Santa Publicacao 7º Ed

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SANTA

PUBLICAÇÃO Ed. 7 - Fevereiro / 2013

Boas práticas pedagógicas: a produção conjunta e a socialização do saber


Ano 4; volume 7; fevereiro de 2013; ISSN: 2176-7823

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Ano 4; volume 7; fevereiro de 2013. Conselho Editorial: Irmã Cláudia Chesini, Edilaine Vieira Lopes, Suzéte Maria Groehs, Susana Fernandes Pfarrius Ladeira, Bibiana Melissa de Oliveira João de Deus, Schirley Fleck, Karem Medeiros e João Pedro Ermel. Conselho Externo: Juracy Assmann Saraiva, Anamaria Cachapuz Cypriano e Marie Traude Schneider. Revisão Geral: Karem Medeiros Revisão: Justine Koppe Projeto Gráfico e Diagramação: João Pedro Ermel Impressão e Edição: EDITORA FTD ACSC - COLÉGIO SANTA CATARINA Rua General Osório, 729 Novo Hamburgo - RS - 93510-160 (51) 3527.4862 http://www.colegiosantanh.com.br http://twitter.com/santanh http://www.facebook.com/santanh http://www.youtube.com/user/colegiosantanh http://issuu.com/colegiosantanh A revista Santa@PublicAção é uma publicação (impressa e virtual) semestral do Colégio. Dúvidas, sugestões e comentários são sempre bem-vindos. E-mail: publicacao@colegiosantanh.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Santa@publicação / Colégio Santa Catarina – Ano 1, v. 1, n. 1 (fev. 2010)- . – Novo Hamburgo: FTD, 2010- . v. : il. ; 30 cm. Semestral. ISSN 2176-7823 1. Educação - Periódicos. I. Colégio Santa Catarina.

(Bibliotecária responsável: Susana F. P. Ladeira CRB 10/1484)

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SUMÁRIO

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

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Escolas Associadas da UNESCO


Ano 4; volume 7; fevereiro de 2013; ISSN: 2176-7823

APRESENTAÇÃO O Colégio Santa Catarina, com uma história consolidada, busca a inovação e a atualização constantemente. Através de instrumentos como a revista Sant@publicação, possibilitou ao corpo discente, algumas publicações durante o ano. A 7ª Edição tem um olhar atento às “Boas Práticas Pedagógicas: a produção conjunta e a socialização do saber”, tornando possível verificar alguns fatos registrados em artigos que versam sobre a realidade em que estão inseridas nossas crianças e jovens. Apresentar à comunidade, a produção literária de colegas tão sérios e competentes, os quais transformam o ensino em poesia a partir do momento em que escrevem, em artigos, suas práticas com seus educandos. Descortinar essas experiências é, sem dúvida, um prazer. Caros leitores: vocês devem perceber a máxima da emoção que me envolve neste momento. O Projeto Ler é uma prática que vem dando certo há dez anos e que permite aos jovens uma apreciação da leitura e da escrita. O mais incrível é que acontece naturalmente... é encantador! Com tantos apelos visuais, é até compreensível a dificuldade dos jovens e de alguns adultos em se deter a uma leitura por muito tempo, mas, depois de se ter o hábito, nada se compara ao encanto de ter o controle sobre as letras. A informação também pode ser decifrada quando identificamos o código da leitura. O Desenvolvimento da Linguagem Através do Uso do Jornal na Sala de Aula é em artigo que proporciona esse momento de descoberta e induz a essa face do ler e do interpretar. O Projeto TIC apresenta um educando curioso, capaz e disciplinado, em um tempo em que a mudança é urgente. Perceber as motivações do educando para a integração, os resultados alcançados e os obstáculos que se

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encontram na sua prática diária é uma possibilidade de consolidação da comunicação educativa. Quem de nós já não se encantou, um dia, com A Competência Escrita / Leitora de alguém? Aquela pessoa que lê, escreve e se comunica de forma contagiante torna os que estão no entorno magnetizados com textos bem escritos, com leituras aveludadas pelos pontos em pausa certa. Isso só é possível pela magia do ensinar e do aprender a escrever e a ler. Estamos vivendo mais uma revolução... A comunicação está bem nas mídias sociais, mas elas precisam ser direcionadas como o TWITTER do Bem. O mundo sempre teve seus clãs, suas famílias e dinastias. O desafio desses desbravadores da tecnologia era trazer a comunicação (que pode se unir a milhares e segregar outros em guetos organizados que visem ao bem comum). Assim, apresentamos aos leitores um trabalho árduo, constituído de investigação, método, boas práticas, bons educandos e bons professores. O método Socrático remontava às “boas práticas” e aos “bons professores”. Como percebem, atualizamos, progredimos e percebemos que, no conjunto, implementamos, em nosso fazer diário, o bem estar e a ligação entre o gostar de aprender, o saber e o aplicar esse conhecimento em prol de um mundo fraterno. Convido-os a fazerem conosco esse caminho precioso e partilharem desse conhecimento distribuído em cada artigo e linha traçada.

Abraço cordial, Karem Medeiros Diretora Executiva do Colégio Santa Catarina

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AGRADECIMENTOS

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EDITORIAL

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Edilaine Vieira Lopes¹ Jéssica Schmitz²

PROJETO LER: HÁ 10 ANOS INCENTIVANDO A LEITURA NO COLÉGIO SANTA CATARINA I - A IDEIA O Projeto Ler existe, atualmente, graças à parceria entre a Universidade Feevale, a FACCAT – Faculdades de Taquara e o Grupo Editorial Sinos. No entanto, não poderíamos escrever um relato sem mencionar os feitos dos últimos dez anos ou citar alguns dados, fatos, além de nomes importantes. Nós, do “Santa”, orgulhamo-nos de termos participado do início, das amarras e das conversas prévias sobre um projeto que orientaria os professores a trabalharem a leitura em sala de aula. Assim, os idealizadores iniciaram o debate e instauraram algumas discussões, à espera das instituições e escolas parceiras. Desde 2003, participamos das três capacitações trimestrais, ocorridas anualmente (junto com alguns dos professores da nossa escola) nas oficinas, palestras e encontros, que contavam com educadores de vários municípios da região. Desde 2011, para dar mais qualidade ao trabalho desenvolvido, uma atividade de extensão (um grupo de estudos) promove debates e discussões teóricas aprofundadas, no campo das pesquisas, acerca da escrita, leitura e escritura. Participam docentes de diversos municípios, sendo que o Colégio Santa Catarina representa a cidade de novo Hamburgo, junto à Universidade Feevale, autora da iniciativa. Os encontros ocorrem mensalmente e há discussões presenciais ou virtuais (no Ambiente Virtual de Aprendizagem – Virtuale).

Sempre houve extenso e intenso trabalho para coleta e seleção de textos que compõem os fascículos trimestrais do Projeto Ler, além de momentos para aprendizagem de técnicas de aplicabilidadade e discussão dos temas / assuntos propostos. O trabalho do projeto, portanto, prevê a publicação de três fascículos ao ano, com textos literários cedidos por escritores. Esses fascículos são adquiridos a preço de custo por Secretarias Municipais de Educação, escolas estaduais e particulares as quais distribuem os fascículos gratuitamente aos alunos. As instituições de ensino superior, por sua vez, oferecem oficinas de capacitação para os professores participantes do projeto, promovendo a formação continuada. Sempre houve extenso e intenso trabalho para coleta e seleção de textos que compõem os fascículos trimestrais do Projeto Ler, além de momentos para aprendizagem de técnicas de aplicabilidadade e discussão dos temas / assuntos propostos. O trabalho do projeto, portanto, prevê a publicação de três fascículos ao ano, com textos literários cedidos por escritores. Esses fascículos são adquiridos a preço de custo por Secretarias Municipais de Educação, escolas estaduais e particulares as quais distribuem os fascículos gratuitamente aos alunos. As instituições de ensino superior, por sua vez, oferecem oficinas de capacitação para os professores participantes do projeto, promovendo a formação continuada.

1 - Doutoranda em Letras (UniRitter/ UCS). Mestre em Educação. Pós-graduada em Tecnologias e Educação a Distância. Graduada em Letras. Professora da área Linguagens, no Ensino Fundamental do Colégio Santa Catarina. Membro e co-fundadora do Conselho Editorial da Revista Pedagógica Santa@PublicAção (ISSN:2176-7823). http://lattes.cnpq.br/7385721779493141 edilaine.nh@gmail.com 2 - Acadêmica do curso de Letras (Universidade Feevale). Bolsista do Projeto Ler... Bolsista Pibid Letras (CAPES). Professora de Língua Portuguesa, no Colégio Santa Catarina, em 2012. jessicaschmitz@feevale.br

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No final do ano, foi organizada uma grande exposição de materiais produzidos pelos alunos ao longo do período letivo. Antes, também foram realizados concursos de textos produzidos pelos discentes envolvidos no projeto (contos e poemas). A cada cerimônia de encerramento, foram premiados os alunos vencedores, seus professores e escola a fim de valorizar o trabalho realizado na instituição como um todo. Os textos vencedores foram publicados no Jornal NH, do Grupo Editorial Sinos, de modo que os alunos se sentissem valorizados e motivados a sempre escreverem mais (e melhor!). Também o empenho do corpo docente foi, com isso, valorizado. Com a evolução e o amadurecimento do projeto, criou-se um BLOG para registro pedagógico e para a publicação dos materiais divulgados e apresentados aos professores em cada encontro, além da divulgação do que ocorreu em cada turma/escola/ nível. Neste ano, haverá há uma festa de encerramento que possibilitará maior e melhor integração entre os participantes. O objetivo do projeto ainda é incentivar o gosto pela leitura de textos literários (em alunos de Ensino Fundamental). Isso necessita da capacitação dos professores que desenvolverão adequadamente as atividades, fugindo das abordagens tradicionais e, muitas vezes, sem sentido da literatura. Surgido como uma necessidade, proposta e imposta pela comunidade hamburguense, o Projeto Ler... (que antes era chamado de Ler é Saber) destinou-se ao abrandamento do péssimo quadro leitor (baixos índices de leitura) e à contribuição para a formação de leitores. II- PONTOS DE ENCONTRO Considerando a escassez de livros e de material de leitura nas escolas, o projeto possibilita a minimização desse problema. A circulação dos textos literários nos lares dos alunos tem um grande efeito multiplicador, porque estabelece uma rede de troca entre os

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membros do núcleo familiar, promove o gosto pela leitura e fortalece as relações afetivas. Os Workshops com os professores são essenciais, pois neles são abordadas as teorias que fundamentam os princípios das atividades com leitura, em especial a construção de sentido em textos literários de diferentes gêneros. A importância de tal abordagem, esmiuçada pelos professores ministrantes dos encontros, tem sido reiterada pelos participantes, que sempre destacam a sua efetiva contribuição. Muitos desses professores não estão estudando, assim os workshops constituem a única modalidade de formação continuada (isso está de acordo com os PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais). O projeto leva, ainda, ao desenvolvimento da produção textual, pois os alunos são encorajados a produzir seus próprios textos com vistas à autoria literária e à escritura. Como professoras participantes das oficinas, membras do grupo de estudos e pesquisadoras da leitura, percebemos que a iniciativa é pioneira, tem sido fonte de estudos e tem sido divulgada em seminários, em congressos, em feiras de extensão, em outras instituições e na mídia. Servindo de exemplo as demais instituições e empresas, pois mostra que boas ideias podem ser executadas quando simples ações são postas em prática. Sempre se esperou que o projeto contribuísse para a elevação da qualidade do trabalho com leitura nas escolas participantes, ou seja, que o professor percebesse seu papel na formação de leitores e que se tornasse também um leitor mais crítico e apto a planejar atividades que contemplem a leitura crítica por parte dos alunos a fim de que exerçam sua cidadania. Urge destacar que os textos e as atividades produzidas em sala de aula pelos alunos cresceram em termos de qualidade, de modo que é evidente o avanço no desenvolvimento da linguagem e da criatividade. Alguns discentes tiveram suas produções publicadas no jornal NH, e outros em sites e no blog do programa. Além disso, alguns desses alunos vieram à Universidade Feevale para dar seu relato de

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experiência, o que se torna imprescindível para a diária validação do projeto. Assim, há provas vivas de que a leitura do fascículo se torna prazerosa para o aluno, que pode, por meio dele, vivenciar outras realidades distintas das suas. Nesse sentido, um desafio que tem surgido é realizar mais diagnósticos iniciais da leitura para efetivar um acompanhamento e um registro da progressão, da melhora ou não, do nível de competência leitora/escrita dos alunos e dos professores envolvidos. Nos nove anos iniciais do projeto, a avaliação valeu-se de um instrumento que privilegiava uma perspectiva quantitativa. No início do nono ano, criou-se um grupo de estudos que trouxe uma proposta de acompanhamento de amostragem (que resultará em um livro, no prelo), em contraponto ao concurso que ocorria ao final de cada ano. Como essa escolha privilegiava poucos alunos, optou-se por um encerramento festivo que envolveu mais cidades, escolas, professores e alunos. A festa final contou com mais de mil pessoas que participaram de 25 oficinas oferecidas pelas Secretarias de Educação e pela Universidade Feevale. III- O NÓ Para que ler e escrever? Para ter acesso ao direito garantido da Literatura, chegando por meio dessa união o mais próximo possível da Escritura. Lemos e escrevemos, porque as palavras flutuam, escoam, têm cheiro... são líquidas. Mas não por isso ficam fracas, são falsas, porque andam armadas, cheias de desejo. É preciso ter cuidado com elas! A linguagem faz barulho, é possível ouvir seu rumor. É o rumor da língua que nos fascina! O som do Projeto Ler... já pode ser ouvido em várias cidades da Região e nossa escola se orgulha muito de poder ter feito (e ainda fazer!!!) parte desses ruídos, trabalhando com os fascículos desde a Educação Infantil e Currículo Integral ao Ensino Médio e Magistério (Curso Normal). Basta olhar as fotos e conferir, no

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anexo, um exemplo de projeto aplicado no “Santa”, dentre tantos já desenvolvidos na nossa escola. Pode a língua rumorejar? Parece que sim, quando incita à Escritura. Mas esse rumor forma uma utopia, como se fosse uma música sem sentido, esperando ser ampliada, até formar uma imensa trama sonora, como um barulho daquilo que está funcionando, bem ou mal, mas funcionando. Só o fato de pensar com carinho a Literatura (não pensar sobre a literatura, mas pensá-la, in loco, de dentro e de perto, como dizem os bons antropólogos), já é um meio de Dar a Ler, o que para Larrosa é muito diferente e menos pretensioso do que LER algo, ou mais complexo do que apenas decodificar. Foi bom ter herdado o pessimismo shopenhaueriano de não ter a pretensão de fazer uso das coisas... Esse é o papel de projetos de incentivo à leitura, como o Ler... (capacitar e orientar os professores, mediadores em potencial de todo esse processo junto aos educandos nas escolas), mostrando que, de vez em quando, é possível não apenas usarmos a leitura e a literatura, mas sermos usados por elas, já que as palavras têm força e vida própria quando permitimos que a linguagem interaja na sociedade por meio de nós. A literatura, especialmente se abordada pelo professor em suas aulas, permite uma abrangente relação com a realidade. No entanto, se abordada de forma mecânica com foco em autores, datas e simples resumos, em muitos casos, essa literatura perde o seu status, ou seja, o estímulo desafiador perde seu valor, sobrando poucos resquícios para que o texto literário seja um meio libertador. O trabalho com o fascículo em sala de aula exige do professor um remanejo da sua forma de pensar o ensino da literatura. Uma vez que o aluno entra em contato com o fascículo, abrem-se leques importantes na vida desse discente que busca ali uma forma de identificação pessoal. O Projeto Ler... tem por objetivo promover ações que estimulem o gosto pela leitura entre os públicos infantil e juvenil. No entanto, para que isso aconteça, esses alunos precisam desenvolver uma identificação pessoal


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para que aquilo que essa leitura desenvolvida dentro da sala de aula faça, de alguma forma, sentido. O trabalho com a literatura se torna de fato desafiador, pois, muitos alunos, em nenhum outro momento, tiveram contato com o mundo literário. É nesse ponto que entra a importância do professor que será o mediador entre essa leitura e o universo do discente, fazendo com que o processo tenha sentido de forma natural, permitindo o desenvolvimento gradual do estudante.

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CONTEÚDOS · Produção, compreensão e expressão oral · Compreensão, interpretação da leitura e produção escrita · Análise, reflexão e uso adequado da Língua · Compreensão auditiva. · Produção oral. · Compreensão leitora

IV- ANEXOS PROJETO DE ESTUDOS DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Colégio Santa Catarina Turmas de 5º ANO Projeto envolvendo todas as disciplinas da área LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS.

· Produção escrita. · Aspectos culturais · Cultura e convivência · Exercícios Físicos, jogo cênico/ teatral e motor · Prática Corporal Expressiva · Pratica Corporal junto à Natureza · História e teoria da Arte · Apreciação estética e leitura de imagem.

UNIDADE

· A arte como produção de sentido.

“AH! COMO É BOM LER...”

· Produção e criação musical e artística

OBJETIVO GERAL Propor reflexões diárias para que os alunos possam vivenciar a leitura como direito, como fruição, compreendendo na prática sua importância para nossa cultura e seu papel simbólico como formador da personalidade, por meio do Projeto Ler.

· Fundamentos da linguagem visual e musical · Hábitos saudáveis (internet) · Pesquisa eficaz (o que pesquisar, para que e como?) · Uso de recursos e ferramentas tecnológicas (Word, Power Point, Excel e outros) · Ergonomia e postura adequadas

OBJETIVOS Específicos:

· Diagnósticos de leitura com poemas como “O SAPO”

Desenvolver a leitura, interpretação e expressão das ideias e opiniões, respeitando as diferentes manifestações linguísticas, a fim de aprimorar a capacidade de tomar decisões e enfrentar situações-problema, demonstrando, assim, uma visão analítica e crítica da realidade.

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DURAÇÃO

ETAPAS (1º parte) ETAPA

ATIVIDADE PRINCIPAL

1ª etapa

Atividade de integração. Atividade de pré-leitura e debate culturas Pesquisa sobre trovadores e repentistas Socialização das pesquisas. Leitura coletiva e individual; análise do fascículo. Exercícios (compreensão e interpretação) + correção. Expressão oral. Produção textual – redigir uma história com base em alguma cultura (festas populares e familiares) Ler os contos produzidos para os colegas. Reescrita dos textos. Exposição na sala. Uso do dicionário. Ensaios teatros e lendas gaúchas. Apresentação à escola.

2ª etapa 3ª etapa 4ª etapa 5ª etapa

6ª etapa 7ª etapa

Nº DE AULAS PREVISTAS 2h/a 2h/a 2h/a 3h/a 2h/a

1h/a 3h/a 5h/a 2h/a

(2ª parte) 2º SEMESTRE (de setembro a outubro) 1ª etapa 2ª etapa

3ª etapa 4ª etapa 5ª etapa

Atividade de integração. Atividade de pré-leitura. Leitura coletiva e individual; análise do fascículo. Exercícios (compreensão e interpretação) + correção. Expressão oral. Produção textual – redigir um poema Ler os poemas Reescrita dos textos. Exposição na sala. Uso do dicionário. Linguagem poética na arte. Sites com poesia concreta. Ensaios cênicos e declamação de poemas. Arrastão e assalto poético pela escola.

