Clínica Veterinária n. 123

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Neurologia Narcolepsia canina Canine narcolepsy Narcolepsia canina

Diagnóstico por imagem

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Displasia do occipital em cães – revisão de literatura Occipital dysplasia in dogs – literature review Displasia occipital en perros – revisión de la literatura

Clínica

80

Análise do diagnóstico da leishmaniose visceral canina no Brasil, com ênfase no uso dos métodos sorológicos: teste imunocromatográfico, ELISA e reação de imunofluorescência indireta – revisão de literatura Analysis of the diagnosis of canine visceral leishmaniasis in Brazil, with emphasis on the use of immunochromatography, ELISA and IFAT – a review Análisis del diagnóstico de la leishmaniasis visceral canina en Brasil, con énfasis en el uso de métodos serológicos: inmunocromatografía, ELISA e inmunofluorescencia indirecta – revisión de la literatura

Cirurgia

88

Reparação cirúrgica de hipospadia escrotal canina – relato de caso Surgical repair of canine scrotal hypospadias – case report Corrección quirúrgica de la hipospadia escrotal canina – relato de un caso

Cirurgia

96

Aplasia segmentar uterina em ovariosalpingohisterectomia eletiva em cadela – relato de caso Segmental uterine aplasia in elective ovariohysterectomy in a bitch – case report Aplasia segmentaria uterina en ovariohisterectomía electiva en perra – relato de caso 4

100

Oncologia

Criocirurgia no tratamento de TVT quimiorresistente em um cão – relato de caso Cryosurgery as treatment for chemoresistent TVT in a dog – case report Criocirugía como tratamiento de un tumor venéreo transmisible en un perro – relato de caso

106

Reprodução

Diagnóstico do cio e do momento adequado para a inseminação artificial em uma cadela fila brasileira – relato de caso Estrus diagnosis and timing of artificial insemination in a Brazilian Mastiff bitch – case report Diagnóstico del celo y del momento ideal para la inseminación artificial en una perra Fila Brasilero – relato de caso

@

Na internet

Facebook http://facebook.com/ClinicaVet Twitter http://twitter.com/ClinicaVet Site http://revistaclinicaveterinaria.com.br Apple Store - http://goo.gl/LiOuit Google Play - http://goo.gl/nEyv4Y

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Contato Editora Guará Ltda. Dr. José Elias 222 - Alto da Lapa 05083-030 São Paulo - SP, Brasil Central de assinaturas: 0800 887.1668 cvassinaturas@editoraguara.com.br Telefone/fax: (11) 3835-4555 / 3641-6845

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Medicina veterinária do coletivo

• Venco Saúde Animal – 30 anos e muitas novidades • Ciclo de palestras sobre obesidade trouxe Alex German • Dr. Ronaldo Casimiro recebe, nos EUA, prêmio por excelência didática • 37º Congresso Brasileiro da Associação Nacional dos Clínicos Veterinários de Pequenos Aninais

Especialidades

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• Abandono de animais e o importante papel do clínico veterinário • Força-tarefa internacional auxilia governos no manejo populacional de cães e gatos • Quando cuidar dos animais cansa • Adoção de animal com desconto no IPTU

Medicina veterinária legal

Notícias

• • • •

Prova Título de Especialista em Anestesiologia Veterinária Parasitologia: Filipe Dantas-Torres recebe prêmio na Itália Neuropatologia e neurologia clínica veterinária Brasil recebeu o Congresso Mundial de Oncologia Veterinária – WVCC 2016 • SINDIV 2016 • IV Simpósio de Sepse • Rede Pet Fisio inaugura unidade sede na capital paulista

Ecologia Ave brasileira considerada uma das mais raras do mundo é redescoberta 75 anos após o último registro comprovado da espécie

Bem-estar animal • Vínculos afetivos com animais de estimação – formações e rupturas a partir de uma abordagem psicanalítica • Desafios da sociedade civil e do poder público

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Senciência animal

Comportamento O monitor ideal em day care para cães

Pet food • Unesp-Jaboticabal promove o VIII Curso Teórico-Prático sobre Nutrição de Cães e Gatos: “Uma visão industrial” • Aspectos nutricionais em gatos com sensibilidade do trato digestório

Gestão, marketing e estratégia

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• O futuro do marketing: evolução do conceito e importância do relacionamento com o cliente • Cortar custos a qualquer preço?

Lançamentos Guia veterinário - www.guiavet.com.br Vet Agenda - www.vetagenda.com.br

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EDITORES / PUBLISHERS Arthur de Vasconcelos Paes Barretto editor@editoraguara.com.br CRMV-MG 10.684 - www.crmvmg.org.br

Maria Angela Sanches Fessel cvredacao@editoraguara.com.br CRMV-SP 10.159 - www.crmvsp.gov.br

PUBLICIDADE / ADVERTISING midia@editoraguara.com.br

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA / DESKTOP PUBLISHING Editora Guará Ltda.

CAPA / COVER: - filhote de labrador Shutterstock

E

m maio de 2016 ocorreu, na cidade de Goiânia, GO, o 37º Congresso Brasileiro da Associação Brasileira de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclivepa). Na ocasião, o prof. dr. Vitor Márcio Ribeiro (PUC-Betim), presidente do Grupo de Estudos sobre Leishmaniose Animal (Brasileish), ministrou palestra em que questionou a eliminação canina e apresentou detalhes da leishmaniose felina. Em 2017, no Congresso Brasileiro da Associação Brasileira de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais, a leishmaniose continuará sendo um dos temas de destaque. Na revista Clínica Veterinária, o esmero Prof. dr. Vitor Ribeiro. em selecionar e comPUC-BETIM / BRASILEISH partilhar artigos científicos e atualidades da medicina veterinária sempre foi uma satisfação. Principalmente quando os artigos são extremamente úteis e se tornam referência na literatura científica. Sem contar que hoje o acesso a esses artigos ficou muito rápido e prático, graças à disponibilidade de todo o acervo digital dos últimos onze anos da revista. Inclusive por meio de aplicativos (Android e iOs). “Leishmaniose felina – revisão de literatura” (n. 122); “Revisão sobre a leptospirose canina no Brasil” (n. 119); “Cetoacidose diabética: fisiopatogenia, diagnóstico e tratamento” (n. 79); e “Leishmaniose visceral canina: aspectos de tratamento e controle” (n. 71) são exemplos de alguns artigos extremamente úteis, que passaram a ser referência. E, na nova edição, é de grande valia e utilidade o artigo Leishmaniose felina “Análise do diagnóstico da leishmaniose visceral canina no Brasil com ênfase no uso dos métodos sorológicos: teste imunocromatográfico, Elisa e reação de imunofluorescência indireta – revisão de literatura”. No papel de editor, sou muito grato aos autores que seguem publicando na revista Clínica Veterinária. Porém também tenho extrema gratidão aos médicos veterinários que se dedicam à leitura e à educação continuada. O profissional atualizado e interessado sempre poderá usar seu conhecimento para agregar valor aos serviços oferecidos. Enquanto isso, o profissional pouco preparado, na maioria das vezes, usa o baixo preço para estabelecer-se. “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina” (Cora Coralina).

Clínica Veterinária é uma revista técnico-científica bimestral, dirigida aos clínicos veterinários de pequenos animais, estudantes e professores de medicina veterinária, publicada pela Editora Guará Ltda. As opiniões em artigos assinados não são necessariamente compartilhadas pelos editores. Os conteúdos dos anúncios veiculados são de total responsabilidade dos anunciantes. Não é permitida a reprodução parcial ou total do conteúdo desta publicação sem a prévia autorização da editora. A responsabilidade de qualquer terapêutica prescrita é de quem a prescreve. A perícia e a experiência profissional de cada um são fatores determinantes para a condução dos possíveis tratamentos para cada caso. Os editores não podem se responsabilizar pelo abuso ou má aplicação do conteúdo da revista Clínica Veterinária.

Arthur de Vasconcelos Paes Barretto CRMV-MG 10.684

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CONSULTORES CIENTÍFICOS Adriano B. Carregaro

Carlos Roberto Daleck

Flavia Toledo

José Ricardo Pachaly

FZEA/USP-Pirassununga

FCAV/Unesp-Jaboticabal

Univ. Estácio de Sá

UNIPAR

Álan Gomes Pöppl

Carlos Mucha

Flavio Massone

José Roberto Kfoury Jr.

FV/UFRGS

IVAC-Argentina

FMVZ/Unesp-Botucatu

Alberto Omar Fiordelisi

Cassio R. A. Ferrigno

Francisco E. S. Vilardo

FCV/UBA

FMVZ/USP-São Paulo

Criadouro Ilha dos Porcos

Alceu Gaspar Raiser

Ceres Faraco

Francisco J. Teixeira N.

DCPA/CCR/UFSM

FACCAT/RS

Alejandro Paludi

César A. D. Pereira

FCV/UBA

UAM, UNG, UNISA

Alessandra M. Vargas

Christina Joselevitch

Endocrinovet

FMVZ/USP-São Paulo

Alexandre Krause

Cibele F. Carvalho

FMV/UFSM

UNICSUL

Alexandre G. T. Daniel

Clair Motos de Oliveira

Universidade Metodista

FMVZ/USP-São Paulo

Alexandre L. Andrade

Clarissa Niciporciukas

CMV/Unesp-Aracatuba

ANCLIVEPA-SP

Alexander W. Biondo

Cleber Oliveira Soares

UFPR, UI/EUA

EMBRAPA

FMVZ/Unesp-Botucatu

Aline Machado Zoppa

Cristina Massoco

FMU/Cruzeiro do Sul

Salles Gomes C. Empresarial

Aline Souza

Daisy Pontes Netto

UFF

FMV/UEL

Aloysio M. F. Cerqueira

Daniel C. de M. Müller

UFF

UFSM/URNERGS

Ana Claudia Balda

Daniel G. Ferro

FMU, Hovet Pompéia

ODONTOVET

Ananda Müller Pereira

Daniel Macieira

Universidad Austral de Chile

FMV/UFF

Ana P. F. L. Bracarense

Denise T. Fantoni

DCV/CCA/UEL

FMVZ/USP-São Paulo

André Luis Selmi

Dominguita L. Graça

Anhembi/Morumbi e Unifran

FMV/UFSM

Angela Bacic de A. e Silva

Edgar L. Sommer

FMU

F. Marlon C. Feijo UFERSA

Franz Naoki Yoshitoshi Provet

Gabriela Pidal FCV/UBA

Gabrielle Coelho Freitas UFFS-Realeza

Geovanni D. Cassali ICB/UFMG

Geraldo M. da Costa DMV/UFLA

Gerson Barreto Mourão ESALQ/USP

Hannelore Fuchs Instituto PetSmile

Hector Daniel Herrera FCV/UBA

Hector Mario Gomez EMV/FERN/UAB

Hélio Autran de Moraes Dep. Clin. Sci./Oregon S. U.

Hélio Langoni FMVZ/UNESP-Botucatu

Heloisa J. M. de Souza FMV/UFRRJ

FMVZ/USP

Juan Carlos Troiano FCV/UBA

Juliana Brondani FMVZ/Unesp-Botucatu

Juliana Werner Lab. Werner e Werner

Julio C. C. Veado FMVZ/UFMG

Julio Cesar de Freitas UEL

Karin Werther FCAV/Unesp-Jaboticabal

Leonardo Pinto Brandão Ceva Saúde Animal

Leucio Alves FMV/UFRPE

Luciana Torres FMVZ/USP-São Paulo

Lucy M. R. de Muniz FMVZ/Unesp-Botucatu

Luiz Carlos Vulcano FMVZ/Unesp-Botucatu

Luiz Henrique Machado FMVZ/Unesp-Botucatu

Marcello Otake Sato

FMVZ/USP-São Paulo

Marion B. de Koivisto CMV/Unesp-Araçatuba

Marta Brito FMVZ/USP-São Paulo

Mary Marcondes CMV/Unesp-Araçatuba

Masao Iwasaki FMVZ/USP-São Paulo

Mauro J. Lahm Cardoso FALM/UENP

Mauro Lantzman Psicologia PUC-SP

Michele A. F. A. Venturini ODONTOVET

Michiko Sakate FMVZ/Unesp-Botucatu

Miriam Siliane Batista FMV/UEL

Moacir S. de Lacerda UNIUBE

Monica Vicky Bahr Arias FMV/UEL

Nadia Almosny FMV/UFF

Nayro X. Alencar FMV/UFF

FM/UFTO

Nei Moreira

Marcelo A.B.V. Guimarães

Nelida Gomez

FMVZ/USP-São Paulo

Marcelo Bahia Labruna FMVZ/USP-São Paulo

CMV/UFPR FCV/UBA

Nilson R. Benites FMVZ/USP-São Paulo

Nobuko Kasai

Herbert Lima Corrêa

Marcelo de C. Pereira

ODONTOVET

FMVZ/USP-São Paulo

FMVZ/USP-São Paulo

PROVET

Iara Levino dos Santos

Marcelo Faustino

Noeme Sousa Rocha

Antonio M. Guimarães

Edison L. P. Farias

Koala H. A. e Inst. Dog Bakery

DMV/UFLA

UFPR

Iaskara Saldanha

Aparecido A. Camacho

Eduardo A. Tudury

Lab. Badiglian

FCAV/Unesp-Jaboticabal

DMV/UFRPE

Idael C. A. Santa Rosa

A. Nancy B. Mariana

Elba Lemos

UFLA

FMVZ/USP-São Paulo

FioCruz-RJ

Arlei Marcili

Eliana R. Matushima

FMVZ/USP-São Paulo

FMVZ/USP-São Paulo

Jairo Barreras

Aulus C. Carciofi

Elisangela de Freitas

FCAV/Unesp-Jaboticabal

FMVZ/Unesp-Botucatu

James N. B. M. Andrade Marcio B. Castro

Aury Nunes de Moraes

Estela Molina

UESC

FCV/UBA

Ayne Murata Hayashi

Fabian Minovich

FMVZ/USP-São Paulo

UJAM-Mendoza

Beatriz Martiarena

Fabiano Montiani-Ferreira

FCV/UBA

FMV/UFPR

Ismar Moraes FMV/UFF

Fabiano Séllos Costa

FMVZ/USP; IVI

DMV/UFRPE

Berenice A. Rodrigues

Fabio Otero Ascol

Médica veterinária autônoma

IB/UFF

Camila I. Vannucchi

Fabricio Lorenzini

FMVZ/USP-São Paulo

FAMi

Carla Batista Lorigados

Fernando C. Maiorino

FMU

FEJAL/CESMAC/FCBS

Carla Holms

Fernando de Biasi

Anclivepa-SP

DCV/CCA/UEL

Carlos Alexandre Pessoa Fernando Ferreira

Norma V. Labarthe

Zoo SBC,SP

Marcia Kahvegian FMVZ/USP-São Paulo

Márcia Marques Jericó UAM e UNISA

Marcia M. Kogika FMVZ/USP-São Paulo

FMV/UTP

UNB

FMVZ/Unesp-Botucatu

Janis R. M. Gonzalez FMV/UEL

Jean Carlos R. Silva UFRPE, IBMC-Triade

João G. Padilha Filho FCAV/Unesp-Jaboticabal

João Luiz H. Faccini UFRRJ

João Pedro A. Neto UAM

Jonathan Ferreira Odontovet

Jorge Guerrero Universidade da Pennsylvania

José de Alvarenga

www.animalexotico.com.br

FMVZ/USP-São Paulo

Carlos E. Ambrosio

Filipe Dantas-Torres

FZEA/USP-Pirassununga

CPAM

Carlos E. S. Goulart

Flávia R. R. Mazzo

José Luiz Laus

FTB

Provet

FCAV/Unesp-Jaboticabal

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FMV/Unesp-Botucatu

Marcelo S. Gomes

FioCruz

Jane Megid

Benedicto W. De Martin

FMVZ/USP-São Paulo

FMVZ/USP

Jose Fernando Ibañez FALM/UENP

Marcio Brunetto FMVZ/USP-Pirassununga

Marcio Dentello Lustoza Biogénesis-Bagó Saúde Animal

Márcio Garcia Ribeiro FMVZ/Unesp-Botucatu

Marco Antonio Gioso FMVZ/USP-São Paulo

Marconi R. de Farias PUC-PR

Maria Cecilia R. Luvizotto CMV/Unesp-Aracatuba

M. Cristina F. N. S. Hage FMV/UFV

Maria Cristina Nobre FMV/UFF

M. de Lourdes E. Faria VCA/SEPAH

Maria Isabel M. Martins

FMV/UFFe FioCruz

Patricia C. B. B. Braga FMVZ/USP-Leste

Patrícia Mendes Pereira DCV/CCA/UEL

Paulo Anselmo Zoo de Campinas

Paulo César Maiorka FMVZ/USP-São Paulo

Paulo Iamaguti FMVZ/Unesp-Botucatu

Paulo S. Salzo UNIMES, UNIBAN

Paulo Sérgio M. Barros FMVZ/USP-São Paulo

Pedro Germano FSP/USP

Pedro Luiz Camargo DCV/CCA/UEL

Rafael Almeida Fighera FMV/UFSM

Rafael Costa Jorge Hovet Pompéia

Regina H.R. Ramadinha FMV/UFRRJ

Renata A. Sermarini ESALQ/USP

DCV/CCA/UEL

Renata Afonso Sobral

M. Jaqueline Mamprim

Onco Cane Veterinária

FMVZ/Unesp-Botucatu

Maria Lúcia Z. Dagli

Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 123, julho/agosto, 2016

Renata Navarro Cassu Unoeste-Pres. Prudente


Renée Laufer Amorim FMVZ/Unesp-Botucatu

Ricardo Duarte All Care Vet / FMU

Ricardo G. D’O. C. Vilani UFPR

Ricardo S. Vasconcellos CAV/UDESC

Rita de Cassia Garcia FMVZ/USP-São Paulo

Rita de Cassia Meneses IV/UFRRJ

Rita Leal Paixão FMV/UFF

Robson F. Giglio Hosp. Cães e Gatos; Unicsul

Rodrigo Gonzalez FMV/Anhembi-Morumbi

Rodrigo Mannarino FMVZ/Unesp-Botucatu

Rodrigo Teixeira Zoo de Sorocaba

Ronaldo C. da Costa CVM/Ohio State University

Ronaldo G. Morato CENAP/ICMBio

Rosângela de O. Alves EV/UFG

Rute C. A. de Souza UFRPE/UAG

Ruthnéa A. L. Muzzi DMV/UFLA

Sady Alexis C. Valdes Unipam-Patos de Minas

Sheila Canavese Rahal FMVZ/Unesp-Botucatu

Silvia E. Crusco UNIP/SP

Silvia Neri Godoy ICMBio/Cenap

Silvia R. G. Cortopassi FMVZ/USP-São Paulo

Silvia R. R. Lucas FMVZ/USP-São Paulo

Silvio A. Vasconcellos FMVZ/USP-São Paulo

Silvio Luis P. de Souza FMVZ/USP, UAM

Simone Gonçalves Hemovet/Unisa

Stelio Pacca L. Luna FMVZ/Unesp-Botucatu

Tiago A. de Oliveira UEPB

Tilde R. Froes Paiva FMV/UFPR

Valéria Ruoppolo Int. Fund for Animal Welfare

Vamilton Santarém Unoeste

Vania M. de V. Machado FMVZ/Unesp-Botucatu

Victor Castillo FCV/UBA

Vitor Marcio Ribeiro PUC-MG

Viviani de Marco UNISA e NAYA Especialidades

Wagner S. Ushikoshi FMV/UNISA e FMV/CREUPI

Zalmir S. Cubas Itaipu Binacional

Instruções aos autores A Clínica Veterinária publica artigos científicos inéditos, de três tipos: trabalhos de pesquisa, relatos de caso e revisões de literatura. Embora todos tenham sua importância, nos trabalhos de pesquisa, o ineditismo encontra maior campo de expressão, e como ele é um fator decisivo no âmbito científico, estes trabalhos são geralmente mais valorizados. Todos os artigos enviados à redação são primeiro avaliados pela equipe editorial e, após essa avaliação inicial, encaminhados aos consultores científicos. Nessas duas instâncias, decide-se a conveniência ou não da publicação, de forma integral ou parcial, e encaminham-se ao autores sugestões e eventuais correções. Trabalhos de pesquisa são utilizados para apresentar resultados, discussões e conclusões de pesquisadores que exploram fenômenos ainda não completamente conhecidos ou estudados. Nesses trabalhos, o bem-estar animal deve sempre receber atenção especial. Relatos de casos são utilizados para a apresentação de casos de interesse, quer seja pela raridade, evolução inusitada ou técnicas especiais. Devem incluir uma pesquisa bibliográfica profunda sobre o assunto (no mínimo 30 referências) e conter uma discussão detalhada dos achados e conclusões do relato à luz dessa pesquisa. A pesquisa bibliográfica deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Revisões são utilizadas para o estudo aprofundado de informações atuais referentes a um determinado assunto, a partir da análise criteriosa dos trabalhos de pesquisadores de todo o meio científico, publicados em periódicos de qualidade reconhecida. As revisões deverão apresentar pesquisa de, no mínimo, 60 referências provadamente consultadas. Uma revisão deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Critérios editoriais Para a primeira avaliação, os autores devem enviar pela internet (cvredacao@editoraguara.com.br) um arquivo texto (.doc) com o trabalho, acompanhado de imagens digitalizadas em formato .jpg . As imagens digitalizadas devem ter, no mínimo, resolução de 300 dpi na largura de 9 cm. Se os autores não possuírem imagens digitalizadas, devem encaminhar pelo correio ao nosso departamento de redação cópias das imagens originais (fotos, slides ou ilustrações – acompanhadas de identificação de propriedade e autor). Devem ser enviadas também a identificação de todos os autores do trabalho (nome completo por extenso, RG, CPF, endereço residencial com cep, telefones e e-mail). Além dos nomes completos, devem ser informadas as instituições às quais os autores estejam vinculados, bem como seus títulos no momento em que o trabalho foi escrito. Os autores devem ser relacionados na seguinte ordem: primeiro, o autor principal, seguido do orientador e, por fim, os colaboradores, em sequência decrescente de participação. Sugere-se como máximo seis autores. O primeiro autor deve necessariamente ter diploma de graduação em medicina veterinária. Todos os artigos, independentemente da sua categoria, devem ser redigidos em língua portuguesa e acompanhados de versões em língua inglesa e espanhola de: título, resumo (de 700 a 800 caracteres) e unitermos (3 a 6). Os títulos devem ser claros e grafados em letras minúsculas – somente a primeira letra da primeira palavra deve ser grafada em letra maiúscula. Os resumos devem ressaltar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões, de forma concisa, dos pontos relevantes do trabalho apresentado. Os unitermos não devem constar do título. Devem ser dispostos do mais abrangente para o mais específico (eg, “cães, cirurgias, abcessos, próstata). Verificar se os unitermos escolhidos constam dos “Descritores em Ciências de Saúde” da Bireme (http://decs.bvs.br/). Revisões de literatura não devem apresentar o subtítulo “Conclusões”. Sugere-se “Considerações finais”. Não há especificação para a quantidade de páginas, dependendo esta do conteúdo explorado. Os assuntos devem ser abordados com objetividade e clareza, visando o público leitor – o clínico veterinário de pequenos animais. Utilizar fonte arial tamanho 10, espaço simples e uma única coluna. As margens superior, inferior e laterais devem apresentar até 3 cm. Não deixar linhas em branco ao longo do texto, entre títulos, após subtítulos e entre as referências. No caso de todo o material ser remetido pelo correio, devem

necessariamente ser enviados, além de uma apresentação impressa, uma cópia em CD-rom. Imagens como fotos, tabelas, gráficos e ilustrações não podem ser cópias da literatura, mesmo que seja indicada a fonte. Devem ser utilizadas imagens originais dos próprios autores. Imagens fotográficas devem possuir indicação do fotógrafo e proprietário; e quando cedidas por terceiros, deverão ser obrigatoriamente acompanhadas de autorização para publicação e cessão de direitos para a Editora Guará (fornecida pela Editora Guará). Quadros, tabelas, fotos, desenhos, gráficos deverão ser denominados figuras e numerados por ordem de aparecimento das respectivas chamadas no texto. Imagens de microscopia devem ser sempre acompanhadas de barra de tamanho e nas legendas devem constar as objetivas utilizadas. As legendas devem fazer parte do arquivo de texto e cada imagem deve ser nomeada com o número da respectiva figura. As legendas devem ser autoexplicativas. Não citar comentários que constem das introduções de trabalhos de pesquisa para não incorrer em apuds. Sempre buscar pelas referências originais. O texto do autor original deve ser respeitado, utilizando-se exclusivamente os resultados e, principalmente, as conclusões dos trabalhos. Quando uma informação tiver sido localizada em diversas fontes, deve-se citar apenas o autor mais antigo como referência para essa informação, evitando a desproporção entre o conteúdo e o número de referências por frases. As referências serão indicadas ao longo do texto apenas por números sobrescritos ao texto, que corresponderão à listagem ao final do artigo – autores e datas não devem ser citados no texto. Esses números sobrescritos devem ser dispostos em ordem crescente, seguindo a ordem de aparecimento no texto, e separados apenas por vírgulas (sem espaços). Quando houver mais de dois números em sequência, utilizar apenas hífen () entre o primeiro e o último dessa sequência, por exemplo cão 1,3,6-10,13. A apresentação das referências ao final do artigo deve seguir as normas atuais da ABNT 2002 (NBR 10520). Utilizar o formato v. para volume, n. para número e p. para página. Não utilizar “et al” – todos os autores devem ser relacionados. Não abreviar títulos de periódicos. Sempre utilizar as edições atuais de livros – edições anteriores não devem ser utilizadas. Todos os livros devem apresentar informações do capítulo consultado, que são: nome dos autores, nome do capítulo e páginas do capítulo. Quando mais de um capítulo for utilizado, cada capítulo deverá ser considerado uma referência específica. Não serão aceitos apuds nem revisões de literatura (Citação direta ou indireta de um autor a cuja obra não se teve acesso direto. É a citação de “segunda mão”. Utiliza-se a expressão apud, que significa “citado por”. Deve ser empregada apenas quando o acesso à obra original for impossível, pois esse tipo de citação compromete a credibilidade do trabalho). A exceção será somente para literatura não localizada e obras antigas de difícil acesso, anteriores a 1960. As citações de obras da internet devem seguir o mesmo procedimento das citações em papel, apenas com o acréscimo das seguintes informações: “Disponível em: <http://www.xxxxxxxxx>. Acesso em: dia de mês de ano.” Somente utilizar o local de publicação de periódicos para títulos com incidência em locais distintos, como, por exemplo: Revista de Saúde Pública, São Paulo e Revista de Saúde Pública, Rio de Janeiro. De modo geral, não são aceitas como fontes de referência periódicos ou sites não indexados. Ocasionalmente, o conselho científico editorial poderá solicitar cópias de trabalhos consultados que obrigatoriamente deverão ser enviadas. Será dado um peso específico à avaliação das citações, tanto pelo volume total de autores citados, quanto pela diversidade. A concentração excessiva das citações em apenas um ou poucos autores poderá determinar a rejeição do trabaho. Não utilizar SID, BID e outros. Escrever por extenso “a cada 12 horas”, “a cada 6 horas” etc. Com relação aos princípios éticos da experimentação animal, os autores deverão considerar as normas do SBCAL (Sociedade Brasileira de Ciência de Animais de Laboratório). Informações referentes a produtos utilizados no trabalho devem ser apresentadas em rodapé, com chamada no texto com letra sobrescrita ao princípio ativo ou produto. No rodapé devem constar o nome comercial, fabricante, cidade e estado. Para produtos importados, informar também o país de origem, o nome do importador/distribuidor, cidade e estado.

