Clínica Veterinária n. 123

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Definição da displasia do occipital O termo displasia do occipital foi inicialmente relacionado a um defeito do forame magno que envolve apenas o osso occipital, sendo descrito como qualquer anormalidade no desenvolvimento do forame magno 1,2. Essa terminologia da medicina veterinária foi sugerida para diferenciar essa condição do defeito de Arnold-Chiari e da Síndrome de Klippel Feil que são descritas na espécie humana 1,2. Mais recentemente, a displasia do occipital tem sido definida como um alargamento anormal do forame magno causado pela ossificação incompleta da região ventromedial do osso supraoccipital 6,14,15. Uma pesquisa que estudou o osso occipital e a morfologia do forame magno de crânios de cães do período medieval sugeriu haver uma forte correlação entre a ocorrência de displasia occipital e cruzamentos selecionados para desenvolvimento de padrões raciais, fato esse associado a uma variação morfológica secundária à consanguinidade 16. O alargamento dorsal do forame magno caracteriza a displasia do occipital em cães. Essa condição pode afetar o sulco central do occipital, promovendo um alargamento dorsal do forame. Entretanto, podem ocorrer extensões para os sulcos laterais, promovendo um alargamento lateral do entalhe occipital. O tentório cerebelar é, aparentemente, o fator limitante para a extensão dorsal do forame magno 2. Foi estabelecida uma gradação para o defeito do forame magno, tendo como base o que seria o tamanho normal do

Erika Juliana Gomes de Oliveira

Erika Juliana Gomes de Oliveira

recobrem o encéfalo, e ossos da face, que rodeiam os olhos e as passagens respiratórias e digestivas. O osso occipital se localiza na região caudoventral do crânio, sendo formado a partir de quatro centros distintos de ossificação, um dorsal na parte escamosa do osso supraoccipital, dois laterais nos côndilos occipitais e um na parte basilar. A união desses centros de ossificação delimita o forame magno e, através da sua abertura, há a continuidade do bulbo ou medula oblonga para a medula espinal, juntamente com suas estruturas associadas 8,9. O forame magno é normalmente de formato arredondado ou ovalado e apresenta diâmetro similar ao do forame vertebral do atlas (Figura 1) 10. O atlas (primeira vértebra cervical) se articula cranialmente com os côndilos occipitais do crânio formando a articulação atlanto-occipital, que é responsável, principalmente, pelos movimentos de flexão e extensão. Caudalmente o atlas se articula com o áxis (segunda vértebra cervical), onde forma uma articulação que se move livremente, possibilitando o movimento de rotação da cabeça (Figura 2) 8,9,11. As cavidades da articulação atlanto-occipital e atlantoaxial são interligadas através de uma comunicação ventral ao ápice do dente do áxis, formando uma única cavidade articular composta pelo osso occipital, atlas e áxis 12. As membranas articulares atlanto-occipitais situadas em posição dorsal e ventral reforçam a cápsula articular, juntamente com os ligamentos laterais 8,9. Há ainda seis músculos vertebrais cervicais que se inserem no crânio (músculos retos da cabeça) e participam de funções especializadas de fixação de articulações e dos movimentos de flexão e extensão 13.

Figura 1 – Vista caudal do crânio de um cão sem displasia do occipital demonstrando o forame magno (seta) e os côndilos do occipital (asteriscos)

Figura 2 – Vista ventral da junção craniocervical de um cão demonstrando o osso occipital (a), atlas (b) e processo odontóide do áxis (c)

Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 123, julho/agosto, 2016

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