratamentos em que foi associado o manejo com BPCP à dose de 50 kg de N ha-1 ano-1 (A+50N, AP1+50N e AP2+50N) houve efeito sinérgico com incremento na PTF em relação ao tratamento que utilizou exclusivamente a adubação química com 50 kg de N ha-1 ano-1 (50N); além disso, esses tratamentos atingiram níveis de produtividade semelhantes aos obtidos nos tratamentos que utilizaram 100 kg de N ha-1 ano-1. Verificou-se, ainda, que quando as BPCP foram associadas à dose de 100 kg de N ha-1 ano-1 não houve incremento na produção de forragem em relação ao tratamento que utilizou exclusivamente a adubação química com 100 kg de N ha-1 ano1 (100N).

Já no Ano 2, para PTF verificou-se que o tratamento manejado com uso exclusivo de BPCP e sem adubação nitrogenada (AP1) não diferiu do tratamento controle (p > 0,10) e apresentou valores médios estatisticamente inferiores (p < 0,001) aos obtidos no tratamento que utilizou apenas adubação química com 50 kg de N ha-1 ano-1 (50N) (Tabela 2).

Nos tratamentos em que foi realizada associação das BPCP com a dose de 50 kg de N ha-1 ano-1 (A+50N, P+50N, AP1+50N e AP2+50N) a média da PTF foi superior ao tratamento que utilizou exclusivamente a adubação química com 50 kg de N ha-1 ano-1 (50N) (p < 0,0001) e estatisticamente igual à média obtida no tratamento apenas com a maior dose de nitrogênio (100N) (p > 0,10). Quando as BPCP foram associadas à maior dose de nitrogênio (100 kg de N ha-1 ano-1) não foram verificados efeitos sinérgicos de incrementos na PTFe, para alguns tratamentos (A+100N, P+100N e AP2+100N), a associação gerou redução na PTF em relação ao tratamento 100N.

Para produção de folhas, no Ano 1, as únicas diferenças observadas foram do tratamento AP1+100N em relação aos tratamentos controle não inoculado e sem N, ao tratamento P+50N (p < 0,0001), e ao tratamento AP2+100N, que apresentou maior produção de folhas em relação ao tratamento P+50N, não sendo verificadas diferenças entre

os demais tratamentos (Tabela 2). No Ano 2, verificou-se que não houve diferença significativa na PF entre os tratamentos controle não inoculado e sem N, AP1 e 50N (p > 0,10) e que todos os tratamentos onde houve a associação das BPCP com a dose de 50 kg de N ha-1 ano-1 (A+50N, P+50N, AP1+50N e AP2+50N) apresentaram PF semelhante aos tratamentos 50N e 100N. Os tratamentos P+50N, AP1+50N, 100N e AP1+100N apresentaram maior produção de folhas em relação aos tratamentos controle absoluto e AP1 (p < 0,0001), não sendo verificada diferença entre os demais tratamentos.

Para a composição morfológica, tanto no Ano 1 quanto no ano 2 não foram verificadas diferenças significativas para as porcentagens de folha, colmo e material morto (p > 0,10), sendo observados no Ano 1 valores médios de 70,6%, 20% e 5,9% respectivamente e, no Ano 2, valores médios de 78,9%, 17,4% e 4,2% respectivamente, para folha, colmo e material morto (Tabela 2).

Também não foram verificadas diferenças significativas para a composição química da forragem (Proteína Bruta, Fibra em Detergente Neutro, Fibra em Detergente Ácido e Nutrientes Digestíveis Totais), tanto no Ano 1, como no ano 2 (p > 0,10) (Tabela 2). No Ano 1, os teores médios de PB, FDN, FDA e NDT, que apresentaram valores médios de 12,6%, 64,0%, 38,8% e 60,0%, respectivamente, e no Ano 2 foram verificadas as respectivas médias de 10,9%, 65,5%, 37,3% e 58,2%.

Experimento 2: Panicum maximum BRS Zuri

No experimento com Panicum maximum BRS Zuri, assim como ocorrido com o capim Piatã, os efeitos mais significativos das bactérias promotoras de crescimento de plantas (BPCP) foram verificados sobre a produção total de forragem e a produção de folhas (p < 0,0001), tanto no Ano1, como no Ano2 (Tabela 3). Para a Produção Total de Forragem (PTF) verificou-se que, no Ano 1, o tratamento AP1 apresentou PTF 18% superior ao tratamento controle absoluto e semelhante ao tratamento 50N. Quando as BPCP foram associadas à dose de 50 kg de N ha-1 ano-1 , verificou-se que os melhores resultados foram obtidos nos tratamentos

A+50N e AP1+50N, que apresentaram incremento médio de 8% na PTF em relação ao tratamento 50N (e semelhante

ao tratamento 100N, enquanto os tratamentos P+50N e AP2+50N não diferiram do tratamento 50N.

Tabela 3. Produção total de forragem (PTF, kg ha-1 de MS), produção de folhas (PF, kg ha-1 de MS), porcentagem de folha (%F), porcentagem de colmo (%C), porcentagem de material morto (%MM), fibra em detergente neutro (FDN, %), fibra em detergente ácido (FDA, %), proteína bruta (PB, %) e nutrientes digestíveis totais (NDT, %) de Panicum

Zuri manejada com bactérias promotoras de crescimento para plantas.

ns Não significativo a 10% de probabilidade pelo Teste F. Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si pelo Teste de Tukey a 10% de probabilidade.