Revista Clínica Veterinária / Redação Rua dr. José Elias 222 CEP 05083-030 São Paulo - SP cvredacao@editoraguara.com.br

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NOTÍCIAS

Venco Saúde Animal – 30 anos e muitas novidades

E

m 2016, a Venco Saúde Animal está cheia de novidades. Em comemoração a seus 30 anos de fundação, a empresa apresentou sua nova identidade visual. Além disso, para acompanhar essa nova etapa, o site da Venco também foi reformulado, e está no ar com muitas novidades: • Mais leve e dinâmico: agora ele é responsivo e se adapta a qualquer tipo de plataforma em que for acessado, ou seja, em todas as dimensões de tela as informações ficam claras e visíveis; • Novo mecanismo de busca de distribuidores: no menu “Onde Comprar”, agora é possível procurer a cidade mais

Venco Saúde Animal. Portfólio com mais de 60 produtos – http://youtu.be/RJiBjIL6Biw

próxima ou navegar pelo mapa. Foi utilizada uma plataforma do Google para que os consumidores consigam encontrar facilmente os distribuidores; • Blog: contará com informações úteis a respeito da saúde animal numa linguagem mais familiar ao público; • Novo vídeo institucional: disponível no menu “Sobre”, para que todos saibam um pouco mais sobre a Venco.

Venco Saúde Animal: http://www.venco.com.br

Ciclo de palestras sobre obesidade trouxe Alex German

O

prof. Alex German, da O prof. German também foi Universidade de Liverpool um dos responsáveis por traçar as (Reino Unido), especialisdiretrizes do maior estudo de ta em obesidade em animais de perda de peso conduzido em estimação, esteve no Brasil, em gatos e cães no mundo, o junho, para participar de ciclo de Programa de Perda de Peso palestras promovido pela Royal Satiety. Os resultados, divulgaCanin®, e compartilhar resultados dos recentemente, indicaram que de pesquisas recentes. 97% dos animais participantes Além de um alimento específiperderam peso, e 90% dos tutores co para a redução do peso, o prof. relataram estar satisfeitos ou Equipe Royal Canin durante palestra com o German também enfatizou a im- prof. Alex German (Universidade de Liverpool) muito satisfeitos com os resultaportância do uso de comedouros dos apresentados pelos animais, lentos e brinquedos que liberam o alimento conforme o após os três meses de estudo. Ao todo, 450 médicos veteanimal brinca. rinários acompanharam 1.325 gatos e cães de 27 países, O prof. Alex German conduz há mais de 10 anos a incluindo o Brasil. Weight Management Clinic, especializada em obesidade “A obesidade é hoje o maior problema de saúde enfrende gatos e cães. Como clínico e acadêmico, viu a possibi- tado pelos animais de estimação de todo o mundo”, deslidade de fazer a diferença especializando-se em obesida- taca Vladmir Maganhoto, Presidente da Royal Canin de, doença que afeta quase metade da população de gatos Brasil. “Tão relevante quanto conscientizar o tutor, é divie cães no mundo (dado APOP). O sobrepeso dos pets é dir práticas inéditas conduzidas por pesquisadores de todo associado a doenças como diabetes e problemas articula- o mundo com os médicos veterinários brasileiros. Dessa res, demonstrando a importância da conscientização dos forma, a Royal Canin® faz jus ao seu compromisso de tutores sobre os prejuízos da ingestão de calorias em compartilhar conhecimento e esta foi a principal razão de excesso e da pouca atividade física. trazermos o prof. Alex German”, enfatiza Maganhoto. 12

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NOTÍCIAS

Dr. Ronaldo Casimiro recebe, nos EUA, prêmio por excelência didática

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dr. Ronaldo Casimiro da Costa recebeu recentemente o Prêmio de Excelência Didática no curso de medicina veterinária da Universidade Estadual de Ohio (The Ohio State University – OSU), nos Estados Unidos. Este foi o quarto prêmio que o dr. Ronaldo recebe nessa Universidade nos últimos sete anos. Ele já havia recebido o primeiro Prêmio de Excelência Didática em 2010, e o Prêmio de Melhor Professor da Faculdade de Medicina Veterinária em 2011, sendo posteriormente finalista na seleção do Prêmio de Melhor Professor de Medicina Veterinária dos EUA em 2012. Em 2013 ele também foi escolhido como o melhor professor da pósgraduação na OSU. Segundo o professor, o Prêmio de Excelência Didática é concedido aos quatro melhores professores da faculdade por voto dos estudantes das quatro turmas do curso de medicina veterinária. “É um prêmio bem concorrido pois o curso de medicina veterinária tem 160 professores”, diz ele. e completa: “Sinto-me mais uma vez extremamente honrado com esta homenagem. Dedicamos praticamente os últimos dezenove anos à clínica e à didática, e é sempre uma enorme satisfação receber o reconhecimento dos alunos, pois nosso trabalho é feito sempre pensando no ensino do ponto de vista do aprendiz, seja ele aluno ou profissional. Mesmo depois de ter sido agraciado com 27 prêmios ao longo de nossa carreira no Brasil, Canadá e Estados Unidos, todo prêmio é especial e recebido com muito carinho e humildade. Tenho que agradecer a Deus, minha família, a todos meus professores e alunos da UFPR-Palotina que me ajudaram a ser um melhor educador”.

Dr. Ronaldo Casimiro da Costa recebendo o prêmio do dr. Rustin Moore, DVM, PhD, DACVS, Diretor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Estadual de Ohio – http://www.osu.edu

O dr. Ronaldo é paulistano e egresso da Universidade Federal do Paraná, UFPR – Curitiba. Ele é professor e chefe do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Estadual de Ohio, e também é presidente da Associação Brasileira de Neurologia Veterinária (ABNV), editor do maior livro de Neurologia Veterinária da atualidade (DEWEY; DA COSTA, Practical Guide to Canine and Feline Neurology), e autor de mais de setenta trabalhos e capítulos de livros, a imensa maioria no exterior. Maiores informações sobre neurologia e o dr. Casimiro podem ser encontradas no site http://neuronaldo.com.br.

Edição em português do livro Practical Guide to Canine and Feline Neurology

A

Editora Guará firmou contrato com a John Wiley & Sons, Inc para traduzir para o português a 3ª edição da obra Practical Guide to Canine and Feline Neurology. Para Arthur de Vasconcelos Paes Barretto, editor da versão em português, é uma grande satisfação poder compartilhar com os médicos veterinários do Brasil uma obra de tamanha importância que, certamente, será de grande utilidade na promoção da saúde e bem-estar dos cães e gatos. Em breve, será informada a data prevista para o lançamento. Fique atento e aproveite as condições especiais que serão oferecidas. Arthur de V. Paes Barretto e o dr. Ronaldo Casimiro da Costa, com a versão originial da obra Practical Guide to Canine and Feline Neurology 14

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CURSOS EM

MEDICINA VETERINÁRIA

CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO

CURSOS INTENSIVOS

XI CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ACUPUNTURA VETERINÁRIA

I CURSO DE ANESTESIA

500 horas, 24 finais de semana Início: 27 e 28 de Agosto de 2016 Aulas práticas em todos os módulos Abordagem a pequenos e grandes animais Presença de palestrante internacional

IX CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FISIATRIA, FISIOTERAPIA E

REABILITAÇÃO VETERINÁRIA Curso em novo formato! 21 módulos, 100 horas de prática! Início: 06 e 07 de Agosto de 2016 Abordagem a pequenos animais e equinos Presença de palestrante internacional

LOCORREGIONAL GUIADA POR ULTRASSOM EM CÃES E GATOS

Dias 04 e 05 de Julho de 2016 Abordagem aos principais bloqueios anestésicos realizados em pequenos animais em aulas teóricas aplicadas e práticas interativas e workshops (hands-on).

I CURSO DE FUNDAMENTOS DO

HORSEMANSHIP

Dias 23 e 24 de Julho de 2016 Princípios da etologia aplicada aos equinos por meio de conceitos e técnicas relativos à linguagem corporal. Curso prático e interativo com os animais!

I SIMPÓSIO DE ONCOLOGIA DE PEQUENOS ANIMAIS E I WORKSHOP DE ELETROQUIMIOTERAPIA Dias 11, 12 e 13 de Novembro de 2016, em Ribeirão Preto/SP. Presença dos palestrantes internacionais: Enrico P Spugnini (Itália), Michael O Childress (EUA) e Juan F Borrego Massó (Espanha), além da presença de renomados palestrantes nacionais. Inscrições com desconto até dia 01 de Agosto de 2016. Rua Vicente Giacobino, 45 Jardim Santa Mônica Botucatu - SP - 18605-545 www.bioethicus.com.br secretaria@bioethicus.com.br (14) 3814 6898 ou (14) 3813 3898

+ 55 14 9 9740 4916 Instituto Bioethicus @bioethicus


NOTÍCIAS

37º Congresso Brasileiro da Associação Nacional dos Clínicos Veterinários de Pequenos Aninais

http://goo.gl/fjY8Vm

D

e 12 a 14 de maio, Goiânia sediou o 37° Congresso Brasileiro da Associação Nacional dos Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclivepa). Cerca de 3 mil profissionais participaram do congresso. A programação científica esteve repleta de novidades e trouxe o Fórum Internacional de Nutrição, curso de gestão e marketing para clínicas, últimas atualizações sobre epilepsia canina, anorexia em gatos, zoonoses e medicina felina, novas perspectivas para a parvovirose canina, acupuntura no tratamento da dor crônica, terapia com células-tronco, exames laboratoriais para pets exóticos, entre outros temas importantes. Além disso, o CBA 2016 também abrigou o X Congresso Brasileiro de Odontologia Veterinária, o X COBOV, um dos sete eventos paralelos. Ronaldo Casimiro (The Ohio State University, Columbus, Ohio, EUA) ministrou uma palestra oportuna em tempos de crise: “Quero ir embora. Como ser médico veterinário nos EUA? Tudo que o profissional gostaria de saber e não tinha para quem perguntar”. Durante o congresso, fiscais do CRMV-GO e da vigilância sanitária de Goiânia estiveram presentes junto a hospital-modelo e ao pet shop-modelo que foram concebidos para esclarecer dúvidas dos profissionais que querem montar ou adequar suas empresas de acordo com a Resolução do CFMV n. 1015/2012, que define critérios para estabelecimentos veterinários. O próximo congresso já está programado para ocorrer de 3 a 5 de maio de 2017, em Recife, PE. Confira as promoções para inscrições antecipadas e garanta já a sua! Visite http://www.anclivepa2017.com.br .

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ESPECIALIDADES

Prova Título de Especialista em Anestesiologia Veterinária e 12 a 15 de novembro de 2016, o Colégio Brasileiro de AnestesioD logia Veterinária realizará o XII Congresso Brasileiro de Anestesiologia Veterinária, em Curitiba, PR – http://www.congressocbav.com.br.

A prova Período de inscrição: de 1º de junho até 5 de outubro de 2016. No mês que antecede o congresso a entidade também realizará a Prova Data: 19 a 21 de outubro de 2016. Horário: 14h. Título de Especialista em Anestesiologia Veterinária (Prova TEAV 2016). Local: Faculdade de Medicina VeterináOs interessados que preencherem os pré-requisitos para obtenção do ria e Zootecnia da Universidade de São Título de Especialista em Anestesiologia Veterinária deverão entrar em Paulo (FMVZ/USP), São Paulo, SP.

contato com o prof. dr. Aury Nunes de Moraes, para o encaminhamento da seguinte documentação: • currículo: currículo profissional pormenorizando as atividades clínicas, títulos e trabalhos relacionados com a especialidade, com as respectivas provas documentais; • comprovante de atividade profissional: cópias das fichas (ou outros comprovantes) com atestado de supervisão; • requerimento de inscrição (formulário de inscrição) à comissão examinadora e solicitação de agendamento do exame.

Envio de documentos para inscrição: A/C: prof. dr. Aury Nunes de Moraes Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC Centro de Ciências Agroveterinárias – CAV Hospital de Clínica Veterinária – HCV Avenida Luiz de Camões, 2090 Lages, SC, Brasil 88.520-000 Mais informações: Prof. dr. Aury Nunes de Moraes aury.moraes@udesc.br Prof. dr. Ricardo Miyasaka de Almeida ricardoalmeida@unb.br

http://www.congressocbav.com.br

Parasitologia: Filipe Dantas-Torres recebe prêmio na Itália

Filipe Dantas-Torres recebe prêmio na Itália durante congresso internacional – http://goo.gl/ns2Bvg

médico veterinário Filipe Dantas-Torres iniciou sua carreira de pesquisador obtendo, em 2006, o título O de mestre em ciências pelo Centro de Pesquisas Aggeu

Magalhães, da Fundação Oswaldo Cruz. Em 2009, o título de doutor em ciências do mesmo centro de pesquisa. Em 2010, foi agraciado com o título de Especialista em Parasitologia e Doenças Parasitárias da Universidade de Bari (Itália). No mesmo ano, foi eleito membro da Real

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Sociedade Entomológica de Londres. Em 2012, recebeu o título de Doutor em Pesquisa (PhD) da Universidade de Bari (Itália), e foi aprovado como Diplomado do Colégio Europeu de Parasitologia Veterinária (Dip. EVPC). Em 2013, recebeu o Prêmio Peter Nansen Jovem Cientista da Associação Mundial para o Avanço da Parasitologia Veterinária (WAAVP). Atualmente é pesquisador em saúde pública do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, da Fundação Oswaldo Cruz. Recentemente, durante o XXIX Congresso da Sociedade Italiana de Parasitologia, que ocorreu de 21 a 24 de junho em Bari, na Itália, recebeu o prêmio Odile Bain Memorial Prize 2016, um prêmio para jovens parasitologistas, criado em memória de um ícone da parasitologia mundial, a dra. Odile Bain – http://goo.gl/ns2Bvg . Dantas-Torres também é integrante do Brasileish, Grupo de Estudos em Leishmnaiose Animal, que, entre outras atividades, se dedica a orientar os clínicos veterinários e a discutir junto às autoridades sanitárias a respeito dos melhores métodos diagnósticos, tratamentos e medidas de prevenção das leishmanioses nos animais. Confira, na Clínica Veterinária n. 101, o artigo Controle da leishmaniose visceral no Brasil: recomendações do Brasileish – http://goo.gl/yYxpx8 .

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ESPECIALIDADES

Neuropatologia e neurologia clínica veterinária

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m 2015, a Associação Brasileira de Neurologia Veterinária (ABNV) realizou o Simpósio Internacional de Neurologia Clínica e o Simpósio Internacional de Neuroimagem Avançada, e trouxe ao Brasil a dra. Natasha Olby, VetMB, PhD, dipl. ACVIM – Neurologia. Este ano, mais um grande evento está programado. De 8 a 10 de outubro de 2016, a ABNV realizará o II Simpósio Internacional de Neurologia Clínica Veterinária (8 e 9/10/2016) e o I Simpósio de Neuropatologia Veterinária (10/10/2016). Os palestrantes internacionais confirmados são:

http://abnv.com.br

• Marc Vandevelde, MV, dr., dipl. ECVN, professor titular emérito de neuropatologia, Universidade de Berna, Suíça, com mais de 300 trabalhos e capítulos de livros publicados nos últimos 44 anos e ex-presidente da Sociedade Europeia de Neurologia Veterinária • Simon R. Platt, BVMS, dipl. ACVIM – Neurologia, dipl. ECVN, coeditor do PLATT, N & OLBY, N. BSAVA Manual of Canine and Feline Neurology, 3. e 4. eds. (BSAVA, 2004 e 2013) reconhecido nas áreas de trauma crânioencefálico e neoplasias intracrianianas • Ronaldo Casimiro da Costa, MV, MSc, PhD, dipl. ACVIM – Neurology, prof. e chefe do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Estadual de Ohio; coeditor do DEWEY, C. W. & COSTA, R. C. Practical Guide to Canine and Feline Neurology, 3. ed. (Wiley-Blackwell, 2015) e presidente da ABNV

O Simpósio Internacional de Neuropatologia Veterinária promete fomentar a discussão dos principais temas relevantes na neuropatologia veterinária, focando as alterações patológicas e a patogenia de doenças 20

II Simpósio Internacional de 8 e 9 de outubro de 2016 Neurologia Clínica Veterinária Diagnóstico convencional e molecular de meningoencefalites; Colheita e interpretação do fluido cérebroespinhal: pontoschave; Patogenia e diagnóstico das meningoencefalomielites de origem desconhecida; Meningoencefalomielites de origem desconhecida: tratamento; Meningoencefalomielite por cinomose; Meningoencefalomielites virais felinas; Meningoencefalomielites por riquétsias – Erlichia, Anaplasma, Babésia; Meningoencefalomielites protozoárias – Toxoplasma, Neospora e Leishmania; Diagnóstico e tratamento das meningoencefalomielites bacterianas e fúngicas; Polirradiculites, polineurites e polimiosites; Trauma cranioencefálico: conceitos atuais; Trauma vertebromedular: diagnóstico e tratamento; Avanços no diagnóstico e tratamento das neoplasias intracranianas; Indicações, vantagens e desvantagens da tomografia e da ressonância – como escolher qual?; Status epilepticus: abordagem e tratamento; Aspectos epidemiológicos, clínicos e anatomopatológicos da intoxicação por aceturato de diminazeno em cães; Cuidados na interpretação e no diagnóstico de doenças infecciosas a partir de provas sorológicas no líquor de pacientes neurológicos

como meningoencefalites, tumores intracranianos, trauma de medula espinhal, neuropatias e miopatias. Confira acima o conteúdo que já está na programação do II Simpósio Internacional de Neurologia Clínica Veterinária.

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ESPECIALIDADES

Brasil recebeu o Congresso Mundial de Oncologia Veterinária – WVCC 2016

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World Veterinary Cancer Congress (WVCC) foi realizado pela primeira vez em 2008, em Copenhague, Dinamarca. Ele foi tão bem sucedido, que decidiram repeti-lo a cada quatro anos. Assim, em 2012 realizou-se o segundo congresso, em Paris, França. Este ano foi realizada a terceira edição do congresso, dessa vez no Brasil, em Foz do Iguaçu, PR, de 25 a 29 de maio. Paralelamente ao WVCC 2016 também foi realizado o V Encontro da Abrovet (Associação Brasileira de Oncologia Veterinária), que contou com a participação da dra. Alice Villalobos, médica veterinária pioneira nos estudos sobre qualidade de vida, ética e eutanásia no paciente oncológico (http://pawspice.com/about-us.html). O próximo congresso está programado para ocorrer daqui a quatro anos, no Japão. Programe-se com antecedência e participe.

A equipe da Merial esteve presente no WVCC 2016. Na sexta-feira, 27 de maio, inserida na programação do congresso, a Merial promoveu a sessão lunch’n learn, das 12 às 14h, no auditório principal do congresso. Dois dos seus especialistas, o dr. Timothy Leard, líder global de R&D, Vacinas e Bioterapêuticos, e o dr. Sylvester Price, diretor de Avaliação de Terapêuticos, discorreram sobre o tema “Uma visão geral dos imunoterapêuticos anticancerígenos da Merial”. Vale destacar que nos Estados Unidos a Merial produz a vacina ONCEPT® Canine Oncept® Canine Melanoma Melanoma Vaccine Vaccine, DNA – http://www.petcancervaccine.com . Na sequência, o dr. Jaime Dias também falou sobre “A importância da inibição da Cox2 no controle da dor em cães” 22

Lluis M. Mir, do Institute of Oncology Gustave Roussy (França), durante meeting de eletroquimioterapia realizado no WVCC 2016. Também participaram Marcelo M. M. Rangel (Vet Câncer), Daniela Suzuki (UFSC) e Matías Tellado, da Universidade de Buenos Aires, Argentina

Equipe do Vet Câncer demonstrando o aparelho de eletromiquimioterapia VetCP 125 no WVCC 2016: Marcelo Rangel, Jennifer Freytag e Krishna de Oliveira

A revista Clínica Veterinária esteve presente no WVCC 2016 e também visitou várias faculdades do Paraná, entre as quais a Clínica-Escola de Medicina Veterinária da UDC, em Foz do Iguaçu, PR

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ESPECIALIDADES

SINDIV 2016

IV Simpósio de Sepse

Simpósio Internacional de Diagnóstico por o dia 21 de maio de 2016 foi realizado o IV Simpósio Imagem Veterinário – SINDIV 2016 ocorrerá em N de Sepse, em Natal, RN. Os três primeiros simpósios O Florianópolis, SC, nos dias 24 e 25 de novembro. foram realizados no Rio de Janeiro, RJ.

O simpósio contará com a presença de palestrantes nacionais e internacionais formando tanto a grade principal de palestras como a dos minicursos. O objetivo do Sindiv é congregar veterináhttp://sindiv.com.br rios das diversas áreas do diagnóstico por imagem veterinário, promovendo o avanço dessa especialidade, além de estimular o desenvolvimento cultural e o convívio social entre os profissionais da mais variadas regiões do país e internacionais. Os palestrantes internacionais do SINDIV 2016 são Wilfried Mai e Ana Cáceres, ambos da Escola de Medicina Veterinária da Universidade da Pennsylvania – http://www.vet.upenn.edu . Confira no site do evento a programação científica e as normas para envio de trabalhos científicos (até 13 de agosto), bem como os demais palestrantes confirmados. E aproveite também para fazer a inscrição antecipada com desconto.

A grande adesão ao evento foi motivo de grande satisfação para os organizadores, porque a sepse continua sendo um dos maiores desafios da prática médica da atualidade. Certamente também passa a ser um marco para a medicina veterinária do Nordeste, região com grande quantidade de profissionais que investem cada vez mais em serviços especializados.

Dr. Edgard Salomão na abertura do Simpósio de Sepse, em Natal, RN

Rede Pet Fisio inaugura unidade sede na capital paulista

o início de junho foi inaugurada a unidade sede da Rede Pet Fisio, que conta com uma equipe N multidisciplinar de especialistas encarregada de pro-

mover a saúde e o bem-estar dos animais. O centro de reabilitação dispõe inclusive de recursos de ozonioterapia, acupuntura, endocrinologia, cardiologia, nutriDiversas especialidades estão disponíveis na recém-inaugução funcional, shock-wave, quiropraxia e microfisiorada unidade sede da Rede Pet Fisio, em São Paulo, SP terapia. O novo centro de reabilitação animal está localizado em E a Rede Pet Fisio não para de crescer: a Unidade local de fácil acesso, seja de carro ou de avião, junto à cabe- Santos, a mais nova da rede, está localizada na Rua çeira da pista do Aeroporto de Congonhas, na Av. dos Alexandre Herculano, 233, Gonzaga, Santos, SP – Bandeirantes, 4555 (http://goo.gl/maps/3g7ymcrCSnw) . http://goo.gl/dYVzRK .

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ECOLOGIA

Ave brasileira considerada uma das mais raras do mundo é redescoberta 75 anos após o último registro comprovado da espécie

U

m grupo de pesquisadores, com o apoio do extinta. Conhecer melhor a biodiversidade brasileira é o Observatório de Aves – Instituto Butantan primeiro passo para garantir sua conservação. E, ao fazer (OAIBu) e da Sociedade para a Conservação das isso, estamos contribuindo com o aumento da qualidade Aves do Brasil (Save Brasil), anunciou recentemente para de vida e a saúde de todas as espécies, incluindo a nossa”, a comunidade de especialistas a redescoberta de uma das afirma Luciano Lima, do OAIBu. Assim que avistou a ave, em junho de 2015, o ornitóaves mais raras do mundo. Conhecida como rolinha-doplanalto, a Columbina cyanopis está criticamente amea- logo Rafael Bessa estabeleceu contato com Luciano çada de extinção. O último registro comprovado da espé- Lima, do OAIBu. Com o apoio do Instituto Butantan e da cie antes da redescoberta aconteceu há 75 anos, em 1941. Save Brasil, representante da BirdLife International que apoia e financia a pesquisa, foram iniciaNos últimos meses, os pesquisadores têm dos os estudos sobre a espécie. trabalhado simultaneamente no rePara isso, montou-se uma gistro científico da redescoberequipe de cinco pesquisata e em um plano de condores, que inclui tamservação, com o objetibém os ornitólogos vo de assegurar a soWagner Nogueira, brevivência da ave a Marco Rego e longo prazo. A roGlaucia Del-Rio, linha-do-planalto, os dois últimos espécie exclusiva Rafael Bessa/ SAVE Brasil associados ao do Brasil, está Louisiana State ameaçada princiUniversity palmente pela Museum of destruição do CerNatural Science rado brasileiro, seu (EUA). habitat. Até o moNo âmbito do mento, os ornitólogos plano de conservação, os encontraram apenas doze pesquisadores desenvolvem indivíduos da espécie. Pesquisadores estudam plano de estudos sobre a biologia da “Nossa preocupação agora é conservação para a rolinha-doplanalto (Columbina cyanopis), espécie que abordam aspectos como o com a conservação da ave. Estamos espécie criticamente ameaçada comportamento, a reprodução e a aliestudando diversas linhas de atuação de extinção mentação, por exemplo. Além disso, os no desenho desse plano. A principal ornitólogos ainda realizam expedições delas é garantir que a região onde a espécie foi detectada seja transformada em uma área de a alguns lugares com geografia e características similares conservação, o que beneficiaria não apenas a rolinha-do- às do primeiro ponto de incidência, em busca de novos planalto, mas também outras espécies ameaçadas que indivíduos. Os locais de busca são identificados por imaocorrem na área”, explica o ornitólogo Rafael Bessa, que gens de satélite e por uma técnica chamada modelagem ecológica. Com base nas características ambientais das redescobriu a espécie. As principais características da ave são olhos azul-cla- áreas onde a espécie ocorre, um software cruza informaros e manchas azul-escuras nas asas, que se destacam da ções e aponta lugares com características semelhantes. “Até o momento visitamos diversas áreas em três estaplumagem predominantemente castanho-avermelhada. “É uma ave linda e extremamente rara. Redescobrir uma dos, mas a espécie só foi localizada em dois locais muito espécie exclusiva do Brasil praticamente desconhecida e próximos, ambos no estado de Minas Gerais, o que refortão emblemática é um feito científico extraordinário. É ça a necessidade de medidas urgentes para garantir a sua um acontecimento que está sendo muito celebrado, já que sobrevivência”, alerta o ornitólogo Wagner Nogueira. alguns especialistas cogitavam que a espécie poderia estar Com o objetivo de preservar o animal, os pesquisadores 28

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não divulgarão o local exato de ocorrência da ave até que o plano de conservação seja concluído e as ações possam ser viabilizadas. O anúncio da redescoberta foi feito para a comunidade de ornitólogos, cientistas e observadores de aves durante o 11º Encontro Brasileiro de Observação de Aves (Avistar Brasil 2016), realizado no Instituto Butantan. Até a redescoberta não eram conhecidas imagens nem filmagens da rolinha-do-planalto viva, ou mesmo de seu canto. Durante o evento, os ornitólogos que integram a equipe de pesquisa apresentaram esses registros e informações sobre a espécie, até então conhecida apenas por exemplares em museus e relatos sem comprovação. Sobre o Observatório de Aves – Instituto Butantan Fundado em 2014, sob a coordenação do Museu Biológico do Instituto Butantan, o Observatório de Aves – Instituto Butantan (OAIBu) é a primeira iniciativa dessa natureza no Brasil. O foco do Observatório de Aves é o monitoramento de longo prazo da avifauna de diferentes áreas, com o objetivo de acompanhar mudanças nas populações de aves silvestres ocasionadas por fenômenos como as alterações climáticas e de realizar vigilância ambiental. Além disso, também são estudados aspectos ligados à biologia e à ecologia das aves. O Observatório de Aves também desenvolve atividades educativas para a difusão da ciência a diversos públicos. Entre elas está o #vempassarinhar, caminhada mensal de observação de aves promovida no campus do próprio Instituto Butantan, uma ilha de 80 hectares de floresta dentro da área urbana da cidade de São Paulo.