1h/a 2h/a

2h/a 3h/a 2h/a 10h/a

JUSTIFICATIVA Parece importante defender o direito à leitura o qual todos temos. Obviamente, isso envolve a formação de um leitor crítico (independentemente do tipo de texto ou de suporte em que ele seja veiculado). Daí a importância de ler e pesquisar, isto é, o professor deve saber como se constroem as diferentes linguagens para que ele possa ajudar seu aluno, visto que não há um modo mágico e formal de "ensinar" a ler. Leitura, no sentido mais amplo, conforme Ebenezer de Menezes, significa, necessariamente, ser capaz de analisar os diferentes discursos, identificar os elementos que compõem a linguagem, seus significados e contextos de produção. Como conquistar aqueles alunos com pouco interesse e motivação para a leitura? E os com dificuldades, como relacioná-los no contexto de aprendizagem com os que estavam em um grau mais avançado do ato de “LER”? Talvez seja um bom momento para incentivar o período semanal de leitura e investir nesse projeto, justificando, assim, sua escolha.

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Duração: 1º e 2º semestre de 2011 (a exemplo do que ocorreu nos anos anteriores, o projeto prevê a continuidade nos anos posteriores e é permanente. AVALIAÇÃO A avaliação é o processo de construção de cada indivíduo, de forma contínua e permanente do desempenho do aluno, levando em conta as competências e habilidades estabelecidas nos eixos temáticos, nas tarefas apresentadas na sala de aula ou fora dela, demonstrando conhecimento e solidariedade, autonomia na busca de resultados, espírito crítico e participativo, respeitando o tempo e as limitações de cada aluno, conforme o Regimento Escolar. Trimestralmente, por disciplina, o resultado é expresso por pontos de 0 a 10, em todas as avaliações. Como instrumentos, serão utilizados a análise de textos, provas, exercícios, produções textuais, com critérios como a correção gramatical, autonomia no uso da linguagem, estrutura textual correta. RESULTADOS A ALCANÇAR · Hábito de ler com e por prazer · Desenvolvimento da escritura · Oralidade: falar em público “sem dor, sem aquela vergonha” · Melhorias no processo de ensino e aprendizagem (aquisição escrita) CARACTERIZAÇÃO DO TRABALHO Lecionar para o 5º ano é sempre um desafio, independente da etapa: desenvolver aulas criativas, agradáveis, trabalhar com as unidades do livro didático, conteúdos gramaticais e fomentar os eixos ORALIDADE, LEITURA EFICAZ (COM COMPREENSÃO LEITORA), ESCRITA E ESCRITURA.


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Como conquistar aqueles alunos com pouco interesse e motivação para a leitura? E os com dificuldades, como relacioná-los ao contexto de aprendizagem com os que estavam em um grau mais avançado do ato de “LER”? Bom momento para incentivar o período semanal de leitura. Essa foi a primeira estratégia. Outra ideia foi usar diferentes gêneros, como o texto jornalístico, por exemplo, usando o jornal para apresentar, explicar e questionar o “falar certo e errado”, a oralidade adequada e adaptada para cada situação, o que é diferente das normas convencionadas na escrita, prescritas e normatizadas via gramática. Então entrou o Ler... Lemos o fascículo, debatemos e discutimos os assuntos LEITURA E ESCRITA por diversas aulas. Todos acharam os textos do Moacyr Scliar muito difíceis, com linguagem rebuscada. Pesquisamos na Informática sobre ele, sobre seu modo de escrever e obra. Comparamos os textos com o do Cordelzinho. Falamos sobre a novela e fizemos ponte com a linguagem televisiva, da mídia. Na segunda edição, pesquisamos sobre folclore e culturas, nas aulas de Geografia, História e Ensino Religioso. Fizemos uma ligação com a arte rupestre e sua importância para a cultura, para a evolução humana, participamos de concurso de trovas e estudamos os repentistas. Na aula de Educação Física, fizemos teatros e danças alusivas às culturas. Também lemos os textos, interpretamos, declamamos. Nos divertimos até com os travalínguas em inglês os quais encontramos. Levamos o assunto adiante, e os alunos pediram a opinião da família no embate: falarXescrever, tradição oralXescrita. Percebemos que a maioria valoriza a norma chamada “culta” da língua, a linguagem formal, seja na fala, ou na escrita. Entretanto, com o Ler..., foi possível concluir que sem proficiência comunicativa prévia, fica difícil adquirir conhecimento gramatical. Infelizmente, o ensino prioriza (na maioria das escolas) somente a gramática prescritiva, ditando normas e regras sobre como a língua deve ser falada e escrita, como uma alternativa única, imutável, de

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prestígio social absoluto. É importante repensar, refletir e reformular a visão que se tem sobre a questão gramatical. Seria adequado também sabermos descrever a língua tal qual é, viva, sem desconsiderar que seja usada por um povo, em determinada cultura e tempo e que, portanto, possa ir se transformando e adquirindo novas formas e variações ao falarmos. Com os textos apresentados, percebeu-se que as variações linguísticas estão presentes também na escrita. Assim, questionamos a importância da leitura em nossas vidas, afirmando que iniciar o hábito da leitura é algo saudável e que deveria ocorrer em casa. Permitir que os alunos estabeleçam essa relação de sentido que ocorrem com a leitura é uma oportunidade única para ressignificar a aprendizagem. ALGUNS REGISTROS DE ATIVIDADES Ao final de cada aula deste primeiro semestre de 2011, pelo menos por quinze minutos da aula semanal com momentos de leitura livre, os alunos manuseavam livremente textos, livros, jornais, revistas, gibis, mangás, muitas vezes “sem compromisso”, porém, compartilhando com os colegas e professora pelo prazer, pelo devir, pela fruição, pelo DAR A LER. Durante essas leituras, perceberam e questionaram alguns diálogos para, então, concluir que é necessário respeitar as manifestações linguísticas e que cada autor, jornalista, escritor tem sua maneira de utilizar a língua, seu estilo de trabalhar com a norma culta. Fomos discutindo e analisando o que é o preconceito linguístico, seja ele social, geográfico ou situacional, e concluímos que cada um deve falar de acordo com seu ambiente familiar e adequar a linguagem para as diferentes situações, preparando-se para o que vivenciará no futuro. Logo, percebeu-se que o que determina se uma forma é correta, aceitável ou não, segundo Chomsky, é o “soar” aos ouvidos de um falante nativo e não o parecer do professor ou a respectiva norma gramatical.

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Desde esse dia, parece que os alunos viram um novo significado em aprender Português: apropriar-se da própria cultura, além de aprofundar as regras e conhecer melhor a norma culta, a fim de saber como, quando e para que a usar. Nas demais aulas, os alunos questionavam-me se teria textos de jornal engraçados, charges, tirinhas em quadrinhos, para que pudessem lê-los e imitar vozes, fazer teatros, dramatizar, inclusive pedindo e trazendo exemplos do que queriam ler. A maior tarefa foi selecionar, dentre os materiais trazidos e escolhidos pela turma, além dos oferecidos pelo Ler, o que trabalhar e como, tendo em mente que o importante era segurar a motivação e variar as leituras, proporcionando um ambiente tranquilo à aprendizagem. Dentro da proposta, atrevemo-nos a ler, escrever, reescrever, retextualizar. Compreendemos, interpretamos e analisamos, sem deixar de lado aspectos gramaticais. Um aluno comentou que nunca havia pensado na complexidade de fazer um livro, um fascículo, um jornal, referindo-se à quantidade de pessoas envolvidas na tarefa de produzir, principalmente, notícias e reportagens, gêneros que, aparentemente, pareciam ser tão simples. Segundo os PCNs, ...ingenuamente poder-se- ia concluir que a competência e a vontade de desenvolver o desejo de saber e a decisão de aprender encontram-se no centro do ofício de professor. A eles cabe: suscitar o desejo de aprender pela explicitação da relação do aluno com o saber, por meio do trabalho escolar, o que envolve também a capacidade de se auto-avaliar; instituir e fazer funcionar um conselho de alunos (conselho de classe ou de escola), negociando e pactuando com eles regras e contratos; favorecer a definição de um projeto pessoal do aluno; exercer competência didática, capacidade de comunicação, empatia e respeito à identidade do outro. (PCNs, 1998, p. 103)

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Em acordo, acertamos que eu os levaria aos diversos espaços que a escola oferece, para que pudéssemos ler na biblioteca, no pátio e em outros lugares, dentro da proposta iniciada pelo projeto “Ler”. Foi dessa maneira que tentei motivar aqueles alunos que estavam distantes, e eles, por sua vez, entusiasmaram toda a turma. A cada dia, percebia que a leitura prazerosa era um dos poucos recursos com os quais eu poderia contar para atrair a atenção da turma. O interessante, durante o trabalho, foi que os alunos refletiram sobre temáticas atuais, como o aquecimento global, o lixo excessivo, o desmatamento além das diversas questões sociais, em voga em todos os jornais. Uma combinação essencial foi o respeito com os colegas enquanto os alunos mostravam seu ponto de vista. Assim ninguém ficou com vergonha, e todos puderam expor suas produções e falar sem que se sentissem pressionados ou com medo de “errar”. A aula foi tão produtiva que a turma pedia (semanalmente) para trazer coisas diferentes para acrescentar aos painéis na aula seguinte. Conforme os PCN's (1998), os professores atuam junto a um amplo espectro de alunos, uns extremamente motivados, outros nem tanto, e outros, ainda, sem qualquer desejo ou motivação para apropriar-se do conhecimento. Por isso, sempre após a fala, partíamos para o concreto: escrever, a escritura. Para desenvolver a habilidade da fala (oralidade), como tema de casa, para cada aula, foi solicitado que cada um falasse, no início das aulas, sobre o que está lendo, sobre novos livros comprados etc. No início, por não estarem acostumados a esse tipo de atividade, ou por medo do comentário da professora e dos colegas, eram poucos os que aceitavam falar, ler em voz alta. Com o tempo, foram aderindo, e todos passaram a ter interesse em participar, contribuindo com sua opinião, o que na prática era ampliado e transformado em debate. Conforme salienta Marcuschi(2001):


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A passagem do texto oral para o escrito vai receber interferências mais ou menos acentuadas a depender do que se tem em vista, mas não por ser a fala insuficientemente organizada. Portanto, a passagem da fala para a escrita não é a passagem do caos para a ordem: é a passagem de uma ordem para outra ordem. ( Marcuschi, 2001, p. 47)

Para desenvolver a habilidade da escrita, após as discussões, fizemos atividades a incentivando a escritura. Os textos produzidos foram de boa qualidade. Um dos facilitadores do trabalho foi unir as cinco disciplinas da grande Área do Conhecimento “LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS” (Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Artes, Informática e Expressão Corporal). É imprescindível que as áreas se unam, dando mais significado aos estudos. Bom poder contar não apenas com o livro didático, como único recurso a ser utilizado nas aulas. O Ler é uma ferramenta a mais, para a fixação das propostas, ou seja, uma ótima oportunidade para se desenvolver a habilidade da leitura, na aula e em casa, com calma, com ou sem a intervenção dos colegas e/ ou da professora. Traçando um paralelo com a importância de se trabalhar com o livro, usamos muito a unidade 5, sobre os meios de comunicação, complementamos com pesquisas a sites e blogs. Lembro do quanto isso foi importante para as duas turmas de 5º ano. A obra de HARMER sintetiza os seguintes aspectos como relevantes quando trabalhamos atividades tanto em Língua Estrangeira quanto em Língua Materna: ...com o livro didático pode-se fixar um conteúdo estudado (em capítulos, por exemplo), através dos exercícios. CUIDADOS: Jamais provocar os educando a competir, o que pode gerar rivalidade e até mesmo desgosto pelo exercício de leitura do livro. Executá-lo de forma natural, sem muita cobrança (despertando o prazer em ler e ouvir), a menos que seja uma atividade avaliativa, é claro. (Harmer, 1998, p. 72)

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Nas demais aulas em que atuei, senti a relação professor/ aluno de uma forma amigável. Havia liberdade e sinceridade de ambas as partes. Claro que nem tudo ocorre a mil maravilhas. Em quase todas as aulas, eu não conseguia concluir o que iniciava, terminando sempre na aula seguinte, o que, de certa forma, estava certo, uma vez que os conteúdos devem ter continuidade e ultrapassar o planejado. Outro ponto positivo foi, no primeiro dia de aula, explicar meus objetivos, alertando que eu seria também uma aprendiz e não “um dicionário ambulante de Português”, ao contrário do que os alunos sempre pensam da sua professora. Também foi imprescindível valorizar o que os alunos produziam ao expor seus textos, cartazes e painéis. Além disso, motivá-los, antes de trabalhar algum assunto ou tema (seja com debates, gravuras e palavras-chave) e fazê-los produzir. Não apenas dar aulas expositivas. Isso produziu efeitos positivos. Tenho clareza sobre a finalidade do uso do Ler em sala de aula. Sei que ele é um meio que, se acoplado a uma prática pedagógica pouco crítica e criativa, por si só, não é garantia de que mudanças ou avanços podem ocorrer. O Ler é, sem pretensão de substituir os livros, um precioso instrumento para fazer chegar à sala de aula o contato com leituras diversas, de modo que as crianças de diferentes cidades, classes sociais e idades terão acesso ao mesmo material, para inferir com sua realidade, suas vivências. O problema é que, ainda assim, há professores que utilizam o bom e velho argumento de quem não pretende mudar, de quem já se acomodou: parar o programa para se introduzir uma leitura sem conexão com estudo (perguntas prontas) e conteúdos, algo que toma tempo e que não é fundamental? Como diriam os alunos, “ninguém merece”... Fiquei um pouco frustrada por saber que a maneira de ensinar e pensar o Português não parece estar evoluindo como poderia (e deveria). Não é fácil incluir as atividades prazerosas e contemplar as habilidades e competências

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requeridas para tornar a aprendizagem significativa, mas podemos avaliar o educando como um todo, através de suas múltiplas inteligências e não somente através de provas e testes. Lendo as autoavaliações, fiquei feliz por saber que eles gostaram das aulas e da metodologia de trabalho. Comentei que meus professores me motivaram no passado com recursos e atividades diferentes, na época eram usados o livro didático, polígrafos, folhas e o jornal. OUTROS CONTEÚDOS E EXEMPLOS DE AULAS/ ATIVIDADES: Perguntas aos alunos: vocês leem? Por quê? Que sentido isso tem na sua vida? E na da sua família? (debate em aula- júri) Distribuição aos alunos de vários gêneros e materiais e solicitar que os alunos observemnos, leiam, digam o que chamou sua atenção, socializem com a turma. Comentários sobre as formas, rimas, modos de escrita, linguagem coloquial ou formal. Incentivar os alunos para falarem sobre a relação leitura e escrita. Comparar uma mesma história contada em dois ou mais gêneros, para que compreendam e observem as diferentes abordagens. Ouvir/ ler uma história e recontá-la, com suas palavras, como se fossem repórteres, fazendo alteração vocabular, sem mudança de sentido. Escolher uma charge e indicar um assunto, delimitando o tema que defenderá. Desenvolver, a partir do parágrafo, um texto dissertativo, para entregar, individualmente. Produzir e organizar “um jornal” (Ler), observando a pontuação e acentuação a ser empregada na produção textual. (duplas, trios, grupos).

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A professora fará a proposta de todos juntos criarem um Ler da turma, sendo que cada um ficará responsável por um texto. Apresentar a sua produção para os demais colegas para que trabalhe a habilidade de se expressar oralmente. Período da Leitura com o segundo fascículo do Ler... A professora juntamente com os alunos fará a leitura da capa do fascículo que traz como tema o meio ambiente. Estímulo da imaginação através do texto Gê. Os alunos leram o texto até uma parte e em seguida tiveram que desenhar a personagem Gê. Leitura e interpretação do poema Pássaro em Vertical, de Libério Neves. IDENTIFICAÇÃO INTERPESSOAL Na 2ª série, tive momentos que marcaram minhas memórias. Escrevi um texto sobre meu pai. Ele foi publicado, no Dia dos Pais. Ah! Minha professora realizou meu sonho...Sair no jornal! Depois disso, tive foto publicada no encarte infantil semanal, a POPINHA! Mais tarde, recebi um convite para trabalhar com um projeto que o GRUPO SINOS apoia, o Projeto Ler... (com o qual trabalhei desde sua criação, em 2003, assessorando o Dr. Ivar Hartmann). Fui alfabetizada com quatro anos e cresci sendo iniciada no mundo das letras ao ver meu pai ler o jornal todo dia de manhã... Decidi ser professora de português e escritora devido a este incentivo. Quando saí na Popinha pela primeira vez, fiquei muito orgulhosa.Depois disso foi uma série de matérias, até na capa, com os prêmios literários que recebi, na Academia Brasileira de Letras. Na apresentação da minha dissertação, está declarada minha relação com o jornal. Fiquei feliz por poder dividir meu testemunho com meus alunos por esse projeto e por saber que com eles é assim, como ocorreu comigo: a leitura do jornal e de seus fascículos, como a Popinha e o Ler, fez e faz sentido na vida de muitas pessoas!


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Vejo o brilho no olhar dos meus alunos a cada leitura diferente, a cada cheiro de livro novo na sala ou a cada disputa para retirar um badalado exemplar na biblioteca. Precisamos estar preparados para atualizar as aulas e para planejar tendo em vista os objetivos e metas que podem ser alcançados facilmente a partir de recursos como esse, porém, de um modo bem lúdico e divertido, fazendo com que os alunos, até mesmo em casa, se interessem e passem a buscar novos meios de se integrar, inclusive com o objetivo de respeitar o falar de cada um, respeitando a bagagem cultural que cada um traz consigo ao longo da vida. O fato é que o uso do Ler ampliou e atualizou o conhecimento dos alunos, contribuiu para a formação da visão crítica da realidade e estimulou o interesse pela leitura e pesquisa, com atividades extraclasse. Para nós, professores, isso permite a atualização do conteúdo, além de ser um caminho aberto para a construção da cidadania. É por isso que seguirei apostando nesse recurso (a literatura, a leitura) sempre! IV - ALGUNS REGISTROS...

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ISER, Wolfgang. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético. Rio de Janeiro: Editora 34, 199699. 2v. LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. Das tábuas da lei à tela do computador: a leitura em seus discursos. São Paulo: Ática, 2099 ___.Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1993. LARROSA, Jorge. Linguagem e Educação depois de Babel. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. MOSÉ, Viviane. Nietzsche e a grande política da linguagem. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. SCHOPENHAUER, Arthur. A arte de escrever. Porto Alegre: LPM Pocket, 2000. ZILBERMAN, Regina. Fim do livro, fim dos leitores? São Paulo: SENAC, 2001. VI- OUTRAS CONEXÕES POSSÍVEIS... FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à lingüística. São Paulo, SP:Contexto, 2005. V- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, Márcia (Org.). Leitura, história e história da leitura. São Paulo: FAPESP; Campinas: ALB; Mercado das Letras, 2000. BARTHES, Roland - O Grau Zero da Escritura. São Paulo, Cultrix, 2004. BARTHES, Roland. O prazer do texto. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2002. BARTHES, Roland. O rumor da língua. São Paulo: Brasiliense, 2004. BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001. CHARTIER, Roger. A história cultural entre práticas e representações. Lisboa: Difel; Rio de Janeiro: Bertrand, 1990. ESCARPIT, Robert. A revolução do livro. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas. 1976.

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LAJOLO, Marisa apud GERALDI, João Wanderley. A prática da leitura na escola. In. LEFFA, Vilson. Metodologia do Ensino de Línguas. In BOHN, H; VANDRESEN, P. Tópicos em Lingüística Aplicada. Florianópolis, Editora da UFSC, 1988. P. 211-236. MARCUSCHI, Luiz A. Da fala para a escrita – Atividades de retextualização. São Paulo: Editora Cortez, 2001. PCNs-Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, MEC. PRODANOV, C. C. Manual de Metodología Científica. Novo Hamburgo: Feevale, 2003. RAMOS, Jânia M. O espaço da oralidade na sala de aula. São Paulo, Editora Martins Fontes, 2002. TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática ensino plural. São Paulo, Editora Cortez, 2003, 1º ed.