Quando as BPCP foram associadas à dose de 100 kg de N ha-1 ano-1, diferentemente do que foi observado para o capim Piatã, para o capim Xuri, houve efeito sinérgico positivo de algumas BPCP, com os tratamentos A+100N e AP2+100N apresentando, em média, 7% a mais de PTF em relação ao tratamento 100N. No Ano 2, verificou-se que o tratamento AP1 (uso exclusivo de BPCP sem adubação química com nitrogênio), não apresentou diferença em relação ao tratamento de controle absoluto para a PTF (p > 0,10). Para os tratamentos com associação entre as BPCP e a dose de 50 kg de N ha-1 ano-1 (A+50N, P+50N, AP1+50N e AP2+50N), apenas o AP1+50N apresentou efeito positivo com incremento na PTF em relação ao tratamento 50N. Quando as BPCP foram associadas à dose de 100 kg de N ha-1 ano-1 (A+100N, P+100N, AP1+100N e AP2+100N) não foi verificado incremento em PTF em relação ao tratamento 100N.

Para produção de folhas (PF) do capim Zuri, verificouse que, no Ano 1, todos os tratamentos apresentaram maior PF em relação ao tratamento controle absoluto e que o tratamento A+100N apresentou maior PF em relação aos tratamentos AP1 e 50N (p < 0,001), não sendo verificada diferença entre os demais tratamentos (Tabela 3). No Ano 2, as únicas diferenças verificadas entre os tratamentos para produção de folhas foram dos tratamentos AP1+50N, AP2+50N, P+100N e AP1+100N, que apresentaram maior PF em relação ao tratamento controle.

Para composição morfológica da forragem (folha, colmo e material morto) não foram verificadas diferenças significativas entre os tratamentos, tanto no Ano 1 quanto no Ano 2 (p > 0,10) (Tabela 3). No Ano 1 foram observados valores médios de 90,6%, 5,3% e 3,4% de folha, colmo e material morto respectivamente, e no Ano 2, foram verificadas médias de 93,7%, 3,9% e 2,5% respectivamente para folha, colmo e material morto. Com relação à composição química da forragem (PB, FDN, FDA e NDT) também não houve diferença significativa entre os tratamentos tanto no Ano 1 quanto no Ano 2. Os valores médios observados no Ano 1 para PB, FDN, FDA e NDT foram de 14,7%, 66,9%, 42,2% e 59,3%, respectivamente, e no Ano 2 12,1%, 65,8%, 39,7% e 59,3%.

Os resultados obtidos nesses experimentos indicam

que as Bactérias Promotoras de Crescimento de Plantas dos gêneros Azospirillum brasilense e Pseudomonas fluorescens têm grande potencial para utilização em pastagens de forma isolada ou associadas, tanto para Brachiaria brizantha BRS Piatã, como em Panicum maximum BRS Zuri. Além disso, os melhores resultados dessas BPCP foram obtidos em pastos que recebem adubação nitrogenada em cobertura, indicando que, para que os benefícios que podem ser gerados pelas BPCP possam ser aproveitados pelas gramíneas forrageiras tropicais, o pasto precisa estar bem manejado e as plantas bem nutridas.

Outro resultante importante verificado nos experimentos foi o padrão de resposta obtido em relação ao tratamento AP1 (Azospirillum brasilense + Pseudomonas fluorescens e sem adubação em cobertura com nitrogênio), que no primeiro ano de condução de experimentos, em ambas forrageiras resultou em incremento da produção de forragem em relação ao tratamento com as mesmas estirpes e recebendo a adubação com 50 kg de N ha-1 ano-1. Contudo, esse padrão de resposta não se repetiu no segundo ano, o que provavelmente está relacionado ao fato de que os pastos foram implantados em uma área que anteriormente era cultivada com lavoura e apresentava alta saturação por bases e elevados teores de matéria orgânica e nutrientes garantindo, assim, condições nutricionais adequadas para as plantas durante o primeiro ano. Entretanto, a partir do segundo ano, devido à grande exportação de nutrientes pela cultura, as condições deixaram de ser propícias para ocorrência de efeito sinérgico positivo entre BPCP e o pasto.

Em relação à interação entre as BPCP e as doses de fertilizante nitrogenado, verificou-se que, para Brachiaria brizantha BRS Piatã, houve incrementos na produção de forragem apenas na dose menor de N (50 kg de N ha-1 ano1), enquanto que, para o Panicum maximum BRS Zuri, no primeiro ano foi verificada interação positiva entre as BPCP e a adubação nitrogenada, mesmo na dose maior de N (100 kg de N ha-1 ano-1). Esses diferentes padrões de resposta das forrageiras provavelmente estão relacionados ao fato de o capim Zuri ser uma planta mais exigente em fertilidade e também mais responsiva ao nitrogênio do que o capim Piatã.

CONCLUSÃO

Bactérias promotoras de crescimento de plantas apresentam grande potencial para utilização em pastos de Brachiaria brizantha BRS Piatã e de Panicum maximum BRS Zuri, se constituindo em uma alternativa para substituição parcial da adubação nitrogenada em pastos bem manejados.

REFERÊNCIAS

ABIEC. Beef Report 2023. Capitulo 04: A Pecuária do Brasil. https://www.abiec.com.br/publicacoes/beef-report-2023capitulo-04/#dflip-df_5424/11/

ABIEC. Beef Report 2023. Capitulo 05: Quantificação da Cadeia. https://www.abiec.com.br/publicacoes/beef-report-2023capitulo-05-quantificacao-da-cadeia-2/#dflip-df_5490/1/

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