Sobre a Save Brasil A Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (Save Brasil) nasceu de um projeto da BirdLife International, aliança global que compartilha políticas e programas de conservação para identificação e ações imediatas com foco em evitar a extinção de espécies no território brasileiro. A organização trabalha na elaboração e implantação de estratégias de conservação, em parceria com organizações locais, órgãos públicos, empresas, líderes comunitários, pesquisadores e membros da sociedade civil. Avistar Brasil Avistar Brasil é um evento que teve início em 2006, em São Paulo, SP, destinado a promover a observação e a conservação das aves brasileiras. A popularidade e o interesse pelo evento levou ao seu crescimento regional. Este ano, além do Avistar Brasil já realizado em maio, em São Paulo, SP, estão na programação o Avistar Acre (5 a 7 de agosto) e o Avistar Rio (8 e 9 de outubro). A avifauna do Acre é incrível, com dezenas de espécies raras e endêmicas. No Parque Zoobotânico da Ufac – local das passarinhadas diárias do Avistar Acre – podem ser observados o pica-pau-lindo, o capitão-de-bigodelimão e centenas de outras espécies. O Avistar Rio, realizado em parceria com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e a Associação de Fotógrafos de Natureza (Afnatura), celebra a observação de aves feita com liberdade e autonomia. A observação de aves envolve educação ambiental, conservação, ciência e turismo. Mais informações: http://www.avistarbrasil.com.br .

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BEM-ESTAR ANIMAL

Vínculos afetivos com animais de estimação – formações e rupturas a partir de uma abordagem psicanalítica O processo de domesticação das espécies animais Historicamente, o processo de domesticação das espécies animais pelo homem teve início há cerca de 14.000 anos na região conhecida como Crescente Fértil. Trata-se de uma região do Oriente Médio que corresponde hoje às planícies da Mesopotâmia, às regiões montanhosas da Turquia e da costa mediterrânea que, diferentemente da configuração atual, constituía uma área coberta por gramíneas e leguminosas. Também possuía uma fauna e uma flora abundantes, que eram a principal fonte nutricional tanto para as espécies de pastoreio que habitavam a região como para o homem primitivo, que vivia da prática da caça e da coleta de alimentos 1. A Revolução Neolítica, ou Revolução Agrícola, ocorrida há cerca de 12.000 anos, marcou a transição do homem nômade caçador para o homem sedentário, quando tiveram início os assentamentos urbanos, a prática do cultivo de lavouras e o confinamento das espécies animais com objetivos alimentares. Foi assim que o homem começou a selecionar artificialmente as espécies animais que era de seu interesse domesticar, como, por exemplo, as que toleravam a proximidade das pessoas 2. Acredita-se que a domesticação de cães e gatos para fins puramente afetivos tenha ocorrido gradualmente ao longo dos anos. Pesquisadores dedicados ao assunto confirmam que o sucesso da domesticação não resultou apenas da evolução biológica das espécies, mas também da influência cultural nas sociedades primitivas 2. Um dos exemplos disso são os achados arqueológicos de três esqueletos de canídeos no norte de Israel, local onde há cerca de 11.000 a 13.000 anos foi registrada uma comunidade conhecida como Natufiana. Um dos esqueletos encontrados era o de um filhote de cão (ou de lobo) que havia sido enterrado juntamente com um homem, provavelmente seu dono. A disposição dos restos mortais de ambos sugeriu aos pesquisadores uma relação possivelmente afetiva entre eles 3. Domesticação dos cães Os lobos foram seguramente uma das primeiras espécies domesticadas pelo homem. Estudos moleculares utilizando material proveniente de sítios arqueológicos de cerca de 14mil anos 1,4 em regiões do Oriente Médio e em sítios entre a Europa e o Extremo Oriente confirmaram ser o lobo (Canis lupus) o antecessor do cão 2. Num primeiro momento o contato entre homens e cães primitivos se deu pela proximidade durante as caçadas, 30

quando o homem ainda era nômade. Os canídeos, pela habilidade natural de vasculhar o ambiente, acompanhavam o homem caçador pelos campos à procura de restos de caça como alimento. Assim, ao longo de gerações sucessivas, ficaram mais habituados com a presença e o contato humanos, envolvendo-se nas atividades de caça e assumindo a função de sentinelas e guardas contra invasões aos assentamentos durante a noite 5,6. Dessa forma, tanto a seleção genética gradual dos lobos como a ação do homem na escolha de animais com características mais sociáveis propiciaram que os lobos primitivos evoluíssem para o cão moderno 7. Domesticação dos gatos Evidências arqueológicas apontam a presença de gatos em Creta há 9.500 anos 8, e, em Jericó, há 9.000 anos 9; pinturas de tumbas registram a presença do gato domesticado há cerca de 3.600 anos no Egito. Em relação aos cães a domesticação dos gatos evolui numa trajetória diferente. Os gatos selvagens não eram bons candidatos à domesticação, pois, como todos os felinos selvagens, eram obrigatoriamente carnívoros, com limitações à adaptação a qualquer outro tipo de dieta que não fosse essencialmente proteica, bem como pelo fato de serem animais solitários e grandes defensores de seus territórios quando comparados aos lobos e cães gregários 10. Acredita-se que tenham sido poucos os motivos para que as comunidades agrícolas primitivas selecionassem intencionalmente gatos selvagens como animais de companhia. A hipótese mais provável é que os gatos selvagens que exploravam o ambiente humano, ao serem aceitos e tolerados pelas pessoas, foram se tornando mais sociáveis do que seus parentes selvagens, assumindo, assim, a condição de animais de estimação 11,12. Dessa forma, entende-se que, enquanto a domesticação dos cães foi orientada pela seleção artificial conduzida pelo homem, o atual gato doméstico é um produto da seleção natural. Estudos genéticos confirmam que o gato doméstico é resultado de seis subespécies de gatos selvagens, e que o gato doméstico moderno é filogeneticamente muito próximo de seu parente selvagem Felis silvestris lybica 13. A busca da companhia de animais de estimação Muitos são os motivos alegados por nós quando procuramos a companhia de animais como espécies de estimação: identificação, divertimento, exibicionismo, ter

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Gyzelle Canteras

“alguém” como companhia, ter “alguém” como objeto de exemplo, os animais de estimação. O animal de estimação de hoje é um novo elemento cuidados, dentre outros. Em quaisquer dessas intenções fica clara a pró-atividade humana em direcionar e investir agregado à família humana, seja substituindo um dos membros da família tradicional ou se configurando como a atenção. O vínculo afetivo formado entre o homem e o animal algo realmente novo. A opção pelos animais de estimação ganha significado e é fortalecido com o convívio e com o em substituição aos filhos pode ser vista como uma responavanço da intimidade entre os animais e seus donos 14. sabilidade menor de educar e cuidar, uma dedicação menor Muitas vezes, durante as consultas veterinárias, ouvem-se de tempo, um impacto financeiro menor ou, ainda, como a relatos de como o tempo de convívio pode transformar a expectativa de ter um companheiro que é “a eterna criança” que promove a “leveza” no dia-a-dia na família. É o relação entre as partes, como no exemplo abaixo: O Tobby chegou em casa contra minha vontade, eu não caso da família Canteras (Figura 1), onde as golden retriegostava de cachorro, foi um presente que alguém deu ao vers Cléo e Glória também são consideradas membros da meu filho. Eu somente comecei a ter interesse por cães (na família e têm direito, inclusive, a sobrenome. Para casais verdade pelo Tobby) com o tempo, quando passamos a homossexuais, a opção pelos animais de estimação tamconviver em família....hoje o Tobby me “entende”, sabe bém pode ser uma forma de exercer o cuidado que simule ou sublime o cuidado parental. quando estou triste ou alegre, .... ele sabe tudo! Embora muito se fale sobre o exagero de alguns donos É fato que a forma como nos relacionamos com nossos animais de estimação tem adquirido uma importância cada quanto ao amor e cuidados destinados a seus animais de vez maior em nossa cultura. Isso nos leva a pensar o quan- companhia como sinônimo da atenção destinada aos to, em tempos de instabilidade afetiva dos laços conjugais, filhos, na opinião do professor Mauro Lantzman, médico familiares, profissionais e entre amigos (reais ou virtuais), veterinário e psicólogo da Faculdade de Ciências nos parece mais fácil sustentar vínculos com menos exi- Humanas e da Saúde da Pontifícia Universidade Católica gências e condições do que as impostas pela sociedade e de São Paulo (PUC), os vínculos são diferentes. Lantzman pela família. Corroborando essa hipótese, uma pesquisa defende a ideia de que os donos descrevem seus animais realizada pelo IBGE em 2013 confirmou que o número de de estimação como se fossem filhos porque não enconfamílias que possuem cães no Brasil já é maior do que o de tram outra forma de defini-lo. Considerando que os anifamílias que têm filhos: de cada cem famílias no país, 44 mais de estimação são seres dependentes de nós, é natural que o ser humano interaja com eles como se eles fossem criam cães, enquanto somente 36 têm crianças 15. A “revolução cultural” ocorrida cerca de meio século crianças com pouca ou nenhuma autonomia. Lantzman depois da publicação dos textos de Sigmund Freud sobre o frisa ainda que a impressão que passamos por tratar nosideal materno como destino (1908) e sobre a virgindade sos companheiros animais como gente talvez seja porque (1918) – concomitante ao advento da pílula como método essa é a forma que sabemos lidar com qualquer outro ser anticoncepcional – modificou fundamentalmente a família vivo 17. tradicional e permitiu que a mulher, e também o homem, conquistasse o direito essencial de atribuir à vida sexual outra finalidade além da reprodução 16. Ao longo da segunda metade do século XX, a liberdade de escolher ter ou não ter filhos impregnou a sociedade de valores individuais e hedonistas 16. A realização pessoal ganhou importância máxima, e se preparar para ter filhos passou a ser uma das decisões mais importantes na vida de qualquer indivíduo. No entanto, as mulheres que têm autonomia para aceitar ou renunciar à família ou à maternidade também são livres para questionar seus desejos de exercer a maternidade ou, ainda, deslocar tais realizações pulFigura 1 – Na família Canteras as golden retrievers Cléo e Glória sionais para outros objetos, como, por são consideradas como membros da família


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Influências econômicas do mercado de animais de estimação O crescimento expressivo do mercado de animais de estimação nos últimos anos, associado à influência publicitária na veiculação dos diversos benefícios e vantagens de se ter um animal para cuidar, faz desse setor um dos mais promissores no Brasil. Segundo dados da Comissão de Animais de Companhia (Comac) do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), o mercado de animais de estimação brasileiro cresceu cerca de 11% em 2015. Existem atualmente 52 milhões de cães nos lares brasileiros, contra 45 milhões de crianças de até 14 anos; a situação brasileira se assemelha à de países como o Japão (16 milhões de crianças para 22 milhões de animais de estimação) e Estados Unidos (48 milhões de cães para 38 milhões de crianças) 15. Segundo as autoras, o motivo do aumento de cães em relação às crianças é que os animais de estimação são frequentemente a alternativa escolhida para preencher o vazio nos lares com pouca gente. O aumento da população idosa em cujos lares os filhos não mais habitam e a decisão da mulher de ter menos filhos, e mais tardiamente, contribuem para o aumento dos lares aptos a receber cães: “Ninho e berço vazios reunidos, sobram espaço, tempo e dinheiro para os bebês de quatro patas”. A tutora Vera Ragazzo, que tem desfrutado da

companhia do pinscher Pop há 15 anos, afirma: “Ele é a alegria da casa!” (Figura 2). Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), a população de animais de companhia no Brasil hoje é a segunda do mundo em quantidade de cães, gatos e aves ornamentais; a terceira do mundo em faturamento e a quarta em população de animais como um todo. Dados como esses colocam o Brasil numa posição de destaque nesse cenário competitivo, além de poder influenciar importantes mudanças sociais e culturais nas relações homem-animal.

Vera Ragazzo

A resposta animal ao afeto humano A sensação prazerosa da retribuição animal ao afeto humano é capaz de produzir em nós um tipo de encantamento que, uma vez experimentado, provoca a vontade de repetir a sensação de bem-estar. A intimidade criada pelo convívio da companhia animal fortalece o prazer de interagir, como se vê na relação harmoniosa entre Cléo e a tutora Gyzele (Figura 3). Talvez seja esse o motivo pelo qual o homem estime um animal de forma tão comprometida a ponto de direcionar a ele sua libido. Partindo do pressuposto de que a satisfação humana é inerente ao campo pulsional e amoroso, entendese que a escolha de um objeto de amor como, por exemplo, um animal de estimação, esteja baseada em experiências anteriores ou primitivas (conscientes ou não) que foram sentidas como prazerosas ou recompensadoras. Porém, uma vez que a resposta animal à atuação pulsional humana é instintiva, o vínculo construído entre ambos é assimétrico. A pulsão humana pode ser entendida como a energia que mobiliza a libido na busca de satisfação. Dessa forma, ela se relaciona com nossos registros inconscientes decorrentes de acontecimentos já vivenciados e inscritos em nosso aparelho psíquico, no qual a relação com os outros e as experiências de vida têm um papel decisivo. Gyzelle Canteras

Figura 2 – Vera e Pop, companheiros de convívio há quinze anos 32

Figura 3 – A interação com animais de estimação provoca encantamento e bem-estar nos seres humanos

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XVIº

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Ao passo que o instinto animal conduz a um comportamento e saber característicos da espécie à qual pertence, geneticamente herdados e que variam muito pouco entre os indivíduos. Sigmund Freud conceitua a dinâmica da pulsão 18 como um estímulo constantemente gerado a partir de uma fonte ou origem somática. Assim, a pulsão é direcionada a objetos que se apresentam como fontes de prazer, ou ainda, a objetos que, por meio dos quais, algum grau de satisfação possa ser alcançado. O objeto da pulsão é o elemento mais variável dessa configuração somato-psíquica. Ele se apresenta como um objeto específico por sua capacidade de propiciar satisfação; porém, por não estar originalmente vinculado à pulsão, pode ser substituído por qualquer outro objeto de desejo, um indicador de como o prazer humano pode ser variável, na medida em que não está pré-fixado instintivamente. Os animais de estimação se prestam muito bem como objetos de amor de alguns tutores, pois estes se sentem retribuídos à altura do investimento pulsional ofertado; exemplos simples disso são as sensações de prazer relatadas na interação com animais como, acariciar (pulsão táctil), alimentar (pulsão oral) e admirar sua beleza ou seu comportamento (pulsão escópica). O prazer narcísico também pode ser revelado em tutores que afirmam se identificarem com traços comuns de comportamento de seus respectivos animais de estimação. No texto “Introdução ao narcisismo” 19, Freud afirma que a pessoa apaixonada supervaloriza seu objeto de amor ao mesmo tempo em que diminui o autoinvestimento amoroso, confirmando que o encantamento e a valorização estética e cultural de um objeto que se destaca exerce grande atração em todos: ...a atração de um bebê se deve em boa parte ao seu narcisismo, sua autossuficiência e inacessibilidade, assim como a atração de alguns bichos que parecem não se importar conosco, como os gatos e os grandes animais de rapina; e, mesmo os grandes criminosos e o humorista conquistam o nosso interesse, na representação literária, pela coerência narcísica com que mantêm afastados de seu Eu tudo o que possa diminuí-lo. É como se os invejássemos pela conservação de um estado psíquico bem-aventurado, uma posição libidinal inatacável, que desde então nós mesmos abandonamos. (Freud, 1914/2010, p. 34) Velhice e doença dos animais de estimação É notório que o crescente aumento na longevidade dos animais de estimação é resultado da maior atenção e responsabilidade do ser humano nos cuidados de seus animais de estimação, como também da evolução da medicina veterinária como ciência. Sendo assim, parte da vida de um cão ou de um gato cujos donos são cuidadosos pode ser entendida como artificial ou construída, pela oportunidade 34

que este teve de usufruir de melhores condições de sobrevivência 20. Nesse contexto, a atuação do veterinário – mesmo que temporária e, especialmente, em doenças crônicas ou incuráveis – contribui para o prolongamento do vínculo entre os pacientes e seus tutores. Nos últimos anos temos assistido ao incremento tecnológico e de infra-estrutura de clínicas e hospitais veterinários, além da capacitação dos veterinários especialistas que hoje ingressam no mercado de trabalho. Consideramos esse movimento como uma evolução que propiciou muitas das conquistas no cuidado a pacientes criticamente doentes e que, consequentemente, permitiu a recuperação de animais que antes eram destinados à eutanásia ou à morte natural. Porém, a despeito do ganho de vida, em alguns momentos somos levados a refletir sobre o real benefício de se manter pacientes vivos artificialmente. Observar um animal num leito de um serviço de terapia intensiva sem condições de interagir ou de se comunicar, que é alimentado por meio de sondas e respira artificialmente por meio de aparelhos é uma experiência angustiante, pois em nada remete à plenitude da vida animal. Essas experiências nos permitem questionar o mérito de retardar a morte à custa de condições de sobrevivência impensáveis no passado, como na reflexão abaixo: E o doente assim mantido numa sobrevivência comatosa não tem semelhança nenhuma com o moribundo típico de outrora, aquele para quem se organizavam os ritos de passagem e que deles participava para desempenhar seu papel.... A importância desses ritos explica o terror com que se considerava o risco de morte súbita. Objeto dos temores de outrora, a morte súbita converteu-se no desejo de quase todo mundo 21. (p. 193) Morte, eutanásia e a escuta relacionada à perda O veterinário é um profissional com experiência única no que se refere à eutanásia, uma vez que o procedimento é lícito em animais. A ele é permitido discutir livremente o tema e refletir sobre o direito à morte sem sofrimento entre sua equipe, entre os tutores ou mesmo com a comunidade. Porém, ao mesmo tempo em que existe maior liberdade de se pensar sobre a morte, estudos sugerem que, em relação a outros profissionais, os veterinários são mais predispostos a alterações de humor, depressão e suicídio 22. Decididamente, a opção ou sugestão de eutanásia para um paciente encerra uma grande frustração para todos os envolvidos; é nesse momento particularmente difícil que a possibilidade de uma escuta psicanalítica que legitime a dor e a frustração da perda pode ser útil na elaboração do luto, tanto para tutores como para veterinários. Segundo Freud, em seu texto “Luto e melancolia” 23, luto é a reação à perda de uma pessoa querida ou de uma abstração que esteja no lugar dela, como a privação de alguém

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ou algo que era presente e passa a ser inacessível. O estado de ânimo do luto não é tido como patológico; espera-se que a experiência dolorosa seja superada depois de algum tempo. Porém, sob as mesmas influências, observa-se em alguns que no lugar do luto se instala um estado melancólico ou depressivo, normalmente em indivíduos com predisposição patológica. Tanto o luto como a melancolia, seja pela perda de pessoas ou de animais de estimação são processados da mesma forma por nosso psiquismo. O tempo necessário para a superação do luto varia de indivíduo para indivíduo, e não é recomendável a tentativa de encurtá-lo, amenizá-lo ou perturbá-lo. A elaboração se inicia pela constatação de que o objeto amado já não existe mais (princípio de realidade), o que leva à retirada gradativa da libido do objeto perdido. Com o tempo, a falta e as lembranças do objeto vão se atenuando e o indivíduo supera sua perda; a partir de então, torna-se livre para investir sua libido em outro objeto. É muito frequente nos depararmos com situações em que responsáveis em estado de luto são presenteados com outros animais, muitas vezes quase que imediatamente à morte do antecessor, na intenção de amenizar a dor e a ausência do outro. Mesmo que nas melhores das intenções, “colocar um novo animal no lugar do outro” pode sugerir que aqueles que amamos possam ser substituídos ou que uma experiência afetiva possa ser facilmente reproduzida. Além disso, a percepção de que o novo parceiro não é “igual ao outro” pode reforçar os sentimentos de tristeza, depressão e, inclusive, culpa, principalmente quando o tutor, ainda de luto, se vê na necessidade de acolher e amar um novo animal, o que pode levar à sensação de incapacidade de amar novamente 24. O sentimento de culpa é frequente no relato de responsáveis por animais doentes que falecem sob seus cuidados, e não é raro que estes associem a causa da morte à falta de cuidados ou a sua inabilidade. É o caso, por exemplo, de uma senhora responsável por um cãozinho bastante idoso, que havia morrido em decorrência de insuficiência cardíaca. Após alguns dias da morte do animal, a responsável, muito abalada, insistiu em passar em consulta veterinária à procura de respostas ou confirmação àquilo que ela afirmava ter sido culpa dela. A proprietária insistia em contar que o animal estava recebendo medicações prescritas por um cardiologista, mas que a medicação havia acabado; e que, para comprá-la, era necessário o agendamento de uma nova consulta. Porém, não deu tempo, o paciente sentiu-se mal e acabou falecendo em decorrência de um edema pulmonar, antes da consulta agendada. Ela, inconsolável, dizia à veterinária: Doutora, ele morreu e foi culpa minha!... eu não comprei o remédio que ele precisava tomar! O estado melancólico que pode advir do luto pela perda

de um animal é considerado patológico e pode levar a estados mórbidos. Diferente do luto, a melancolia tem como característica a diminuição do sentimento de autoestima, como descrito por Freud: A melancolia é caracterizada por um desânimo profundamente doloroso, uma suspensão do interesse pelo mundo externo, perda da capacidade de amar, inibição de toda a atividade e um rebaixamento do sentimento de autoestima, que se expressa em autorrecriminações e autoinsultos, chegando até a expectativa delirante de punição. (Freud, 1917/2011, p. 47) A melancolia pode aparecer quando a ligação da libido a uma pessoa ou objeto é abalada pela influência de uma decepção ou ofensa real. O normal seria que a libido fosse redirecionada e investida em outro objeto de amor, mas isso não acontece; a libido fica livre e não encontra outra forma de fixação; esta, então, se direciona para o Eu (ou Ego) e o identifica como objeto perdido. Assim, para o melancólico, a perda do objeto acaba também se transformando na perda do Eu, que, uma vez modificado pela identificação, torna-se extremamente autocrítico. O melancólico se mostra empobrecido pelo rebaixamento do seu sentimento de autoestima. Enquanto no luto é o mundo que parece pobre e vazio, na melancolia esse sentimento de desprezo é direcionado ao Eu; numa constatação de desagrado moral consigo mesmo, que se põe acima de qualquer outro defeito que o indivíduo possa ter. O estado depressivo, comum à melancolia, que se segue após a perda de um companheiro animal pode ficar mais profundamente marcado em situações em que o tutor do animal doente deposita grande expectativa na cura do seu companheiro ou, ainda, quando o tutor é espectador da degradação física que a doença produz, a despeito de todos os seus esforços em tratá-lo. Situações como essas são muito bem exemplificadas pelos casos de câncer; não raras vezes os tutores de pacientes oncológicos confirmam que se sentem infelizes porque seus companheiros “não mereciam ter uma doença tão séria como essa que, além de tudo, exige tratamento muito debilitante e, ainda assim, é necessário ficar alerta porque a doença pode voltar e se disseminar”. Considerações finais A importância do lugar dos animais de estimação nas famílias de hoje merece uma melhor compreensão acerca das causas psíquicas que regem as relações entre os tutores e seus animais. Nesse sentido, a iminência da perda de um companheiro animal querido, seja por motivo de doença ou senilidade, pode ser vivenciada como um estado mórbido. Acreditamos que a abordagem psicanalítica se apresenta como uma prática nova e transdisciplinar no auxílio do enfrentamento e na elaboração da perda de tutores em sofrimento pela morte de seus animais de estimação.

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Agradecimentos Agradeço à psicóloga Julieta Jerusalinsky, professora da COGEAE-PUC (São Paulo), pela orientação de minha monografia de conclusão do curso de Especialização em Teoria Psicanalítica, a partir da qual me baseei para a redação deste artigo. Referências 01-VERGINELLI, F. ; CAPELLI, C. ; COIA, V. ; MUSIANI, M. ; FALCHETTI, M. ; OTTINI, L. ; PALMIROTTA, R. ; TAGLIACOZZO, A. ; DE GROSSI MAZZORIN, I. ; MARIANI-COSTANTINI, R. Mitochondrial DNA from prehistoric canids highlights relationships between dogs and South-East European wolves. Molecular Biology and Evolution, v. 22, n. 12, p. 2541-2551, 2005. doi: 10.1093/molbev/msi248. 02-DRISCOLL, C. A. ; MACDONALD, D. W. ; O’BRIEN, S. J. From wild animals to domestic pets, an evolutionary view of domestication. Proceedings of National Academy of Sciences of the United States of America, v. 106, n. 1, p. 9971–9978, 2009. doi: 10.1073/pnas.0901586106 03-DAVIS, S. J. M. ; VALLA, F. R. Evidence for domestication of the dog 12,000 years ago in the Natufian of Israel. Nature, v. 276, p. 608-610, 1978. doi: 10.1038/276608a0. 04-PANG, J. F. ; KLUETSCH, C. ; ZOU, X. J. ; ZHANG, A. B. ; LUO, L. Y. ; ANGLEBY, H. ; ARDALAN, A. ; EKSTRÖM, C. ; SKÖLLERMO, A. ; LUNDEBERG, J. ; MATSUMURA, S. ; LEITNER, T. ; ZHANG, Y. P. ; SAVOLAINEN, P. mtDNA data indicates a single origin for dogs South of Yangtze River, less than 16,300 years ago, from numerous wolves. Molecular Biology and Evolution, v. 26, n. 12, p. 2849-2864, 2009. doi: 10.1093/molbev/msp195. 05-CLUTTON-BROCK J. Origins of the dog: domestication and early history. In: SERPELL, J. The domestic dog: its evolution, behaviour, and interactions with people. 1. ed. Cambridge: Cambridge University Press, 1995. p. 7-20. ISBN: 9780521425377.

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Renata Afonso Sobral Médica veterinária oncologista Onco Cane Veterinária renatasobral@oncocane.com

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Desafios da sociedade civil e do poder público Proteção Animal da Secretaria de Meio Ambiente de Niterói, sob a direção de Marcelo Pereira, como campanhas de adoção com microchipagem e mutirões de castração, e a próxima inauguração do CCPAD – Centro de Controle Populacional de Animais Domésticos, moderno complexo veterinário dotado de centros cirúrgicos para castração e consultórios para animais da população carente do município. Especialistas de diversas áreas e instituições, como UERJ, UFPR, UFF, OAB-RJ, IBAMA e entidades de proteção animal, palestraram em oito painéis sobre temas como: bases para a defesa animal; animais silvestres; animais usados Caminho Niemeyer, Niterói, para consumo e trabalho; animais de companhia; animais em desasRJ, local de realização do tres ambientais, e outros, na busca IV Seminário de Defesa e Saúde Animal de soluções para o mundo moderno, de modo que os animais sejam respeitados e tenham suas necessidades básicas entendidas e garantidas. “Nosso objetivo é sempre incentivar a divulgação de conhecimento e de novos instrumentos de ação, e gerar Axel Grael, vice-prefeito de Niterói, e Elizabeth uma grande sinergia por meio da união de pessoas e orgaMacGregor, diretora do Fórum Animal, nizações que trabalham em prol dos animais, buscando na abertura do IV Seminário de Defesa Animal uma mudança de paradigma da sociedade”, explica a Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, médica veterinária e diretora técnica do Fórum Animal, maior rede de proteção animal do Brasil, com mais Vania de Fátima Plaza Nunes. As vitórias da entidade de 120 entidades afiliadas em todas as regiões, rea- destacadas por ela podem ser conferidas no site lizou seu IV Seminário de Defesa Animal – Desafios da http://www.forumanimal.org . Dentre os mais de 150 participantes do evento estavam Sociedade Civil e do Poder Público, nos dias 11 e 12 de junho, no auditório do Museu da Ciência e Criatividade, vereadores de vários municípios, como Recife, PE, Porto Alegre, RS, Niterói, RJ e Pouso Alegre, MG, e represenobra arquitetônica de Oscar Niemeyer, em Niterói, RJ. O Fórum Animal contou com a parceria da Diretoria de tantes de afiliadas do Fórum Animal de estados como Proteção Animal da Secretaria do Meio Ambiente de Amazonas, Paraná, Minas Gerais e Piauí. Sendo uma de suas missões dar suporte à sua rede, tamNiterói e com o apoio do Laboratório de Ética Animal e Ambiental (LEAA) da Universidade Federal Fluminense bém este ano duas de suas afiliadas tiveram banners pre(UFF), da Comissão de Proteção e Defesa dos Animais miados como estímulo a seus esforços: 1) Defensores dos (CPDA), da OAB-RJ, da revista Clínica Veterinária e da Animais, presidida pela médica veterinária Mariangela Souza, do Rio de Janeiro, com seu programa Capacitação Total Alimentos. O evento foi aberto pelo vice-prefeito de Niterói, Axel da Polícia Civil e Militar do Estado do Rio de Janeiro em Grael, e pela diretora de educação do Fórum Animal, Direito Animal; e 2) APAT de Tefé, Amazonas, dirigida pela médica veterinária Marina Galvão, com seu programa Elizabeth MacGregor. Na ocasião, Axel Grael enfatizou a importância da parce- de resgate/tratamento de animais das ruas ou da população ria com o Fórum Animal e destacou ações da Diretoria de carente.