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Gabriela Fabian ³

O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ATRAVÉS DO USO DO JORNAL NA SALA DE AULA: UMA PROPOSTA DE TRABALHO NO ENSINO FUNDAMENTAL Introdução Em uma época em que os recursos tecnológicos e a interatividade estão presentes em sala de aula, estimular a prática leitora nos adolescentes não é tarefa fácil. Por isso, é imprescindível levar aos alunos diferentes opções de leitura, para que os mesmos tenham acesso a diferentes tipos de texto. No entanto, é preciso mostrar, também aos educandos que todo o texto quer que alguém o ajude a funcionar (BAKHTIN, 2003), ou seja, além do papel do professor como mediador e norteador desse processo de leitura, eles também são responsáveis pelo processo de compreensão de um texto. Através de textos com características distintas, fotografias e recursos ilustrativos, é importante observar que os jornais são um recurso e uma fonte fundamental para a consulta de informações atuais, sendo elas regionais, nacionais ou internacionais, e podem ser consultados em diversas disciplinas. Nesse sentido, considerando que nossos alunos têm acesso ao jornal, na maioria das vezes diariamente, sugerimos fazer uso dessa ferramenta de apoio, avaliando mais criticamente os artigos de opinião. Acreditamos que, ao trabalharmos com esse gênero textual, estaremos proporcionando aos nossos alunos o desenvolvimento da competência crítica, pois terão novas visões sobre assuntos já conhecidos ou formarão novas opiniões sobre novos assuntos. Assim, encontrarão mais sentido na leitura e no estudo da língua materna e poderão levar essas novas ideias as demais áreas de estudo.

1.

O texto e a linguagem

Quando falamos em estudo da língua, estamos falando em um estudo que é feito a partir dos gêneros do discurso. Ao falarmos em discurso, remetemo-nos diretamente a Bakhtin (2003), para quem toda compreensão de um texto, independentemente da sua dimensão, estabelece uma relação com o ouvinte ou com o leitor, que terá uma atividade responsiva ativa sobre ele, pois concorda ou discorda, total ou parcialmente. Bakhtin (2003) explica que a língua, em sua totalidade concreta, em seu uso real, tem a propriedade de ser dialógica, ou seja, todos os enunciados, no processo de comunicação, são diálogos. Segundo a teoria bakhtiniana, ao falarmos em dialogismo, estamos falando das relações de sentido que se estabelecem entre dois enunciados diferentes, mas que têm relação um com o outro. Cada enunciado é pleno de ecos e ressonâncias de outros enunciados com os quais está ligado pela identidade da esfera de comunicação discursiva. Cada enunciado deve ser visto antes de tudo como uma resposta aos enunciados precedentes de um determinado campo: ela os rejeita, confirma, completa, baseia-se neles, subentende-os como conhecidos, de certo modo leva em conta. (BAKHTIN, 2003, p. 297)

Sob a perspectiva bakhtiniana, Fiorin (2006) explica que a produção do enunciado está vinculada às condições de diferentes situações de interação da língua, do gênero discursivo. O autor diz que a vinculação dos enunciados aos diferentes contextos, por meio da relação

3 - Especialista em Estudos da Linguagem e graduada em Letras; professora da educação básica: Ensino Fundamental e Médio; atua na área de ensino de línguas. fabian.gabriela@gmail.com

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dialógica que cada produção de linguagem estabelece com outros enunciados, é fundamental para orientar as práticas de leitura de gêneros discursivos. Assim, consideramos que, para compreender os enunciados existentes em um texto, é imprescindível a percepção de suas relações dialógicas com outros enunciados já conhecidos pelo sujeito. Para isso, é necessário que imaginemos um leitor que já possua alguns conhecimentos das principais características constitutivas do gênero a ser trabalhado. Caso ele não possua esse conhecimento para realizar tal leitura, é fundamental que o professor desenvolva essa prática na sala de aula. Para desenvolver um trabalho que estimule a leitura, é necessário estimular uma proposta sob a abordagem sociocognitiva de leitura, ou seja, levar aos alunos conhecimentos sobre a estrutura do gênero a ser explorado, e apresentar as características específicas desse gênero para que seja compreendido pelos diferentes leitores que encontramos na sala de aula. Bakhtin (2003) considera, ainda, que todo o texto quer que alguém o ajude a funcionar. Dessa forma, é necessário que o leitor esteja disposto a receber aquele texto4 com o qual não está habituado, estabelecendo relações conforme seu conhecimento de mundo. Isso Marcuschi (2008) chama de conhecimentos individuais. Assim, é importante lembrar que essa recepção acontecerá de diferentes formas, conforme o tipo de leitor. Fiorin (2006) diz que, de acordo com a teoria de Bakthin, o leitor coloca-se como participante do diálogo que se estabelece em torno de um determinado texto, pois a compreensão poderá surgir da sua subjetividade. Dessa forma, ao mesmo tempo que o leitor participa do diálogo, ele mobiliza aquilo que leu e dá a todo esse material uma resposta ativa, sendo sua leitura singular.

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De acordo com Iser (1996, p. 78), “o papel do leitor se realiza histórica e individualmente, de acordo com as vivências e a compreensão previamente constituída que os leitores introduzem na leitura”, o que não ocorrerá aleatoriamente, mas seletivamente. Assim, “o papel do leitor representa um leque de realizações que, quando se concretiza, ganha uma atualização determinada e, por conseguinte, episódica” (ISER, 1996, p. 78), ou seja, “um texto é emitido por alguém que o atualize – embora não se espere (ou não se queira) que esse alguém exista concreta e empiricamente” (ECO, 2002, p. 37). Nessa perspectiva, é importante que os alunos compreendam os textos através das possibilidades dos diálogos que proporcionam ao sujeito, considerando que a leitura favorece o acesso a novas informações. 2.

O papel do mediador

Quando trabalhamos com leitura, automaticamente nos remetemos a diferentes gêneros, que, por sua vez, requerem diferentes tipos de conhecimento e diferentes conjuntos de habilidades, o que implica em um ensino diferenciado da leitura para cada gênero. Assim sendo, o ensino que visa ao domínio textual, segundo Schneuwly e Dolz (1995), requer uma intervenção ativa do professor e o desenvolvimento de uma didática específica. Assim, é fundamental que o professor tenha a leitura como valor e demonstre claramente aos alunos a importância desse hábito. Quando o professor trabalhar com um jornal, por exemplo, deve mostrar aos alunos que, dentre os inúmeros assuntos abordados em uma edição de um periódico, possivelmente há algum assunto com o qual se identificarão. A circulação desse veículo de comunicação é diária, e se preocupa em atrair mais e diferentes tipos de leitores.

4 - Texto é “um universo aberto em que o intérprete pode descobrir infinitas interconexões” (ECO, 1998, p 45). Seguindo a mesma ideia, Marcuschi (2008, p. 86) diz que “o texto não é um puro produto nem um simples artefato pronto, ele é um processo e pode ser visto como um evento comunicativo emergente. O texto é uma proposta de sentido e se acha aberto a várias alternativas de compreensão”.

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Além disso, ao levar o jornal à sala de aula, o professor estará permitindo que os alunos se relacionem com o material repleto de informações. Os alunos devem ter a oportunidade de escolher aquilo que acreditam ser interessante e, ao mesmo tempo, de julgar aquilo que acreditam que poderia ser diferente. Nesse ínterim, é imprescindível que o professor auxilie os alunos na busca pelos assuntos que mais lhes interessam, criando, por exemplo, situações de trocas de opiniões sobre determinados assuntos presentes no jornal. Cabe, pois, ao mediador, instrumentalizar o leitor para que ele perceba aquilo que nem sempre está explícito, o que é processo, ou seja, é “algo que se elabora, cresce, se enriquece, se trabalha com cada encontro” (PETIT, 1999, p. 185). 3. O desenvolvimento da linguagem na sala de aula: o trabalho com os gêneros textuais Os gêneros não são simples formas textuais, mas “formas de ação textual” (MILLER, 1984, p.38) e orientadores de compreensão, como propõe Bakhtin (1979). De acordo com Marcuschi (2002) “é impossível pensar em comunicação a não ser por meio de gêneros textuais (quer orais, quer escritos), entendidos como práticas socialmente constituídas com propósito comunicacional configuradas concretamente em textos”. Marcuschi (2002) explica que os gêneros textuais são fenômenos históricos profundamente vinculados à vida cultural e social. São, portanto, manifestações linguísticas concretas, constituindo textos empiricamente realizados que cumprem funções diversas em diferentes situações comunicativas. Bronckart (1999, p. 103), por sua vez, defende que “a apropriação dos gêneros é um mecanismo fundamental de socialização, de inserção prática nas atividades comunicativas humanas. Assim, o trabalho com gêneros

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textuais na sala de aula abarca outros elementos além do linguístico, pois abrange normas e convenções que são determinadas pelas práticas sociais que regem a troca efetivada pela linguagem. É importante ressaltar que, quando conhecemos os diferentes gêneros que circulam oralmente ou por escrito, temos maior conhecimento de mundo, ou seja, expandimos nosso acervo cultural. Assim sendo, a forma do texto determina, até certo ponto, os objetivos de leitura, ou seja, os textos são lidos, conforme a sua especificidade, de formas diferentes, porque os objetivos de leitura são igualmente distintos: contos, fábulas, notícias, artigos de jornal, ensaios. No caso do jornal, por exemplo, Kleiman (2004) considera ser uma coletânea de textos de natureza diversa, e cada um pede uma diferente estratégia de leitura, porque foi construído com objetivos diferentes, visando, muitas vezes, a públicos diversificados. A autora explica que, ao fazer a leitura de um jornal, já na primeira página, “o leitor faz uso de mecanismos para a apreensão rápida de informação visual, dando uma mera passada de olhos (scanning) geralmente a fim de depreender o tema dos diversos itens a partir das manchetes” (KLEIMAN, 2004, p. 58). Uma vez localizada uma notícia de interesse, é provável que o artigo seja lido com interesse em detalhes sobre o assunto, comparando o que já se sabe sobre o mesmo. Não se pode esquecer de que o jornal não é um veículo isento e imparcial, ele está vinculado ao interesse dos anunciantes. A autora destaca, também, que quando lemos algo porque outra pessoa nos mandou ler, como acontece frequentemente na escola, estamos apenas exercendo atividades mecânicas que pouco tem a ver com significado e sentido. Em outras palavras, leitura desmotivada não conduz à aprendizagem. Dessa forma, cabe à escola promover, de forma progressiva, que cada aluno se torne capaz de interpretar diferentes textos que circulam socialmente e, como cidadão, de produzir textos eficazes nas mais variadas situações, de acordo com o que nos sugerem os PCN`s.

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3.1

O artigo de opinião na sala de aula

Campanhas de leitura fazem parte da história no Brasil desde as primeiras décadas da colonização, no século XVI, de acordo com Lajolo e Zilberman (2009). Nessa época, o professor, entendido como o principal agente da introdução de um indivíduo no mundo da escrita, ocupou-se da formação de leitores. Dando continuidade a esse processo de formação de leitores, com o tempo, multiplicaram-se as campanhas de incentivo à leitura, levando à sala de aula outras opções de trabalho que atenderiam às novas necessidades de alunos que vivem em um século repleto de informações. Os acontecimentos diários exigem que os jovens estejam bem preparados para viverem em uma realidade que requer muito conhecimento, posicionamento e determinação (frente a diversas situações e seus variados assuntos). Nesse sentido, preocupamo-nos em levar uma proposta de trabalho que desperte e estimule o interesse dos alunos referente à leitura do jornal – o qual é um meio repleto de informações e assuntos atualizado, conforme já mencionamos anteriormente - proporcionando um espaço dentro do ambiente escolar. Com esse trabalho, esperamos que os alunos possam expressar seus interesses, através da observação de problemáticas significativas e/ou assuntos relevantes discutidos em aula. Além disso, buscamos estimular e desenvolver, não só o interesse pela leitura, mas também a expressão oral, através de entrevistas que podem ser feitas entre os próprios alunos para que conheçam o ponto de vista de seus colegas. Isso proporcionará momentos de discussão dos assuntos abordados. A ideia de trabalhar artigos de opinião surge, porque, além de trazerem assuntos atuais e significativos, esses textos levam os alunos a irem em busca de assuntos ou dados que trarão mais informações sobre o que lhes está sendo dito no texto em discussão, gerando momentos de trocas de opiniões. Nesse sentido,

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corroboramos Kleiman (2004), quando diz que o professor não deve solicitar uma opinião dos alunos sobre um assunto logo após a “leitura” do texto, sem sequer ter discutido o assunto tal como ele é tratado pelo autor. Ressaltamos, ainda, que, segundo a mesma autora, a aceitabilidade é o limite da intencionalidade. Ao lerem um artigo de opinião, os alunos precisam ter clareza e ciência de que ninguém elabora um texto sem ter algum objetivo a ser atingido (OLIVEIRA, 2009). Consideramos, assim, que os estudantes, ao terem consciência de tal fato, ficam mais atentos à leitura e desenvolvem a capacidade de fazer inferências mais amplas no processo de leitor. Nossa intenção é fazer com que os alunos interajam com assuntos de diferentes níveis de conhecimento e reconheçam as características desse gênero textual para, então, produzirem seus próprios textos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a proposta de explorar a leitura do jornal da sala de aula, através do trabalho com artigos de opinião, percebemos que é possível trabalhar a leitura através de um gênero que estimule a formação de novas ideias, além de colocar os alunos em situações mais reais possíveis de comunicação, que realmente façam sentido a eles. Os alunos precisam ser convencidos de que a leitura lhes abrirá todo um mundo de experiências maravilhosas, dissipará sua ignorância, ajuda-los-á a compreender o mundo e a dominar seu destino, conforme explica Petit (2008) ao citar Pluriel (1993). A autora complementa que “a leitura é um meio para se ter acesso ao saber, aos conhecimentos formais e, sendo assim, pode modificar as linhas de nosso destino escolar, profissional e social” (PETIT, 2008, p. 63).

5 - Intencionalidade é o elemento de textualidade relacionado aos objetivos do produtor do texto e a tudo o que ele faz para atingi-los. (OLIVEIRA, 2009, p. 93)

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A leitura, enquanto apropriação da língua, é também uma via privilegiada para se ter acesso a um uso mais desenvolto da língua, uma vez que ela pode representar uma terrível barreira social. Sem dúvida, a leitura de textos desconhecidos permite que desempenhemos a aquisição de um conhecimento mais profundo da língua. BortoniRicardo (2005, p. 79) afirma que para uma grande parcela da população brasileira qualquer ato de leitura é potencialmente uma experiência de comunicação transcultural. Por isso, é tão importante que o professor faça uso dessa ferramenta de apoio, explorando-a da melhor forma possível: a leitura enquanto fonte do saber, da formação de ideias. Assim, não podemos esquecer que, através do trabalho com o jornal e com esses textos selecionados, proporcionando momentos de leitura e de discussão sobre os assuntos abordados, certamente teremos jovens mais interessados naquilo que lhes é levado nas aulas, entendendo, assim, que “A necessidade da leitura é, portanto, uma construção social”. (CHARTIER, 1996, p. 234). Referências bibliográficas BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. 4ª ed. São Paulo: Martins fontes, 2003. (Coleção biblioteca universal) BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Nós cheguemu na escola, e agora?:sociolinguística & educação. São Paulo: Parábola Editorial, 2005. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental: língua portuguesa – Brasília: MEC/SEF,1998.

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CHARTIER, Roger. Práticas da leitura. Tradução Cristiane Nascimento; revisão da tradução Angel Bojaden. São Paulo: Estação Liberdade, 1996. ECO, Humberto. Lector in Fabula. Lisboa, Editorial Presença. 1998. FIORIN, José Luiz. Introdução ao pensamento de Bakhtin. São Paulo: Ática, 2006. ISER, Wolfgang. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético. São Paulo, SP: Editora 34, 1996. (Coleção teoria) v.1 KLEIMAN, Angela. Texto & Leitor: aspectos cognitivos da Leitura. Campinas, SP: Pontes, 9ª Edição, 2004. LAJOLO, Marisa. ZILBERMAN, Regina. Das tábuas da lei à tela do computador: a leitura em seus discursos. São Paulo: Ática, 2009. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. OLIVEIRA, Luciano Amaral. Coisas que todo professor de português precisa saber: a teoria na prática. São Paulo: Parábola, 2010. PETIT, Michèle. Nuevos acercamientos a los jóvenes y la lectura. Tradução para o espanhol: Rafael Sergovia e Diana Luz Sánchez. México: Fondo de Cultura Económica, 1999. PETIT, Michèle. Os jovens e a leitura: uma nova perspectiva / Michèle Petit; tradução de Celina Olga de Souza – São Paulo: Ed.34, 2008. PETIT, Michèle. A arte de ler: ou como resistir à adversidade./ Michèle Petit; tradução de Arthur Bueno e Camila Boldrini – São Paulo: Ed. 34, 2009.

BRONCKART, Jean- Paul. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sócio-discursivo. São Paulo: Educ, 1999.

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Edilaine Vieira Lopes6 7 João Pedro Ermel

PROJETO TIC (TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO): DESPERTANDO A CONSCIENTIZAÇÃO QUANTO À PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO NO COLÉGIO SANTA CATARINA “É preciso toda uma aldeia para educar uma criança.” (Provérbio Africano)

1) APRESENTAÇÃO DO PROJETO (INTRODUÇÃO) Apresenta-se aqui o relato de algumas experiências vividas, desde 2011, em nossa escola comunitária, o Colégio Santa Catarina. Baseados em algumas fundamentações teóricas e em sub-projetos desenvolvidos que integram esse grande projeto (do micro ao macro), buscamos comentar o processo que se deu para a execução do Projeto TIC -Tecnologias da Informação e Comunicação, despertando a conscientização quanto à preservação do Patrimônio no Colégio Santa Catarina. Descrevemos algumas atividades realizadas pelos professores, colaboradores, equipe diretiva, gestores, pais, alunos e comunidade escolar, desde as turmas de Educação Infantil, o Ensino Médio até os Técnicos, abrangendo diretamente, com as ações, um total aproximado de 20 mil pessoas, e indiretamente mais de 185 mil pessoas, das diversas classes sociais e idades. A iniciativa partiu da diretora da escola, que buscava aprimorar com excelência os serviços educacionais prestados. Percebeu-se que havia a necessidade de investir no desenvolvimento das competências escrita e leitora para melhorar a comunicação, baseando-se nas queixas feitas pelos professores e pais de que os alunos não leem ou escrevem bem e no fato de que os setores da escola e a comunidade não se comunicavam com eficácia.

Havia desencontro de informações. Problemas quanto à conservação do patrimônio escolar também precisavam ser resolvidos. Após muitas reflexões e avaliações, percebeu-se que na escola tinha um sério problema: os alunos não apresentavam um bom desempenho nas avaliações externas, provas de leitura/ escrita. Concluiu-se, após debates e estudos internos e externos, que precisávamos de um projeto, de um programa que incentivasse as competências de leitura e de escrita. Além disso, que possibilitasse a cada um da comunidade escolar, a percepção de que todos precisavam aprimorar as habilidades comunicativas, chegando à competência por meio do uso e da aplicação das tecnologias da informação.

