Manifesto do FMPE Eleições Municipais de 2016

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Manifesto do Fórum de Mulheres de Pernambuco para o Segundo Turno das Eleições Recife - 2016

As medidas que o governo golpista vem tomando contra as mulheres, a classe trabalhadora, a população negra, LGBT e jovem confirmam o caráter deste golpe. Ele tem como objetivo reduzir direitos através do desmonte das políticas trabalhista e sociais, reconcentrar renda em favor das elites políticas e econômicas, restringir a liberdade da crítica, coibir a organização e mobilização popular em favor de seus direitos, violar a soberania nacional através da venda de nossas riquezas e de nosso território, destruindo experiências políticas-culturais mais autônomas em relação ao centro do poder global. As eleições municipais, neste contexto, exigem que nós – feministas – nos posicionemos radicalmente contra os retrocessos impostos pelo golpe, que, em nossa cidade, são representados pela gestão e candidatura golpista de Geraldo Júlio. Assim, somos contra:   

A mercantilização da vida urbana, que destrói nossa memória histórica e os nossos espaços de convivência, destruindo e reprimindo as experiências culturais e cidadãs de convivência comunitárias. As desocupações forçadas, em favor da indústria da construção civil, expulsando a população pobre dos centros urbanos para a periferia e encarecendo nossas vidas, ao invés de construir moradias dignas no mesmo local para a mesma população. A adulteração das instâncias de diálogos entre sociedade e governo - construídas a duras penas pelo movimento popular - através de estratégias clientelistas que cooptam lideranças comunitárias com cargos comissionados, desmobilizando e enfraquecendo as resistências políticas populares. A política de saúde hospitalocêntrica que não humaniza e encarece o atendimento porque destrói as políticas de prevenção e promoção da saúde, aumenta a medicalização da população (especialmente das mulheres) em detrimento da educação para uma vida saudável. A falsa política de educação – sem participação da comunidade escolar - que compra projetos de empresas privadas, mas que não altera a qualidade da educação, nem constrói uma educação cidadã livre de preconceitos étnico-raciais, nem enfrenta a violência contra a mulher, a LGBTfobia e o preconceito de classe. A atual política de segurança que, ao invés ocupar os espaços urbanos vazios com atividades de convivência comunitária e ampliação da rede de iluminação pública, etc, ao contrário, encarcera e extermina a juventude negra e discrimina e culpabiliza as mulheres estupradas e assassinadas. As restritivas políticas de igualdade para as mulheres e de igualdade racial, cujos organismos não têm poder para dialogar e interferir na construção e no monitoramento das demais políticas municipais e não dispõe de recursos para expandir sua atuação, permanecendo restritas aos serviços de atendimento às mulheres em situação de violência.

Consideramos que o atual sistema político brasileiro dificulta a participação da população nas decisões do governo, favorece o clientelismo, o patrimonialismo, a falta de transparência nas decisões e as coligações eleitorais incoerentes que só dificultam a implantação dos compromissos de campanha. Por tudo isso, nós, do FMPE - articulação feminista de esquerda e autônoma – consideramos que estas eleições municipais são relevantes, para conter, em nível municipal, a violência do


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