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MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO

Abandono de animais e o importante papel do clínico veterinário

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fisiopatológicos, também dedisfuncionalidade do ve avaliar e tratar o vínculo vínculo entre pesser humano-animal. soas e animais de O conceito de família estimação é resultado de multiespécie norteou as disinúmeros fatores que, ao não cussões tanto dos fatores serem modificados ou cuidaque favorecem o abandono, dos, podem resultar no abancomo das semelhanças e dono como tentativa de soluparticularidades das disfunção. Entretanto, essa tentaticionalidades que envolvem va é por si mesma a causa de animais, em relação às que problemas nos âmbitos do envolvem idosos, crianças bem-estar animal, da saúde ou deficientes humanos. pública e do ambiente 1. Quanto às fontes de informaPara entender o abandono ção que os clínicos podem de animais de estimação é usar para avaliar o vínculo preciso entender a cultura na ser humano-animal, identiqual esse fenômeno ocorre e ficaram-se: as práticas existentes, tanto NÃO ABANDONE! • Manejo/manutenção: foras que reforçam do vínculo ma de transporte e manejo positivo ser humano-animal do animal antes e durante a como as que afetam negaticonsulta, estado físico, evivamente esse vínculo, resuldências de maus-tratos; tando no abandono. As prá• Interação tutor-animal: ticas são construções socialcomportamento do animal mente reconhecidas e exena presença do tutor (fuga, cutadas pelas pessoas, de agressividade, medo), a forma coletiva ou indiviforma como o tutor se refedual, mas com significado re ao animal; público. É prioridade para a • Motivo da consulta: natusaúde pública compreender reza da queixa, quão evitáque seu dever não se limita a controlar e prevenir patógenos e fatores de risco, mas veis poderiam ter sido os agravos, adesão e envolvimento também inclui conhecer a relação ser humano-animal e com o tratamento prescrito; suas implicações na promoção da saúde dos indivíduos, • Conhecimento das necessidades do animal: cuidados famílias e comunidades como um processo social 2. fornecidos, conhecimento da rotina do animal; A prevenção do abandono depende de abordagens arti- • Estrutura familiar: faixas etárias, espécies, nascimento culadas, multidisciplinares e multissetoriais, sendo funda- de futuros membros. mental a atuação do médico veterinário no contexto do A prevenção do abandono deve se basear, entre vínculo entre pessoas e animais de companhia. Com o outros elementos, nas fontes de informação acima menobjetivo de promover tais abordagens, realizou-se uma cionadas, para corrigir falsas expectativas em relação oficina durante a VII Conferência de Medicina Veteriná- ao convívio com animais e para antecipar e prevenir ria do Coletivo, realizada entre os dias 16 e 18 de junho situações potencialmente problemáticas. Por exemplo, de 2016, em Porto Alegre, pelo Instituto Técnico de Edu- nas famílias com crianças, as mesmas não devem ficar cação e Controle Animal, pela UniRitter e pelo Conselho sozinhas com os animais; e famílias esperando um novo Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul. membro devem ser esclarecidas quanto à prevenção da Na oficina discutiram-se aspectos sociológicos, antro- toxoplasmose e outras zoonoses. pológicos, ecológicos e de saúde pública 3,4,5 para ampliar a As tentativas de solução devem se concentrar na prevencompreensão do abandono, e enfatizou-se o papel do mé- ção e modificação dos fatores que favorecem a disfunciodico veterinário que, além de avaliar e tratar os processos nalidade, entre os quais se encontram: comportamentos 40

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indesejados, mudança de domicílio, saúde humana ou animal, falsas expectativas, gravidez de algum membro da família, nascimento de crianças, desemprego e questões relacionadas com os gastos para a manutenção do animal, crias indesejadas, sujeira, espaço pequeno para a manutenção do animal 6. Referências sugeridas 1-GARCIA, R. C. M. ; CALDERÓN, N. ; FERREIRA, F. Consolidação de diretrizes internacionais de manejo de populações caninas em áreas urbanas e proposta de indicadores para seu gerenciamento. Revista Panamericana de Salud Pública, v. 32, n. 2, p. 140-144, 2012. doi: 10.1590/S1020-49892012000800008. 2-ACERO, M. Oficina sobre abandono. In: CONFERENCIA INTERNACIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO, 7., 2016, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: UniRitter/FAPA, 2016. 3-BAQUERO, O. S. Manejo populacional de cães e gatos: métodos quantitativos para caracterizar populações, identificar prioridades e estabelecer indicadores. Tese (Doutorado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de

São Paulo, São Paulo, 2015. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10134/tde16122015-105959/>. Acesso em 21 de junho de 2016. 4-CALDERON MADONADO, N. A. Oficina sobre abandono. In: CONFERENCIA INTERNACIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO, 7., 2016, Porto Alegre., Anais... Porto Alegre: UniRitter/FAPA, 2016. 5-FARACO, C. B. Oficina sobre abandono. In: CONFERENCIA INTERNACIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO, 7., 2016, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: UniRitter/FAPA, 2016. 6-LAMBERT, K. ; COE, J. ; NIEL, L. ; DEWEY, C. ; SARGEANT, J. M. A systematic review and meta-analysis of the proportion of dogs surrendered for dog-related and owner-related reasons. Preventive Veterinary Medicine, v. 118, n. 1, p. 148-160, 2015. doi: http://doi.org/10.1016/j.prevetmed.2014.11.002.

Nestor Alberto Calderón Maldonado Instituto Técnico de Educação e Controle Animal (ITEC)

Rita de Cassia Maria Garcia Universidade Federal do Paraná (UFPR); Instituto Técnico de Educação e Controle Animal (ITEC), Associação Brasileira de Medicina Veterinária Legal (ABMVL) e Associação Médico-Veterinária Brasileira de Bem-Estar Animal (AMVEBBEA)

Oswaldo Santos Baquero Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal, Universidade de São Paulo (VPS/FMVZ/USP)

Ceres Berger Faraco UniRitter e Associação Médico-Veterinária Brasileira de Bem-Estar Animal (AMVEBBEA)

Myriam Acero Aguilar Universidade Nacional de Colômbia

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Força-tarefa internacional auxilia governos no manejo populacional de cães e gatos

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s programas para o manejo populacional devem incluir um conjunto de estratégias desenvolvidas para prevenir a falta de controle e o abandono animal e também promover a guarda responsável. Devem ser estruturados para evitar a presença de animais soltos em vias públicas, aumentar o nível dos cuidados para com os animais, diminuir as taxas de abandono, natalidade, morbidade, mortalidade e de renovação das populações animais, além de prevenir agravos e controlar zoonoses, promover a participação social e o empoderamento de indivíduos e comunidades. Também devem zelar pelo destino adequado, humanitário e ético dos animais de rua, tendo em vista seu bem-estar, o controle de zoonoses e a saúde das pessoas da comunidade e dos trabalhadores que desenvolvem essas atividades 1. Desde a década de 1970, existem países que atuam para que os animais não fiquem soltos nas vias públicas nem sejam abandonados. O registro, a identificação e a esterilização dos animais, além das ações educativas e legislações pertinentes à guarda responsável dos animais de estimação, estão na base dos programas de manejo populacional de cães e gatos. Outras estratégias como controle do comércio, controle dos recursos ambientais (alimento, água e abrigo), incentivo à participação social e empoderamento da comunidade, programas para cães comunitários e gatos ferais, cuidados de saúde e vacina-

ção, além de locais para recuperação e adoção dos animais, têm sido complementares e fundamentais. No entanto, não tem sido dada a atenção necessária à avaliação dessas estratégias, não tendo sido possível monitorar e avaliar seus impactos, justificando-se, asiim, os recursos públicos investidos. Atualmente, diversos governos possuem estratégias implantadas para o manejo populacional canino, porém sem monitoramento para retroalimentar o sistema, avaliar o impacto das estratégias e, também, justificar os investimentos realizados nessa área. A International Companion Animal Management Coalition (ICAM), formada pela Royal Society for the Prevention of Cruelty of Animal (RSPCA International), Humane Society International (HIS), International Fund for Animal Welfare (IFAW), World Small Animal Veterinary Association (WSAVA), Alliance for Rabies Control e World Animal Protection (WAP), tem como principal objetivo implementar as recomendações para o manejo populacional dos animais de estimação 2. O primeiro Humane Dog Population Management Guidance, lançado em 2007, traz recomendações práticas para os governos, organizações não governamentais, entre outros, que contemplam desde o diagnóstico inicial e o planejamento das ações, até o modo de monitorar todas as estratégias para que o programa possa ser retro-

Figura 1 – Visão geral do processo. Adaptado de ICAM, 2007 42

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alimentado e implementado (Figura 1). Ele teve como base o primeiro guia sobre manejo populacional produzido pela Organização Mundial da Saúde e a World Animal Protection, antiga World Society for the Protecton of Animals (WSPA) 3, e documentos de todas as entidades envolvidas. A mesma coalisão ICAM já promoveu duas conferências internacionais sobre o tema. A última, em Istambul, Turquia. Os trabalhos apresentados foram divididos em grandes temas: educação e envolvimento da comunidade, dinâmica populacional, monitoramento de intervenções e trabalhos governamentais. Os anais, bem como outros

importantes documentos sobre políticas para eutanásia com base no bem-estar animal e um guia para o manejo populacional de gatos, podem ser baixados de: http://www.icam-coalition.org . A próxima conferência internacional será somente em 2018, provavelmente no Brasil. Porém, neste ano acontecerá a Reunião Internacional da Raiva nas Américas (RITA 2016 – http://rita2016.iec.gov.br)em Belém, Pará, de 23 a 28 de outubro. A RITA começou há 27 anos em Atlanta, GA, EUA. Consolidou-se como uma conferência internacional anual onde pesquisadores, acadêmicos, estudantes, funcionários da saúde pública, veterinários, diretores de programas de raiva e outros profissionais da área da saúde têm a oportunidade de conhecer, discutir e apresentar as mais recentes pesquisas sobre a raiva no mundo, bem como atualizar conhecimentos que possibilitem o combate dessa zoonose. Vale destacar também que no WSAVA 2016, de 27 a 30 de setembro, em em Cartagena, na Colômbia, está previsto a apresentação de Rita de Cassia Maria Garcia sobre o manejo de populações canina e felina em áreas urbanas. E também já está confirmada a realização da VIII Conferência Internacional de Medicina Veterinária do Coletivo, em 2017, em Porto Alegre, RS. Referências 1-GARCIA, R. C. M. ; CALDERÓN, N. ; FERREIRA, F. Consolidação de diretrizes internacionais de manejo de populações caninas em áreas urbanas e proposta de indicadores para seu gerenciamento. Revista Panamericana de Salud Pública. 2012; v. 32, n. 2, p. 140-144, 2012. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S102049892012000800008. 2-ICAM. Humane dog population management guidance. International Companion Animal Management Coalition. 22 p. Disponível em: <http://www.ifaw.org/sites/default/files/Dog%20Pop%20Manage ment.pdf>. 3-WORLD HEALTH ORGANIZATION. ; WORLD SOCIETY FOR THE PROTECTION OF ANIMALS. Guidelines for dog population management. Genebra: WHO/WSPA, 1990. 90 116 p.

Anais da 2nd International Conference on Dog Population Management: http://www.icamcoalition.org/downloads/ICAM_Abstract_book.pdf

Rita de Cassia Maria Garcia MV, MSc, PhD Departamento de Medicina Veterinária, UFPR. Profa. de Medicina Veterinário do Coletivo e Medicina Veterinária Legal ritamaria@ufpr.br

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Quando cuidar dos animais cansa Burnout, fadiga por compaixão e a exaustão de cuidar

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mpatia é a capacidade de perceber, compartilhar e ser afetado por estados emocionais dos outros 1,2. Em diversas profissões, ser empático é necessário para a realização de um bom trabalho. À primeira vista, a medicina veterinária pode não ser percebida como uma profissão na qual se exerce empatia, pois a lida se dá diretamente com animais e não com pessoas. No entanto, a empatia não se limita àqueles iguais a nós, e os médicos veterinários são, muitas vezes, empáticos em dobro: com a tutora e com o animal em tratamento. São capazes de serem sensibilizados pela dor e sofrimento do animal, bem como do tutor que o traz. Esse cenário é propício para o desenvolvimento de duas síndromes: de burnout e de fadiga por compaixão.

Ilustração: Fernando Gonsales, médico veterinário e cartunista, criador do personagem Níquel Náusea – http://goo.gl/aI5aqg

Fadiga por compaixão A fadiga por compaixão se define como o fardo emocional de cuidar do outro, que é consequência natural da exposição contínua e excessiva a eventos traumáticos a que clientes, pacientes ou familiares são expostos; ou o custo de cuidar 6. É um tipo especial de burnout, pois se refere à exaustão de profissionais que lidam com sofrimento não apenas humano, como é o caso dos médicos veterinários. A fadiga por compaixão é uma síndrome relacionada não somente ao trabalho, mas ao tipo de trabalho e, em parFigura 1 – Os índices ticular, às atividades que lidem de distress psicológico diretamente com sofrimento. O sério são o dobro para os termo surgiu em 1981, relacionamédicos veterinários, com 1,5 vezes mais do ao serviço de imigração dos episódios depressivos e três vezes mais Estados Unidos e a sua falta de considerações de suicídio quando comBurnout controle na admissão de refugiaparados com a população em geral Define-se burnout como exaustão dos 7, sendo utilizado nos anos emocional relacionada ao trabalho e à ineficácia no 1990 em estudos com enfermeiras, estendendo-se depoimesmo 3,4. A síndrome de burnout foi detalhada no início sa diversas profissões. dos anos 1970 em relação a funcionários e voluntários de clínicas médicas, descrevendo-se seus aspectos físicos e Médicos veterinários exaustos comportamentais, quem está em maior risco e medidas De que maneira profissionais da área animal podem preventivas 3. No início dos anos 1980, começaram a sur- desenvolver essas síndromes? Uma grande diferença gir inúmeros estudos relatando burnout em diversas pro- entre esses profissionais e os da área humana é a prerrofissões, incluindo médicos veterinários. gativa do profissional de decidir a eutanásia. Funcionários A escala mais utilizada para mensurar a síndrome de de controle animal, de abrigos, de laboratórios, auxiliares burnout possui três dimensões de exaustão: emocional, de veterinária, voluntários e médicos veterinários lidam cinismo e ineficácia 5. A exaustão emocional se revela na com a morte de seus pacientes três vezes mais que profisdificuldade de se envolver nas atividades, na irritabilida- sionais da área humana 8. Além disso, profissionais da de, na baixa produtividade e na fadiga. O cinismo está saúde animal participam em diversas dessas mortes, gepresente em diversos comportamentos negativos como rando situações traumáticas incomparáveis pelo simples raiva, frustração, isolamento, paranoia, choro fácil, rigi- fato de que em medicina humana “você não tem que dez e inflexibilidade, sendo que outros membros da equi- matar seus pacientes” 9. São dilemas morais que exigem pe se tornam alvos e até mesmo os clientes são vistos de uma tomada de decisão e a quem se deve responder: às forma desumanizada, como merecedores de um tratamen- demandas do cliente (tutor) ou do paciente (animal)? E to rude. Além disso, a própria pessoa se torna alvo desses isso gera um estresse moral. pensamentos e sentimentos, aumentando a autocrítica e se sentindo incapaz, infeliz e insatisfeito com seu trabalho, o Estresse moral que leva à ineficácia. O estresse moral é uma forma distinta de estresse que 44

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aparece de forma insidiosa e surge do conflito entre o porquê de optar por trabalhar com animais e o que se faz na realidade 10. Se não for tratado, o estresse moral pode, ao longo dos anos, levar à deterioração física e psicológica, ao abuso de álcool e drogas, ao divórcio e, em última instância, ao suicídio. Durante muitos anos, a eutanásia por conveniência foi um dos maiores estressores dos profissionais da área animal (Figura 1). Segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), a eutanásia é atribuição exclusiva do médico veterinário (Resolução n. 1000 de 11 de maio de 2012), sendo definida como “a indução da cessação da vida animal por método tecnicamente aceitável e cientificamente comprovado, observando-se todos os princípios éticos”. A prática da eutanásia por conveniência foi historicamente rotineira em abrigos, canis municipais e clínicas veterinárias, pelos motivos mais grosseiros como “o animal está muito velho para correr”, “já não brinca mais”, “está começando a dar trabalho”, entre outros. Hoje em dia, em diversos lugares no mundo, há legislação que proíbe a eutanásia de animais saudáveis. A eutanásia de animais sadios é proibida em São Paulo (Lei 12.916/2008), Rio Grande do Sul (Lei 13.193/2009), Pernambuco (Lei 14.139/2010), Amazonas (Lei 283/2011) e Rio de Janeiro (Lei 5.670/2013), dentre nove estados brasileiros. A pressão social gerada pela interpretação equivocada da legislação provoca angústia no médico veterinário quando ele deve indicar a eutanásia em casos de animais que apresentam condições médicas ou cirúrgicas tratáveis, mas que necessitam de procedimentos especializados de custo elevado para os quais o proprietário, a instituição de proteção ou o serviço público não possuem recursos disponíveis. A mudança de paradigma das eutanásias por conveniência para a relutância em fazê-las acompanhou a inserção dos animais como membros não humanos das famílias. O dilema moral, no entanto, não desapareceu, pois a dificuldade de realizar a eutanásia de animais doentes também ocasiona uma tomada de decisão pautada pelo estresse moral de ver uma opção subjetiva pela manutenção da vida a todo custo desconsiderando a qualidade de vida e o bem-estar do animal. Além disso, o veterinário pode se sentir frustrado pelo tratamento que escolheu nos casos em que não conseguiu salvar aquela vida, sentindose incapaz e fracassado. Outro estressor comum do profissional são as demandas da prática veterinária. Não é raro que veterinários e outros profissionais da área animal se sintam sobrecarregados devido às longas horas de trabalho, ao pouco tempo de descanso, à má remuneração e ao grande fluxo de trabalho nos finais de semana, pois a clínica veterinária é uma ocupação depende de clientes. Sem um bom atendimento, uma boa oferta de serviços, de tratamentos e de produtos, e bons profissionais, a clínica não consegue manter sua clientela. Surgem então mais estressores: competição com outros

profissionais, pressões financeiras, reclamações de clientes, manejo de equipe (quando membro sênior) ou falta de participação (quando membro associado), possibilidade de erros médicos e processos por má conduta, expectativas dos clientes, exigência de diversas especialidades, comunicação com o cliente (eutanásia; luto), entre muitas outras. Como os veterinários recém-formados não são treinados para lidar com as demandas do trabalho e têm menos conhecimento e menos experiência, investem em cursos e acabam trabalhando um número ainda maior de horas. Têm menos participação dentro das decisões da clínica ou hospital, são pressionados para mostrarem desempenho e podem se ver diante de dilemas éticos impostos pela própria equipe de trabalho, tendo menos suporte social. No entanto, veterinários com mais tempo de carreira sofrem de outros males, como a repetição das mesmas questões e dilemas, a exposição constante e contínua ao sofrimento, sem uma ajuda especializada para lidar com tais situações. De forma insidiosa, a fadiga por compaixão, o burnout e o estresse moral podem se agravar. Sinais de risco O veterinário deve ser sempre a voz do animal e ter seu bem-estar em primeiro plano 10. Quando um tutor pergunta o que o médico veterinário faria, ele está querendo se eximir da culpa; o cliente não quer a responsabilidade pela decisão, responsabilidade essa que o profissional deve aceitar, sem hesitação ou temor. Como isso não simplifica a questão,o veterinário deve estar atento aos sinais do estresse moral, do burnout e da fadiga por compaixão. As manifestações podem ser de ordem comportamental, no trabalho e fora dele, bem como de ordem física, e exigem atenção aos principais sinais em si mesmo e nos colegas (Tabela 1). COMPORTAMENTO Ocupacional Pessoal Falta de concentração Alterações de humor Falta de cuidado com os animais Apatia Falta de paciência Irritabilidade com clientes Frustração Atrasos Intolerância Aumento de faltas Falta de Erros clínicos confiança Conflitos na equipe Distanciamento de amigos e Isolamento familiares Demissão

SAÚDE Dores de cabeça Falta de energia Exaustão Insônia Transtornos gastrointestinais Falta de apetite Depressão Abuso de álcool e drogas

Tabela 1 - Manifestações de ordem comportamental, no trabalho e fora dele, bem como de ordem física e que requer atenção aos principais sinais em si mesmo e nos colegas na detecção de burnout e fadiga por compaixão13,16

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MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO Suicídio entre médicos veterinários Não surpreende que a medicina veterinária seja uma das profissões com os maiores índices de risco de suicídio (Tabela 2). Em pesquisa recente nos EUA, realizada pelo Centers of Disease Control (CDC) com mais de 10.000 veterinários (69% eram clínicos de pequenos animais), um de cada seis veterinários já tinham pensado em cometer suicídio 10. Além disso, as taxas de distress psicológico sério são o dobro para os médicos veterinários, com 1,5 vezes mais episódios depressivos e três vezes mais considerações de suicídio quando comparados com a média nacional dos EUA. Embora os índices de tentativa de suicídio sejam mais baixos que a média nacional americana, os autores da pesquisa argumentam que o acesso que os médicos veterinários têm a drogas de uso controlado aumenta o sucesso do suicídio, restando menos pessoas vivas após a tentativa para responder ao questionário.

Como as mulheres têm sido maioria entre aqueles que ingressam nas escolas de medicina veterinária americanas (em 2014/2015 foram 79,6%), o problema tende a se agravar entre os veterinários, pois, segundo a pesquisa, as mulheres são mais susceptíveis ao distress e às tentativas de suicídio.

Como evitar? É necessário conhecer os sinais e sintomas dessas síndromes para poder identificá-las. Portanto, é essencial que esses tópicos sejam abordados nas faculdades de medicina veterinária, bem como nas associações e conselhos regionais e federais. Nos Estados Unidos e em vários outros países, existem serviços de aconselhamento e apoio psicológico para estudantes e profissionais. Uma vez capacitados para a identificação do burnout, da fadiga por compaixão e do estresse moral, os veterinários, estudantes e outros profissionais da área poderão estar Ranking Profissão Fator de risco atentos a si próprios, aos seus colegas e a sua equipe 13. 1 Médicos 1,87 Infelizmente, estresse moral, burnout e fadiga por com2 Dentistas 1,67 paixão não são aliviados ou evitados por meio dos méto3 Policiais 1,54 dos comuns para manejo de estresse 10,14. Isso já é sabido e 4 Médicos veterinários 1,54 abordado na literatura médica, com propostas que englo5 Serviços financeiros 1,51 bam toda a equipe da clínica ou hospital, como mesas 6 Corretores de imóveis 1,38 para discussão de casos, rotações pelos departamentos 7 Eletricistas 1,36 para discussão de ética, workshops, modificações e im8 Advogados 1,33 ple mentação de novas políticas etc. Entretanto, no que diz 9 Fazendeiros 1,32 respeito à medicina veterinária, as formas que as pesqui10 Farmacêuticos 1,29 sas e os artigos sugerem para evitar essas síndromes são 11 Químicos 1,28 por meio de práticas superficiais e paliativas, tanto em Tabela 2 – Profissões com os maiores índices de suicídio relação à pessoa (atividade física, dieta saudável, horas de quando comparados com os riscos da população em geral, segundo o National Institute for Occupational lazer, meditação e técnicas de relaxamento), como em reSafety & Health 17 lação ao trabalho (fazer pausas, comunicar-se com a equipe e impor limites). Resultados semelhantes foram observados na AustráPesquisa recente mapeou alguns serviços de psicologia lia, na Nova Zelândia e no Reino Unido, neste último com de faculdades de medicina veterinária dos Estados Unidos médicos veterinários apresentando um índice de suicídio e de países de língua inglesa, indicando que é necessário três a quatro vezes maior que a média nacional, e duas aumentar o acesso dos alunos a esses serviços 15. Analivezes mais alta que a de outros profissionais de saúde 12. sando, porém, o corpo técnico dos chamados “serviços de psicologia”, somente Veterinários População geral dos EUA sete de 41 tinham psiPROBLEMA (%) (%) cólogos no cargo de Distress psicológico Homens 6,8 3,5 responsável. Ou seja, sério Mulheres 10,9 4,4 há uma preocupação Passou por episódios Homens 24,5 Veterinários: 1,5 vezes mais com a saúde mental da depressivos desde o curso Mulheres 36,7 que a média nacional classe médica veteriConsiderou o suicídio Homens 14,4 Veterinários: três vezes mais nária, mas esse esforço desde a formatura Mulheres 19,1 que a média nacional está sendo feito sem o Tentou suicídio desde Homens 1,1 1,6 profissional adequado. a formatura* Mulheres 1,4 3,0 Na ausência de um * Os autores da pesquisa argumentam que o acesso a drogas de uso controlado aumenta a eficiência profissional capacitado do suicídio, restando menos médicos veterinários vivos após a tentativa para responder ao questionário para lidar com a demanda, sugestões de Tabela 3 – Pesquisa realizada nos EUA pelo Centers of Disease Control (CDC) com mais de 10.000 veterinários (69% eram clínicos de pequenos animais) 11 como evitar o estresse 46

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MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO moral, a fadiga por compaixão e o burnout acabam se tornando soluções vazias e ineficazes, semelhantes a conselhos de autoajuda, uma vez que o veterinário pode não estar em condições de mudar seus comportamentos sozinho. Não é uma tarefa fácil para alguém que está sofrendo “dizer não quando apropriado”, “manter-se em contato com outros veterinários”, “pedir ajuda se necessário”, “equilibrar trabalho e lazer”. Esses podem ser o núcleo das dificuldades e dilemas do profissional, e, se ele fosse capaz de modificá-los sem a ajuda de terceiros, já o teria feito. O psicólogo é fundamental para avaliar o que aquela pessoa precisa no momento e para montar um plano de trabalho conjunto, com metas realistas e objetivas. Se esse trabalho for realizado dentro da equipe completa, são maiores as possibilidades de que todos os profissionais estejam capacitados para prevenir essas síndromes, pois o apoio social é um grande fator de proteção. Logo, a melhor maneira de prevenir o estresse moral, a fadiga por compaixão e o burnout é ter apoio social desde o início da carreira, começando pela faculdade e continuando dentro dos órgãos de classe. Inicialmente, a tarefa de é afastar o estigma dos distúrbios mentais em toda a sociedade é essencial, para incentivar a busca por ajuda. Ao mesmo tempo, deve haver serviços que acolham essas pessoas e suas demandas, seja nas faculdades ou nas associações e conselhos. Além disso, pode também existir profissionais dentro das clínicas e hospitais, para trabalhar com o manejo da equipe e com as questões específicas de dinâmica em relação aos clientes, às políticas da clínica e aos outros colegas de trabalho. Sem esse trabalho completo, conjunto e realizado por profissionais, a seriedade do quadro atual só tende a se agravar. Referências sugeridas 01-STUEBER, K. Empathy. In: RUNEHOV, A. L. C. ; OVIEDO, L. Encyclopedia of sciences and religions. New York: Springer Netherlands, 2013. p. 723-727. ISBN: 978-1-4020-8266-5. 02-WAAL, F. B. M. Putting the altruism back into altruism: the evolution of empathy. Annual Review of Psychology, v. 59, n. 1, p. 279300, 2008. doi: 10.1146/annurev.psych.59.103006.093625. 03-FREUDENBERGER, H. J. Staff burn-out. Journal of Social Issues, v. 30, n. 1, p. 159-165, 1974. doi: 10.1111/j.15404560.1974.tb00706.x. 04-MASLACH, C. ; JACKSON, S. E. The measurement of experienced burnout. Journal of Organizational Behavior, v. 2, n. 2, p. 99113, 1981. doi: 10.1002/job.4030020205. 05-MASLACH, C. Burnout: the cost of caring. 1. ed. Los Altos: ISHK, 2003. 302 p. ISBN: 978-1883536350. 06-FIGLEY, C. R. Compassion fatigue: coping with secondary traumatic stress disorders in those who treat the traumatized. New York: Routledge, 2015. 292 p. ISBN: 978-1138884441. 07-LeMASTER, R. J. ; ZALL, B. Compassion fatigue: the expansion of refugee admissions to the United States. Boston College International and Comparative Law Review, v. 6, n. 2, p. 447474, 1983. 08-AYL, K. When helping hurts: compassion fatigue in the veterinary profession. 1. ed. Lakewood: AAHA Press, 2013. 160 p.