Painel de controle da fanpage do Colégio Santa Catarina

6 - Doutoranda em Letras (UniRitter/ UCS). Mestre em Educação. Pós-graduada em Tecnologias e Educação a Distância. Graduada em Letras. Professora da área Linguagens, no Ensino Fundamental do Colégio Santa Catarina. Membro e co-fundadora do Conselho Editorial da Revista Pedagógica Santa@PublicAção (ISSN:2176-7823). http://lattes.cnpq.br/7385721779493141 edilaine.nh@gmail.com 7 - Bacharel em Ciência da Computação; técnico em Informática; professor do Curso Técnico em Informática do Colégio Santa Catarina, nas disciplinas de Análise de Sistemas, Informática Aplicada, Manutenção de Computadores e Aplicativos. Coordenador da TIC Mirim joaoermel@gmail.com

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Dar mais valor à leitura e à escrita seria a solução encontrada para suprir parte dos desafios da gestão em comunicação, mas não a solução total: seria necessário reformular o sistema de comunicação na escola, a começar por mudanças no setor antes chamado de “Informática” e modificado para “TIC”. Este é o relato de um trabalho que buscou encurtar laços entre teoria e prática, apresentando formas, dentro ou fora da sala de aula. Preocupar-se com a comunicação é uma tarefa de todos. Os trabalhos que serão citados posteriormente, aqui, envolvem práticas realizadas entre 2011 e até agosto de 2012, embora não haja previsão de encerramento. Os gráficos apresentem os dados computados no período, mas as ações ocorrerão em longo prazo. 2) PÚBLICOS DE INTERESSE Professores, colaboradores, equipe diretiva, gestores, pais, comunidade escolar e alunos, desde as turmas de Educação Infantil até o Ensino Médio e Técnicos, num total, direta ou indiretamente, de 5000 pessoas, aproximadamente, de diversas classes sociais e idades, em Novo Hamburgo. 3) JUSTIFICATIVA Nossos alunos vinham apresentando resultados não satisfatórios (em provas de leitura e de escrita) nas avaliações externas, como a Prova Brasil e o ENEM. Uma das questões preocupantes levantada pela direção foi a ausência de um projeto gestor pedagógico que levasse em conta um conjunto de ações e programas permanentes que evidenciasse a importância do desenvolvimento da leitura e escrita no colégio. O foco precisava ser “comunicacional”. Assim, nossa finalidade é a formação integral do educando, voltada para os valores humanos e científico-tecnológicos e para o exercício da cidadania, considerando os princípios legais, e o

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desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia, com os quais as pessoas interagiram com competência e responsabilidade social na caminhada de mais de 112 anos de EDUCAÇÃO. Entendemos que esse processo de formação se dá pela leitura e pela escrita proficientes, com auxílio das tecnologias da informação. Nossa grande meta será justificada se atingirmos o maior número de pessoas possível em nossa escola por meio do fomento das habilidades e das competências leitora e escrita, ampliando a competência comunicativa. O conteúdo do sábio provérbio africano, anteriormente citado, ensina que não são as crianças e alunos que devem mudar e aprender... somos nós que devemos começar a incentivar uma comunicação mais clara por toda nossa aldeia!!!! Julgamos importante fazer a diferença e dar novo sentido, fazendo-nos perceber positivamente a maneira como todos nós nos relacionamos na escola, com a leitura e com a escrita quando valorizamos leitura/ escrita/ comunicação como processos antropológicos, sociais e intrínsecos à vida. 4) OBJETIVOS O objetivo geral, que pressupõe um “pacote estratégico de ações”, ainda em andamento, é proporcionar aos envolvidos na comunidade escolar, através dos mais variados cursos de Educação Profissional, habilidades profissionais competentes e qualificações essenciais para que todos se adaptem criticamente a novos conhecimentos e descobertas de um mundo complexo e globalizado. Como? Desenvolvendo a reflexão acerca da leitura e da escrita, para que todos possam apropriar-se da linguagem de modo a assumirem seus papéis como sujeitos na sociedade. O objetivo aqui não é achar a quem cabe a tarefa, se está no âmbito familiar ou se seria adquirida na escola. O que vislumbramos é apresentar os meios, as formas de estímulo à comunicação, por meio das TICs, conforme atividades que

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aconteceram, acontecem ou que ainda estão sendo pensadas para futura execução no Colégio Santa Catarina, desde a mudança do nome Informática para Setor TIC, analisando os benefícios e traçando metas com base nas dificuldades e desafios encontrados. Assim, pretendemos nos alinhar com os demais projetos desenvolvidos no Brasil que visam a melhorias e a estímulos na educação. Com a prioridade na qualidade da comunicação, por meio de uma gestão de relacionamento preocupada em fazer uso adequado das TICs, melhoraremos a leitura e a escrita. 5) AVALIAÇÃO Com o projeto, nos engajamos no espírito da equipe diretiva e reconhecemos o esforço da coordenação, valorizando a ação e nos empenhando com a aplicabilidade da ideia de aliar as TICs ao fomento da leitura e da escrita. Com a proposta, colhemos relatos de diversas fontes, com as quais foi possível concluir que nossa comunidade está constatando fatos, coletando alguns dados satisfatórios, e revertendo em aprendizagem aplicada. Com a melhora da qualidade e da capacidade comunicativa, espera-se melhores resultados nas avaliações externas a serem feitas pelos alunos no final do ano (e na vida cotidiana da comunidade escolar). O presente relato teve como objetivo exemplificar algumas práticas pedagógicas que começaram a aconteceram depois do redirecionamento da postura da equipe diretiva do CSC quanto à gestão de relacionamento e de comunicação via TICs. Nesse sentido, avaliamos como positiva essa experiência, pois tem modificado nossa rotina escolar e a maneira como víamos a leitura, a escrita e a comunicação em nossas vidas. 6) FORMAS DE ACOMPANHAMENTO E CONTROLE DAS FERRAMENTAS E AÇÕES, RECURSOS NECESSÁRIOS – HUMANOS, FINANCEIROS E MATERIAIS, RESULTADOS

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A L C A N Ç A D O S ( Q U A N T I TAT I V O S E QUALITATIVOS) Considerando a aplicação do projeto apenas no período de janeiro de 2011 a agosto de 2012, mesmo sendo iniciado antes e com previsão de continuidade da ação, pode-se dizer que: O controle dos processos e das ações fica a cargo do departamento de TIC da Instituição, gerenciado pela Direção Executiva e conta com seis profissionais: Mestres, Especialistas, Graduados e Graduandos (em Letras, em Ciências da Computação e em Segurança da Informação). Esses profissionais atuam diretamente nas campanhas promovidas, idealizando, planejando, corrigindo, desenvolvendo e avaliando. Fornecer a informação precisa e de forma instantânea é fundamental para garantir o processo de ensino aprendizagem A fim de apresentar mais conteúdo, o Colégio Santa Catarina mantém parceria com a FTD Sistema de Ensino, a qual disponibiliza material didático para os do Ensino Médio, e um portal de conteúdo pedagógico para os alunos e professores. Para os professores, a Instituição mantém um Portal Pedagógico, no qual todas as atividades de aula promovidas pelos Professores são registradas e avaliadas pelos Coordenadores. Outras informações como presença e notas parciais dos alunos também são documentadas nesse ambiente, facilitando todo o processo de impressão de boletins e análise de desempenho dos alunos. Os alunos e pais têm acesso ao Portal Pedagógico, mas com uma forma de visualização diferenciada. Aos pais, o desempenho pedagógico é o foco principal , pois facilita as ações de intervenção. Arquivos disponibilizados pelos professores ou pela Instituição também são disponibilizados nesse acesso. Para os responsáveis financeiros, a Instituição possibilita o recálculo ou a emissão de segunda via do boleto bancário (mensalidade do aluno).


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7) FORMAS DE ENVOLVIMENTO E DE RELACIONAMENTO COM O PÚBLICO DE INTERESSE (METODOLOGIA/ANEXOS E CITAÇÕES PARA ILUSTRAR O QUE FIZEMOS, GESTÃO DO PROJETO, ESTRATÉGIAS ADOTADAS PARA ATINGIR OS OBJETIVOS, APRESENTAÇÃO E DESCRIÇÃO DAS FERRAMENTAS E AÇÕES DE COMUNICAÇÃO INTEGRANTES DO PROJETO) Os itens e trabalhos citados abaixo foram realizados (alguns ainda estão em desenvolvimento em longo prazo, sem previsão de término) e estão descritos conforme consta em nosso site, em http://colegiosantanh.com.br, n o s s o c a n a l n o Y o u t u b e http://www.youtube.com/user/colegiosantanh, n o s s o c a n a l d e f o t o s http://colegiosantanh.com.br/colegio-no-flickr/, nosso canal de publicações pedagógicas http://issuu.com/colegiosantanh/docs, entre outras ações descritas em itens, abaixo, como sub-projetos e sua respectiva fundamentação teórica: A) PESQUISA: TODOS NÓS FOMOS APRENDER MAIS E PESQUISAR SOBRE CONHECIMENTO E GESTÃO (EM GRUPOS DE ESTUDOS TEMÁTICOS E COMITÊS NA ESCOLA) Susilo Baambang Yudhoyono, presidente da República da Indonésia (durante a descrição do prefácio do livro Marketing 3.0: As forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano, inscrito pelo maior nome do marketing mundial Philip Kotler), inicia seu parecer sobre civilização humana, citando três ondas. A primeira é a das sociedades agrícolas, em que o capital mais importante era a terra. A segunda é a Era Industrial: o capital é composto de máquinas e fábricas. A terceira é a Era da Informação, em que informação e alta tecnologia são os capitais essenciais do sucesso. Hoje, já podemos falar em uma quarta era, a Era do Conhecimento.

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Para abordar a importância do conhecimento, é primordial compreender um pouco mais sobre análise e gestão do conhecimento. Mas somente será possível com o entendimento estruturando do modelo de negócio que a Instituição exerce. Dessa forma, a questão mais importante a ser exemplificada neste primeiro momento é: qual é “o nosso negócio”? Educar! Segundo ROSINI, 2003, investir em gestão do conhecimento só vale a pena para empresas que estejam pensando no longo prazo, que pretendam ainda estar no negócio daqui dentro de alguns anos, o que vem consolidar com o planejamento estratégico das Instituições da Associação Congregação das Irmãs de Santa Catarina, que sempre despontaram para preocupação com o indivíduo, com o social e com a cooperação, tornando a conscientização, o aprendizado e a atuação pilares do crescimento e conhecimento humano, a curto, a médio e a longo prazo. Desenvolver e implementar tecnologias a fim de reduzir custos vêm contra o planejamento estratégico da Instituição e não compreende os objetivos do Departamento da Tecnologia da Informação e Comunicação do CSC. Todo o processo de construção tecnológica no Santa8 implica em estudo com os envolvidos no ambiente, validando a aplicação somente se a mesma agregar valor ao utilizador, minimizar esforços e a partir do uso aderir conhecimento as partes. Segundo CARNEIRO (2011), a cultura do século XXI está intimamente ligada à ideia de interatividade, de interconexão diversa e crescente, tudo isso se deve à questão da expansão das tecnologias digitais. Por outro lado, expandir sem planejar, instalar sem identificar pré-requisitos retornam atraso no processo do conhecimento. 1.1 Classificação dos campos da gestão do conhecimento Para SVEIBY, 2003, existe classificação ao 9 abordar o campo da GC, tanto em termos das áreas do conhecimento, que a compõem, quanto em relação aos níveis de percepção que

8 - Colégio Santa Catarina 9 - Gestão do Conhecimento

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caracterizam o processo: ÁREAS DO CONHECIMENTO: gestão de pessoas: envolve as áreas de filosofia, psicologia, sociologia e administração, para o entendimento da dinâmica dos processos de criação e difusão de conhecimento tácito; gestão da informação: envolve as áreas de tecnologia e ciência da informação para a construção da base de conhecimento codificado. NÍVEIS DE PERCEPÇÃO: perspectiva individual: inclui as motivações e as capacidades dos indivíduos; perspectiva organizacional: inclui os recursos e as competências essenciais das organizações. Segundo DAVENPORT E PRUSAK (1998, p.130), “a gestão do conhecimento deve ser parte do trabalho de cada um dos membros da empresa”. Gestão do Conhecimento é a gestão dos ativos intangíveis baseada, sobretudo, na competência eficiente e eficaz dos seus colaboradores. 1.2

quatro categorias, otimizando o resultado nos mais diversos buscadores. Outras características marcantes da página oficial do Colégio são: destaque ao Portal Pedagógico, banners informativos reproduzidos por um temporizador, claro acesso à missão, à visão e à filosofia da instituição, formas de contato, localização e o calendário escolar permanentemente atualizado. A Gestão do Conhecimento (GC) irá trabalhar mesclando a Tecnologia da Informação (TI) utilizada na empresa com a sua própria cultura. O conhecimento vem sendo considerado um diferencial competitivo e afeta a performance da Organização, além de outros fatores. A TI será utilizada para viabilizar a troca do conhecimento tácito entre todos além, é lógico, dos processos de captura da informação e posterior distribuição. (MENDES, 2012)

A serviço do conhecimento. 10

Segundo SCHROEDER, 2002, a TIC deve ser vista como uma agregadora de alta qualidade, desenvolvendo informações que "agreguem valor", tornando a conexão mais qualificada e estável. O Departamento da TIC desenvolve um trabalho diretamente ligado à comunidade e s c o l a r, p r o d u z i n d o , a d m i n i s t r a n d o e compartilhando conteúdo relevante. No último período, soluções movimentaram a área de desenvolvimento do Departamento da TIC do Santa. Como marco institucional na Era da Informação, é fundamental a manutenção de uma homepage, a qual deve centralizar todas as características de uma instituição e nortear todos da comunidade escolar. A imagem a seguir apresenta a página oficial do site do Colégio Santa Catarina (www.colegiosantanh.com.br). A página Institucional do Colégio Santa Catarina possui mais de 650 publicações oriundas das mais diversas atividades realizadas na Instituição. O Departamento da TIC prima pela qualificação do acesso à informação, sendo assim, hoje subdivide essas publicações em 10 - Tecnologia da Informação e Comunicação

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Homepage do Colégio Santa Catarina

1.3 Da pesquisa à prática: a TIC convida a todos para escrever, produzir notícias, publicar, socializar conhecimento e avaliar por meio de formulários eletrônicos... A descoberta de novas necessidades para incentivo ao conhecimento ocorre através de


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pesquisas de avaliações e participações optativas que ocorrem durante todo ciclo escolar. Essas pesquisas são atribuídas aos colaboradores e à comunidade escolar durante o ano letivo. Alinhada e estruturada junto à coordenação pedagógica, o Departamento da TIC gera formulários através do “Google Docs”, ferramenta livre disponível para usuários do Google o qual permite a criação de planilhas e formulários, entre outros recursos que facilitam o encaminhamento ao público alvo designado. A avaliação do conhecimento é algo muito complexo e altamente dependente do contexto. Uma teoria divulgada em japonês para um público que não conhece a língua não tem valor algum. O conteúdo da teoria, que pode ter muito valor para um público japonês, não passará de um agrupamento de símbolos para o público atual. (SIQUEIRA. 2005)

A instituição entende que ao exercer o processo democrático e ouvir para construir soluções, faz despertar a cooperação e o acesso ao conhecimento pelos mais diversos meios. A imagem a seguir apresenta algumas das atividades que obtiveram avaliação durante o ano de 2012.

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com a padronização e a centralização das ações oriundas das mais diversas vertentes inovadoras da Instituição. 1.4 Depois de refletir, estudar, aprender e praticar, passamos da ação à avaliação... Segundo REZENDE 2003, o conhecimento refere-se à habilidade de criar um modelo mental que descreva o objeto e indiquem as ações a implementar e as decisões a tomar. O Comitê de Qualidade se reúne semanalmente em encontros previstos de três horas. Conta com um grupo fixo formado pelas Diretoras Geral e Executiva e por um profissional do departamento pedagógico, um do administrativo e um do departamento de TI. Com pautas diversas, procura aprofundar temas que serão campanha ou mobilizarão a comunidade nas semanas subsequentes. Conselheiros são convidados para agregar o grupo a cada reunião, estes conselheiros detêm conhecimento específico em suas áreas de atuação, o que facilita o andamento das atividades do Comitê de Qualidade. Todo encontro do Comitê de Qualidade gera, para fins de documentação e qualificação do trabalho, uma ATA que descreve as decisões e ações empregadas nos assuntos discutidos. Na imagem a seguir, é possível verificar a ação de documentação do processo de matrícula da instituição, que facilitou a todos os colaboradores a identificação do seu papel perante o todo do evento.

Avaliações executadas em 2012

Dentro do processo de interpretação dos dados, a fim de gerar informação e buscar a construção do conhecimento, entra em ação o “Comitê da Qualidade”. O Comitê da Qualidade do Colégio Santa Catarina foi constituído em meados de setembro de 2011 a fim de contribuir

Documentação do processo de matrícula de alunos novos.

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Dentre algumas ações supervisionadas pelo Comitê de Qualidade do Colégio Santa Catarina estão:

1.5 Utilidades públicas: gestão de relacionamento é isso, é priorizar a informação e usar bem as TICs...

Validação dos transportadores que prestam serviço aos alunos do Santa, a fim de promover à comunidade escolar a confiança na escolha de um transporte regularizado e de segurança. O processo de cadastro dos transportadores iniciou no final dezembro de 2011, quando foi realizado o levantamento da quantidade de alunos que utilizavam de serviço de vans e, em outra frente, quais seriam os veículos que atenderiam o Colégio Santa Catarina.

Com cerca de 1400 alunos, o número de requisições provenientes das mais diversas situações são elevadas e, muitas vezes, esquecidas dentre as diversas atividades que cada colaborador tem de exercer. Procurando documentar e agilizar o atendimento dessas ocorrências, o Colégio Santa Catarina lançou, no dia 12/04 deste ano, seu sistema de ouvidoria. Assim como o sistema de Transporte Escolar, o Sistema de Ouvidoria foi desenvolvido e é mantido pelo Departamento da TIC da Instituição e visa escutar, documentar e resolver qualquer solicitação oriunda da comunidade escolar.

Durante o período de férias escolares, que compreenderam o período de janeiro de 2012 a março de 2012, todos os transportadores cadastrados receberam um comunicado, oportunizando, a partir da disponibilização de copia de alguns documentos, a apresentação dos seus serviços em uma área no site da Instituição. Tivemos grande aceitação junto aos transportadores e, em meados de março deste ano, o Colégio Santa Catarina lançou oficialmente a área “Transporte Escolar” dentro do site oficial da Instituição (http://colegiosantanh.com.br/transporteescolar/). Essa iniciativa foi elogiada pela Secretaria Municipal de Urbanismo – COMUR e Guarda Municipal de Novo Hamburgo, exaltando o cuidado da Instituição na indicação de serviços legalizados.

Hoje, todas as solicitações são destinadas a ouvidoria. Em cada departamento da Instituição existe um responsável e a este cabe dar andamento a sugestão, ao elogio ou a reclamação proveniente do atendimento. A Diretora Geral e o Departamento de TIC podem visualizar todos os atendimentos, agenciando a rapidez a determinado evento (http://colegiosantanh.com.br/ouvidoria/ ).

Ouvidoria do Colégio Santa Catarina. Escolha pelo site do Colégio o transportador

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Durante os encontros do Comitê de Qualidade, denotou-se o grande volume de informações geradas pela instituição, as quais ainda se encontravam em diversos ambientes virtuais. Então foi proposta e finalizada a Intranet e a Extranet da Instituição. Como a Intranet e a Extranet poderia auxiliar no andamento dos processos da Instituição? Ao centralizar as informações pertinentes a todos os departamentos em apenas um endereço ativo somente dentro da Instituição, fez com que o conhecimento de diversos fatores se tornassem corriqueiros e fossem visualizados e interpretados por uma gama muito maior de colaboradores. Já a Extranet possibilitou uma autenticação dos colaboradores e da comunidade escolar em o todos os serviços fornecidos pelo Colégio, agilizando e mantendo atualizados os dados cadastrais desse nicho.

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Com todos os setores tendo acesso a mesma informação, ficou mais relevante o desenvolvimento de um calendário escolar estruturado dentro da Intranet. A partir desse momento, todos os setores possuíam um responsável a manter atualizado o calendário. Esses, a cada nova inscrição de data, deveriam optar por dois modelos de informações: as informações pertinentes à comunidade escolar deveriam ganhar o status “online” ou as que eram pertinentes apenas a Instituição e o seus setores, não ganharam status. Utilizando do recurso da Extranet, toda data na agenda escolar que possuía o status “online” era visualizada no site da Instituição. Tinha possibilidade de navegação nos meses e também possibilidade de acesso a uma versão impressa com todo o calendário escolar.

