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PROJETO DA PROTEÇÃO CIVIL DE ALENQUER DISTINGUIDO PELA ANEPC
“SOZINHOS, MAS PROTEGIDOS” TEVE POR BASE A CRIAÇÃO DE UMA PLATAFORMA ELETRÓNICA INTERNA, QUE PERMITE SOCORRER DE FORMA MAIS CÉLERE E EFICIENTE AS PESSOAS VULNERÁVEIS QUE RESIDEM NO CONCELHO, ONDE ESTÃO IDENTIFICADOS MAIS DE 800 CASOS. O PROJETO FOI RECONHECIDO PELA AUTORIDADE NACIONAL DE EMERGÊNCIA E PROTEÇÃO CIVIL, POR INCENTIVAR BOAS PRÁTICAS LOCAIS DE PROMOÇÃO DE RESILIÊNCIA. O projeto “Sozinhos, mas Protegidos”, da Proteção Civil de Alenquer, foi distinguido na 1.ª Edição do “Prémio de Reconhecimento de Boas Práticas Locais de Promoção de Resiliência”. Esta distinção, atribuída em novembro pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), tem como finalidade reconhecer publicamente as iniciativas que promovem boas práticas, desenvolvidas por freguesias, municípios, ou entidades intermunicipais, que ocorram de forma permanente e ajudem à preparação e participação dos cidadãos, em particular dos mais vulneráveis, no aumento da resiliência face à ocorrência de acidentes graves e catástrofes. O projeto, do Serviço Municipal da Proteção Civil de Alenquer, incidiu na criação de uma plataforma eletrónica que permite o socorro, mais célere e eficiente, a pessoas vulneráveis que residem no concelho, cujo índice de população idosa é elevado. Através desta plataforma, é possível fazer face a situações emergentes, resultantes de acidentes graves e calamidades de qualquer tipo de natureza. A criação da base de dados remonta a 2008, ano particularmente marcado por vários incêndios florestais no concelho de Alenquer. Por essa altura, a Proteção Civil identificou vários casos de vulnerabilidade no território, alguns deles com fatores associados, como o isolamento. Mais tarde, o cruzamento de informação com a GNR permitiu criar uma base de dados consolidada, incluindo os nomes dos munícipes, moradas, idades, problemas físicos e/ou mentais, bem como os contactos das mesmas, e/ou dos seus filhos e/ ou dos respetivos cuidadores, que decidiram por si próprios
e/ou com acordo de seus familiares integrar a plataforma. Atualmente, estão identificados 832 casos no concelho, por motivos diversos, sendo estas pessoas acompanhadas numa base semanal. “Todos os dias fazemos dezenas de contactos, divididos por freguesias, a fim de identificar e satisfazer eventuais necessidades. Por norma, cada uma das pessoas é contactada duas vezes por semana”, indicou Rodolfo Batista, Comandante Operacional da Proteção Civil de Alenquer. A necessidade de medicamentos ou simplesmente a solidão têm sido as principais ocorrências reportadas. “Por exemplo, se alguém necessita de cuidados médicos, ou vamos nós ou enviamos os bombeiros. Caso a pessoa necessite de medicação, nós próprios agilizamos recursos para a disponibilizar no mesmo dia”, explicou. O uso no decorrer da pandemia de COVID-19 apresentou-se como exemplo da boa funcionalidade deste projeto. Rodolfo Batista recordou que o processo de acompanhamento “não é exclusivo da Proteção Civil” e envolve também a Guarda Nacional Republicana, noutros moldes, mas garantiu que esta plataforma tem permitido dividir a tarefa e torná-la mais eficaz. “À GNR chegam mais os casos de isolamento que são identificados pelos serviços de ação social. A Proteção Civil, através desta plataforma, tem procurado registar outros casos não identificados, aproveitando o trabalho no terreno. É um trabalho conjunto, que se complementa, e que continua a ser de extrema importância no nosso concelho”, sublinhou. Pedro Folgado, presidente da Câmara Municipal de Alenquer e responsável máximo pela Proteção Civil concelhia, mostrou-
se “orgulhoso” pela distinção, destacando a importância do projeto no acompanhamento destes casos ao longo dos anos.
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Tem sido muito importante porque permite às pessoas sentirem-se incluídas, acompanhadas, com alguém que se preocupa com elas. Muitas das vezes, estas pessoas precisam somente de uma palavra de conforto e de ouvir uma voz amiga do outro lado. Esta proximidade é fundamental e fazemos questão de continuar com esta nossa estratégia”, referiu. O presidente dedicou o prémio “a todo o Serviço Municipal de Proteção Civil que, por inteiro, contribuiu para que este pudesse singrar”, lembrando que foi uma competência aplicada e não inata ao serviço habitualmente prestado pela Proteção Civil. Para Pedro Folgado, a plataforma espelha também a preocupação e o compromisso do município para com as pessoas em situação de maior vulnerabilidade no concelho. “O acompanhamento regular demonstra a nossa preocupação para com os munícipes e o número significativo de casos reportado é sinal disso mesmo. Não há maior sinal de preocupação do que sermos nós, de forma proactiva, a irmos ao encontro destes casos e não estar à espera que estes nos sejam reportados, muitas vezes já numa situação de emergência. Ficamos também muito satisfeitos por saber que tem havido uma recetividade positiva junto da comunidade, com o contacto que é feito”, frisou o edil. O júri da ANEPC certificou que o projeto “Sozinhos, mas Protegidos”, apresentado pelo município de Alenquer, ilustra um elevado compromisso com a promoção da resiliência. A plataforma está disponível para todas as pessoas em situação de vulnerabilidade e à distância de um simples contacto com a Proteção Civil de Alenquer.