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ISBN: 978-1583261811. 09-RANK, M. G. ; ZAPARANICK, T. L. ; GENTRY, J. E. Nonhumananimal care compassion fatigue: training as treatment. Best Practices in Mental Health, v. 5, n. 2, p. 40-61, 2009. ISSN: 1553555X. 10-ROLLIN, B. E. Euthanasia, moral stress, and chronic illness in veterinary medicine. The Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 41, n. 3, p. 651-659, 2011. 11-LARKIN, M. Study: 1 in 6 veterinarians have considered suicide. JAVMA News, 2015. Disponível em: <https://www.avma.org/News/JAVMANews/Pages/150401d.aspx> . Acesso em: 1 de junho de 2016. 12-VETERINARY RECORD. Stress in the veterinary profession: causes analysed in New Zealand. The Veterinary Record, v. 159, n. 2, p. 30, 2006. doi: 10.1136/vr.159.2.30. 13-BRANNICK, E. M. ; DeWILDE, C. A. ; FREY, E. ; GLUCKMAN, T. L. ; KEEN, J. L. ; LARSEN, M. R. ; MONT, S. L. ; ROSENBAUM, M. D. ; STAFFORD, J. R. ; HELKE, K. L. Taking stock and making strides toward wellness in the veterinary workplace. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 247, n. 7, p. 739-742, 2015. doi: 10.2460/javma.247.7.739. 14-MITCHENER, K. L. ; OGLIVIE, G. K. Understanding compassion fatigue: keys for the caring veterinary healthcare team. Journal of the American Animal Hospital Association, v. 38, n. 4, p. 307310, 2002. doi: 10.5326/0380307. 15-KOGAN, L. R. ; SCHOENFELD-TACHER, R. ; HATHCOCK, J. Psychological services for US and international veterinary students. Journal of Veterinary Medical Education, v. 39, n. 1, p. 83-92, 2012. doi: 10.3138/jvme.0511.053. 16-HEWSON, C. Grief for pets - part 2: avoiding compassion fatigue. Veterinary Nursing Journal, v. 29, n. 12, p. 388-391, 2014. doi: 10.1111/vnj.12199. 17-MENTAL HEALTH DAILY. Top 11 Pprofessions with highest suicide rates. Mental Health Daily, 2015. Disponível em: <http://mentalhealthdaily.com/2015/01/06/top-11-professionswith-highest-suicide-rates>/. Acesso em: 5 de junho de 2016. Alice de Carvalho Frank – psicóloga, mestrado na relação homem-animal. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (USP). Consultora autônoma. alice.frank@gmail.com Camila Marinelli Martins – MV, PhD Pós-doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (USP). camila@vps.fmvz.usp.br Alexander Welker Biondo – MV, MSc, PhD Professor de Zoonoses e Medicina Veterinária do Coletivo do Departamento de Medicina Veterinária, UFPR – Universidade Federal do Paraná. abiondo@ufpr.br Ricardo Augusto Dias – MV, MSc, PhD. Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal (VPS), Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (USP). dias@vps.fmvz.usp.br

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Adoção de animal com desconto no IPTU A Prefeitura de Ponta Grossa, PR, cria estímulo para que mais de 4 mil cães e gatos de abrigos sejam adotados e encontrem seus novos lares definitivos Cenário nacional Ilustração: Fernando Gonsales, médico veterinário A eutanásia de animais de come cartunista, criador do personagem Níquel Náusea panhia sadios tem sido proibida http://goo.gl/aI5aqg em São Paulo (Lei n. 12.916/2008), Rio Grande do Sul (Lei n. 13.193/2009), Pernambuco (Lei n. 14.139/2010), Amazonas (Lei n. 283/2011) e Rio de Janeiro (Lei n. 5.670/2013), dentre nove estados brasileiros. Embora a proibição de eutanásia de cães e gatos sadios abandonados tenha sido um avanço dos direitos dos animais na sociedade brasileira, essas leis não contabilizaram os custos da manutenção a longo prazo desses animais, incluindo recursos de capital (instalações físicas, equipamentos, veículos), materiais de consumo (combustível, ração, medicamentos) e huFigura 1 – A adoção responsável de animais se dá mediante requerimento escrimanos (administrativos, técnicos e to do interessado, podendo ser feita diretamente de protetores independentes, de pessoal de apoio). observadas as regras e condições previstas na lei, bem como demais normas e A dificuldade encontrada na disposições estabelecidas mediante decreto regulamentar manutenção dos animais de companhia abandonados, em particular nas grandes cidades, exige atitudes propositivas e de políticas públicas que com sutura, medicação e aplicação de imunobiológicos. A iniciativa de estimular a adoção por meio do Promotivem a adoção o mais rapidamente possível, onerando protetoras e ente público o mínimo possível e proven- grama Municipal de Adoção Responsável de Pequenos do lares definitivos para que esses animais sofram o Animais vinculando desconto no Imposto Predial Terrimenos possível. Nesse cenário de crescente abandono e torial Urbano (IPTU) necessitou prévio estudo técnico e reduzidas taxas de adoção, a maioria dos centros de con- discussão intensa com a Secretaria Municipal de Saúde e trole de zoonoses, canis municipais, organizações não de Finanças, o Legislativo Municipal e principalmente as governamentais e protetoras independentes tem “acumu- sete organizações não governamentais de proteção animal, que intermediaram mais de 80% das 1.750 castralado” animais de companhia anualmente. ções realizadas em 2015. O cálculo para o desconto no IPTU foi baseado no total Cenário local Ponta Grossa é o quarto maior município do Paraná em de custos com que o canil municipal onera o município no população, com aproximadamente 340 mil habitantes e o período de um ano – um total de R$ 326.000,00 a serem oitavo maior produto interno bruto do estado (IBGE, subsidiados em adoções vinculadas ao desconto do IPTU. 2015). O custo médio anual de manutenção do Canil Cada munícipe pode adotar um ou mais animais de comMunicipal (capacidade para 250 animais) foi calculado em panhia do Canil Municipal ou de protetoras cadastradas, R$ 326.000,00 ao ano. Além disso, aproximadamente recebendo o desconto correspondente a 1 ou 2 Valores de 3.500 mordeduras de cães e gatos foram atendidas no referência do Munícipio (VR), atualmente de R$ 70,20. Hospital Municipal entre 2013 e 2015, segundo o Sistema Na prática, um total de 4.643 animais poderiam ser adode Informação de Agravos de Notificação (Sinan-NET), tados com renúncia de receita anual, como demonstrado em grande parte gerando consultas de emergência e custos (Figura 1). 50

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O passo a passo A motivação para pensar na referida lei que instituiu o Programa Municipal de Adoção Responsável de Pequenos Animais partiu da vontade política do Poder Executivo do município de implementar as políticas públicas de controle da população animal criadas em 2013. A discussão foi levada pela imprensa a diversos setores da sociedade, que se manifestaram de forma individualizada, sem fundamentação técnica, mostrando a necessidade de aprofundar a discussão com uma audiência pública em que todos os setores da sociedade tiveram oportunidade de se manifestar e de obter esclarecimentos. Na audiência pública foram expostos a proposta, a justificativa e os recursos a serem destinados em caso de aprovação do Legislativo Municipal. A partir dos esclarecimentos e devidas correções e adequações, o Executivo Municipal encaminhou o projeto de lei que percorreu as devidas comissões da Câmara Municipal, não encontrando resistência até a sua aprovação no plenário da casa. O processo de adoção deve ser protocolado na Prefeitura Municipal de Ponta Grossa seguindo as deter-

minações e anexando os documentos de acordo com a Lei n. 12.275/2015. Quando a adoção é realizada em um exercício, o desconto somente será válido para o exercício seguinte, 365 dias depois. Existe ainda um limite de 2 VR de desconto máximo (atualmente, até R$140,40). A fiscalização das condições de alojamento e cuidado do animal adotado tem sido realizada em parceria com a Atenção Primária do Munícipio e Estratégia Saúde da Família (Agente Comunitário de Saúde) e Controle de Zoonoses (Agentes de Controle de Endemias). Esses colaboradores já realizam visitas domiciliares contínuas de acordo com o seu território, para identificar e notificar eventuais situações de maus-tratos ou abandono dos animais adotados. Embora as dúvidas ainda sejam frequentes – a mais comum manifestada por pessoas interessadas na adoção apenas pelo desconto –, a discussão sobre abandono e adoção tem sido enriquecedora para o município. A lei A lei foi aprovada em 27/08/2015 (Figura 2). Ficou o Poder Executivo autorizado a instituir, no âmbito da

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MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO Nessa abordagem, se uma sociedade tem políticas eficientes no primeiro pilar (educação e guarda responsável), com leis de guarda responsável, identificação, saúde e bemestar dos animais, automaticamente os demais pilares somem, uma vez que, tendo o próprio cidadão consciência da guarda responsável e da anticoncepção, não haverá abandono e, consequente, necessidade de adoções. Se o primeiro pilar não Figura 2 – Talão de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de Ponta Grossa, que a é 100% eficiente, os partir de 2016 tem desconto para quem adotar cães da prefeitura e de outras protetoras demais pilares seguemda cidade se sucessivamente, auxiliando a dirimir as defiSecretaria Municipal de Saúde, o Programa Municipal ciências dos anteriores e reduzindo o impacto dos postede Adoção Responsável de Pequenos Animais, com o riores, ou seja, as esterilizações (castrações) auxiliam na acolhimento, esterilização, registro e destinação de ani- guarda responsável e reduzem o abandono, e o combate mais de pequeno porte em situação de abandono para ao abandono e ao comércio ilegal reduz o número de adoção por munícipes interessados em sua guarda res- castrações, e também o de resgates e adoções. Embora a ponsável. Definida a guarda responsável, o conjunto de educação seja o pilar principal e o combate ao abandono compromissos assumidos pelo contribuinte em termo seja o método mais eficaz para evitar animais nas ruas, próprio é firmado com o Poder Público, de acordo com a grande maioria de municípios brasileiros não tem proo qual o contribuinte se compromete a atender às neces- gramas efetivos e monitorados de adoção de animais de sidades físicas, psicológicas, ambientais e de saúde do companhia. animal, bem como a prevenir riscos que ele possa causar à comunidade ou ao ambiente, tais como: agressão, transmissão de doenças ou danos a terceiros. Em contrapartida, o animal deverá ser encaminhado aos munícipes vacinado, esterilizado, identificado e em perfeita saúde. A comercialização dos animais adotados é proibida. A adoção responsável se dá mediante requerimento escrito do interessado, podendo ser feita diretamente através de protetores independentes, observadas as regras e condições previstas na lei, bem como demais normas e disposições a serem estabelecidas mediante decreto regulamentar. O desconto será concedido no exercício seguinte, após um ano de adoção e desde que constatada a integridade física e psicológica do animal, podendo ser renovado anualmente, até o montante da renúncia de Figura 3 – Cada munícipe de Ponta Grossa, PR, pode receita anual decorrente da aplicação da lei (Figura 3). Os quatro pilares As ações de manejo populacional podem ser agrupadas em quatro grandes pilares, chamados de “quatro pilares do manejo populacional”: 1. educação em guarda responsável; 2. esterilização ou anticoncepção; 3. combate ao abandono (e comércio ilegal); 4. adoção de animais esterilizados. 52

adotar um ou mais animais, recebendo o desconto correspondente a 1 ou 2 Valores de Referência do Munícipio (VR). Como o VR equivale atualmente a R$ 70,20, até um total de 4.643 animais podem ser adotados com renúncia de receita anual do IPTU. Caso isso aconteça, não apenas os 250 cães do Canil Municipal serão adotados, como todos os animais hoje mantidos por organizações não governamentais (ONGs) de proteção animal

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Lei Nº 12.275, de 27/08/2015 – Institui o

Programa Municipal de Adoção Responsável de Pequenos Animais A CÂMARA MUNICIPAL DE PONTA GROSSA, Estado do Paraná, decretou, na Sessão Ordinária realizada no dia 19 de agosto de 2015, a partir do Projeto de Lei nº 174/2015, de autoria do Poder Executivo, e eu, Prefeito Municipal, sanciono a seguinte LEI: Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a instituir, no âmbito da Secretaria Municipal de Saúde, o "Programa Municipal de Adoção Responsável de Pequenos Animais". Art. 2º O programa consistirá no acolhimento, esterilização, registro e destinação de animais de pequeno porte em situação de abandono para adoção por munícipes interessados em sua guarda responsável. § 1º Entende-se por guarda responsável o conjunto de compromissos assumidos pelo contribuinte em Termo próprio, firmado com o Poder Público, no qual o contribuinte se compromete a: I - atender as necessidades físicas, psicológicas, ambientais e de saúde do animal; II - prevenir riscos que o animal possa causar à comunidade ou ao ambiente, tais como: agressão, transmissão de doenças ou danos a terceiros. § 2º O animal deverá ser encaminhado aos munícipes vacinado, esterilizado, identificado e em perfeita saúde. § 3º É proibida a comercialização dos animais adotados. § 4º A adoção responsável se dará mediante requerimento escrito do interessado. Art. 3º O Programa poderá ser implantado por meio de parcerias entre o Poder Público Municipal e entidades governamentais e não governamentais, e/ou pessoas físicas e jurídicas ligadas à proteção de animais, especialmente para a viabilização de apoio financeiro e institucional, assessoria técnica e espaços para sua execução. Parágrafo único. A adoção de animais poderá ser feita diretamente através de protetores independentes, observadas as regras e condições previstas nesta lei, bem como demais normas e disposições a serem estabelecidas mediante decreto regulamentar. Art. 4º Para o incentivo à adoção de animais de pequeno porte em situação de abandono, o Poder Executivo poderá conceder desconto no pagamento anual do Imposto Predial e Territorial Urbano IPTU ao contribuinte que aderir ao Programa, de forma progressiva e não cumulativa, nesta ordem: I - desconto de 01 (uma) VR para adoção de 01 (um) animal que permaneça com o contribuinte em perfeitas condições de saúde e guarda; II - desconto de 02 (duas) VRs para adoção de dois ou mais animais que permaneçam com o contribuinte em perfeitas condições de saúde e guarda; § 1º O desconto será concedido, após um ano de adoção, no exercício seguinte, e desde que constatada a integridade física e psicológica do animal.

Carlos Eduardo Coradassi - MV, MSc. Diretor de Vigilância em Saúde, Secretaria Municipal de Saúde de Ponta Grossa. Professor Assistente, UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa.. coradassi@uepg.br

Acesse a lei: http://goo.gl/DlZPrq

§ 2º O desconto será renovado anualmente, mediante requerimento do interessado, no qual fique comprovada a manutenção dos requisitos desta Lei e desde que exista disponibilidade financeira para a renúncia de receita. Art. 5º O contribuinte interessado no desconto de que trata o artigo anterior, deverá: I - apresentar certidão negativa de tributos municipais; II - ter o imóvel murado, cercado e portões fechados; III - possuir condições para manutenção do animal em perfeitas condições de alojamento, alimentação, saúde, higiene e bem-estar.; IV - estar ciente que será responsabilizado, na forma da Lei, por todo e qualquer dano sofrido pelo animal; V - permitir aos órgãos de fiscalização ou conveniados a visitação a residência para acompanhar o desenvolvimento do animal; VI - informar ao órgão competente do Poder Executivo Municipal qualquer alteração que houver na relação com o animal, seja por mudança de residência, óbito, doença, desaparecimento ou outros eventos não previsíveis, no prazo máximo de 15 (quinze) dias. Art. 6º O contribuinte que deixar de informar qualquer evento relacionado ao animal adotado, dificultar a fiscalização, causar maus tratos ou abandono: I - deverá entregar o animal ao Poder Público, no prazo máximo de 5 (cinco) dias; II - terá o desconto do IPTU cancelado; III - deverá restituir aos cofres públicos todo o desconto usufruído até então; IV - efetuar o pagamento de multa no valor de 20 VR por animal adotado, independentemente das demais penalidades previstas na legislação especial; V - ressarcir os gastos do Poder Público com tratamento e recuperação do animal nos casos de maus tratos. Parágrafo único. O Poder Executivo Municipal deverá promover a efetiva fiscalização desta lei, em periodicidade suficiente à verificação do cumprimento do conjunto de compromissos assumidos pelos contribuintes que aderirem ao programa. Art. 7º Fica limitado em R$ 326.000,00 (trezentos e vinte e seis mil reais) o montante da renúncia de receita anual decorrente da aplicação desta Lei. Art. 8º O Poder Executivo regulamentará esta lei no que couber. Art. 9º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO, em 27 de agosto de 2015. MARCELO RANGEL CRUZ DE OLIVEIRA Prefeito Municipal OSIRES GERALDO KAPP Procurador Geral do Município em exercício

Alexander Welker Biondo - MV, MSc, PhD Professor de Zoonoses e Medicina Veterinária do Coletivo do Departamento de Medicina Veterinária, UFPR – Universidade Federal do Paraná. abiondo@ufpr.br

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Neurologia Narcolepsia canina Canine narcolepsy Narcolepsia canina Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 123, p. 56-68, 2016 Deborah Eileen Menezes Baliellas MV residente Un. Cruzeiro do Sul-São Paulo dbaliellas@gmail.com

Carolina Vieira Cardoso Aluna de graduação CMV/UNIP-São Paulo vieiramedvet@gmail.com

Josy Carolina Covan Pontes Médica veterinária, dra. Instituto do Cérebro, UFRN-Natal josypontes@gmail.com

Eduardo Fernandes Bondan Médico veterinário, dr., prof. titular CMV/Un. Cruzeiro do Sul-São Paulo Depto. Pós-Graduação, UNIP-São Paulo bondan@uol.com.br

Resumo: A narcolepsia canina é um distúrbio neurológico que afeta o surgimento e a organização do sono, sendo caracterizada por sonolência diurna excessiva, cataplexia e prováveis alucinações hipnagógicas. Em cães das raças dobermann e labrador, a narcolepsia é transmitida de forma hereditária pelo gene recessivo de penetrância completa canarc-1, causando mutação nos receptores de hipocretina-2, um neuropeptídeo que ativa os neurônios que impedem a entrada no sono REM. O diagnóstico pode ser feito por meio da observação dos sintomas, sendo a cataplexia um fator-chave para o diagnóstico da doença. A narcolepsia deve ser cuidadosamente diferenciada de outras enfermidades neurológicas e distúrbios paralíticos reversíveis. O tratamento é paliativo e baseia-se na administração de estimulantes do sistema nervoso central (SNC) e antidepressivos tricíclicos. Unitermos: cães, sono, cataplexia, orexina Abstract: Canine narcolepsy is a neurological disorder that affects the appearance and organization of sleep. It is characterized by excessive daytime sleepiness, cataplexy and hypnagogic hallucinations. In Dobermann and Labrador breeds, narcolepsy is transmitted hereditarily by the canarc-1 recessive gene, which has complete penetrance and causes a mutation in the receptor for hypocretin-2, a neuropeptide that prevents entry into REM sleep by activating specific neurons. Diagnosis can be achieved by observing the symptoms. Cataplexy is a key factor for diagnosis of narcolepsy and must be carefully distinguished from other neurological diseases and reversible paralytic disorders. Treatment is palliative and based on the administration of stimulants of the central nervous system (CNS) and tricyclic antidepressants. Keywords: dogs, sleep, cataplexy, orexin Resumen: La narcolepsia canina es una alteración neurológica que afecta la aparición y organización del sueño, que se caracteriza por una excesiva somnolencia diurna, cataplejía y probables alucinaciones hipnagógicas. En perros de las razas Doberman y Labrador, la narcolepsia se transmite de forma hereditaria a través del gen recesivo de penetrancia completa canarc-1, que provoca mutación de los receptores de hipocretina-2, un neuropéptido que activa las neuronas que impiden la entrada en sueño REM. El diagnostico se puede realizar a través de la sintomatología y la cataplejía representa un factor llave para llegar al mismo. La narcolepsia debe ser cuidadosamente diferenciada de otras enfermedades neurológicas y de alteraciones paralíticas reversibles. El tratamiento es paliativo, y se realiza a través de estimulantes del sistema nervioso central y antidepresivos tricíclicos. Palabras clave: perros, sueño, cataplejía, orexina

História da descoberta da narcolepsia canina Em 1972, o Stanford Center for Sleep Sciences and Medicine organizou, sob direção do dr. William C. Dement, uma exposição educativa sobre a narcolepsia humana em que foi exibido um vídeo de pacientes narcolépticos com cataplexia. Um membro da plateia, docente da Escola de Medicina Veterinária da UC Davis, mencionou ter cuidado de um cão que tinha os mesmos ataques e que infelizmente recebeu eutanásia, por acreditarem que sofria de epilepsia refratária. Os vídeos dos ataques cata56

pléticos desse cão, no entanto, passaram a ser utilizados pelo dr. Dement, junto aos de cataplexia em seres humanos, em suas palestras. Após uma de suas palestras, um neurologista conversou com o dr. Dement, mencionando um de seus amigos, cuja poodle francesa miniatura, chamada Monique, apresentava ataques semelhantes. Monique foi então doada à Universidade de Stanford, e percebeu-se que a emoção da cadela ao alimentar-se desencadeava múltiplas paralisias flácidas. Usando eletrodos de superfície, observou-se a perda de atividade no

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eletromiograma (EMG) durante os ataques. O eletroencefalograma (EEG) foi considerado normal, sem qualquer sinal de crise epiléptica, mas apresentando padrões típicos de sono REM e/ou vigília. Esse caso e o relatório de um cão dachshund narcoléptico confirmaram a existência da narcolepsia em cães. Em 1976, quatro cães dobermann narcolépticos foram obtidos por doação, e iniciou-se um programa de criação para eles. Subsequentemente, demonstrou-se que a narcolepsia em cães da raça dobermann (e também labrador) era transmitida por um único gene autossômico recessivo, chamado canarc-1, sendo a doença esporádica em outras raças (Figura 1). Com esses vários cães narcolépticos, estabeleceu-se a Stanford Canine Narcolepsy Colony, e iniciouse um programa de criação para cães narcolépticos 1,2.