Calendário Escolar no Site da Instituição que agiliza acesso à informação, mesmo que alguns alunos usem sua própria agenda. Intranet - Agenda, rematrícula, webmail entre outras funcionalidade.

Extranet, tela de autenticação da comunidade escolar.

Manter um perfil Institucional nas redes sociais é fundamental para ampliar a comunicação com os mais diversos públicos. Dessa forma, o Colégio Santa Catarina mantém atualizada sua fanpage no FACEBOOK, a qual recebe publicações oriundas do site oficial da Instituição e outras publicações focadas no perfil do usuário da rede. A apresentação das atividades da Instituição e o feedback da comunidade são pontos importantes possibilitados pela atuação nas redes sociais (https://www.facebook.com/santanh).

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Página no Facebook do Colégio Santa Catarina

Para concretizar o programa de qualificação da informação e disponibilidade nos mais diversos meios, visto o crescimento das vendas de dispositivos móveis como smartphones e tablets, o departamento de TI desenvolveu e apresentou, no dia 06/06/2012, um aplicativo para dispositivos com sistema operacional Android. O aplicativo é gratuito e está disponível Google Play, repositório oficial do Google, estando liberado a toda a comunidade o download. O aplicativo oferece as últimas notícias, as fotos, os vídeos, o mapa e diversas curiosidades, além do acesso em tempo real ao c a l e n d á r i o e s c o l a r (https://play.google.com/store/apps/details?id=c om.conduit.app_b5aa0ab00c7843038c5a6ed41 1f49b37.app&feature=search_result#?t=W251b GwsMSwyLDEsImNvbS5jb25kdWl0LmFwcF9i NWFhMGFiMDBjNzg0MzAzOGM1YTZlZDQxM WY0OWIzNy5hcHAiXQ..).

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Aplicativo para dispositivos com Sistema Operacional Android

Com todas as informações latentes, resta analisar diariamente/semanalmente o crescimento e qualificar ainda mais a informação, promover ações contínuas para priorizar áreas importantes, mas, por vezes, esquecidas por determinados grupos. O gráfico a seguir foi produzido pelo Google Analytics contabilizando o úmero total de acessos e visualizações no período de 01/01/2011, quando iniciou o processo de qualificação da informação, até o dia 31/07/2012. O detalhe significativo a observar é que obtivemos um crescimento considerável neste ano no número de visitas, o qual também se encontrava estável perante as situações já identificadas anteriormente pelo departamento de TI. Importante salientar que os picos de acesso ocorreram nos períodos de entrega de boletins e comemorações específicas da comunidade escolar. O trabalho continua. Ações como rematrícula online, agendamento de visitação, matrícula facilitada e trabalhe conosco são funções a serem desenvolvidas pelo


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Departamento de TI ainda em 2012 e agregadas ao conjunto de atividades de sucesso já implementadas. Analisar, corrigir e reestruturar as ações em andamento são os papéis do Comitê de Qualidade juntamente com coordenação pedagógica da Instituição. A comunidade escolar resta auxiliar no crescimento e na busca por mudanças significativas para a sustentação do processo de ensino aprendizagem.

Gráfico produzido pelo Google Analytics

2) Projetos de leitura (programas como o Jornal na Sala de aula e o Ler é Saber): compilação de sub-projetos para “Melhorar a compreensão e a produção da leitura, da escrita e da comunicação nas mídias impressas e digitais” 1. Revista Pedagógica Santa@PublicAção-Lançamento da p r i m e i r a e d i ç ã o (http://www.flickr.com/photos/colegiosantanh/sets/72157623459499980 46 photos)> já na 6ª edição, para proporcionar um espaço de produção semestral. Todas as edições estão disponíveis em nosso site www.colegiosantanh.com.br, assim como as normas e a ficha de inscrição.(Aproximadamente 10mil pessoas envolvidas direta e indiretamente) 2. U s o d e f e r r a m e n t a s t e c n o l ó g i c a s (http://www.flickr.com/photos/colegiosantanh/sets/72157623466167684/ 67 photos) e preocupação com capacitação das novas tecnologias, para dar suporte aos colaboradores e funcionários quanto à nova modalidade de leitura e escrita na contemporaneidade.(Aproxim. 100 pessoas envolvidas) 3. ReuniãodePaisCursosTécnicos (http://www.flickr.com/photos/colegiosantanh/sets/72157623525632777/ 4 photos)- acerca da importância da leitura e escrita para promoção da pesquisa, ensino científico e tecnológico. (Aproxim. 500 pessoas envolvidas)

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CONSIDERAÇÕES FINAIS Pensamos que nossa busca pelo conhecimento, galgando a tecnologia e a comunicação e primando o saber, o conhecer, e aplicar o que aqui foi descrito como projeto “TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação), uma vez que visa à construção dos objetivos com adequação, abrangência e nível de complexidade e produz práticas e habilidades de transformar e ampliar o envolvimento com os públicos de interesse, considerando o grau e as formas de interação, o atendimento das expectativas e a qualidade da estratégia desenvolvida. O nível de adequação e criatividade está adequado ao emprego, de acordo com os objetivos propostos, com os resultados obtidos e com a qualidade das ferramentas e ações de comunicação utilizadas. A criatividade para a integração na definição e aplicação das ferramentas e ações indica a aderência da nossa estratégia, com o posicionamento e obtenção dos melhores resultados. Com o que foi alcançado, houve modificações positivas, geradas dentro de seus objetivos, o que contribuiu com o nível de sucesso do projeto e com o impacto gerado. Há avanços quanto à qualidade da apresentação e das informações prestadas, clareza do conteúdo apresentado, estrutura e organização das informações prestadas, mas se sabe que o projeto “TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) e a preservação do Patrimônio no Colégio Santa Catarina” passará a ser programa, instituído no Colégio com a ampliação dos sub-projetos (além dos mencionados, haverá novos). Percebemos que, com a ajuda da TIC, nossos projetos se fortaleceram e a comunicação melhorou, interna e externamente, fazendo com que nosso público, a comunidade escolar, tivesse consciência de que a informação (o acesso à) é um direito e, acima disso, pode ser considerada um Patrimônio. Para tanto, para usarmos melhor as TICs e nos comunicarmos com clareza, precisamos orientar nossos alunos, pais e professores quanto ao uso das TICs e quanto à ética necessária, sobretudo nos

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ambientes virtuais, além de continuarmos embasando a escrita também no âmbito virtual. Patrimônio é a base na qual a humanidade edifica sua memória e desenvolve suas múltiplas identidades. Um projeto de gestão na comunicação que use as TICs, como o nosso, permite que estejamos relacionados com acontecimentos, tradições viventes, crenças e obras excepcionais. As TICs auxiliam na comunicação por ajudarem a salvar e preservar, inclusive, o Patrimônio Mundial Imaterial. Essa foi “a grande sacada” do nosso projeto: não basta apenas aprender a escrever, ler com proficiência ou usarmos bem a comunicação, mas percebermos que as TICs estão aí também para perpetuar a história e auxiliar através de suportes, virtuais ou físicos (gravações em CD, DVD), auxiliando na transmissão do Patrimônio Cultural às novas gerações, processo que pode, deve, precisa ser vivenciado e mediado na escola, no currículo ou em projetos, como os sub, anteriormente citados. Devemos também lutar contra a desvalorização que sofrem as culturas tradicionais, principalmente pelos jovens em detrimento da defesa das TICs com argumentos vazios em favor da tecnologia. É preciso aliar esses estudos ambiental + tecnológico + histórico-cultural+ linguístico/ semiótico/ comunicacional. Esopo afirmava que a língua é por sua vez um tesouro e uma barreira, pois, ao mesmo tempo que aproxima os homens, também os distancia. Pode-se dizer o mesmo das culturas. É preciso preparar os jovens para a vida, para o Desenvolvimento Sustentável e para a Educação para a Paz, com aulas diversificadas, como, por exemplo, “ética, hierarquia e referências bibliográficas em plena aula de informática!” Educar é buscar, solucionar os problemas que ameaçam o futuro coletivo: é um processo para se aprender a tomar decisões que considerem o futuro da economia a longo prazo, a ecologia e a igualdade de todas a comunidades. As TICs auxiliam nisso,

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contribuindo com conteúdos, modificando ações e pensamentos para além “de uma simples boa comunicação”. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARNEIRO, Paula de Azeredo Coutinho, Escola & Empresa: Um Só Caminho - Orientações para ampliar a visão dos profissionais da educação, São Paulo, Biblioteca 24 horas, 2011, 100 p. CRUZ, Tadeu, Gerência do Conhecimento, 2ª ed, Rio de Janeiro, E-papes, 2007, 173 p. DAVENPORT, Thomas, PRUSAK, Laurence. Conhecimento empresarial: como as organizações gerenciam o seu capital intelectual. Trad. de Lenke Peres. 14. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 1998, 243 p. MENDES, Alexandre, Gestão do Conhecimento e a Tecnologia da Informação, uma forte aliança, Disponível em: <http://imasters.com.br/artigo/7378/mercado/gest ao_do_conhecimento_e_a_tecnologia_da_inform acao_uma_forte_alianca/>. Acessado em: 10 de junho de 2012. MENDES, Alexandre, Gestão do Conhecimento e TI, Disponível em: <http://imasters.com.br/artigo/3578/gerencia-deti/gestao-do-conhecimento-e-ti-parte-02>. Acessado em: 10 de junho de 2012. REZENDE, S. O. Sistemas Inteligentes: Fundamentos e aplicações. Barueri, SP, Manole, 2003. ROSINI, Alessandro Marco e PALMISANO, Angelo, Administração de Sistema de Informação e Gestão do Conhecimento, São Paulo , Thomson , 2003, 233 p. SCHROEDER, Isley Roberto, O PARADIGMA DA INFORMÁTICA: Gerar lucro para empresa - Nobel, São Paulo, 2002, 121 p. SIQUEIRA, Marcelo Costa, Gestão Estratégica da Informação – Como transformar o conteúdo informal em conhecimento valioso. Rio de Janeiro, Brasport, 2005, SVEIBY, Karl Erik. A nova riqueza das organizações: gerenciando e avaliando patrimônios de conhecimento. 7. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003. 260 p.


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Edilaine Vieira Lopes11 12 Giséli Lindemann Buerger 13 Mara Regina Gonçalves Capeletti

COMPETÊNCIA ESCRITA / LEITORA: ENSINAR OU APRENDER A ESCREVER / LER? “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo. Os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.” (Paulo Freire)

INTRODUÇÃO Como desenvolver em nossos alunos as competências escrita e leitora? É necessário, primeiro, oportunizar aos discentes momentos de escrita e de produção, para que saibam qual a intencionalidade desses atos. Assim, após um intenso trabalho, com práticas constantes de escrita/reescrita e de muita leitura, os alunos poderão ser considerados competentes na escrita e leitura. Ressaltaremos, aqui, a importância da excelência na escritura para que os alunos construam cidadania, sejam autores capazes de comunicar suas ideias e sirvam-se da Língua Portuguesa, retirando dela sua aplicação à vida cotidiana. Sabe-se que os “monstros” da escola são a gramática e a ortografia, mas como fazer com que pareçam menos ameaçadores? O presente artigo trata-se de um relato das atividades realizadas com os alunos das turmas 43 e 44, do Colégio Santa Catarina, durante o ano de 2012, visando à aquisição das competências leitora e escrita, considerando que são processos mútuos, visto que, enquanto lemos, estamos escrevendo nossa história e, enquanto escrevemos, estamos lendo o mundo. Neste relato, foram abordados aspectos teóricos que fundamentam a prática do professor em sala de aula, à busca da excelência na escrita de nossos alunos, ou seja, associam a teoria à prática educacional, dando sentido e fundamentando o processo.

CARACTERIZAÇÃO DO TRABALHO Este trabalho trata-se de um sonho antigo, resultado da crença de que a aprendizagem é fruto da interação de quem ensina, de quem aprende e o universo a volta. A aprendizagem da escrita sempre foi e sempre será a grande preocupação de todos os educadores que se preocupam com o desenvolvimento escolar e pedagógico de seus alunos. A interação do homem com o mundo se dá desde os primeiros segundos de vida, o primeiro choro é o início desse processo. Com o passar do tempo, a fala passa a ser a principal maneira dessa interação, pelo menos para a maioria das pessoas. Utilizamos a fala para expressar nossos sentimentos, solicitar o que desejamos, expressar nosso pensamento. Na fala, ritmo, altura, tom de voz, segurança no que está sendo dito, linguagem corporal são fatores que podem influenciar ou não o entendimento da mensagem a ser passada. Assim também é na linguagem escrita: há interferência de diversos fatores. O que difere a fala da escrita é que nesta podemos voltar atrás e reler o que não entendemos, o que é inviável naquela. Diferente da linguagem oral, que é adquirida naturalmente pela criança após seu nascimento, a linguagem escrita se faz através de esforço, repetição, tentativa erro-acerto. A aprendizagem da escrita exige trabalho, sistematização e persistência, tanto por parte de quem aprende como de quem ensina.

11 - Doutoranda em Letras (UniRitter/ UCS). Mestre em Educação. Pós-graduada em Tecnologias e Educação a Distância. Graduada em Letras. Professora da área Linguagens, no Ensino Fundamental (Colégio Santa Catarina). Membro e co-fundadora do Conselho Editorial da Revista Pedagógica Santa@PublicAção. http://lattes.cnpq.br/7385721779493141 edilaine.nh@gmail.com 12 - Formada no curso Normal no Colégio Medianeira em Candelária, RS. Graduanda do curso de Pedagogia pela Ufpel. giseli_lindemann@yahoo.com.br 13 - Graduanda em Pedagogia e Supervisão Escolar pela Universidade Feevale. Formada no curso de Magistério pelo Colégio Santa Catarina; professora das séries iniciais do Ensino Fundamental. mrc.capeletti@gmail.com

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Quando se fala em competência escrita, pensa-se em fatos retirados de algum texto, ideias de assuntos trabalhados anteriormente em aula ou algo que os alunos tenham que complementar com a sua opinião. Em muitos casos, pede-se para que os alunos escrevam uma história. Para que o ato de escrever seja bemsucedido é necessário seguir um plano, do qual façam parte a escolha de um assunto, o conhecimento do assunto, a escolha do tipo de gênero a ser escrito, a necessidade da escrita propriamente dita e sua revisão, até que seja alcançado um bom resultado, o texto propriamente dito. A produção de texto feita pelos alunos, geralmente, cumpre com as exigências do professor e este, muitas vezes, não se dá conta de que o aluno precisa de motivação, ou seja, de leitura e de uma análise maior dos textos estudados. A produção de texto parte do resultado de informação, recorrendo a fontes internas (memória) e externas (livros, materiais, pessoas). Depois, envolve a concentração que remete para a criação e organização das ideias, que implica o estabelecimento de objetivos e a busca de meios para concretizá-los. Com isso, a escrita passa a ser entendida como uma situação de resolução de problemas. A organização das ideias pode ser feita através de um suporte escrito (esquemas, mapas de ideias…), ou estruturada mentalmente. Solicitamos, aos alunos das turmas 43 e 44 a escrita e a reescrita de textos dos mais diversos gêneros conforme estudos e teorias da corrente filosófica russa de Bakhtin, entre eles estão a poesia, fábula, propaganda, reportagem, transcrição de entrevistas, artigo, relatório de projetos, mangás. A escritura14e a escrita são práticas sociais, pelas quais transpassam uma relação bem intensa entre escritor, leitor e o estímulo à preocupação com a obra a ser construída pelo processo da leitura, ou seja, se ela será entendida e apreciada esteticamente.

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Existe a necessidade do trabalho com diferentes gêneros textuais, o que também é citado nos PCN's (1998): Formar escritores competentes supõe, portanto, uma prática continuada de produção de textos na sala de aula, situações de produção de uma grande variedade de textos de fato e uma aproximação das condições de produção às circunstâncias nas quais se produzem esses textos. Diferentes objetivos exigem diferentes gêneros e estes, por sua vez, têm suas formas características que precisam ser aprendidas. (PCN's, 1998: 49)

Todas as correções dos trabalhos nesse relato apresentadas foram feitas para aluno e professor estudarem a obra criada pelo aluno, lerem e relerem, tentando em conjunto, melhorála e retextualizá-la. Os alunos também reescreveram o texto, conforme depoimento do aluno Arthur Souza: “ É importante reescrever o texto, pois, assim, podemos aprender a fazer uma boa história, engraçada. Não me importo em escrever o texto de novo, pois é bom para perceber os nossos erros, mesmo reescrevendo três vezes ainda encontramos erros...”. Segundo Vanete Maria Puhl, mãe do aluno Arthur, “o Arthur melhorou em muitas coisas: escrita, atenção, discernimento, leitura e interpretação. Percebo que está melhor para realizar tarefas extraclasse e melhorou muito a letra, quando estamos conversando e ele entra... ele escuta, pensa e depois dá sua opinião, coisas que antes ele não fazia, sua ortografia melhorou bastante também, escreve quase sem erros..”. Nos momentos em que as correções são feitas, é necessário deixar claro, ao aluno, que escrever é delicado e exige disciplina, treino e disposição, assim como afirmam os PCNs (1998), pois esse processo não é fácil: ...a conversa entre professor e alunos é, também, uma importante estratégia didática em se tratando da prática de produção de textos: ela permite, por exemplo, a explicitação das dificuldades e a discussão de certas fantasias criadas pelas aparências.

14 - Em “O rumor da língua”, Barthes (2004, p.382) afirma que a escritura é uma potência, fruto de iniciação, mas também o grau zero da escrita, uma aventura com generalidade simbólica.. Entende-se que a escritura está mais ligada ao prazer, à fruição, ao devir, ao ócio criativo, do que propriamente, aos exaustivos trabalhos de ensaio da escrita acadêmica, tanto treinados na escola formal.

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Uma delas é a da facilidade que os bons escritores (de livros) teriam para redigir. Quando está acabado, o texto praticamente não deixa traços de sua produção. Este, muito mais que mostra, esconde o processo pelo qual foi produzido. Sendo assim, é fundamental que os alunos saibam que escrever, ainda que gratificante para muitos, não é fácil para ninguém. (PCN's, 1998: 50)

Um texto (simplesmente com os erros ortográficos e gramaticais assinalados) entregue ao aluno inviabiliza o processo de construção do conhecimento, pois esta só acontece quando a correção é feita em frente ao aluno e em conjunto com ele. É necessário que exista a preocupação gramatical, mas apenas ela não basta, conforme CAGLIARI (2009): O ensino da gramática normativa representa essa concepção de mundo na vida escolar. Uma gramática normativa é muito convincente para o trabalho de avaliação que a escola gosta de fazer, mas é pouco interessante do ponto de vista do funcionamento da Língua Portuguesa. E aqui também a escola se engana, mostrando aos alunos que a correção gramatical é sinônimo de linguagem correta e perfeita. Quantos alunos escrevem textos horríveis sem nenhum erro gramatical!... naturalmente não se pode escrever um texto sem preocupações gramaticais. Acontece, porém, que só as preocupações gramaticais não bastam. O texto, como expressão linguistica completa, precisa seguir as regras sintáticas, mas não só elas. Todos os níveis de uso da linguagem participam na elaboração de um texto, desde sua fonética até a gramática, seja ele escrito ou falado. (CAGLIARI: 2009: 33)

Como bem dito por SOARES (2012), em seu livro Alfabetização Linguística, da teoria à prática, “escrever envolve um processo contínuo de construção e reconstrução, com normas próprias do código linguístico” (2010: 38), e isso nós oportunizamos aos nossos alunos durante o ano todo, como processo, numa preparação ao 5º ano e fases subsequentes, nas quais novas etapas se iniciam. A leitura e a escrita são um

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processo de aquisição da linguagem, pois sabemos que, enquanto vivemos, adquirimos linguagem, o que permite crescer com conhecimento e sabedoria, em busca de uma escrita coesa e coerente. Competência escrita refere-se à habilidade de compreender o texto, não como um agrupamento de frases bem postas e colocadas, mas relacionadas a um conjunto de frases continuadas e harmoniosas, em que há ligação entre o que o autor da produção deseja expressar e os elementos da escrita. De acordo com Koch e Travaglia: A coerência se refere à possibilidade de se estabelecer um sentido para o texto, ou seja, ela é o que faz com que o texto faça sentido para os usuários, devendo, portanto, ser entendido como um princípio de interpretabilidade e a legitimidade do texto numa situação de comunicação, que o receptor tenha condições de calcular o sentido deste texto. (Koch e Travaglia: 1990).

