Mulheres na Caatinga: detentoras de saberes e cuidadoras da agrobiodversidade no Sertão do Pajeú

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Carnaúba do Ajudante (Grupo Reciclarte) e Triunfo, com a Comunidade de São José dos Pilotos (Grupo Girassol). De acordo com Marconi e Lakatos (2003), a entrevista tem como objetivo a obtenção de informações sobre um determinado assunto ou problema, pois se trata de um procedimento utilizado na investigação social para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social. Além de serem ricas, pois fazem referência a acontecimentos concretos em um lugar e em um tempo; referem-se à experiência pessoal e tendem a ser detalhadas com um enfoque nos acontecimentos e ações (BAUER & GASKELL, 2008). A escolha das mulheres como público participante da pesquisa, foi prédeterminado junto a Casa da Mulher do Nordeste, uma vez que são as mulheres o principal sujeito das ações da organização - que busca problematizar e discutir as desigualdades nas relações entre homens e mulheres -, e do projeto “Mulheres na Caatinga”. As desigualdades não são determinadas pela natureza, elas são construídas através da educação, dos costumes, e, por isso podem ser modificadas. Mas, para transformar a realidade é necessário produzir conhecimentos e é nesse sentido que a pesquisa atua. O empírico e o teórico buscam na produção de conhecimentos contribuírem para a reflexão da realidade da sociedade e sua transformação.

Disto decorre, a necessidade de uma epistemologia capaz de abarcar não apenas o pensamento das margens – no caso, das mulheres -, mas também as diferenças existentes entre as mulheres e ainda as desigualdades, tendo como fundamento a construção de um conhecimento situado (SILVA, 2014).

É importante apresentar a idade das mulheres que participaram da pesquisa, no qual variou de 29 a 70 anos, sendo que a média foram mulheres de 52 anos. Todas são agricultoras, a maioria (58%) tem o ensino fundamental incompleto. A escolha das comunidades referidas para a realização da pesquisa justifica-se pelas ações já desenvolvidas junto aos referidos grupos de mulheres e por serem comunidades em que a Casa da Mulher do Nordeste e o Núcleo de Estudos, Pesquisa e Práticas Agroecológicas no Semiárido – NEPPAS/UAST, já realizavam atividades em outros projetos. Entretanto, a comunidade do Feijão e Posse, alocada em Mirandiba, destaca-se por ser uma comunidade de remanescentes de quilombolas. “No Brasil, os quilombos se constituíram na principal forma de luta e resistência à escravidão. [...]


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