Figura 1 – Doberman e labrador estão entre as raças que manisfestam narcolepsia com maior frequência

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Diagnóstico por imagem Displasia do occipital em cães – revisão de literatura Occipital dysplasia in dogs – literature review Displasia occipital en perros – revisión de la literatura Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 123, p. 70-78, 2016

Erika Juliana Gomes de Oliveira médica veterinária erikajulianago@hotmail.com

Marília de Albuquerque Bonelli MV, aluna de doutorado PPGCV da UFRPE mariliabonelli@yahoo.com

Ieverton Cleiton Correia da Silva MV, aluno de doutorado PPGCV da UFRPE ievertom_tom@hotmail.com

Floriano Pereira Nunes Júnior MV, aluno de mestrado PPGCV da UFRPE florianosv3@yahoo.com.br

Thaiza Helena Tavares Fernandes MV, aluna de doutorado PPGCV da UFRPE thaizavet@gmail.com

Eduardo Alberto Tudury MV, mestre, dr., prof. adj. DMV da UFRPE eat@dmv.ufrpe.br

Fabiano Séllos Costa MV, mestre, dr., prof. adj. DMV da UFRPE fabianosellos@hotmail.com

Resumo: O forame magno é normalmente de formato arredondado ou ovalado e apresenta diâmetro similar ao do forame vertebral do atlas. A displasia do occipital é caracterizada por um alargamento dorsal do forame magno causado pela ossificação incompleta do osso supraoccipital, sendo observada em cães de raças de pequeno porte e braquicefálicos. Divergências sobre a relevância clínica da displasia do occipital em cães estão presentes na literatura, sendo questionável se essa condição é apenas uma variação anatômica ou realmente uma enfermidade. O presente trabalho tem o objetivo de esclarecer aspectos relacionados à displasia do occipital por meio de uma revisão bibliográfica sobre esse tema, abordando tópicos sobre a anatomia da junção atlanto-occipital, assim como os aspectos clínicos e diagnósticos da displasia do occipital em cães. Unitermos: neurologia, crânio, forame magno Abstract: The foramen magnum is normally rounded or oval in shape and has a similar diameter to the vertebral foramen of the atlas. Occipital dysplasia is observed in small breed and brachycephalic dogs, and is characterized by a dorsal widening of the foramen magnum caused by an incomplete ossification of the supraoccipital bone. There are divergent opinions in the literature regarding the clinical relevance of occipital dysplasia in dogs, and doubts remain as to whether this presentation is only an anatomical variation or an actual disease. The objective of this paper is to clarify aspects related to occipital dysplasia by means of a literature review on this subject, focusing on the anatomy of the atlanto-occipital junction, as well as the clinical and diagnostic aspects of occipital dysplasia in dogs. Keywords: neurology, skull, foramen magnum Resumen: El foramen magno normalmente tiene un formato redondeado u ovalado, y presenta un diámetro similar al foramen vertebral del atlas. La displasia occipital se caracteriza por un ensanchamiento dorsal del foramen magno causado por la osificación incompleta del hueso supraoccipital, y se puede observar en razas pequeñas y en braquicéfalos. Existen diferentes opiniones en la literatura sobre la importancia clínica de la displasia occipital en los perros, y puede cuestionarse si esa condición es sólo una variación anatómica o si realmente es una enfermedad. Este trabajo tiene como objetivo aclarar ciertos aspectos relacionados con la displasia occipital a través de una revisión de la bibliografía relacionada con el tema, abordando tópicos sobre la anatomía de la unión atlanto-occipital, así como también aspectos clínicos y diagnósticos de la displasia occipital en los perros. Palabras clave: neurología, cráneo, foramen magno

Introdução Sinais clínicos neurológicos inespecíficos têm sido atribuídos à displasia do occipital em cães 1-4. Apesar disso, divergências sobre o tema são encontradas na literatura, onde a variação do formato do forame magno é considerada por alguns autores como sendo apenas uma variação anatômica diagnosticada no exame radiográfico e / ou tomográfico 5-7. O presente trabalho tem o objetivo 70

de esclarecer aspectos relacionados à displasia do occipital por meio de uma revisão bibliográfica, abordando tópicos sobre a anatomia da junção atlanto-occipital, assim como os aspectos clínicos e diagnósticos da displasia do occipital em cães. Anatomia atlanto-occipital Os ossos da cabeça dividem-se em ossos do crânio, que

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Definição da displasia do occipital O termo displasia do occipital foi inicialmente relacionado a um defeito do forame magno que envolve apenas o osso occipital, sendo descrito como qualquer anormalidade no desenvolvimento do forame magno 1,2. Essa terminologia da medicina veterinária foi sugerida para diferenciar essa condição do defeito de Arnold-Chiari e da Síndrome de Klippel Feil que são descritas na espécie humana 1,2. Mais recentemente, a displasia do occipital tem sido definida como um alargamento anormal do forame magno causado pela ossificação incompleta da região ventromedial do osso supraoccipital 6,14,15. Uma pesquisa que estudou o osso occipital e a morfologia do forame magno de crânios de cães do período medieval sugeriu haver uma forte correlação entre a ocorrência de displasia occipital e cruzamentos selecionados para desenvolvimento de padrões raciais, fato esse associado a uma variação morfológica secundária à consanguinidade 16. O alargamento dorsal do forame magno caracteriza a displasia do occipital em cães. Essa condição pode afetar o sulco central do occipital, promovendo um alargamento dorsal do forame. Entretanto, podem ocorrer extensões para os sulcos laterais, promovendo um alargamento lateral do entalhe occipital. O tentório cerebelar é, aparentemente, o fator limitante para a extensão dorsal do forame magno 2. Foi estabelecida uma gradação para o defeito do forame magno, tendo como base o que seria o tamanho normal do

Erika Juliana Gomes de Oliveira

Erika Juliana Gomes de Oliveira

recobrem o encéfalo, e ossos da face, que rodeiam os olhos e as passagens respiratórias e digestivas. O osso occipital se localiza na região caudoventral do crânio, sendo formado a partir de quatro centros distintos de ossificação, um dorsal na parte escamosa do osso supraoccipital, dois laterais nos côndilos occipitais e um na parte basilar. A união desses centros de ossificação delimita o forame magno e, através da sua abertura, há a continuidade do bulbo ou medula oblonga para a medula espinal, juntamente com suas estruturas associadas 8,9. O forame magno é normalmente de formato arredondado ou ovalado e apresenta diâmetro similar ao do forame vertebral do atlas (Figura 1) 10. O atlas (primeira vértebra cervical) se articula cranialmente com os côndilos occipitais do crânio formando a articulação atlanto-occipital, que é responsável, principalmente, pelos movimentos de flexão e extensão. Caudalmente o atlas se articula com o áxis (segunda vértebra cervical), onde forma uma articulação que se move livremente, possibilitando o movimento de rotação da cabeça (Figura 2) 8,9,11. As cavidades da articulação atlanto-occipital e atlantoaxial são interligadas através de uma comunicação ventral ao ápice do dente do áxis, formando uma única cavidade articular composta pelo osso occipital, atlas e áxis 12. As membranas articulares atlanto-occipitais situadas em posição dorsal e ventral reforçam a cápsula articular, juntamente com os ligamentos laterais 8,9. Há ainda seis músculos vertebrais cervicais que se inserem no crânio (músculos retos da cabeça) e participam de funções especializadas de fixação de articulações e dos movimentos de flexão e extensão 13.

Figura 1 – Vista caudal do crânio de um cão sem displasia do occipital demonstrando o forame magno (seta) e os côndilos do occipital (asteriscos)

Figura 2 – Vista ventral da junção craniocervical de um cão demonstrando o osso occipital (a), atlas (b) e processo odontóide do áxis (c)

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Clínica Análise do diagnóstico da leishmaniose visceral canina no Brasil, com ênfase no uso dos métodos sorológicos: teste imunocromatográfico, ELISA e reação de imunofluorescência indireta – revisão de literatura Analysis of the diagnosis of canine visceral leishmaniasis in Brazil, with emphasis on the use of immunochromatography, ELISA and IFAT – a review Análisis del diagnóstico de la leishmaniasis visceral canina en Brasil, con énfasis en el uso de métodos serológicos: inmunocromatografía, ELISA e inmunofluorescencia indirecta – revisión de la literatura Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 123, p. 80-86, 2016

Aldair Junio Woyames Pinto MV, dr. Lab. de Patologia das Leishmanioses ICB/UFMG aldairwpinto@gmail.com

Vitor Márcio Ribeiro MV, prof. Instituto de Med. Vet. da PUC-Betim Presidente do Grupo de Estudos em Leishmanioses em Animais – BRASILEISH ribeirovm@yahoo.com.br

Wagner Luiz Tafuri MV, prof. titular Lab. de Patologia das Leishmanioses ICB/UFMG wagnertafuri@gmail.com

Resumo: O diagnóstico da leishmaniose visceral canina é complexo e desafiador, pois não existem testes 100% sensíveis e específicos. O serviço público brasileiro utiliza a eutanásia como método de controle em cães sorologicamente positivos. Além disso, os médicos veterinários têm dificuldade em padronizar o diagnóstico sorológico de rotina em razão da falta de técnicas e métodos padronizados e do uso de testes sorológicos exclusivamente qualitativos. Esse cenário requer a busca de testes mais confiáveis e padronizados, para evitar o abate de cães falso-positivos e a vacinação de infectados, bem como tratamentos desnecessários por interpretações equivocadas decorrentes dos resultados de exames. Esta revisão propõe apresentar e discutir as vantagens e desvantagens dos testes sorológicos empregados para o diagnóstico da doença no Brasil. Unitermos: sorologia, teste rápido, DPP, imunocromatografia Abstract: Diagnosis of Canine Visceral Leishmaniasis is complex and challenging, because no test is 100% sensitive and specific. The Brazilian public service employs the euthanasia of seropositive dogs as a control method. Additionally, veterinarians have difficulty in standardizing the serological diagnostic routine, due to the lack of technical and standardized methods and the use of exclusively qualitative serological tests for diagnosis. This scenario requires the search for more reliable and standardized tests in order to prevent the slaughter of false-positive dogs, vaccination of infected animals and unnecessary treatments as a result of test misinterpretation. This review aims to present and discuss the advantages and disadvantages of serologic tests used to diagnose the disease in Brazil. Keywords: serology, quick test, DPP, immunochromatography Resumen: El diagnóstico de la leishmaniasis visceral canina es complejo y desafiante, ya que no existen testes 100% sensibles y específicos. El servicio público brasileño utiliza la eutanasia como método de control de perros seropositivos. Además, los médicos veterinarios tienen dificultades para estandarizar el diagnóstico serológico de rutina debido a la falta de técnicas y métodos estandarizados, y porque los testes serológicos son exclusivamente cualitativos. Este escenario evidencia la necesidad de tests más confiables y estandarizados, para evitar la eutanasia de perros falsos positivos, la vacunación de animales infectados, así como la realización de tratamientos innecesarios por interpretaciones erróneas de los exámenes. Esta revisión propone presentar y discutir las ventajas y desventajas de los testes serológicos utilizados para el diagnóstico de la enfermedad en Brasil. Palabras clave: serología, test rápido, DPP, inmunocromatografía

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Introdução O diagnóstico sorológico da leishmaniose visceral canina (LVC) é desafiador, em função de sua complexidade, tendo em vista os seguintes fatores: 1) divergências interpretativas; 2) falta de concordância entre testes sorológicos usados nos inquéritos epidemiológicos por instituições públicas e laboratórios privados; 3) divergências entre técnicas, protocolos e acurácia entre laboratórios. Esses fatores se devem ao fato de não existir um exame sorológico que contenha 100% de sensibilidade e especificidade e que seja capaz de detectar tanto o período de infecção quanto o de doença 1. O diagnóstico da LVC se torna ainda mais complexo quando avaliado à luz das manifestações físicas de cães residentes em áreas endêmicas. O diagnóstico de cães infectados, porém sem sinais físicos (assintomáticos), em sua maioria é mais complexo quando comparado ao de animais com sinais externos (sintomáticos) 2. Cães infectados assintomáticos apresentam predominância de resposta imune celular, da linhagem de linfócitos Th1, que confere resistência à infecção, podendo apresentar desde testes sorológicos negativos a baixos títulos de anticorpos e baixa carga parasitária. Nesses casos, deve-se evitar o uso de testes e interpretações isoladas. Já em cães sintomáticos nos quais predomine resposta imune humoral com linfócitos Th2 com altos títulos de anticorpos e elevada carga parasitária, os testes sorológicos podem confirmar a infecção e a doença com uma margem de erro menor 1,3. Resultados falsos negativos ou positivos e erros de leitura e interpretação de resultados podem levar a diagnósticos

inconclusivos ou errôneos que muitas vezes fazem com que o médico veterinário ou o gestor público tome atitudes precipitadas, resultando muitas vezes no sacrifício de um animal não infectado; na vacinação de um infectado e/ou doente; ou ainda no tratamento de um animal não infectado 3,4. Recentemente surgiram no mercado de diagnóstico testes imunocromatográficos para detecção de cães soropositivos para Leishmania infantum, conhecidos popularmente como “teste rápido” (TR). Estas são algumas de suas vantagens: 1) velocidade no processamento e resultado do teste, que pode ser realizado no próprio local da coleta; 2) aplicação em grande número de animais e em inquéritos epidemiológicos; 3) uso a campo; 4) custo relativamente baixo por dispensar estrutura laboratorial 5. Entretanto, os TRs devem ser usados com cautela, principalmente nos resultados negativos 6. Nesse contexto, o objetivo da presente revisão é apresentar e refletir sobre as vantagens e desvantagens do uso dos TRs no diagnóstico da LVC, comparadas à reação de imunofluorescência indireta (RIFI) e ELISA, também empregadas no Brasil. ELISA, reação de imunofluorescência indireta (RIFI) e teste imunocromatográfico (TR) Os principais testes sorológicos atualmente utilizados e sugeridos por laboratórios de instituições públicas e privadas no Brasil são: 1) ELISA; 2) RIFI; 3) TR.

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Cirurgia Reparação cirúrgica de hipospadia escrotal canina – relato de caso Surgical repair of canine scrotal hypospadias – case report Corrección quirúrgica de la hipospadia escrotal canina – relato de un caso Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 123, p. 88-92, 2016

Maria Cecília de Lima Rorig MV, mestre, profa. Depto. de Medicina Veterinária - PUC/PR Clínica Veterinária Aukmia, Toledo, PR cecilia.lima@pucpr.br

Solimar Dutra da Silveira aluno de graduação Curso de Medicina Veterinária - PUC/PR solimards@hotmail.com

Resumo: O presente relato tem como objetivo descrever um caso de hipospadia escrotal em um cão da raça boxer de quatro meses de idade. Essa anomalia foi observada durante exame físico do sistema reprodutor que revelou abertura ectópica do óstio uretral em região escrotal, subdesenvolvimento e atrofia peniana, máformação do prepúcio, além de dermatite em região peri-uretral. Após a realização de exames complementares, o paciente foi encaminhado para cirurgia, realizando-se a amputação do pênis, orquiectomia e uretrostomia. No período pós-operatório o paciente apresentou excelente recuperação. A conduta cirúrgica escolhida demonstrou sucesso diante do quadro clínico apresentado, e também minimizou complicações decorrentes da hipospadia, garantindo melhor qualidade de vida ao paciente. Unitermos: cão, prepúcio, uretrostomia Abstract: The present report aims to describe a case of scrotal hypospadias in a fourmonth old boxer. This anomaly was observed during physical examination of the reproductive system, which evinced an ectopic opening of the urethral ostium in the scrotal region, as well as penile underdevelopment and atrophy, malformation of the foreskin and dermatitis in the periurethral region. After additional tests, the patient was referred for surgery, during which amputation of the penis, orchiectomy and urethrostomy were performed. The patient presented excellent post-surgical recovery. The chosen surgical conduct was successful with respect to the clinical picture, and minimized complications due to hypospadias, ensuring a better quality of life to the patient. Keywords: dog, prepuce, urethrostomy Resumen: Este relato tiene como objetivo describir un caso de hipospadia escrotal en un perro Boxer de cuatro meses. Esta anomalía se observó durante el examen físico del sistema reproductor, donde se constató que existía una abertura ectópica del orificio uretral en la zona del escroto, con subdesarrollo y atrofia del pene, malformación prepucial, además de una dermatitis en la región peri uretral. Una vez realizados los exámenes complementares, el paciente fue derivado a cirugía, donde se le realizó la amputación del pene, la orquiectomía y una uretrostomia. Durante el postoperatorio hubo una excelente recuperación. La conducta quirúrgica elegida fue exitosa frente al cuadro presentado por el animal, minimizando las complicaciones de la hipospadia, y garantizándole una calidad de vida mejor al paciente. Palabras clave: perro, prepucio, uretrostomía

Introdução Hipospadia é uma anomalia da genitália externa caracterizada pela falha na fusão das pregas urogenitais durante o desenvolvimento fetal e pelo desenvolvimento incompleto da uretra peniana 1. 88

Apesar de ser uma enfermidade rara na medicina veterinária, a ocorrência em machos chega a ser quinze vezes maior que em fêmeas 2. Geneticamente, não se sabe ao certo se existem fatores predisponentes relacionados ao desenvolvimento de hipospadia, porém, nos poucos casos relatados,

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cães da raça boston terrier estão entre os mais acometidos 3,4. Na medicina humana, essa anomalia da genitália externa masculina apresenta maior acometimento, com a incidência de três a cinco casos em cada 1.000 nascimentos 5. Em cães machos, a hipospadia refere-se principalmente à falha da fusão das pregas urogenitais, resultando numa formação uretral peniana incompleta, associada frequentemente à ausência ou subdesenvolvimento do pênis e fracasso na fusão do prepúcio 6. Com base na localização da abertura uretral, podemos classificar essa anomalia em glandular, peniana, escrotal, perineal ou anal 7. Os sinais clínicos apresentados pelo animal incluem lesões dermatológicas características em região perineal causadas pela urina, cuja evolução em alguns casos é vista como um quadro de pioderma, além de incontinência urinária e infecções de trato urinário, estas geralmente recorrentes 8-10. Em estudo realizado em um cão sem raça definida, observaram-se anomalias associadas a hipospadia como subdesenvolvimento peniano, falha na fusão da uretra, prepúcio e escroto, além de abertura uretral visível em região ectópica. Além disso, podem ocorrer outras alterações como retenção dos testículos, e presença de divertículo vesical 11. A etiologia exata da ocorrência de hipospadia é desconhecida 12; acredita-se, porém, que se trata de uma doença congênita relacionada a uma deficiência de testosterona durante a fase de morfogênese 4, ou ainda um defeito nos receptores de andrógenos durante a fase de morfogênese 3. Relata-se ainda que a administração de progesterona ou andrógenos a fêmeas prenhes antes da diferenciação sexual da genitália externa resultará em masculinização parcial, podendo o feto apresentar aumento da distância anogenital, alongamento da vulva e hipertrofia clitoriana 3. Clinicamente, incluem-se como diagnóstico diferencial o hermafroditismo verdadeiro, o pseudo-hermafroditismo, a persistência do frênulo peniano, a fístula ou o traumatismo uretral e a hipoplasia peniana 7. O tratamento para hipospadia é de caráter cirúrgico, e seu objetivo principal é a correção funcional e estética da genitália masculina 13.

De acordo com a literatura, recomenda-se a correção cirúrgica para idades superiores a dois meses, podendo ser realizada a reconstrução prepucial e/ou uretral, com amputação peniana subtotal ou total 7,10,12,13. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de hipospadia escrotal em um cão macho com quatro meses de idade, da raça boxer, enfatizando os aspectos clínicos, os métodos de diagnóstico e a terapêutica abordada. Relato de caso Um cão macho da raça boxer com quatro meses de idade foi atendido em uma clínica veterinária particular. O tutor relatava como queixa principal uma ferida na região ventral do abdômen, com exposição do pênis e secreção purulenta frequentemente presente na região. Além disso, notava que o animal apresentava dificuldade de micção e lambedura intermitente na região peniana. O paciente se apresentava em bom estado geral, com normorexia, normoquezia e normodipsia. De acordo com o tutor, o cão fora adotado havia aproximadamente um mês, e o histórico familiar era desconhecido. Durante o exame físico, constatou-se o meato uretral puntiforme localizado caudalmente à região de bolsa escrotal, além de abertura total do prepúcio, com presença de secreção, sujidades e exposição do pênis subdesenvolvido e atrofiado (Figura 1). Durante palpação abdominal o cão não apresentou desconforto e se manteve alerta durante toda a avaliação. Os demais parâmetros avaliados se encontravam dentro dos valores de referência para a espécie. Realizou-se exame de ultrassonografia abdominal, com o propósito de avaliar o trato urogenital, suspeitando-se de um caso de hermafroditismo ou qualquer outra possível anomalia congênita relacionada ao sistema reprodutivo masculino. Os rins se apresentavam íntegros, com regiões corticais e medulares preservadas, localizados em espaço retroperitoneal, com dimensões regulares e formato ligeiramente ovóide, sem alterações visíveis pela ecografia. Não foi constatada a presença de útero ou ovários em cavidade abdominal, descartando-se a possibilidade de hermafroditismo.

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Cirurgia Aplasia segmentar uterina em ovariosalpingohisterectomia eletiva em cadela – relato de caso Segmental uterine aplasia in elective ovariohysterectomy in a bitch – case report Aplasia segmentaria uterina en ovariohisterectomía electiva en perra – relato de caso Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 123, p. 96-99, 2016

Cássia Regina Oliveira Santos MV, Hospital Veterinário Universitário, UNIVASF/Petrolina cassia.santos@univasf.edu.br

Ítalo Barbosa Lemos Lopes aluno de graduação Curso de Medicina Veterinária UNIVASF/Petrolina italobl.lopes@gmail.com

Fernando B. da Silva Sobrinho aluno de graduação Curso de Medicina Veterinária UNIVASF/Petrolina fernando-medvet@hotmail.com

Jamilly Nunes Ramos aluna de graduação Curso de Medicina Veterinária UNIVASF/Petrolina jamillyramos93@gmail.com

Andrezza Cavalcanti de Andrade aluna de graduação Curso de Medicina Veterinária UNIVASF/Petrolina andrezza.andrade@hotmail.com.br

Daniela da Silva Pereira Campinho MV, mestre, profa. subst. Colegiado Acadêmico de Medicina Veterinária, UNIVASF/Petrolina danieladasilva@hotmail.com

Alexandre Redson Soares Silva, MV, mestre, dr., prof. adj., CAMV/UNIVASF/Petrolina

Resumo: As anomalias congênitas no trato reprodutor de caninos e felinos ocorrem raramente, sendo a agenesia unilateral do corno uterino (útero unicórnio) a anomalia de maior frequência. Devido a sua raridade e poucos relatos na literatura, o objetivo deste relato foi descrever o achado de aplasia segmentar uterina em cadela, submetida a procedimento de ovariosalpingohisterectomia eletiva. Foi realizada celiotomia retroumbilical, e, após a tentativa de tração do corno uterino direito observouse ausência da porção distal do mesmo, com tamanho de 12 mm e o ovário próximo ao segmento reduzido. As más-formações encontradas em procedimentos cirúrgicos implicam em dificuldades para a equipe, resultando em maior tempo operatório, uma vez que outros órgãos e sistemas podem apresentar anomalias similares e devem ser inspecionados. Unitermos: agenesia, unilateral, cirurgia Abstract: Congenital anomalies of the reproductive system of cats and dogs are rare. Among these, the unilateral agenesis of the uterine horn (unicornuate uterus) is the most frequent anomaly. Due to its rarity and few reports in literature, the aim of this work is to report the finding of uterine segment aplasia in a bitch during elective ovariohysterectomy. Traction of the right uterine horn was attempted after a retroumbilical celiotomy, disclosing a malformation characterized by shortening of the uterine horn, which measured 12 mm with the ovary close to the reduced segment. Malformations encountered during surgical procedures result in difficulties for the surgical team and prolonged surgical time, since other organs and systems can also present anomalies and require therefore careful inspection Keywords: agenesis, unilateral, surgery Resumen: Las anomalías congénitas del sistema reproductor de los caninos y felinos suelen ser raras, siendo la agenesia unilateral del cuerno uterino la enfermidad más frecuente. Debido a su baja frecuencia y los pocos relatos que existen en la literatura, el objetivo del presente trabajo fue describir una aplasia segmentaria de útero en una perra en la que se realizó una ovariohisterectomía electiva. Fue realizada una laparotomía retroumbilical en la que, al intentar exponer el cuerno uterino derecho, se pudo observar la ausencia de la porción distal del mismo; su tamaño era de 12 mm y el ovario se encontraba cercano al segmento reducido. Las malformaciones encontradas durante las cirugías redundan en dificultades para el equipo quirúrgico, lo que lleva a un aumento del tiempo operatorio, ya que otros órganos y sistemas pueden presentar anomalías similares, y deben ser inspeccionados. Palabras clave: agenesia, unilateral, cirugía

alexandre.redson@univasf.edu.br

Ana Amélia Domingues Gomes, MV, mestre, dra., profa. adj., CAMV/UNIVASF/Petrolina anaamelia.gomes@univasf.edu.br

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Introdução As anomalias congênitas uterinas em caninos são raras, podendo ocorrer atresia, aplasia segmentar, corpo uterino septado, hipoplasia, fusão cornual, cérvix dupla e agenesia de corno uterino 1. A aplasia segmentar uterina ocorre de forma parcial, na ausência de um segmento do corno uterino, ou completa, quando há ausência da totalidade de um dos cornos, condição conhecida como útero unicorno 1. Cadelas com aplasia segmentar de corno uterino com ovários funcionais podem conservar a função éstrica, e exibir comportamento de cio normal 2, existindo relato de gestação em cadela com aplasia segmentar 3. As alterações patológicas congênitas do trato reprodutivo feminino são induzidas pela diferenciação incompleta dos ductos paramesonéfricos, promovendo fusões inadequadas, estenoses ou atresias das estruturas que são originadas pelos mesmos 4,5. O desenvolvimento incompleto dos ductos paramesonéfricos durante a vida embrionária pode se manifestar como uma série de anomalias congênitas em tubas uterinas, corpo e cornos uterinos e parte cranial da vagina 6-9.

Além disso, pode estar acompanhada de outras anomalias como agenesia renal unilateral, causada pelo não desenvolvimento do ducto mesonéfrico do mesmo lado 7. Geralmente a genitália externa, as tubas uterinas e os ovários das cadelas afetadas estão normais, assim como a atividade cíclica 2,10, Não obstante, podem ocorrer alterações na fertilidade, distocia e redução do número de proles. Suspeitas diagnósticas podem ser levantadas previamente; isso, entretanto, não impossibilita a ocorrência de gestação no lado oposto 11,12. As aplasias segmentares são comumente observadas em ovariohisterectomias eletivas, necropsias ou ainda em celiotomias exploratórias 11,13. Por se tratar de uma enfermidade rara e com poucos relatos na literatura, o objetivo foi descrever o achado de aplasia segmentar uterina em cadela SRD (sem raça definida), submetida a procedimento de ovariosalpingohisterectomia eletiva. Relato de caso Foi atendida em hospital-escola uma cadela SRD, de um ano e 7,5 kg, para avaliação pré-cirúrgica de ovariosalpingoesterctomia (OSH). Após realização de exames físico e

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Oncologia Criocirurgia no tratamento de TVT quimiorresistente em um cão – relato de caso Cryosurgery as treatment for chemoresistent TVT in a dog – case report Criocirugía como tratamiento de un tumor venéreo transmisible en un perro – relato de caso Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 123, p. 100-104, 2016

Rafael Ricardo Huppes

Resumo: Foi atendido em um hospital-escola veterinário um cão macho de sete anos e 26 kg que, após exteriorização do pênis, apresentou massa com aspecto de couve-flor, hemorrágica e friável, na região do bulbo peniano. Realizado o exame citopatológico, diagnosticou-se um tumor venéreo transmissível do tipo plasmocitoide. Em seguida iniciou-se o tratamento com piroxicam (0,3 mg/kg) a cada 48 horas e sulfato de vincristina (0,75 mg/m2) a cada sete dias. Após oito sessões com sulfato de vincristina, não houve regressão tumoral, e o protocolo terapêutico foi alterado para aplicações de doxorrubicina (30 mg/m2 a cada 21 dias), que também não provocou melhora. Devido à ausência de resultados, foi realizada a criocirurgia da lesão com o aparelho Cry-Ac, com ponteira de circuito fechado, em uma sessão de três ciclos. Após 21 dias do procedimento, observou-se a regressão total do tumor. Unitermos: canino, neoplasias, quimioterapia, doxorrubicin

MV, dr., prof. CMV/Unicesumar rafaelhuppes@hotmail.com

Thaís Akelli Sanchez Kovacs Aluna de graduação CMV/Unicesumar thais.ask@hotmail.com

Rodrigo de Oliveira Mattosinho Médico veterinário Hospital Veterinário - Uningá mattosinho_vet@hotmail.com

Paulo Fernandes Marcusso MV, dr., prof. UEM-Umuarama paulomarcusso@gmail.com

Emanuel Onofre de Souza Guedes Aluno de graduação FMV/Uningá emanuel0214@hotmail.com

Josiane M. Pazzini MV, aluna de doutorado PPGCV/FCAV/Unesp-Jaboticabal josipazzini@hotmail.com

Arícia Gomes Sprada MV, aluna de doutorado PPGCVPA/FCAV/Unesp-Jaboticabal aricia.sprada@hotmail.com

Fernando Wiecheteck de Souza MV, dr., prof. adj. UFAL

Abstract: A seven-year-old 26 kg male dog presenting preputial serosanguineous discharge and a cauliflower-like mass on the penile bulb region was attended at a veterinary school hospital. The mass was hemorrhagic and friable. Cytopathological examination disclosed a plasmacytoid transmissible venereal tumor. Antineoplastic chemotherapy was initiated, associating pyroxicam (0.3 mg/kg at 48 hour intervals) and vincristine sulfate (0.75 mg/m2 each seven days). Since no tumor regression was observed after eight chemotherapy cycles, doxorubicin was implemented as a new therapeutic protocol (30 mg/m2 each 21 days). No improvement was observed. Thus, three cycles of cryosurgery were attempted, using a Cry-Ac equipment with closedcircuit tip. Total remission of the tumor was observed 21 days post-surgery. Keywords: canine, neoplasms, drug therapy, doxorubicin Resumen: En un hospital escuela se atendió un perro macho de siete años y 26 kg de peso, que después de exteriorizarle el pene, se constató la presencia de una masa con aspecto de coliflor, hemorrágica y friable en la región del bulbo peniano. En el examen citopatológico se diagnosticó la presencia de un tumor venéreo transmisible de tipo plasmocitoide. Inmediatamente se comenzó el tratamiento con piroxicam (0,3 mg/kg) cada 48 horas y sulfato de vincristina (0,75 mg/m2) cada siete días. Después de ocho sesiones con sulfato de vincristina no hubo regresión tumoral y el protocolo terapéutico fue modificado para aplicaciones de doxorrubicina (30 mg/m2 cada 21 días), que tampoco llevó a la mejora del cuadro. Debido a la ausencia de resultados, se realizó la criocirugía de la lesión con un aparato Cry-Ac, con punta de circuito cerrado, en una sesión de tres ciclos. Después de 21 días del procedimiento, se pudo observar la regresión completa del tumor. Palabras clave: canino, neoplasias, quimioterapia, doxorrubicina

wiecheteck@hotmail.com

Rodrigo Jesus Paolozzi MV, mestre, prof. e coord. CMV/UniCesumar-Maringá rodrigo.paolozzi@unicesumar.edu.br