Entendemos que, para compreender um texto, não basta apenas saber o significado das palavras que o compõem ou sobre a maneira como ele foi estruturado. Os elementos linguísticos são de suma importância para que se estabeleça a coerência no texto. Nossas turmas de 4º e 5º ano, no decorrer deste ano, escreveram e descobriram novas formas de escrita, despertando o prazer na leitura e, consequentemente, na produção de textos, seja na escrita de um poema (que mexe diretamente com o imaginário) e da continuação de uma história. Os alunos questionaram esta última atividade: “Como os autores conseguem escrever uma história deste tamanho?”, perguntaram, após a leitura de algumas obras. Como atividade inicial, propusemos aos alunos a escrita da autobiografia. No primeiro momento, os alunos preocupavam-se com a quantidade de linhas, e não com o conteúdo desse texto, solicitavam “dicas”. Na visão dos alunos, nesse processo, o número de linhas escritas é uma grande preocupação, e cometem

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exageros ao escrever, tentando explicar e exemplificar o que escreveram. Era visível a necessidade de intensificarmos esse trabalho, pois de acordo com GOMES (2009): “Escrever exige estudo sério, e não é uma competência que se forma com algumas “dicas” – Apenas o estudo dedicado, uma prática constante de escrita e muita leitura levarão à competência na produção escrita. Algumas dicas, colocadas no momento de algum problema específico, podem ajudar, mas, colocadas como uma fórmula Mágica para escrever bem, são uma falácia.” (2009: 116).

A autobiografia, depois de reescrita, foi digitada e arquivada para, após seis meses, ser relida e reescrita pelos alunos (que já passaram pela descoberta de variados conhecimentos adquiridos por novas experiências e vivências). Isso oportunizou um novo olhar acerca do texto anteriormente escrito. Foi proposto aos alunos que analisassem sua produção e verificassem os princípios da textualidade, citados por COSTA VAL (1991). São eles: · Coesão: as informações se conectam? · Coerência: existe interação entre as informações? · Intencionalidade: qual o seu objetivo com essa escrita? · Aceitabilidade: as informações, no que se refere a atitudes, contidas no texto serão aceitas pelo leitor? · Informatividade: o texto é previsível? Traz informações novas? · Situcionalidade: como o texto se relaciona com o que ocorre?

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Cada aluno fez uma análise bastante detalhada do seu texto. Alguns até solicitaram se poderiam escrever um novo texto, o que evidenciou a melhora na competência escrita. O aluno Bernardo, reescrevendo o texto, fez o seguinte comentário: “ Vi que palavras se repetiam e que poderia trocar os nomes por pronomes pessoais, como aprendemos esses dias, assim não fica chato ler o texto!”. A aluna Maria Eduarda, feliz com a melhora do seu texto, disse o seguinte: “Escrevendo e lendo o mesmo texto mais vezes consegui melhorar cada vez mais...”. K O C H ( 2 0 11 ) e x p l i c a q u e p a r a conseguirmos a continuidade de um texto, “é preciso estabelecer um equilíbrio entre duas exigências fundamentais: repetição (retroação) e progressão. Isso é, na escrita de um texto o produtor se remete, continuamente, a referentes que já foram antes apresentados e, assim, introduzidos na memória do interlocutor;” (2011: 138). Quando trabalhamos com escrita e leitura com os alunos, percebemos a importância da troca de textos entre eles, como invenção de 15 problemas e cognição. Esse foi um momento significativo para os alunos, pois eles entraram no próprio texto de forma diferente, como revisores. Citamos o exemplo da produção de um poema sobre as frutas: houve resistência de alguns, pois nem todos aceitaram se distanciar de seu texto e ver que o mesmo estava sendo alterado. Por isso, acreditamos que seja melhor que o texto fique um tempo “descansando”, pois quanto mais claro estiver o critério de produção e revisão de um texto, melhor será a troca e a intervenção dos colegas e professores: mais produtiva será a reescrita!

· Intertextualidade: este texto se relaciona a outro? 15 - A palavra invenção é citada aqui, tendo em vista que esse trabalho bebe na fonte da teoria de KASTRUP (1999), que vê a cognição como a invenção de problemas, não apenas como solução ou resolução. Na obra “A invenção de si e do mundo”, Kastrup (1999, p. 27) difere a cognição, como inteligência artificial, advém da psicologia, filosofia e neurociência, da cognição considerada quando se cria algum problema, decidindo atribuir uma nova direção, novas formas de pensar e fazer. Na atualidade, a invenção tem lugar. Fazer história da atualidade não é fazer sobre o que se passou, mas sobre o que está se passando, de um movimento. Partir de um devir, de uma experimentação difícil de avaliar em suas consequências para a história. INVENIRE, do latim, significa encontrar relíquias ou restos arqueológicos. = invenção. O resultado é necessariamente imprevisível. A invenção implica o tempo. Ela não se faz contra a memória, mas com a memória, como indica a raiz comum à “invenção” e “inventário”.

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Outro exemplo de trabalho textual foi quando as turmas do 4º ano escreveram sobre “O que você faria se um Extraterrestre aparecesse aqui na escola?”. Muitas ideias surgiram a respeito da reação que teriam, mas poucos chegaram a escrever realmente o que fariam. Quando foi sugerida a reescrita, percebemos o quanto eles avançaram, tanto nas questões ortográficas, como na coerência e coesão. Segundo PRESTES: “Na escola, a reescritura precisa ser incentivada em todo o processo de produção textual; o professor deve auxiliá-los, respeitando suas estratégias individuais de reescritura”.(2001, p 11) Ao estudarmos as fábulas, foi proposto aos alunos o estudo das diversas versões da fábula A Cigarra e a Formiga. Foram feitos diversos estudos sobre os textos apresentados, interpretações de texto oral e escritas, colóquios, pesquisas, apresentação teatral e, por fim, a produção, em duplas, de uma fábula. Como dito anteriormente, a construção da escrita não é um conhecimento fácil de ser adquirido, portanto, ao estabelecer uma conexão entre expressão oral, corporal e escrita, a apropriação desse saber se torna facilitada. Conforme SOARES (2010): “Até que consiga estabelecer uma completa relação entre a fala e a escrita, o aluno necessita de intensa e rica interação com a leitura e a escrita, enquanto vai construindo seu próprio conhecimento sobre o que ler e escrever, baseando-se nos modelos que o meio social lhe oferece.” (2010:39), o que mostra a necessidade existente da análise de diferentes textos pelos alunos, para fazer ouvir o rumor da língua.16 As fábulas, depois de concluídas, foram digitadas pelos alunos para montagem de um álbum de produções, criando assim uma funcionalidade para a escrita. Escrever está inteiramente ligado às práticas sociais. Vivemos

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em um mundo que exige mais a prática da escrita e, conforme GARCEZ (2004), sempre que escrevemos, realizamos um ato social, uma função comunicativa que estabelece os papéis de emissor/receptor. Como a construção dessa fábula foi um trabalho realizado em duplas, ficou clara a contribuição dos conhecimentos diferenciados em busca de um mesmo objetivo. No momento em que um colega escrevia, o outro ficava livre para analisar o que estava sendo escrito e como estava sendo escrito. Esse tipo de trabalho é recomendado nos PCNs (1998): “propor situações de produção de textos em pequenos grupos, para que possam dividir tarefas: produzir, grafar, revisar. Essa estratégia, além de ajudar aqueles que têm mais dificuldade, pode desenvolvê-los para a atitude colaborativa.”(1998: 52) Como citado anteriormente, foram estudadas variadas versões de uma mesma fábula, sendo que uma delas era em formato de quadrinhos. Após a leitura, foi proposta aos alunos a análise de uma imagem e explanação oral da mesma. Cada aluno deveria criar um texto para a imagem e em seguida transformar o seu texto em uma história em quadrinhos. Alguns sugeriram a realização do trabalho em formato de mangás, o que ficou a critério de cada um. Segundo Pérez e García (2001) “nas salas de aula também deve-se propiciar a leitura de revistas de quadrinhos de boa qualidade, a análise de sua linguagem (descobrindo suas imensas possibilidades expressivas), o reconhecimento dos conteúdos ideológicos que transmitem e, por fim, a realização de modelos escolares (algo que os adolescentes já fazem, espontaneamente por meio de seus fanzines).” (2001: 174), assim, pôde-se perceber um imenso interesse por parte dos alunos que na escola puderam criar algo bastante significativo e

16 - Barthes (2004, p.93) questiona se “a língua, pode rumorejar?”. Para ele, como palavra, ela permanece condenada ao balbucio. Já em forma de escrita, ao silêncio e à distinção dos signos; mas, ele insiste, fica ainda para que a linguagem realize um gozo que seria próprio da matéria. Mas o que é impossível não é inconcebível: o rumor da língua forma uma utopia”. Porém não com relação à identidade entre as coisas, as palavras. Fala-se do funcionamento, do encaixe, do barulho, dos ruídos da língua, da sintonia que há entre a linguagem e a vida, daí a explicação da escritura estar ligada à vida. Rumorejar seria fazer ouvir a própria evaporação do barulho: o tênue, o camuflado, o fremente são recebidos como sinais de uma anulação sonora.

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presente em suas vidas. Após esse momento, foi sugerida aos alunos a criação de uma “caixa da criatividade”, onde cada aluno poderia guardar suas obras (desenhos realizados, em sua maioria utilizando grafite).

· “balanceamento” entre informações explícitas e implícitas; entre informações “novas” e “dadas”, levando em conta o compartilhamento de informações com o leitor e o objetivo da escrita;

Como pudemos perceber o interesse dos alunos pelo tema, escolhemos o livro A flauta mágica, de Mozart, história reescrita em formato Quadrinhos por Rosana Rios. Esse trabalho foi mais motivado com a vinda da autora ao Colégio Santa Catarina durante da XXV Feira do Livro e IX Mostra Literária.

· revisão da escrita ao longo de todo o processo, guiada pelo objetivo da produção e pela interação que o escritor pretende estabelecer com o leitor.(2011: 34)

Durante esse encontro com a escritora, os alunos conheceram um pouco do universo do escritor e puderam perceber que escrever um livro esconde um trabalho árduo. Rosana Rios 17 deu dicas para uma boa escritura. De forma clara e objetiva, falou da necessidade de conhecer sobre o que vai ser escrito, da organização de ideias, da necessidade do “problema”, de informações que prendam o leitor ao texto e que propiciem suspense e da necessidade de revisar o que foi escrito. Comentou que gosta de imprimir o material para a realização da correção e o faz variadas vezes. Todas as dicas dadas pela a autora Rosana Rios aos alunos reforçam as estratégias que utilizamos com os alunos, contidas no livro Ler e Escrever, estratégias de produção textual de KOCH (2011), apresentadas a seguir: · ativação de conhecimentos sobre componentes da situação comunicativa (interlocutores, tópico a ser desenvolvido e configuração textual adequada à interação em foco); · seleção, organização e desenvolvimento das idéias, de modo a garantir a continuidade do tema e sua progressão;

Durante o encontro com Rosana Rios, foi contada a história sobre o Rádio Radiolino e a Cadeira Godofreda, aguçando a curiosidade dos alunos em continuar e dar um novo final. Os estudantes continuaram e acharam muito interessantes as personagens usadas pela autora. Demonstraram entusiasmo ao concluir a produção textual, que leram aos colegas, utilizando um microfone. A partir desse trabalho, continuamos insistindo na necessidade da 18 leitura, que influencia na competência escrita (e vice-versa). Segundo KOCH (2011), o que chamamos de competência metagenérica é basicamente o conhecimento de diferentes gêneros textuais, é o que nos auxilia e nos possibilita “a escolha adequada do que produzir textualmente nas situações comunicativas de que participamos.” (2011: 54), e continua, “é essa competência que possibilita aos sujeitos de uma interação não só diferenciar os diversos gêneros, isto é, saber se estão diante de um horóscopo, um bilhete, um diário... como identificar as práticas sociais que os solicitam.” (2011:55). Pensando nisso, solicitamos, às turmas de 4º e 5º ano, produções textuais dos mais variados tipos: poesia, narrativa, fábula, artigo, propaganda, relato de experiências. Isso, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998):

17 - A escritura, para Barthes (1987, p. 48) pode ser vista como um prisma ou um caleidoscópio. Toda a obra anterior nela está retratada, tudo aí volta, deformado e reformado do ponto de vista atual, a partir de cada ideia é que olhamos esse passado de escritura e ensino e voltamos ao presente. 18 - Assim 'tocar' um texto, não com os olhos, mas com a escrita, abre, entre a crítica e o leitura, um abismo, o mesmo que qualquer significação abre entre o seu bordo significante e o seu bordo significado. Porque, para Barthes (1987, p. 77) “tanto do sentido que a leitura dá à obra como do significado, nada se sabe, talvez porque esse sentido, sendo o desejo, se estabelece para além do código da língua. Só a leitura ama a obra, mantém com ela uma relação de desejo”.

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...por intermédio dos projetos é possível uma intersecção entre conteúdos de diferentes áreas: por um lado, há os projetos da área de Língua Portuguesa que, em função do objetivo de trabalhar com textos informativos, privilegiam assuntos de outras áreas, dos temas transversais, por exemplo. Por outro lado, no ensino das outras áreas, é imprescindível que se faça uso do registro escrito como recurso de documentação e de estudo. Esse registro pode resultar na elaboração de portadores de textos específicos, ao final ou durante o trabalho. Por exemplo: fazer um diário de viagem (pelos lugares que estão sendo estudados); elaborar uma cartilha sobre o que é a coleta seletiva do lixo, sua importância e instruções para realização; escrever um livro sobre as grandes navegações; ou um panfleto com estatísticas a respeito de um assunto discutido;(PCN: 1998:51)

No momento em que o assunto abordado pelas turmas foi o Sistema Solar, partiu, dos alunos da turma 43, o interesse pela construção de um foguete de garrafa pet, como viram em uma apresentação na Tela Interativa. A ideia foi criando forma até que, após construir os foguetes e a base de lançamento, lançaram o foguete e descreveram a atividade em um “Relato de Experiência”, texto que deveria conter dados técnicos e também a parte vivenciada. Ótimas produções foram entregues e nelas houve relatos muito significativos, culminando a atividade de maneira grandiosa. Para praticar a escrita desse tipo de gênero, também solicitamos, após o estudo de um artigo sobre uma planta carnívora, a escrita de um artigo sobre uma planta que cada aluno escolhia. O estudo era embasado em pesquisas e deveriam citar as devidas fontes bibliográficas. Com isso, esperávamos o crescimento do aluno como competente escritor. Conforme PÉREZ E GARCÍA (2001), aprender a escrever é um “processo cognitivo, mas também é uma atividade social e cultural que contribui para criar vínculos entre a cultura e o conhecimento.” (2001: 23).

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Ao trabalharmos os conteúdos de microrganismos, foi solicitada uma pesquisa sobre as diversas maneiras em que eles podem estar presentes na vida do ser humano. Também foi solicitado aos alunos que produzissem um texto em que um dos personagens fosse um fungo, bactéria ou vírus. Com os seguintes critérios desafiadores: começo, meio e fim, vilão, drama; uso de pronome ele e ela, evitando repetições de palavras; uso do dicionário para consultar a escrita de palavras. Os textos foram bem criativos,19 e alguns conseguiram atingir o objetivo esperado, apresentando avanços significativos nas questões ortográficas, no traçado da letra, na coesão e na coerência de seu desenvolvimento. Durante a preparação e motivação para a produção do texto, deixamos que os alunos criassem o conceito de bactéria e fungos e descobrissem em quais situações eles aparecem, embasados em suas pesquisas. Percebe-se, com isso, a necessidade de produções textuais em diversas disciplinas. O trabalho sobre competência escrita não se resume somente em Língua Portuguesa, pois se realizam anotações e registros daquilo que se estuda, em todas as disciplinas. Na preparação para a escrita, o professor deve ter em mente a situação em que os textos são produzidos. Na disciplina de Matemática, por exemplo, pode-se sugerir que os alunos produzam uma lista online de compras para um supermercado, ou elaboração de gráficos e resolução de situações–problema, criando histórias matemáticas dentro da realidade do aluno. Nessa preparação, é fundamental que já se tenha trabalhado medidas de massa, capacidade e tempo. Para aproveitar a ocasião, a motivação seria imaginar como seria essa compra pela internet? E o quanto são importantes as medidas de segurança e os recursos oferecidos pelas tecnologias.

19 - Mario Osório Marques (1997, p.58) afirma que ao escrever a imaginação produtiva é poder ativo; (P.. 56) e que o papel da teoria no escrever não é como o de algo a ser confirmado ou negado, mas como provocação de um horizonte mais vasto, pois não há outro caminho para atingir a realidade a não ser através da imaginação.