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Relato Foi atendido em Hospital Veterinário Escola, um cão macho de sete anos e 26kg apresentando secreção prepucial

serossanguinolenta. Na anamnese o trauma foi descartado, e, devido ao histórico de cão errante, suspeitou-se principalmente de TVT. Observou-se aumento de volume na região do prepúcio e dor à manipulação. A tentativa de exposição do pênis provocou dificuldade e dor, porém, após a exteriorização do órgão, observou-se uma massa com aspecto de couve-flor, hemorrágica e friável, na região do bulbo peniano, com características macroscópicas de TVT, medindo 5 x 4 x 2 milímetros (comprimento/largura/espessura). Devido às características da lesão, foi feita a coleta de material por meio de imprint para a realização do exame citopatológico. Foram montadas quatro lâminas coradas com corantes do tipo Romanowsky e analisadas ao microscópio óptico para classificação citomorfológica em padrões de TVT plasmocitóide, linfocitóide e misto 21. No exame citopatológico foi possível observar células ovoides com vacuolizações citoplasmáticas, baixa proporção núcleo/citoplasma, núcleo excêntrico e cromatina nuclear grosseira, compatíveis com tumor venéreo transmissível do tipo plasmocitoide (Figura 1). Foram realizados exames de rotina, como hemograma, função renal (creatinina) e hepático (FA), e todos apresentaram resultado dentro do normal. Em seguida iniciou-se o Rafael Ricardo Huppes

Introdução O tumor venéreo transmissível (TVT) é uma neoplasia de células redondas que acomete cães 1,2. Ocorre de forma natural e acomete machos e fêmeas. Sua principal forma de transmissão é por meio de contato direto, e os principais locais de implantação são vulva, pênis e prepúcio 1-5. Quanto à predisposição sexual do TVT na população canina, muitos estudos relatam maior frequência em fêmeas. Em relação à raça, os cães sem raça definida parecem ser mais acometidos do que os de raça 1,6-9. Macroscopicamente, o tumor é caracterizado por coloração avermelhada, com aspecto de “couve-flor”, consistência friável e exsudato hemorrágico 1,2. As informações obtidas no momento da anamnese e do exame físico, bem como as características macroscópicas, contribuem para o diagnóstico 1,10. Além dessas avaliações, recomenda-se realizar a coleta de material para exame citológico, que pode ser feito com o auxílio de punção aspirativa com agulha fina (PAF), imprint ou escarificação. Muitas vezes a citologia é suficiente para diagnosticar o TVT, porém, quando for necessário, podem-se utilizar outros métodos de diagnóstico, como a avaliação histopatológica 2,11,12. Quanto ao tratamento, existem várias modalidades terapêuticas para o TVT, dentre as quais se podem citar a cirurgia, quimioterapia antineoplásica, radioterapia, terapia fotodinâmica, imunoterapia e radiofrequência 1,2,13. Na maioria das vezes o tratamento à base de sulfato de vincristina é capaz de proporcionar a cura. Entretanto, fatores relacionados à morfologia celular, localização extragenital, farmacodinâmica e farmacocinética do agente quimioterápico e sua eficácia têm atribuído a essa neoplasia uma característica de resistência a agentes quimioterápicos usados em seu tratamento 14-18. A criocirurgia é uma alternativa para o tratamento de neoplasias, principalmente por ser uma técnica eficaz, limitando as metástases e sem os efeitos colaterais nocivos da quimioterapia e da radioterapia; além disso, não deprime o sistema imunológico 19-20. Entre quatro e cinco dias após o paciente ser submetido à criocirurgia, a neoplasia começa a apresentar sinais de isquemia; sete a catorze dias depois a crionecrose se completa, formando uma ferida que passará pelas fases inflamatória, proliferativa, de maturação e remodelamento. A cicatrização deixa uma cicatriz plana entre 14 e 21 dias após o procedimento de criocirurgia, raramente excedendo trinta dias, em caso de sucesso da operação 19-20. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de quimiorresistência de TVT por sulfato de vincristina e doxorrubicina que foi tratado por meio de criocirurgia.

Figura 1 – Exame citopatológico a partir de imprint de uma massa na região do bulbo peniano de cão de sete anos, com aspecto de couve-flor, hemorrágica e friável. Células ovoides com moderado pleomorfismo e anisocitose, apresentando vacuolizações intracitoplasmáticas, moderada a baixa proporção núcleo/citoplasma, núcleo excêntrico e cromatina nuclear fina, compatível com tumor venéreo transmissível do tipo plasmocitóide (aumento de 1.000 x, coloração panótico rápido)

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Reprodução Diagnóstico do cio e do momento adequado para a inseminação artificial em uma cadela fila brasileira – relato de caso Estrus diagnosis and timing of artificial insemination in a Brazilian Mastiff bitch – case report Diagnóstico del celo y del momento ideal para la inseminación artificial en una perra Fila Brasilero – relato de caso Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 123, p. 106-112, 2016

Luis David Solis Murgas MV, mestre, dr., prof. titular DMV/UFLA lsmurgas@dmv.ufla.br

Paola Mota Gadelha aluna de graduação DMV/UFLA pa_gadelha@hotmail.com

Weslei Souza Chacon aluno de graduação DMV/UFLA chaconweslei@gmail.com

Danielle Maria Sanches Costa aluna de graduação DMV/UFLA dani@veterinaria.ufla.br

Karoline Sato aluna de graduação DMV/UFLA karoline.sato@yahoo.com

Luana Janetizk Bergmann aluna de graduação DMV/UFLA lbergmann@veterinaria.ufla.br

Gina Rezende Leite aluna de graduação DMV/UFLA ginarezendeleite@yahoo.com.br

Bruna Conceição Ferreira aluna de graduação DMV/UFLA

Resumo: A inseminação artificial em cães é uma técnica realizada principalmente quando existe a impossibilidade de monta natural, devido a problemas anatômicos, comportamentais ou sanitários. Este artigo descreve uma inseminação artificial intravaginal realizada em uma cadela fila brasileira de dois anos de idade. A citologia vaginal, método de diagnóstico escolhido para determinar a fase do ciclo estral em que a cadela se encontrava, apresentou mais de 80% de células superficiais queratinizadas, caracterizando a fase de estro. Utilizou-se o sêmen de um cão fila brasileiro, coletado manualmente e inseminado a fresco logo após a coleta e também 48 horas depois. A detecção da gestação foi comprovada por meio de exames de ultrassonografia e radiografia da cadela 56 dias após a primeira inseminação, constatando no mínimo nove fetos vivos, cuja viabilidade foi comprovada pela presença de batimentos cardíacos. Unitermos: cães, reprodução, citologia Abstract: Artificial insemination is a technique employed in dogs mainly when natural mating is not possible due to anatomical, behavioral or health problems. This article describes an intravaginal insemination performed in a two-year old Brazilian Mastiff bitch. Vaginal cytology was the diagnostic method of choice for determining the stage of the estrous cycle: more than 80% of the cells were cornified epithelial cells, a feature of the estrus phase. Semen from a male Brazilian Mastiff was collected manually and inseminated fresh immediately after collection and also 48 hours later. Pregnancy was confirmed by ultrasound examination and radiography 56 days after first insemination. At least nine live fetuses were found; viability was proven by the presence of heartbeat. Keywords: dogs, reproduction, cytology Resumen: La inseminación artificial en los perros es una técnica que se realiza, principalmente, cuando no existe la posibilidad de monta natural, debido a problemas anatómicos, de comportamiento o de tipos sanitarios. Este artículo describe la inseminación artificial intravaginal en una perra Fila brasilero de dos años. La citología vaginal, un método de diagnóstico para determinar la fase del ciclo en que se encontraba la perra, presentó más de un 80% de células superficiales queratinizadas, caracterizando así la fase estral. Se utilizó el semen de un macho Fila brasilero que fue obtenido en forma manual, e inseminado fresco inmediatamente después y a las 48 horas. La detección de la gestación se comprobó mediante ecografía y radiografía a los 56 días de la primera inseminación, comprobando un mínimo de nueve fetos vivos, cuya viabilidad se comprobó a través de los latidos cardíacos. Palabras clave: perros, reproducción, citología

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Relação do ciclo estral com citologia vaginal em cadelas O ciclo estral da cadela compreende três fases características – proestro, estro e diestro –, às quais se segue um período de inatividade funcional ovárica – o anestro. A citologia vaginal é uma técnica diagnóstica simples e rápida que pode ser empregada para determinar a fase do ciclo estral, permitindo detectar o momento ideal para a realização da inseminação artificial ou da monta natural 1. Na prática veterinária, a primeira referência sobre a utilização da citologia vaginal como recurso diagnóstico auxiliar para determinar a fase do ciclo estral em vacas data da década de 1930 2. As mudanças citológicas representam um indicador sensível da fase do ciclo estral em muitas espécies, refletindo a influência do estrógeno e da progesterona 3,4. A citologia vaginal estuda as células individuais, requerendo células esfoliadas, sem considerar a arquitetura do tecido ou do órgão de origem, e proporciona um meio simples e rápido de diagnóstico das fases do ciclo estral 5. Esse recurso é considerado confiável nos estudos de reprodução em cadelas e um método diagnóstico pouco invasivo e de baixo custo 6. A observação de modificações anatômicas e comportamentais pode ser utilizada para determinar o momento ideal para inseminar a fêmea canina. Além disso, a citologia vaginal também é um indicativo do momento do estro em que a fêmea apresenta no mínimo 70% de células superficiais 7. Esse parâmetro é chamado de índice de cornificação. A determinação da fase do ciclo estral é facilitada pela coloração dos esfregaços vaginais, em oposição ao seu exame direto 8. Diversos corantes e protocolos de coloração estão disponíveis para utilização em citologia vaginal. Um dos métodos mais utilizados é o Papanicolau. Porém, esse método é altamente complexo e trabalhoso 6. Alternativamente, existem métodos mais rápidos de coloração de esfregaços, como o panótico rápido, que utiliza apenas três corantes e é comumente utilizado para esfregaços sanguíneos 9. A coloração de May-GrünwaldGiemsa tem a vantagem de ser rápida e de colocar em evidência os leucócitos e as hemácias, sendo que a diferenciação das células vaginais se baseia na afinidade dos corantes pelo núcleo e pelo citoplasma celulares 10. A zona basal é uma camada simples de células cuboides ou colunares. As células da camada basal são imaturas, pequenas, com pouco citoplasma e raramente são observadas no esfregaço vaginal, exceto em condições anormais 11. As células parabasais são basofílicas, com núcleo grande e pouco citoplasma, e formato esférico ou oval, sendo compostas por várias camadas 12. As células intermediárias são maiores que as parabasais, apresentando formato esférico, oval ou poliédrico, sendo menor a relação dos tamanhos do núcleo e do citoplasma. As células superficiais são grandes e chatas, de formato irregular

ou poliédrico, com citoplasma transparente basofílico e núcleo denso picnótico localizado centralmente, podendo ser anucleadas 12. A citologia vaginal no proestro é caracterizada por uma mistura de células, apresentando hemácias, células intermediárias pequenas e grandes, que vão diminuindo e dando lugar a células superficiais. No estro, mais de 80% de células superficiais anucleadas e queratinizadas estão presentes 13. Em um período de 24 a 48 horas do final do estro, a porcentagem de células superficiais decresce aproximadamente 20%, sendo o restante das células normalmente intermediárias. Ocasionalmente, pode-se ver um grande número de células precedendo o diestro. Pode haver neutrófilos, e o fundo pode conter debris. Contudo, a mudança drástica na aparência microscópica das células epiteliais vaginais é a primeira indicação de que o diestro começou. No anestro observam-se células parabasais e pequenas células intermediárias. Pode haver ou não neutrófilos, e normalmente não há glóbulos vermelhos 4. Inseminação artificial em cães A preservação de sêmen e a inseminação artificial (IA) em cães tornou-se uma prática comum na medicina veterinária. A inseminação artificial representa um instrumento fundamental para a melhora genética em espécies de interesse zootécnico; entretanto, na espécie canina, a inseminação artificial pode ser utilizada como um meio alternativo quando existe a impossibilidade de realização de monta natural, devido a problemas anatômicos, comportamentais e sanitários 14. Além de proteger animais valiosos da contaminação por doenças sexualmente transmissíveis, ela é utilizada também nos casos de não reconhecimento do macho pela fêmea ou vice-versa, nos casos de agressividade inerente à raça e desproporção sexual com relação ao peso 15. A primeira IA em cães notificada cientificamente foi realizada no final do século XVIII por Spallanzani, que utilizou sêmen fresco obtido da vagina de uma cadela naturalmente acasalada e o depositou na vagina de outra cadela, utilizando uma seringa. Esse procedimento resultou no nascimento de três filhotes oriundos da cadela que recebeu o sêmen, após 62 dias. Somente em 1954 foi descrita a primeira IA com sêmen canino refrigerado a 4 °C. Por outro lado, em 1969 obteve-se a primeira gestação utilizando sêmen canino congelado, que resultou no nascimento de dois filhotes 16. A IA em cães pode ser realizada com sêmen fresco, refrigerado ou congelado; cada tipo de sêmen apresenta possibilidades distintas de aplicação, assim como também exige um manejo de complexidade diferente. A IA representa uma alternativa viável que visa à otimização do potencial reprodutivo de cães 12. Há basicamente duas técnicas para a realização da IA: intravaginal e intrauterina. A primeira apresenta-se como

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Senciência animal 1. Introdução Senciente é um adjetivo derivado do latim sentiente que descreve aquele que sente, ou tem sensações. É uma definição ainda pouco encontrada nos dicionários, podendo ser descrita informalmente como sendo a capacidade de sofrer negativa ou positivamente – sofrer ou sentir prazer – ou de ficar feliz. Usualmente vem sendo aplicado na forma do substantivo “senciência”, no sentido daqueles que possuem a capacidade de ter sentimentos associados à consciência. Um ser senciente não é aquele que tem a mera capacidade de reagir a um estímulo, mas aquele que tem a capacidade de perceber o estímulo e reagir a ele de forma consciente. A ação consciente garante experiências e sentimentos intrínsecos a esse ser que o afetarão em decisões futuras 1. Durante muito tempo o ceticismo científico se fechou, exigindo evidências e dados que comprovassem a existência de sentimento nos animais. A dificuldade de provar a existência de reações intrínsecas ao cérebro de um indivíduo, inacessíveis a outro, facilitou a afirmação de que não se poderia ter certeza que os animais tivessem sentimentos. Porém, a mesma justificativa se aplicaria aos seres humanos, dada a não existência de ferramentas científicas capazes de transcender a barreira da esfera privada de um indivíduo. A relação do ser humano com os outros seres vivos terrestres intriga a humanidade desde seus primórdios. Compreender o porquê das diferenças e entender as relações interespécies vem sendo um tema de discussões seculares. Com o desenvolvimento da ciência, diversas dúvidas foram esclarecidas e hoje chegamos a outro patamar de conhecimento. O presente trabalho buscou fazer uma revisão que pudesse transmitir o caminho percorrido pela questão da senciência dos animais 114

até o momento atual, abordando os principais filósofos e cientistas que durante séculos buscaram explicar o que é e como ocorre a consciência. 2. A consciência na filosofia As questões sobre a senciência animal têm suas raízes na busca pelo entendimento da própria consciência humana. Aristóteles, ainda no século III a.C., escreveu um tratado de catorze livros sobre filosofia geral intitulado Metafísica, no qual propunha a disciplina da investigação das causas de todas as coisas. Dentro das diversas questões abordadas pela metafísica temos a questão que deu início à discussão sobre consciência: existe diferença entre mente e matéria? 2. Inúmeras propostas surgiram ao longo dos séculos, em sua maioria de caráter monista ou dualista. O monismo sustenta que existe apenas uma coisa, e que a matéria e a mente são aspectos dessa coisa. Já o dualismo defende uma distinção rígida entre mente e matéria. Aristóteles acreditava que todo ser dotado de vida se distingue do mundo inorgânico por possuir alma, modelo escolástico aprimorado a partir da ideia de Platão, seu mestre por muitos anos. Em um de seus estudos de psicologia, ao qual fez referência no tratado Da alma, Aristóteles afirma que os homens não são os únicos seres que possuem alma, ou psique 3. Nesse momento compreende-se por alma o princípio da vida, o porquê de cada indivíduo desenvolver uma atividade própria. Para Aristóteles, uma planta possui uma alma vegetativa, que tem por único objetivo a nutrição e a reprodução. Um animal possui uma alma sensitiva, que permite a sensibilidade e a locomoção. Já o homem, diferente dos demais seres vivos, possui uma alma racional, sendo dotado do pensamento. Acreditando

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raciocinar, ou talvez a capacidade de se comunicar? Mas um cavalo ou um cão adulto é um ser muito mais racional e comunicativo que um bebê de um dia, uma semana ou um mês de vida. Mas suponhamos que fosse diferente, e daí? A questão não é: ‘Os animais podem raciocinar?’ nem ‘Os animais podem falar?’, mas sim ‘Podem os animais sofrer?” 1. Bentham e suas questões promoveram uma retomada da busca pela compreensão da consciência e do comportamento animal pela ciência. No final do século XVIII surgiram alguns estudiosos do comportamento animal. Frédéric Cuvier pesquisou sobre o desenvolvimento do comportamento sexual e social de mamíferos em cativeiro, e Alfred Russel Wallace buscou estabelecer uma abordagem experimental para o comportamento animal. Mesmo com o surgimento de novas perspectivas, pouco se tinha a dizer sobre a consciência. Douglas Spalding realizou experiências sobre o comportamento alimentar instintivo em pintos e contribuiu para uma nova discussão do ponto de vista instinto versus razão 6. Em 1859, Charles Darwin escreve sua obra3. A abordagem científica prima, A origem das espéEm 1789, Jeremy cies. Além de dissertar sobre Bentham, filósofo e político a teoria da evolução das espéinglês, afirma em seu livro cies, Darwin faz uma abordagem Um animal é um ser senciente Introdução aos princípios da moral e da oposição entre instinto e razão, porque tem a capacidade de legislação: “Chegará o dia em que o res- sentir – sensações e sentimentos onde iguala em capacidade o homem e o tante da criação animal possa readquirir animal. "... O homem e os animais supeaqueles direitos que jamais poderiam ter sido retirados riores têm todos os mesmos sentidos, as mesmas intuições deles a não ser pelas mãos da tirania. Os franceses já des- e as mesmas sensações, têm paixões, afetos e emoções cobriram que a pele escura não é razão para que um ser similares, até mesmo os mais complexos como o ciúme, a humano seja abandonado sem alívio aos caprichos de um suspeita, a emulação, a gratidão e a magnanimidade: eles torturador. Um dia poderá ser reconhecido que o número enganam e se vingam; têm às vezes o senso do ridículo e de pernas, as vilosidades da pele ou o término da coluna até um senso de humor; sentem espanto e curiosidade; vertebral são razões igualmente insuficientes para se possuem as mesmas faculdades de imitação, atenção, abandonar um ser senciente ao mesmo destino. Que fator deliberação, escolha, memória, imaginação, associação então deveria traçar a linha insuperável? A capacidade de de ideias e raciocínio, embora em graus muito diferentes." que cada indivíduo é dotado de apenas uma alma, Aristóteles descreve a alma sensitiva como superior às demais, por somar suas características 3,4. Já no século XVII, René Descartes concretizou o dualismo, separando mente e matéria, com sua filosofia mecanicista, ele acreditava que o animal só era dotado de corpo, e o homem, de uma porção pensante, a mente. Descartes chega a dizer em sua carta de 1649 a Henry More: “Os animais nunca se desenvolveram a ponto de ser detectado neles algum sinal de pensamento” 5. Na busca por respostas a questões embrionárias, a ciência adotou de forma conveniente o pensamento mecanicista de Descartes para justificar as inúmeras vivissecções realizadas, visando o conhecimento da anatomia e da fisiologia com enfoque antropocêntrico 6. Embora a ciência tenha suas raízes na observação e experimentação do mundo natural, os estudos do comportamento e da consciência animal permaneceram por muito tempo como uma evidência anedótica, mesmo depois da revolução científica.

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Nessa passagem procurou ainda explicar a origem e a “descida do homem” ao comportamento animal, com o objetivo de demonstrar a continuidade mental entre as espécies sustentada por sua teoria evolucionista. “É um fato significativo que quanto mais os hábitos de qualquer animal em particular são estudados por um naturalista, mais ele os atribui à razão, e menos ao instinto,” 6,7. Thomas Henry Huxley foi um biólogo britânico e o principal defensor dos princípios evolucionistas de Darwin, discordando diretamente de Richard Owen, que acreditava que o ser humano se diferenciava claramente dos demais animais devido à estrutura anatômica do seu cérebro. Huxley não aceitava essa afirmação, defendendo em sua obra de 1863 Evidências do lugar do homem na natureza a continuidade mental entre seres humanos e animais 6. Além disso, Huxley defendeu a teoria epifenomenalista de que os fenômenos mentais são causados por processos físicos no cérebro e não que os processos físicos do cérebro tenham causas mentais 8. Em 1890, Willian James surge com a teoria das diferentes intensidades de experiência consciente em todo o reino animal. Sua ideia foi disseminada pelo líder e psicólogo britânico Conwy Lloyd Morgan, que passou a ser reconhecido pelos diversos estudos sobre a psicologia animal. Em 1894, Morgan escreve o livro Uma introdução à psicologia comparada, no qual descreve o que ficou conhecido como “Cânon de Morgan”. Para Morgan, o estudo da psicologia animal deveria se basear na interpretação do comportamento; ele afirmava que “uma ação não deve ser interpretada como um resultado do exercício de uma faculdade psíquica superior se isso pode ser interpretado como o resultado do exercício de uma atividade psíquica inferior na escala psicológica” 6. Inspirados pela abordagem de Morgan, surge no início do século XX o behaviorismo, também denominado comportamentalismo, que reuniu teorias psicológicas que determinam o comportamento como o método mais adequado para o estudo da psicologia. Ivan Petrovich Pavlov foi o primeiro a propor o modelo de condicionamento do comportamento que ficou conhecido como reflexo condicionado, tornando-se uma pessoa conceituada em razão de suas experiências de condicionamento de cães. Sua obra inspirou a publicação, em 1913, do artigo Psychology as the Behaviorist views it, de John B. Watson, que utilizou pela primeira vez o termo 9. Esse conceito se difundiu pela ciência americana, desencadeando diversas pesquisas, como as experiências de Thorndike em animais que aprendem por tentativa e erro para escapar das "caixas de quebra-cabeça", "lei do efeito" que se refere à "satisfação ou desconforto" do animal. É nesse contexto que surge o antimentalismo radical de John B. Watson e B. F. Skinner, que rejeitava qualquer tentativa de explicar o comportamento animal em termos de estados mentais não observáveis 6. 116

Ao restringir a pesquisa da psicologia animal ao comportamento, o estado mental intrínseco foi eliminado. A ideia de mente só voltou a ser expressa explicitamente em meados da década de 1970 por Donald Griffin, conhecido pela descoberta do mecanismo de sonar em morcegos 10. Griffin utilizou o termo "etologia cognitiva" para denominar um projeto de pesquisa baseado em observações naturalistas de comportamento animal, na tentativa de compreender as mentes dos animais no contexto da evolução. Com isso, destacou a flexibilidade comportamental e a versatilidade como fontes de evidência de consciência, que esse projeto definiu como o estado subjetivo de sentimento ou de pensamento sobre os objetos e eventos 11. Griffin foi muito criticado em razão da subjetividade de sua técnica, porém desempenhou um papel fundamental na retomada dos estudos sobre a consciência 6,12. Nos últimos vinte anos houve um crescimento do interesse em estudar a ciência da consciência. Neurocientistas como Antônio Damásio, que demonstrou que as emoções e sua base biológica desempenham um papel crítico na cognição 13,14, e Gerald Edelman, que criou uma forma de analisar a consciência por meio de uma perspectiva científica, contribuíram para o início de uma nova fase de estudos menos subjetivos, gerando embasamento científico para novas discussões. Desde então, as questões enfrentadas pelos pesquisadores passaram a ser o como e o porquê a consciência surge a partir da atividade neural 15,16. Eugene Linden sugeriu que há muitos exemplos de comportamento e inteligência animal que ultrapassam as suposições humanas do limite da consciência animal e várias espécies animais apresentam comportamentos que só podem ser atribuídos à emoção e a um nível de consciência 17. Vários testes foram desenvolvidos com a expectativa de compreender o estado de consciência animal. Um dos testes mais conhecidos foi inventado por Gordon G. Gallup, e recebeu o nome de Teste do Espelho. Gallup buscava compreender se animais ou bebês humanos poderiam ter consciência ou autoconceito. O teste consistia em marcar a pele do indivíduo enquanto ele estava dormindo ou sedado, em uma região onde não seria possível ser visto diretamente; em seguida, se permitia que ele visse o reflexo em um espelho e seu comportamento era observado. Quando havia reconhecimento da imagem no espelho, os animais (ou bebê humano) tentavam limpar a marca feita pelos cientistas 18. Esse teste foi aplicado por diversos cientistas em diferentes espécies, comprovando o autoconceito em mamíferos, cetáceos e aves, quebrando o paradigma de que apenas os mamíferos teriam essa capacidade 19,20,21,22. 4. A neurociência A neurociência é um ramo da ciência que estuda a anatomia, a fisiologia, a bioquímica, a biologia molecular dos

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nervos e do tecido nervoso e, especialmente, sua relação não humanos na Universidade de Cambridge, no Reino com o comportamento e a aprendizagem. O estudo do Unido. Diversos peritos neurocientistas, entre eles neurofiencéfalo é considerado tão antigo quanto a ciência. siologistas, comportamentalistas, neurocientistas computaPodemos citar Hipócrates, que já no século V a.C. atri- cionais, neurocientistas cognitivos, neuroanatomistas e neubuía ao órgão a capacidade de se ter alegria, prazer, res- rofarmacologistas, se reuniram para apresentar e discutir os sentimento e medos. Nesse sentido, afirmava que o encé- resultados de décadas de pesquisas no campo da consciênfalo exercia um poder sobre o homem. Porém, a palavra cia. Durante a conferência foi redigida a Declaração de neurociência só veio surgir em 1970 23. Cambridge sobre a Consciência, um documento que resume O desenvolvimento crescente da tecnologia as descobertas mais recentes a respeito do tema. aumentou consideravelmente a capacidade Na declaração, os neurocientistas afirde manipulação dos neurônios. mam que a ausência de um neocórtex Utilizando métodos de biologia não parece impedir um organismo molecular e equipamentos sofisde experimentar estados afetiticados de diagnóstico por vos. Evidências apresentadas imagem associados ao indicam que os animais posdesenvolvimento simultâsuem substratos neuroananeo de ensaios comportatômicos, neuroquímicos mentais, a compreensão e neurofisiológicos de racional da consciênestados conscientes, cia foi ampliada 24. que resultam na capaParte dos pesquicidade de exibir sadores argumenta comportamentos que o estado de intencionais. Ou consciência surge seja, as evidências no neocórtex. O indicam que os huneocórtex é a denomanos não são os minação de uma únicos que posregião mais desensuem substratos volvida do córtex neurológicos que cerebral, muito degeram a consciênsenvolvida em pricia. Animais não humatas e destacandomanos, incluindo mase no Homo sapiens míferos, aves e até sapiens. Sua configuramesmo moluscos, tamção espessa e rugosa bém possuem tais subsgarante uma grande sutratos neurológicos, conperfície com maior quantifirmando assim a senciêndade de neurônios; essa especia dos animais 28. cialização física fez com que pesquisadores acreditassem na 6. Conclusão Animais não humanos, incluindo mamíferos, aves e até mesmo moluscos, maior capacidade cognitiva – e, conDurante toda a história vimos a sequentemente, de consciência – dos possuem substratos neurológicos que humanidade procurando esclarecer confirmam a senciência dos animais animais 25. suas dúvidas existenciais. Por muito O neurocientista Joseph LeDoux tempo apenas teorias explicavam o defende que as únicas diferenças do estado emocional e que poderia estar acontecendo. Hoje, com o desenvolvimennão emocional da consciência são os mecanismos neurais to da ciência e da tecnologia, surgiram embasamentos técnique contribuem para o evento 26,27. Recentemente essa co-científicos para novas discussões. visão tem sido contestada, e muitos pesquisadores agora A Declaração de Cambridge sobre a Consciência não só acreditam que a consciência animal pode surgir a partir de promoveu e tornou público os avanços dos estudos sobre a redes cerebrais subcorticais homólogas 28. consciência, mas elevou a ciência e a humanidade a um novo patamar de discussão. Fomentada por estudos embasados em 5. Declaração de Cambridge sobre consciência animal metodologias que utilizam tecnologia de ponta, hoje podeEm julho de 2012 aconteceu a Conferência Memorial mos afirmar a proximidade entre os eventos que geram consFrancis Crick sobre a Consciência em animais humanos e ciência e sentimento em animais humanos e não humanos. Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 123, julho/agosto, 2016