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Trabalhando desse modo, de acordo com PRESTES “modificamos esse quadro nas escolas e trabalhamos de forma integrada, lendo e escrevendo o que é do agrado do aluno, fazendo que se tornem co-participantes nesse processo, produzindo seus textos não só para o professor, mas para estarem realmente preparados e adequados para qualquer tipo de texto, em qualquer situação.” (2001, p 17). Baseado nessa afirmação, podemos refletir 20 sobre as questões da motivação para a escrita. Somente a caneta, o papel e um título não ensinam o aluno a produzir um texto: é preciso lançar mão de vários recursos e meios, atendendo os interesses das crianças e dos jovens, muitas vezes, relacionados às novas tecnologias. Além dos livros e cadernos, já percebemos a utilização de diversos recursos tecnológicos, torpedos por celular, comunicação por redes sociais e uso de ferramentas que possibilitam a interação e escrita líquida, de modo midiático e contemporâneo. Percebendo a importância dos recursos tecnológicos, todas as produções foram digitadas e, em determinado momento, quando questionamos os alunos do porquê de estarmos solicitando a digitação de textos no computador, alguns responderam que era para aprender a escrever melhor, entre eles a aluna Pâmela, que nos disse “digitar também ajuda no futuro, pois no trabalho utilizaremos muito o computador.” CONSIDERAÇÕES FINAIS Pôde-se perceber, durante a realização deste projeto com os alunos das turmas 43 e 44 e dos 5ºanos, que a produção de um texto deve ser entendida como um processo que não pode ficar limitado a um único gênero. A cada trabalho diferente, os alunos mostravam-se mais motivados e interessados. No trabalho da

reescrita, é imprescindível que os alunos percebam a importância de revisar, reelaborar, ampliar e completar o texto. Para que isso ocorra, a troca entre os colegas e a intervenção do professor é fundamental. Percebemos que, quando se realiza a correção dos textos, é elementar fazê-lo nas questões ortográficas, mas ficou evidente a necessidade de um trabalho intenso sobre os princípios da textualidade, citados por COSTA VA L ( 1 9 9 1 ) : C o e s ã o , c o e r ê n c i a , intencionalidade, aceitabilidade, informatividade, situcionalidade e intertextualidade, explicados anteriormente. Conforme depoimento da mãe da aluna Raquel, Teresinha Bockorny, “desde muito pequena, a Raquel sentava e escrevia páginas inteiras e entregava para as pessoas que gostava dizendo que eram cartas, sempre as entregava para pessoas de que gostava. Escrevia em cadernos e agendas velhos as suas histórias, até pouco tempo atrás eu não dava importância, mas agora ela diz que será escritora e tem escrito cada vez melhor, com introdução, diálogos e com 21 significado...”, confirmamos a necessidade e o resultado alcançado através do trabalho intenso com produção textual, objetivando à competência leitora. A atividade de reescritura dos texto, após um período de tempo, foi de grande valia para os alunos, pois os mesmos corrigiram os próprios erros e constataram onde e quando erraram. Em muitos casos, o aluno comete erros na escrita procurando acertar. A interface leitura X escritura foi explorada com o uso de obras literárias, recursos que exploravam o discurso jornalístico (Jornal impresso e virtual, revistas, propagandas) e de fascículos do Projeto Ler. Agradecemos à Direção do Colégio, por incentivar os temas Competência Leitora e

20 - Mario Osório Marques (1997, p.83) afirma que a poesia não pertence a quem a fez, mas a quem ela utiliza. Na leitura estão implicados o sujeito que escreve deixando no escrito suas marcas e os sujeitos que ao lerem atualizam, dão vida ao que foi escrito. A letra mata;o espírito vivifica.A folha de papel não é apenas suporte passivo, é campo aberto à criatividade do escrever e do ler, convite e incitamento à intercomplementaridade de atos separados por um hiato de tempo, que até pode ser de séculos, como pode ser de segundos, naquele instante. 21 - “Ler é desejar a obra, é pretender ser a obra, é recusar dobrar o obra fora de qualquer outra fala que não a própria fala da obra: o único comentário que um puro leitor, que puro se mantivesse, poderia produzir. Passar da leitura à crítica é mudar de desejo: é deixar de desejar a obra para desejar a própria linguagem. BARTHES (1987, p. 78)

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Escrita (em 2011 e 2012, de modo institucional, com palestras e apoio gestor em todos setores, para todos colaboradores e comunidade escolar), pelo dar a ler.22 Acreditamos, também, na necessidade de interação escritor/leitor, pois conforme KOCH (2011) “tanto aquele que escreve como aquele para quem se escreve são vistos como atores/construtores sociais, sujeitos ativos que – dialógicamente – se constroem e são construídos no texto” (2011:34), para isso, propusemos aos alunos a impressão do “Álbum de Produções”, o que ressignificou o ato de escrita aos nossos alunos, motivando-os ainda mais. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO VAL, Maria da Graça Costa. Redação e Textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1991. SOARES, Maria Inês Bizzoto. Alfabetização Línguistica: da teoria à pratica – Belo Horizonte: Dimensão, 2012. GOMES, Maria Lúcia de Castro. Metodologia do ensino da Língua Portuguesa– São Paulo: Saraiva, 2009. TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática – 14.ed. – São Paulo: Cortez, 2009. BARTHES, Roland. O rumor da língua. São Paulo: Brasiliense, 2004. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Linguistica – São Paulo: Scipione, 2009. ENSINAR OU APRENDER A LER E ESCREVER? – Organizado por Francisco Carvajal Pérez e Joaquím Ramos García; Trad. Cláudia Schilling – Porto Alegre: Artmed, 2001.

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GARCEZ, L. H. DO C. Técnica de Redação –o que é preciso para bem escrever. São Paulo: Martins Fortes, 2004. KASTRUP, Virgínia. A invenção de si e do mundo: Uma introdução do tempo e do coletivo no estudo da cognição. Campinas: Papirus, 2009. KOCH, Ingedore Villaça. Ler e escrever: estratégias de produção textual. 2ª Ed – São Paulo: Contexto, 2011. LARROSA, Jorge. A operação ensaio: sobre o ensaiar e o ensaiar-se no pensamento, na escrita e na vida. In: Educação e realidade, v.29, n.1, 2004. ______.Linguagem e Educação depois de Babel. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. PRESTES, Maria Luci de Mesquita. Leitura e (Re) Escritura de Textos. São Paulo: Rêspel, 2001. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos de ensino fundamental: língua portuguesa/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998, Pró Letramento: Programa de Formação Continuada de Professores dos Anos/Séries Iniciais do Ensino Fundamental: Alfabetização e Linguagem. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008. SEBER, Maria da Glória. A escrita infantil: o caminho da construção. – São Paulo: Scipione, 2009. KRAMES, Sonia. Alfabetização, leitura e escrita: formação de professores em curso – São Paulo: Ática, 2010. MORAIS, Artur Gomes de. Ortografia: ensinar e aprender – São Paulo: Ática, 2012.

22 - Larrossa (2004), em Linguagem e educação depois de Babel, afirma que, ao contrário da passividade, em toda escritura há um “dar a ler” do escritor (p. 22), um aprender de ouvido, assim como compreender é decifrar, é traduzir, é explicar, dar a luz, (p. 91). Segundo ele, podemos ser amantes das palavras, senti-las, amar o seu corpo, tendo a liberdade de “ler” como experiência, sem negar o nosso corpo, fabricado na escola como um problema (p.173).

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João Pedro Ermel23

TWITTER DO BEM: A ORGANIZAÇÃO DOS GUETOS NA BUSCA DE UM RESULTADO COMUM. * Projeto OURO - 10º Prêmio Sinepe/RS Destaque em Comunicação - Categoria Mídia Digital - Educação Básica

Muito mais que uma Instituição de Ensino:

culminaram com a renúncia do ditador Ben Ali, no começo do ano seguinte.

Apresenta-se aqui o relato da experiência vivenciada em 2012, em nossa escola comunitária, o Colégio Santa Catarina. Baseados em algumas fundamentações teóricas e na força da organização, buscamos comentar o processo realizado para a execução do Projeto Twitter do Bem. Pretendemos descrever as atividades realizadas pelos professores, colaboradores, pela equipe diretiva, pelos gestores e, principalmente, pelos alunos e pela comunidade escolar para obtenção dos objetivos comuns.

No Brasil, o conteúdo veiculado nas redes sociais não é muito diferente daquele o publicado em países de primeiro mundo. Os jovens, para serem aceitos dentro do grupo de influência, realizam ofensas, discriminações e relatos do dia a dia, o que torna essas três categorias um padrão de publicação no Twitter.24

O Colégio Santa Catarina é uma instituição de Ensino Básico é uma escola com 112 anos, cuja concepção educacional não prioriza apenas o preparo para o vestibular ou mercado de trabalho, mas orienta e desenvolve a cidadania e a capacidade de interação entre os alunos e o mundo. Cenário apresentado A evolução tecnológica envolve o mundo e as organizações, atinge as pessoas praticamente em todas as atividades e favorecem a veiculação livre e rápida de um grande volume de informações por diversos meios, principalmente pela Internet. Um exemplo histórico ocorreu no final de 2010, na Tunísia, onde a população iniciou protestos contra os problemas econômicos do país. Com a imprensa censurada, diversas mensagens, com vídeos e imagens, foram postadas pelos tunisianos em sites de redes sociais. Os protestos

No início de 2012, a Direção do Colégio Santa Catarina, juntamente com a Coordenação Pedagógica e o Departamento de TI, identificou um aumento nas manifestações postadas do Twitter. Essas eram produzidas pelos próprios alunos e pela comunidade escolar e colocavam à prova atividades da Instituição. Também foi observado nas publicações que havia a insatisfação com o corpo docente e com os espaços físicos do Colégio. Utilizar a mesma mídia social ou produzir conteúdo para subsídio desses guetos como forma de contra-atacar não se apresentava como solução para o problema identificado. Precisávamos aprimorar os serviços educacionais prestados e alterar o método de abordar e transmitir informação a esses jovens. Comunicar com eficiência para promover uma mudança cultural foi o desafio adotado pela Instituição. A ação de educar e de apresentar as soluções e a veracidade dos fatos parte da Escola. Também buscar a excelência no Ensino, utilizando a Tecnologia da Informação e Comunicação como forma de ampliar o interesse dos alunos e de promover a interação da comunidade.

23 - Bacharel em Ciência da Computação; técnico em Informática; professor do Curso Técnico em Informática do Colégio Santa Catarina, nas disciplinas de Análise de Sistemas, Informática Aplicada, Manutenção de Computadores e Aplicativos. Coordenador da TIC Mirim joaoermel@gmail.com 24 - O Twitter é uma ferramenta que proporciona a postagem de mensagens de até 140 caracteres para uma rede de seguidores, bem como a troca de mensagens entre usuários de forma pública (Replies) e privada (Messages). http://www.twitter.com

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Após algumas reflexões, percebeu-se que a Instituição precisava aproximar, da Escola, os alunos que estavam nas redes sociais onde produziam conteúdo de pouca relevância. Entendeu-se que, com o contato próximo a profissionais capacitados em Tecnologia, o modelo de publicação e de abordagem, especificamente no Twitter, viesse a mudar, transformando o conteúdo, antes irrelevante, em algo que primasse por valores morais e éticos. Segundo vários autores, entre os quais Toumi (2001), o sucesso do negócio está ficando cada vez mais dependente da inovação e do conhecimento, que estão mudando as formas tradicionais de organizar negócios nas empresas. As suposições tradicionais em coordenação, controle e apropriação de recursos estão perdendo sua relevância e as habituais formas de administrar as organizações estão se tornando inadequadas. Fundamentalmente, é importante esclarecer que o aprimoramento da leitura e da escrita proposto pelo Projeto Twitter do Bem, não pretende tirar as características específicas da rede social. Murthy (2011) destaca as informações produzidas e publicadas por pessoas presentes em acontecimentos como o pouso forçado do voo 1549, da US Airways no rio Hudson (em 2009) e a explosão de bombas em Mumbai, em 2008. São atos espontâneos e colaborativos via smatphones, tablets e Twitter que proporcionaram a cobertura desses eventos. Sem esses modelos específicos, não se teria o mesmo conhecimento daqueles fatos. A motivação da mudança A atualização constante dos dados, a disponibilidade de informações de forma instantânea e a busca constante da construção de conhecimento estão presentes em nossas casas. Isso torna as distâncias geográficas secundárias, os acontecimentos em instantâneos e simultâneos e aproximam os pólos do mundo, possibilitando estarmos em todo lugar sem sair do lugar. Ouve-se falar de

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sistemas de informação, de processamento de dados, de gestão do conhecimento, todos esses têm uma relação, seja em qualquer área. Atrelar informações e transformar conhecimentos em dados, produzindo redes que potencializam a produção do saber, foram motivações do chileno, biólogo, Humberto Maturana para escrever a “Árvore do Conhecimento”. Percebemos que as inovações movem o mundo, e é primordial organizar informações processando dados e quantificando-os. Conhecer é condição de vida e manutenção da interação do entendimento humano. Segundo REZENDE (2003), o dado é um elemento puro, quantificável sobre um determinado evento. O dado por si só não transmite compreensão sobre determinado fato da situação; a informação é o dado analisado e contextualizado. A informação é obtida a partir do processamento, manipulação e organização de uma série de dados, a fim de se obter uma informação. Para ele, o conhecimento, diferente da informação, além de conter um significado, tem uma aplicação. O conhecimento é a capacidade de algo ou de alguém para interpretar uma série de informações e refere-se à habilidade de criar um modelo mental que descreva o objeto e indique as ações a implementar, as decisões a tomar. A falta de informação aprimorada ao desconhecimento afeta nossos jovens. Poucos sabem que todo conteúdo (relevante ou irrelevante) produzido e publicado é indexado, armazenado e, posteriormente, analisado e consultado pelos mais diversos buscadores. Sendo assim, todo o conteúdo divulgado e produzido é capturado pelos pesquisadores virtuais como produção de um saber. Isso muitas vezes não acontece, pois há registros fixados sem finalidades educativas ou instrutivas. O conteúdo poderá aparecer em alguma busca. Por isso, devemos filtrar, ao máximo, o que tornamos público e o que compartilhamos. Gerar conteúdo despretensioso e lançar nas redes sociais pode não ter consequências imediatas, mas, uma vez indexado, poderá ser

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acessado sempre. Isso porque a rede social online permite que os rastros das informações sejam rapidamente recuperados, o que torna o estudo dessas práticas mais facilitado. Objetivos propostos Promover a conscientização da comunidade escolar quanto às publicações a fim de qualificar o conteúdo público. Difundir o Twitter com o propósito da criação e da manutenção de redes sociais que influenciam e são influenciadas pela difusão de informações relevantes. Integrar os grupos (turmas) através de uma gincana virtual, promovendo análise, organização e execução de soluções, de acordo com cada ambiente. Imergir a Instituição na Web 2.0, colaborando e interagindo com os públicos através das redes sociais.

Site Klout, ferramenta para encontrar os influentes das redes sociais.

Cabe destacar Maturana e Varela (p.253), “Realizamos a nós mesmos em mútuo acoplamento linguístico, não porque a linguagem nos permite dizer o que somos, mas porque somos na linguagem, num contínuo existir nos mundos linguísticos e semânticos que produzimos com os outros”.

Os participantes e os geradores de informação

Na gincana TWITTER DO BEM, os alunos deveriam usar as redes sociais a fim de buscar colaboração e promover uma #hashtag comum. A #hashtag escolhida pelo grupo de influentes do Colégio foi #SAIBAMAIS.

A Instituição idealizou uma gincana virtual e a divulgação do evento ocorreu de forma inovadora. O Departamento de TI da Instituição reuniu-se com os alunos mais influentes no Twitter os quais eram os encarregados de transmitir a informação.

Apenas twittar com uma #hashtag não torna o evento especial. Então, foi apresentada à segunda etapa do processo. Cada turma poderia unir-se com uma outra turma, a fim de somar forças no objetivo transmitido: levar a hashtag #SAIBMAIS aos TrendingTopics do Twitter.

A construção desse grupo foi possível depois de uma análise no site (http://klout.com) que mostrou o grau de influência dos alunos da Instituição na mídia. Assim, foram identificados os alunos mais influentes de casa turma, os quais foram convidados a participar de um encontro de esclarecimentos e de exposição da gincana.

Para que fosse possível identificar o grupo com maior número de interações (twittes, retwittes, menções), cada grupo deveria possuir uma segunda #hashtag. A interação só se tornava válida se o conteúdo publicado fosse relevante e tivesse o uso das duas #hashtags, a #SAIBAMAIS e a #hashtag de identificação do grupo.

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Ao transmitir as regras da gincana, os(as) alunos(as) Valentina Konrath, Rodrigo Berghan, Rafaella Oliveira, Polline Opitz Schmitz, Vitória Weber, Paola Reis, Daniela Paiva, Thainara Arenhart, Stephany Calgaroto, Luisa Averbeck, Augusto Haubrich, Pamella Rodrigues de Almeida, Julia Ramona, Brenda Ferrari, Monique Senna, Vinicius Trevisan, Felipe Pilati, Thomas Campagnoni, Rafaella Oliveira, Victor Rosa, Maiara Lange e Amanda Gabriele agilizaram a união das forças.

Com a organização dos grupos, surgiram as #hashtags para a gincana e as indiferenças foram superadas. Assim, o trabalho em grupo surtiu resultados. Não poderia ficar de fora do processo o grupo de Professores da Instituição que também se organizou e tinha sua própria #hashtag. A seguir, a identificação da união das turmas e a #hashtag de identificação.

Informações fundamentais a serem citadas foram o engajamento dos influentes e a capacidade de organização e de transmissão do processo. Todos se tornaram responsáveis na gincana por controlar os demais grupos, analisar situações, promover soluções, administrar o próprio grupo e comunicar-se de forma eficaz.

· Turmas 110 e 130 – #macacosmemordam

Segundo Piaget (1996, p416), a sociedade é a unidade suprema, e o indivíduo só chega as suas invenções ou construções intelectuais na medida em que é sede de interações coletivas, cujo nível e valor dependem naturalmente da sociedade em conjunto. Para promover algo com tal magnitude, foi importante capacitar nossos colaboradores. Informações básicas foram fundamentais a todos durante a execução de ações que envolvem a comunidade e principalmente o meio virtual. Foi preciso, contudo, conhecer o microblog (que, em sua essência, trabalha com hashtags, termo usado na mensagem do Twitter precedido pelo jogo da velha #). Tag em inglês significa etiqueta; hash é segmentar. A hashtag serve para destacar algo em sua mensagem no Twitter, identificando, entre milhões de mensagens, um assunto específico. Por meio da hashtag, podemos pesquisar temas e assuntos no Twitter. Segundo Alex Primo 2007 (p. 222), a minimização de pistas sociais, por diminuir a riqueza de informações sobre quem escreve, pode gerar um foco maior na lógica argumentativa do texto, desviando a atenção de questões como laços e normas sociais.

· Turmas 71 e 72 – #boraliberar · Turmas 310 e 210 – #10mais · Turmas 301 e 401 – #asprofepira · Turmas 120 e 81 – #podeser · Turmas 74 e 140 – #megusta · Turmas 84 e 75 – #osgordinhospiram · Turma 340 – #fezcurso · Turma 330 – #tri30 · Turma 220 – #naocomenta · Professores – #osalunospira No andamento do processo, surgiram dúvidas. A Senhora Silvana Cervo questionou: “Eu como mãe gostaria de saber do que isso acrescenta na educação dos nossos filhos. Fiquei perguntando o tempo todo aos meus e ainda não descobri!!!!!” A esta mãe, a Instituição formalizou o processo e a intenção do projeto global, reportando o seguinte comunicado: Lemos o seu comentário no espaço sobre a ação ocorrida esta semana, aqui na escola. Esclarecendo seu questionamento colocamo-nos à disposição para conversar e dizer que: Como Escola, pensamos que é necessário orientar os alunos para a utilidade correta do uso das redes sociais a serviço da educação.

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O twitter é uma ferramenta de comunicação na Internet. Entre os alunos, o microblog é uma realidade e a escola já percebe sua importância na comunicação. O Colégio Santa Catarina, como instituição que prima pela inovação e atualização, iniciou o seu uso para falar sobre eventos.

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minutos após o start da gincana ser auditado, a comunidade escolar do Colégio Santa Catarina desbancava todos os #TTBR(Trending Topics Brasil) e todas as #hashtags. O termo escolhido pelo grupo dos influentes, o termo #SAIBAMAIS se tornava ali o termo mais comentado no Brasil.

Um exemplo (uma das grandes forças do twitter no campo educacional), concentra-se na possibilidade de criar grupos de trabalho, através dos quais os alunos podem maximizar o apoio mútuo, como fonte para a aquisição de conhecimento. O twitter desperta o senso crítico e o poder de síntese dos estudantes, uma das competências mais privilegiadas hoje, no mercado de trabalho. Att. Janete Arena Supervisora Escolar Colégio Santa Catarina

Para os alunos, só restava o momento de começar a twittar, colocar em prática a análise e a organização dos grupos, assim como verificar se os agregados que confirmaram colaboração realmente iriam ajudar. Trending Topics do dia 23/04/2012

Resultados Para os alunos, o resultado chegou de forma instantânea. Você não lembra o dia que a televisão brasileira chocou os telespectadores com o absurdo de leiloar o cabelo de uma apresentadora ao vivo? Relembre o momento a c e s s a n d o http://televisao.uol.com.br/noticias/redacao/201 2/04/22/panicat-babi-rossi-muda-o-visual-eraspa-a-cabeca-ao-vivo-no-panico-naband.htm. O programa "Pânico na Band", no dia 22/04/2012, promoveu, através do twitter, um leilão para definir o novo corte de cabelo da apresentadora Babi Rossi. Pois é, naquela noite, o twitter apontava como Trending Topics Brasil #cabelinhodoneymar e #carequinhadotas, babi rossi. Mas, aos 15 minutos do dia 23/04/2012,

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A força e a união dos guetos, gerando informação relevante e, ao mesmo tempo, competindo pelo conhecimento, tornaram possível esse resultado. Além de monitorar, de forma mais atuante, os twittes da comunidade escolar durante a gincana, também foram de responsabilidade do Departamento de TI do Colégio Santa Catarina, ao atingir o TTBR com a hashtag #SAIBAMAIS outras ações: contabilizar qual grupo atingiria ao final de dois dias o maior número de twittes com as hashtag #SAIBAMAIS e a hashtag de identificação do grupo e para identificar “anomalias”, ofensas, descriminação e ações para desclassificar os grupos. O departamento agiu como gestor da ação.


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Ao final do terceiro dia de gincana virtual, o resultado começou a ser computado. Para isso foi utilizado o site (www.topsy.com), um buscador e contador social que indexa, exibe e contabiliza as tags/twittes publicados e fornece um relatório simples, mas objetivo.

http://topsy.com/ Ferramenta para consulta em redes sociais.

O prêmio estipulado para os alunos do grupo vencedor (com maior número de menções da hashtag #SAIBAMAIS + hashtag do grupo), definido no primeiro encontro com o grupo de “influentes”, foi cachorro-quente, refrigerante e água liberados na cantina do Colégio, durante 30 minutos. Chegou a hora de apresentar os números. Para surpresa de todos: o grupo vencedor da gincana virtual foi #boraliberar, das turmas 71 e 72, as quais obtiveram 26% do total de menções do #SAIBAMAIS. A imagem a seguir apresenta o resultado final, descrevendo a hashtag do grupo e as turmas que compreendem o mesmo. Quanto aos resultados dos objetivos propostos pelo Projeto, esses superaram e muito as expectativas. Alcançar o TTBR foi apenas o ponto de partida para conscientizar, engajar, interagir com os guetos, aproximar a comunidade da Escola e vice-versa por um canal altamente comunicativo e ágil e tudo ficou mais evidente, após o Projeto.

Resultado final da gincana do twitter.

Com o passar dos meses, foi possível observar um decrescente em relação às ofensas e discriminações por parte dos usuários do twitter seguidores do Perfil Institucional. Para o Colégio, foi inovador acreditar na ferramenta e potencializá-la a fim de colher o sucesso do Projeto. Promover a troca de conhecimento através da utilização das TICs, adotando novos conceitos para liberdade e de comunicação, fizeram, do projeto, destaque não só nos TTBR, mas também no engajamento entre Instituição/alunos na busca pela excelência. Conclusão Segundo Lozares (1996), a teoria de redes sociais sofreu diversas influências provenientes da Sociologia, Psicologia, Antropologia e da Matemática. Entendemos como um Projeto interdisciplinar, porque a colaboração foi o princípio fundamental.

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Assim, o Colégio Santa Catarina entende que deve continuar mediando e acompanhando as publicações da comunidade escolar, entende também que não deve confundir esse processo como controle sobre o que é dito, mas deve aplicar ações educativas e publicações discretas a fim de indicar tendências e de alcançar a excelência do processo de ensino/aprendizagem, afinal somos uma Instituição de Ensino.

Participação dos alunos com notebooks na gincana durante o intervalo.

Devemos compreender que as redes sociais são caracterizadas como uma estrutura não linear. Segundo (Russel e Rosa, p. 276), as redes sociais são descentralizadas e flexíveis, dinâmicas, sem limites definidos e autoorganizáveis por ligações horizontais de cooperação.

Participação dos alunos através dos smartphones durante o intervalo

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Participação da comunidade na busca dos TTBR

Aos usuários das redes, cabe a compressão de que todo conteúdo, além do caráter pessoal e do humano, também é público. To d o s s o m o s p r o d u t o r e s , c r i a d o r e s , compositores, montadores, apresentadores, remixadores ou apenas difusores de conteúdo.

Grupo dos alunos vencedores da Gincana


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O Twitter, assim como qualquer outra mídia social, apesar de parecer um monólogo, possui estrutura de conversação, pois procura facilitar a discussão bidirecional. Segundo (Carolina Frazon Terra, p 203), a rede prima pelos valores da honestidade e transparência, jamais deve ser centralizadora, mas sim distribuidora. Por fim, o conhecimento é a fonte da vantagem competitiva na sociedade global contemporânea, mas somente se o conhecimento (publicações) puder ser localizado e coordenado de forma efetiva (ser conteúdo relevante). Aposte também nas TICs como co-autoras e torne regular a capacitação aos envolvidos(colaboradores): esta foi a receita para o sucesso desse case. Avaliar situações e indicar formas diferentes de solução é o caminho para lidar com a geração “web 2.0”. Investir, na atuação Institucional, nas redes sociais trará também uma “expertise” diferenciada à gestão pedagógica. O S D E P O I M E N TO S D E A L G U N S ALUNOS VENCEDORES Nomes: Arthur e Thamires Turma: 71 “Foi mais emocionante quando estávamos lá esperando que a gente tinha ganhado só por cinco twittes”. Nomes: Laura Schemmer e Vitória Lilli Turma: 71 “Foi uma experiência que mostrou a união das turmas e as vantagens de trabalhar em grupo. Agradecemos a todas que nos ajudaram”. Nomes: Daniel e Mauro Turma: 71 “Foi muito legal, bem diferente e divertido. O prêmio foi bem bom e o intervalo maior foi o melhor de tudo”.

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Nomes: Ana Flavia e Larissa Turma: 71; “A experiência do concurso no twiter foi muito legal pois todos os alunos das turmas 71 e 72 se reuniram para ganhar o concurso”. Nomes: Mateus, Vinicius e Luis Carlos Turma: 71; “A experiência de twittar foi legal porem nem todo mundo twitou, alguns não participaram porque não tinha twitter, ou porque não quiseram. Mas essa experiência foi boa”. Nomes: Luís Felipe e Eduardo Turma: 71; “Nós ficamos surpresos por ter ganhado a competição de twitar porque havia muitas turmas participando e todas as turmas querendo ganhar mas nos estávamos preparados e ganhamos e como premio ganhamos cachorros quentes mais nos ganhamos por nos termos nos esforçados e merecíamos ganhar”. Nomes: Gabriela e Bruna Turma: 71; “Foi muito interessante, pois a turma se uniu mais do que nunca e mostrou que juntos somos mais fortes. A competição virou brincadeira”. Nomes: Henrique e Murilo Turma: 71 “Foi uma experiência diferente foi interessante a turma gostou muito, alguns não puderam participar mas acabamos ganhando”. Nomes: Lucas Oliveira e Henrique Caruso Turma: 71 “Eu achei muito interessante, pois envolveu toda a turma, todo o colégio, gostamos muito do nosso prêmio, acho que deveria haver mais concursos”.

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Nomes: Guilherme Caruso, Henrique Bultine e Leonardo Reis Turma: 71 “Nós da turma 71 tivemos uma experiência muito boa em poder participar da gincana de tweets e também ficamos muito felizes em ganhar o lanche”. Nomes: Fred e Ramon Turma: 71 “Achamos muito divertido participar desta experiência que usa uma coisa tão legal que se chama Twitter! E o melhor de tudo foi que nós ganhamos com trabalho em equipe”. Nomes: Douglas M. e Pablo P. Turma: 71 “Nós tuitamos muito que nossos dedos doíam muito. Apesar de tudo, foi muito emocionante quando ganhamos”. Nomes: Cauê e Vitor Turma: 71 “Nós achamos esta experiência muito interessante e legal, inclui coisas que os adolescentes adoram fazer, que é, mexer no computador”. Reportagem do TWITTER DO BEM (#SAIBAMAIS):

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1ª Notícia: Disputa para chegar aos Trending Topics do Twitter. Os alunos do @Santanh irão começar, na 0(zero) hora desta segunda-feira (23/04), uma disputa para levar a hashtag #SAIBAMAIS aos T r e n d i n g To p i c s d o Tw i t t e r. As turmas, identificadas por um codinome, utilizarão das redes sociais na próxima semana, inclusive dentro da Instituição, a fim de promover essa disputa #tecnológica. A turma que conseguir o maior número de menções com seu codinome e a hashtag #SAIBAMAIS, irá receber uma premiação inusitada, a cantina do @Santanh liberada* por 30 minutos. Colabore com os participantes para alcançar esta vitória, twitte #SAIBAMAIS. *Cachorro-quente, refrigerante, água mineral. Turmas 71 e 72 – #boraliberar Turmas 110 e 130 – #macacosmemordam Turmas 310 e 210 – #10mais Turmas 301 e 401 – #asprofepira Turmas 120 e 81 – #podeser Turmas 74 e 140 – #megusta Turmas 84 e 75 – #osgordinhospiram Turma 340 – #fezcurso Turma 330 – #tri30 Turma 220 – #naocomenta Professores – #osalunospira Fonte: http://colegiosantanh.com.br/2012/04/22/disput a-para-chegar-aos-trending-topics-do-twitter/ 2ª Notícia: Case Colégio Santa Catarina – Engajamento por cachorro-quente Fala povo, tudo certo?

Imagem em ilusão ao twitter

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Então, o Colégio Santa Catarina (@santanh) de Novo Hamburgo – RS está promovendo uma ação com os alunos no Twitter. É como uma guerra de hashtags entre as turmas, uma ideia muito interessante. Vem comigo que eu te explico


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Cada turma pode escolher se iria participar da brincadeira sozinha ou formar uma equipe com outra turma. As equipes foram orientadas a inventar uma hashtag. A vencedora do desafio será a equipe que tiver mais tweets com a sua tag + a tag do evento, no caso #saibamais. A ação teve início a 0:00h do dia 23/04 e ocorrerá até às 23:59h do dia 25/04. Comida grátis move o mundo. Nada melhor pra motivar a galera, do que a premiação do evento ser 30 minutos de cachorro-quente, refrigerante e água mineral grátis no bar do colégio. No estilo coma o quanto puder. O mais legal é que os alunos transformaram a brincadeira das hashtags em uma disputa pessoal, pra ver qual é a “melhor turma”. O Santa Catarina só tem a agradecer, em 10 minutos, a tag #saibamais fazia parte dos trendings do Twitter e em 30 minutos já era o a tag mais usada no Brasil. Os alunos que formam a equipe #macacosmemordam, das turmas 110 e 130, foram os que tweetaram mais loucamente até agora, fazendo com que a tag da equipe, chegasse ao segundo lugar dos trendings em menos de 40 minutos. Nos dias do evento, os alunos terão 5 minutos de cada período de aula, para tweetarem e organizarem suas estratégias. Lembrando que quem tiver mais tweets com a tag da equipe + tag do evento, ganha. Engajamento da gurizada, em troca de cachorro-quente e refrigerante. Ação simples, mas bem pensada. Isso prova que não são necessários altos investimentos pra fazer com que o público-alvo se engaje em sua campanha, basta uma boa idéia. Agora só nos resta acompanhar a disputa lá no Twitter pra conhecermos a equipe vencedora. Aqui tem um texto no site do Santa Catarina pra quem quiser saber mais. (pegaram o trocadilho? Hahaha) http://contato.ms/1co Até mais. Por, Felipe Bruxel

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F o n t e : http://viralizando.com/2012/04/23/case-colegiosanta-catarina-engajamento-por-cachorroquente/ 3ª Notícia: As mais comentadas do Twitter Hoje se comemora a Revolução dos Cravos em Portugal e o Dia do Contabilista. A hashtag #saibamais também aparece entre as mais comentadas, assim como um polêmico artigo do ator Wagner Moura. Vamos as Trending Topics de hoje? 1 - 25 de abril Twitteiros comentam sobre a data, que marca o aniversário de 38 anos da Revolução dos Cravos em Portugal 2 - #TuiteUmFilmeComXimbica Brincadeira com a aspirante a apresentadora infantil, que virou hit na internet 3 - #NãoÉPessoalMas Internautas usam a hashtag para dar opiniões 4 - #saibamais Comentários sobre curiosidades divulgadas na internet 5 - Contabilista Hoje é o dia desta categoria profissional 6 - Ximbica Mais brincadeiras com a cantora 7 - 16 & Pregnant Internautas debatem a gravidez na adolescência 8 - CPMI Discussão sobre o caso Carlinhos Cachoeira 9 - JottaAMSGarden Comentário sobre cantor infantil gospel 10 - Wagner Moura Ator criticou os programas de humor. Veja o artigo publicado por ele aqui em O Globo em 2008 F o n t e : http://oglobo.globo.com/blogs/nasredes/posts/2 012/04/25/as-mais-comentadas-do-twitter441945.asp

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4ª Notícia: Você já ouviu falar em hashtags e Trending Topics? Isto mesmo, termos estrangeiros estão tomando conta do vocabulário dos nossos adolescentes. Com o crescimento das redes sociais, nossa vida acaba se tornando mais conectada, o que por sua vez apresenta um novo modo de lazer, a interação com os nossos amigos ou nossos seguidores pelas mais i n f l u e n t e s r e d e s . O Twitter, microblog lançado em julho de 2006, tem por característica reportar a todos os seguidores de um usuário e o que está acontecendo com esse, com o uso máximo de 140 caracteres. O Twitter considerado mundialmente, em 2009, como a terceira maior rede social apresenta alguns diferenciais sobre as demais redes existentes. O microblog em sua essência trabalha com hashtags, termo usado na mensagem do Twitter precedido pelo jogo da velha (#). Tag em inglês significa etiqueta; hash é segmentar. A hashtag serve para destacar algo em sua mensagem no Twitter, identificando entre milhões de mensagens um assunto específico. Por meio dela (hastag) podemos pesquisar temas e a s s u n t o s n o T w i t t e r . Quando o mesmo assunto(hashtag) é comentado por muitos usuários, ele pode acabar se tornando Trending Topics (TT), uma espécie de lista dos 10(dez) assuntos mais falados no Twitter. Esse Trending Topics é setorizado por estados, países ou mundo. O Colégio Santa Catarina, observando a grande relevância do Twitter no meio acadêmico, propôs uma gincana diferente. Esta gincana possibilitou uma interação online onde a participação coletiva teve uma produção construtiva. Nesse caso específico, a gincana propunha participar efetivamente da divulgação criativa e cooperativa de uma nova possibilidade de Educação Profissional, promovendo a participação em massa dos alunos com seus dispositivos móveis, de uma forma organizada, com acompanhamento de profissionais que conhecem e entendem as mídias sociais.

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A premiação oferecida à equipe vencedora foi adequada ao meio acadêmico sem o apelo do mundo comercial e adequada à faixa etária e o intuito principal da gincana foi à união do grupo a um bem comum e não somente ao indivíduo. O resultado desta gincana que durou três dias começou a ser percebido após 10(dez) minutos do início da prova. A hashtag escolhida pelos próprios alunos para ser o termo comum da Instituição (#saibamais), passou a ser visualizada nos Trending Topics Brasil. O mais impressionante para equipe organizadora foi a rapidez com que os grupos atingiram o primeiro lugar do Trending Topics Brasil, com apenas uma hora de gincana, desbancando as principais notícias que estavam sendo apresentadas pelas emissoras de televisão e rádio do país, os alunos tornaram #sabiamais reconhecido nacionalmente. No final de três dias de gincana, com mérito total aos alunos, ficou contabilizado que a hashtag esteve por mais de 12(doze) horas dentro do Trending Topics Brasil e por 5(cinco) horas como a mais comentada no país. Nesta quinta-feira, 26 de abril, durante o intervalo da manhã no Colégio Santa Catarina, com o apoio do GESC (Grêmio Estudantil do Colégio Santa Catarina), foram apresentados os resultados da conquista dos alunos e também as turmas com mais aparições junto à hashtag #saibamais. Não poderia ser diferente… Com grande apreensão, os alunos aguardavam a leitura da classificação final que apresentou: #osalunospira (tag dos professores) em décimo segundo lugar, #bandodeloko (tag da turma 83) em décimo primeiro lugar, #naocomenta (tag da turma 220) em décimo lugar, #tri30 (tag turma 330) em nono lugar, #megusta (tag das turmas 74 e 140) em oitavo lugar, #asprofipira (tag das turmas 301 e 401) em sétimo lugar, #fezcurso (tag da turma 340), em sexto lugar, #osgordinhospiram (tag das turmas 84 e 75) em quinto lugar, #macacosmemordam (tag das turmas 110 e 130), em quarto lugar, #10mais (tag das turmas 310 e 210) em terceiro lugar,


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#podeser (tag das turmas 120 e 81) em segundo lugar e em primeiríssimo lugar a hastag #boraliberar das turmas 71 e 72 do ensino fundamental.

PIAGET, Jean, Biologia e Conhecimento: ensaio sobre as relações entre as regulações orgânicas e os processos cognitivos. Petrópolis: Vozes, 1996. 423p.

As turmas 71 e 72, vencedoras da gincana, nesta próxima sexta-feira já poderão desfrutar do prêmio: terão 30 minutos de intervalo diferenciado com cachorro-quente, refrigerante e água mineral liberados na cantina do Colégio, uma festa para esses jovens formadores de opinião e influentes nas redes sociais. Por fim, fica o agradecimento especial aos mobilizadores da ação, Valentina Konrath, Rodrigo Berghan, Rafaella Oliveira, Polline Opitz Schmitz, Vitória Weber, Paola Reis, Daniela Paiva, Thainara Arenhart, Stephany Calgaroto, Luisa Averbeck, Augusto Haubrich, Pamella Rodrigues de Almeida, Julia Ramona, Brenda Ferrari, Monique Senna, Vinicius Trevisan, Felipe Pilati, Thomas Campagnoni, Rafaella Oliveira, Victor Rosa, Maiara Lange, Amanda Gabriele, enfim, a todos que participaram da gincana. Parabéns!

PRIMO, Alex, Interação mediada por computador: Comunicação – cibercultura – cognição. Porto Alegre, 3ed, Sulina, 2011, 239p. P R I M O , A l e x F e r n a n d o Te i x e i r a , Transformações no jornalismo em rede: sobre pessoas comuns, jornalistas e organizações; blogs, Twitter, Facebook e Flipboard. Disponível e m : < http://seer.ufrgs.br/intexto/article/viewFile/24309 /14486>. Acessado em: 10 de junho de 2012. REZENDE, S. O. Sistemas Inteligentes: Fundamentos e aplicações. Barueri, SP, Manole, 2003. TOUMI, Iikka. From periphery to center: emerging research topics on knowledge society. Technology Review, Helsinki, v. 16, p. 1-63, 2001.

F o n t e : http://colegiosantanh.com.br/2012/04/27/voceja-ouviu-falar-em-hashtags-e-trending-topics/ Referências Bibliográficas M AT U R A N A , H u m b e r t o ; VA R E L A , Francisco. A árvore do conhecimento: as bases bibliográficas do conhecimento. São Paulo, Editorial PSY, 1995, 281p. LOZARES. C. La teoria de redes sociales. 1 9 9 6 . D i s p o n í v e l e m : <http://webs2002.uab.es/antropologia/ars/paper scarlos.rtf> Acessado em: 10 de junho de 2012. OLIVEIRA, Ivone de Loudes e MARCHIORI, Marlene, REDES SOCIAIS, COMUNICAÇÃO E ORGANIZAÇÃO – Série Pensamento e Prática, São Caetano, Difusão, 2012, 304p.

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O Colégio Santa Catarina trabalha com muita responsabilidade, envolvimento, seriedade e esforço comum. Tem uma prática pedagógica comprometida em educar o aluno como um todo, para a cidadania plena. Através de projetos como a Revista Santa@PublicAção, desperta, orienta, estimula e desenvolve no aluno a capacidade de perceber que no estudo e nas relações é sujeito da própria aprendizagem. Estou muito feliz e agradecida, porque durante catorze anos (da Educação Infantil ao Ensino Médio) minha filha “viveu e respirou Santa”. Parabéns pela qualidade desta 7ª edição! Maria Marliese Steffen Lermen (Mãe da aluna Júlia e Tesoureira do Colégio Santa Catarina)

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

Escolas Associadas da UNESCO

www.colegiosantanh.com.br Novo Hamburgo - RS 51 3527 4862


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