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MEDICINA VETERINÁRIA LEGAL

Embora a ciência ainda não tenha chegado a compreender inteiramente o mecanismo preciso por meio do qual ocorre a formação da consciência e dos sentimentos, existem evidências suficientes para atestarmos que o ser humano não é o único ser senciente. Referências 01-MOLENTO, C. F. M. Senciência animal. Universidade Federal do 2005. 2 p. Disponível em: Paraná, <http://www.labea.ufpr.br/PUBLICACOES/Arquivos/Pginas%20I niciais%202%20Senciencia.pdf>. Acesso em: 10 Abril 2016. 02-VAN INWAGEN, P. ; SULLIVAN, M. Metaphysics. The Stanford Encyclopedia of Philosophy, 2014. Disponivel em: <http://plato.stanford.edu/archives/spr2016/entries/metaphysics/>. Acessado em 5 de abril de 2016. 03-GRANGER, H. Aristotle's idea of the soul. Boston: Springer, 1996. 188 p. ISBN: 978-0792340331. 04-GOMES, C. A. Introdução. In: ARISTÓTELES. Da alma (de anima). Lisboa: Edições 70, 2001. ISBN: 978-9724410678. 05-ROCHA, E. M. Animais, homens e sensações segundo Descartes. Kriterion: Revista de Filosofia, v. 45, n. 110, p. 350-364, 2004. doi: 10.1590/S0100-512X2004000200008. 06-ALLEN, C. ; TRESTMAN, M. Animal consciousness, The Stanford Encyclopedia of Philosophy, 2015. Disponível em: http://plato.stanford.edu/archives/sum2015/entries/consciousnessanimal acessado em: 20 de março de 2016. 07-KINOUCHI, R. R. Darwinismo em James: a função da consciência na evolução. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 22, n. 3, p. 355-362, 2006. doi: 10.1590/S0102-37722006000300013. 08-HUXLEY, T. H. On the hypothesis that animals are automata, and its history. The Fortnightly Review, v. 16, p. 555-580, 1874. 09-WATSON, J. B. Psychology as the behaviorist views it. Psychological Review, v. 20, n. 2, p. 158-177, 1913. 10-GRIFFIN, D. R. Prospects for a cognitive ethology. Behavioral and Brain Sciences, v. 1, n. 4, p. 527-538, 1978. doi: 10.1017/S0140525X00076524. 11-GRIFFIN, D. R. ; SPECK, G. B. New evidence of animal consciousness. Animal Cognition, v. 7, p. 5-18, 2004. doi: 10.1007/s10071-003-0203-x. 12-BURGHARDT, G. M. Animal awareness. Current perceptions and historical perspective. The American Psychologist, v. 40, n. 8, p. 905-919,1985. doi: 0.1037/0003-066X.40.8.905. 13-DAMASIO, A. The feeling of what happens: body and emotion in the making of consciousness. 1. ed. Orlando: Harcourt Brace, 1999. 386 p. ISBN: 978-0156010757. 14-DAMASIO, A. Feelings of emotion and the self. In: LeDOUX, J. ; DEBIEC, J. ; MOSS, H. The self: from soul to brain. New York: New York Academy of Sciences, 2003. p. 253-261. ISBN: 9781573314510. 15-CHALMERS, D. J. Facing up to the problem of consciousness. Journal of Consciousness Studies, v. 2, n. 3, p. 200-219, 1995. 16-CHALMERS, D. J. The conscious mind: in search of a fundamental theory. 1. ed. New York: Oxford University Press, 1996. 432 p. ISBN: 978-0195117899. 17-LINDEN, E. The parrot's lament and other true tales of animal intrigue, intelligence, and ingenuity. New York: Plume, 2000. 224 p. ISBN: 978-0452280687. 18-GALLUP Jr., G. G. Chimpanzees: self-recognition. Science, v. 167

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Raissa Marques Beck - Médica Veterinária Mestranda da Universidade Estadual de Campinas. Pós-graduanda em Medicina Veterinária Legal pelos Instituto Qualittas Membro do Conselho Fiscal da Associação Brasileira de Medicina Veterinária LegalABMVL raissambeck@gmail.com http://www.criminalvet.blogspot.com

Sérvio Túlio Jacinto Reis Perito Criminal Federal - Departamento de Polícia Federal; Pós-Graduado em Medicina Veterinária Legal; Mestre em Perícias Criminais Ambientais; Presidente da Associação Brasileira de Medicina Veterinária Legal - ABMVL servio.reis@gmail.com

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COMPORTAMENTO

O monitor ideal em day care para cães Por Arthur de Vasconcelos Paes Barretto - http://www.fb.com/arthur.paesbarretto

A atenção e a promoção do bem-estar de cães em grupo é fundamental para o sucesso do serviço de day care

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m dos segmentos que vem crescendo no mercado pet é o de day care para cães. Um ponto muito importante que ajuda o seu crescimento é a satisfação do cliente. Para Renato Zanetti, da Dog Solution, que tem clientes fixos há mais de um ano, a taxa de desistência é muito pequena. Zanetti sempre compartilha a importância de educar os cães somente por meio do reforço positivo. Consequentemente, seus clientes e seguidores têm consciência de que um cão que frequenta a Dog Solution, além de ser bem cuidado, passa por experiências muito positivas. As várias experiências positivas que os cães podem vivenciar em um day care sempre devem ser proporcionadas e controladas por um monitor. Porém, onde encontrar esse profissional para suprir a demanda do mercado? Na prática, a maioria acaba sendo treinada dentro dos próprios serviços de day care. 120

Treinamento para monitores de day care de cães O treinamento de monitores para serviços de day care de cães é um tema que atrai tanto os próprios interessados em se capacitar para essa função quanto os proprietários de estabelecimentos de day care, gestores, adestradores, passeadores e até empresários que visam investir no segmento e precisam de informação sobre o papel desses profissionais. Visando transferir informações teóricas e práticas sobre como formar, selecionar e capacitar monitores para trabalhar em day care de cães, de modo que possam aplicar conceitos modernos e atuais sobre comportamento e bem-estar de cães em grupo, a Dog Consult/Dog Solution elaborou o curso Formando o Monitor Ideal para o Day Care de Cães. Ele está programado para ocorrer em São Paulo, SP, nos dias 13 e 14 de agosto.

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COMPORTAMENTO

O seu conteúdo está dividido da seguinte forma: Dia 13/08 • Pessoas (“Monitor: o perfil ideal”; “Como ser (ou encontrar) o perfil ideal”; “Habilidades para quem quer trabalhar com cães”. • Quebrando mitos: “O fim do mito da dominância”; “O fim do mito da matilha”; “O fim do mito da punição positiva”. Dia 14/08 • Cães: “Como os cães falam: a linguagem comunicacional”; “Como os cães aprendem: teoria da aprendizagem”; “Como os cães aplicam o que aprendem: o adestramento ideal num day care de cães”. • Ambiente, rotina & manejo: “Criando uma rotina, manejo e ambiente ideais”; “O manejo ideal para nunca utilizar estímulos aversivos”; “Soluções para principais problemas: latidos excessivos, brigas, rotina de alimentação, jogos em grupo, avaliação dos cães, separação dos grupos, argumentação com clientes, postura profissional de um monitor etc”. Palestrantes Renato Zanetti – Formado em zootecnia pela UnespBotucatu, mestrando em Medicina Veterinária e BemEstar Animal pela UNISA, pós-graduado em Gerência de Produtos pela FGV e em Comunicação com o Mercado pela ESPM. Está à frente da Dog Solution®, uma crechemodelo para cães urbanos desde 2010. É responsável por projetos de grande impacto na vida e no bem-estar dos cães, como o pioneirismo em levar para o ambiente de cães em grupo as práticas de enriquecimento ambiental utilizadas até então apenas para animais em cativeiro ou cães individualmente. De forma inovadora, coloca as emoções dos animais como prioridade, adotando um manejo no qual não se utilizam estímulos aversivos (aqueles conhecidos borrifadores de água, latinhas barulhentas, broncas verbais, toques com as mãos ou outras formas de punição positiva). Desenvolveu um conceito para se trabalhar com cães

Renato Zanetti com equipe de monitoras na sede da Dog Solution, em São Paulo, SP 122

Quatro ações para nunca punir um cão: reforce, antecipe, ignore e ensine: http://youtu.be/bN-S6cJfawU

sem a necessidade do uso de aversivos, baseado na tríade: 1. ciência (o que fazer); 2. pessoas (como fazer); e 3. ambiente (onde fazer). Leonardo Ogata – Cresceu entre cães, e apresentava os animais em exposições de beleza. Em 2000 iniciou-se no agility, até que ganhou sua primeira border collie, com quem competiu no Grau III, nível mais alto do esporte. Foi instrutor de agility e obediência e trabalhou com pastoreio durante três anos, treinando border collies para fazendeiros. Com um perfil extremamente inovador, fundou a Tudo de Cão, e hoje ministra cursos de adestramento e comportamento animal, além de aulas de adestramento em grupo. Desejando usar seu conhecimento para ajudar pessoas com deficiência, fundou também o Cão Inclusão, projeto social que treina cães para auxiliar cadeirantes. Mais informações: http://www.dogsolution.com.br/monitores.pdf

Cães na Dog Solution, estabelecimento de day care onde os cães ficam soltos e são supervisionados durante todo o tempo

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PET FOOD

Unesp-Jaboticabal promove o VIII Curso Teórico-Prático sobre Nutrição de Cães e Gatos: “Uma visão industrial”

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á 14 anos o slogan “O mundo da nutrição pet é onde você quer estar?” traz o universo da produção de pet food para uma pequena cidade do interior de São Paulo: Jaboticabal. O Curso Teórico-Prático sobre Nutrição de Cães e Gatos: “Uma visão industrial”, promovido pelo grupo de nutrição de cães e gatos da FCAV/Unesp – Campus de Jaboticabal, ocorre sempre nos anos pares, desde 2002, sob coordenação do prof. dr. Aulus Cavalieri Carciofi. O curso é dividido em dois módulos. O módulo teórico, na forma de um dia e meio de palestras, com enfoque em transmissão de informações básicas, abrange dados sobre o mercado de alimentos para cães e gatos, conceitos de nutrição e do processo produtivo e abordagem dos avanços científicos na área. O módulo prático, com enfoque mais avançado, objetiva a transmissão de conceitos de produção, formulação e avaliação de alimentos completos e balanceados para cães e gatos, produzidos industrialmente. Tem duração de cinco dias, com aulas expositivas, discussões, realização de exercícios, prática de formulação de alimentos comerciais em software, produção real de alimentos para cães e gatos na fábrica de rações da universidade e avaliação do alimento produzido. Esse módulo é restrito a 40 pessoas, e é necessário inscrever-se com antecedência. O curso atrai médicos veterinários, zootecnistas, engenheiros agrônomos, engenheiros de alimentos e profissionais ligados à indústria, inclusive professores e pesquisadores universitários, estudantes de graduação e pós-graduação da área de nutrição e produção de alimentos para cães e gatos. Já tradicional para os profissionais do meio, em sua última edição teve 202 inscritos no módulo teórico e 45 inscritos no módulo prático, vindos de 14 estados brasileiros: SP, MG, RJ, DF, GO, MT, CE, RS, PR, MA, SC, PE, PA e BA. As fichas de inscrição costumam revelar um perfil interessante e variado dos participantes: supervisor técnico, geren-

te de formulação para monogástricos, vendedora técnica, gerente comercial, gerente de qualidade, sócio-proprietário, diretor executivo, doutorando em medicina veterinária, supervisor de centro de pesquisa, representante de informações veterinárias, estudante de mestrado, supervisora comercial, consultor técnico comercial, coordenador de pet care, coordenador industrial, professor universitário, estudante de graduação, residente e responsável técnico, entre outros. O treinamento vem contando com a presença do prof. dr. Sajid Alavi, responsável pelo Extrusion Lab do Department of Grain Science and Industry da Kansas State University (Manhattan, KS-EUA), o que abriu portas para novas parcerias, de forma que nesta edição o evento contará também com a prof. dra. Kadri Koppel, docente da mesma instituição. A dra. Koppel é pesquisadora na área de análise sensorial de alimentos para seres humanos e para cães e gatos, e vai falar sobre essas análises e como elas podem ajudar no desenvolvimento de produtos cujas características agradem tanto a cães e gatos como a seus tutores. O curso ainda contará com a presença dos docentes profa. dra. Márcia de O. S. Gomes – FMVZ/USP, prof. dr. Luciano Trevizan – UFRGS, prof. dr. Ricardo Vasconcellos – UEM e profa. dra. Ananda P. Félix – UFPR, todos ativos pesquisadores da área de nutrição de cães e gatos, assim como profissionais renomados das principais empresas do ramo de pet food. Informações: (16) 3209-7843 http://goo.gl/VmQLxc Extrusão

PRÁTICO Formulação

O módulo prático do curso de nutrição realizado na Unesp de Jaboticabal é prático do início ao fim. Da formulação do alimento até a sua extrusão Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 123, julho/agosto, 2016

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PET FOOD

Aspectos nutricionais em gatos com sensibilidade do trato digestório

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gato é um animal com muitas particularidades. Estudos revelam que os gatos passam aproximadamente 30% do tempo de vida se auto-higienizando por meio de lambedura, e consequentemente aumentando a ingestão de pelos e a probabilidade de formação de bolas de pelos. Além disso, atualmente, 75% dos felinos são castrados e dormem muito, exercitando-se menos de 1 hora por dia e apresentando 40% mais risco de sobrepeso. Consequentemente, têm menos atividade no trato digestivo. O manejo nutricional, nesses casos, é importante para garantir a qualidade de vida e o bem-estar dos animais. Não raramente, alguns gatos se alimentam muito rápido, ocasionando regurgitações e/ou alterações na digestibilidade do alimento. Com isso, torna-se fundamental a clareza dos conceitos em torno do tema e a precisa abordagem nutricional, a fim de garantir a qualidade de vida e o bemestar dos animais. Regurgitação A regurgitação é o refluxo de alimento não digerido do esôfago e da faringe. A regurgitação ocorre sem esforço de expulsão e sem contrações abdominais, ao contrário do observado em casos de vômito. A regurgitação pode ocorrer imediatamente após uma refeição (caso o alimento permaneça na faringe ou no esôfago) ou após várias horas (se o alimento ainda estiver no esôfago). O conteúdo regurgitado é um material não digerido, normalmente com pH do conteúdo não ácido. Deve-se observar que o animal frequentemente consome o material regurgitado novamente.

Otimizando a digestão Sabemos que o tempo de esvaziamento gástrico e todo o processo de digestão são modulados, entre outros, por estes fatores: a) o tamanho das partículas de alimento no estômago – a passagem das partículas para o intestino delgado ocorre quando elas apresentam um tamanho entre 1 e 1,5 mm; b) a composição do alimento – o conteúdo de gordura (lipídeo), em particular, e o valor energético interferem na velocidade do esvaziamento gástrico; c) consistência do bolo alimentar: – com a finalidade de otimizar o esvaziamento gástrico e evitar o risco de vômito, o alimento deve ser reidratável e/ou se dissolver rapidamente em contato com a saliva e as secreções gástricas 124

Gatos castrados tem maior risco de sobrepeso

Vômito O vômito é a expulsão de conteúdo gástrico que pode estar parcialmente digerido. Normalmente, o ato de vomitar é precedido de náusea (salivação excessiva) e de contrações abdominais que ajudam a forçar a expulsão. Nesse caso, a digestão do alimento pode estar mais ou menos avançada, e, diferentemente do que ocorre na regurgitação, o pH do alimento geralmente é ácido, devido às secreções ácidas oriundas do lúmen estomacal. Diarreia A diarreia consiste no aumento do número de evacuações e/ou na presença de fezes amolecidas, de consistência pastosa e/ou até mesmo líquidas. As causas são variadas, mas de maneira geral ocorre uma perda excessiva de água, sódio, cloro, íons orgânicos e potássio, podendo levar o animal à desidratação. A absorção prejudicada dos nutrientes ou de excesso de solutos no bolo alimentar aumenta a osmolalidade no interior do lúmen intestinal, resultando em maior deslocamento de líquido para o interior do intestino e, consequentemente, em perda de água pelas fezes. A perda de fluidos isotônicos diminui o volume plasmático circulante e pode, em casos graves, levar ao choque hipovolêmico, que, sem intervenção médica, pode ocasionar a morte do animal. Quando a diarreia é grave e/ou prolongada, quantidades específicas de potássio podem ser perdidas pelas fezes e devem ser repostas.

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Quantidade de fezes Os alimentos de alto aproveitamento (altamente digestíveis) são os que proporcionarão menos volume e odor fecal. Um alimento é considerado tanto mais digestível quanto mais for aproveitado ou absorvido depois de ingerido. Assim, quanto maior a digestibilidade do alimento, menor o volume fecal. Para gatos que apresentem predisposição a problemas digestivos e regurgitações esporádicas, o alimento deve, além de ser nutricionalmente específico, com a qualidade e a quantidade de fibras ideais, proporcionar uma velocidade de ingestão e preensão adequadas e estimular a mastigação. O papel da nutrição Alguns gatos têm sensibilidade digestiva que leva a fezes moles e diarreicas, e essa sensibilidade requer um alimento de elevada digestibilidade. A quantidade de alimento, o formato do croquete, a frequência da alimentação e a composição da dieta são importantes fatores que influenciam a função gastrintestinal. Proteína altamente digestível Oferecer alimentos que contêm em sua composição proteínas altamente digestíveis vai gerar maior quantidade de proteína absorvida pelo animal, aumentando a eficiência digestiva e resultando em menor resíduo proteico no intestino grosso (que pode ser a causa de fermentações indesejáveis, com produção de gases). As proteínas altamente digestíveis são de excelente qualidade, e portanto muito bem assimiladas. A disgetibilidade proteica é estimada laboratorialmente pela utilização de um método de mensuração denominado Boisen 1, comprovadamente o melhor método in vitro para predizer a digestibilidade ileal em monogástricos e reconhecido como referência para a avaliação in vitro de digestibilidade 2. Os benefícios das proteínas altamente digestíveis são maior quantidade de proteína absorvida por unidade de quantidade de alimento ingerido; aumento da eficiência

digestiva; e menor resíduo proteico no cólon do animal (que pode ser a causa de fermentações indesejáveis e odores fétidos). Fruto-oligossacarídeos Os fruto-oligossacarídeos (FOS) são classificados como fibras fermentáveis. Não digeridos, mas rapidamente fermentados pela microbiota bacteriana intestinal, os FOS são responsáveis pela produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), necessários para a manutenção e renovação das células da mucosa intestinal. Além disso, os FOS estimulam a microbiota bacteriana benéfica (Lactobacillus) e limita o crescimento das bactérias potencialmente patogênicas (Enterobateriaceae e Clostridia). Amido digestível A utilização de fontes de amido de alto aproveitamento também deve ser preferida. O arroz é uma fonte de amido digestível e apresenta algumas características importantes 3: • limita a excreção fecal, graças à melhor absorção intestinal; • limita o nível de fibra em comparação a outros cereais; e • é mais sensível às atividades enzimáticas, graças ao baixo nível de amilopectina e ao alto teor de amilose. Fonte de ômega 3 e ácidos graxos EPA e DHA Os ácidos graxos ômega 3 reduzem e previnem a inflamação intestinal por inibir a secreção de citocinas inflamatóriase e de eicosanoides. Esses efeitos foram demonstrados em modelos de roedores e porcos. Os ensaios em seres humanos variam, mas alguns estudos demonstraram redução da inflamação, menor uso de corticoides e redução das taxas de remissão dos sinais 4. Referências sugeridas 1-BOISEN, S. ; FERNANDEZ, J. A. Prediction of apparent ileal digestibility of protein and amino acids in feedstuffs and feed mixtures for pigs by in vitro analyses. Animal Feed Science and Technology, v. 51, n. 1-2, p. 29-43, 1995. doi: 10.1016/03778401(94)00686-4. 2-CAVE, N. J. Hydrolyzed protein diets for dogs and cats. The Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 36, n. 6, p. 1251-1268, 2006. doi: 10.1016/j.cvsm.2006.08.008. 3-MURRAY, S. M. ; FAHEY, G. C. Jr. ; MERCHEN, N. R. ; SUNVOLD, G. D. ; REINHART, G. A. Evaluation of selected high-starch flours as ingredients in canine diets. Journal of Animal Science, v. 77, n. 8, p. 2180-2186, 1999. 4-HICKMAN, M. A. Interventional nutrition for gastrointestinal disease. Clinical Techniques in Small Animal Practice, v. 13, n. 4, p. 211216, 1998. doi: 10.1016/S1096-2867(98)80005-4.

Msc MV Luciana Peruca Gatos com sensibilidade digestiva necessitam de alimento de elevada digestibilidade

Coordenadora de Comunicação Científica Royal Canin Brasil

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GESTÃO, MARKETING & ESTRATÉGIA

O futuro do marketing: evolução do conceito e importância do relacionamento com o cliente

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o Brasil, quando falamos de propaganda e marketing precisamos levar em consideração a expansão territorial do país. Cada região tem suas particularidades, que vão além dos sotaques, como demografia, clima, economia, história, etnia, política, entre outras que distinguem os mercados brasileiros. As decisões de investimento em marketing, antes voltadas exclusivamente para custos de produção e logística, seguem os recentes avanços tecnológicos da comunicação e as novas demandas quanto à responsabilidade social e ambiental das organizações. Sendo assim, vários desafios e oportunidades se impõem aos gestores no futuro próximo. Para compreender o cenário das novas gerações de consumidores e as tendências tecnológicas, exige-se que os profissionais se adaptem às novas estratégias, pois o consumidor está cada vez mais consciente e seletivo na hora de comprar ou contratar um serviço. Utilizar a estratégia certa para o público certo e analisar corretamente cada canal de comunicação é a base para qualquer ação – mas não é suficiente. Estamos numa nova era, e a palavra do momento é neuromarketing, que estuda o comportamento do consumidor. Apesar de já existir há muito tempo, só agora o mercado começou a dar atenção a essa ferramenta. É preciso conhecer os hábitos de consumo, trabalhar com o lado “oculto” do cliente e pensar antes do cliente, antecipando seus desejos. Algumas grandes empresas já utilizam essa estratégia por meio dos programas de fidelidade, por exemplo, conhecendo o que cada comprador adquire, buscando alternativas e segmentações para novas ações. Sendo assim, para o marketing do futuro, as organizações e os profissionais precisam saber navegar dentro e fora das empresas, Estabelecendo relacionamentos e parcerias adequados. A era do profissional isolado está ultrapassada:, a comunicação entre as pessoas passa por um processo de evolução, e o diálogo entre as marcas e os consumidores está se estreitando cada vez mais. A internet redefiniu o papel da comunicação, os clientes passaram a se relacionar uns com os outros e com suas marcas de consumo. Como as empresas devem se posicionar nesse novo formato de comunicação, propaganda e relacionamento? Para Andrea Serpejante, diretora de Estratégia e Inovação da Rumo Marketing, agência especializada no mercado veterinário, poucos consumidores compram algo ou contratam serviços sem antes consultar a web. Afinal, é onde eles avaliam as marcas e as experiências de outros compradores. Por isso, o posicionamento das empresas deve ser objetivo e claro. 126

Serpejante ressalta que o consumidor muitas vezes associa o que lê à marca, tanto que algumas empresas relutam em estar nas redes sociais com medo das críticas negativas. “Observo normalmente que gestores de pequenas empresas não sabem ainda utilizar de forma adequada – e a seu favor – as redes sociais, isso porque muitas vezes é o próprio dono que administra a página do Facebook da companhia, por exemplo. Ele acaba confundindo a relação profissional com a pessoal. O ideal é sempre ter um profissional preparado para isso. Que saiba, inclusive, lidar com situações de crises. Hoje o relacionamento com o consumidor via internet é fundamental e indispensável – principalmente no caso das redes sociais.” Ter alguém capacitado é importante porque é necessário planejar e conhecer bem as novas técnicas, ferramentas e possibilidades disponíveis. O mundo virtual é uma vitrine, e a empresa deve decidir como quer ser vista. Muitas clínicas veterinárias e pet shops, por exemplo, ainda não possuem um website próprio. A interação e o relacionamento que o Facebook proporciona com o público é interessante, mas a homepage funciona como um cartão de visitas. Apenas estar nas redes sociais pode não passar confiança. Uma página bem feita deve conter informações sobre a empresa e passar credibilidade, inclusive com informações sobre a empresa, a localização, com link e visualização no Google Maps, entre outros recursos. Mesmo nas ações que não sejam apenas digitais, é fundamental dar respostas e atenção ao cliente. Ainda de acordo com Andrea Serpejante, não adianta fazer grandes investimentos em ações de marketing quando o atendimento é ruim, pois o resultado não virá. “Um exemplo muito interessante foi quando tivemos o desafio de aumentar a fidelidade nas consultas de endocrinologia veterinária de um hospital veterinário. A solução foi criar um modelo de evento voltado para orientações nutricionais que ocorre de forma presencial, uma vez a cada dois meses. Além disso, publicamos artigos dirigidos no blog e posts nas redes sociais. Dessa forma, o cliente sempre se lembrará do que é preciso fazer durante o processo de tratamento, e ainda ajuda a divulgar a marca”, conclui. É importante entender que, com essas novas tendências de consumo, o cliente passa a ser um provedor de conteúdo. E é justamente aí que estão as oportunidades para alavancar seus indicadores: ouvir seu público e se relacionar com ele é a grande sacada para alcançar o sucesso. Andrea Serpejante andrea@rumomarketing.com.br

Diretora de Estratégia e Inovação – Rumo Marketing

http://www.rumomarketing.com.br

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GESTÃO, MARKETING & ESTRATÉGIA

Cortar custos a qualquer preço?

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m época de crise, um conselho muito difundido entre os empresários e empreendedores é o de cortar custos. Em minha opinião, independentemente da fase econômica pela qual estejamos passando, mais do que “cortar custos a qualquer preço”, é necessário que as empresas usem seus recursos da forma mais racional e eficiente possível. Obviamente, diminuir os gastos da clínica vai ajudar, e muito, a manter sua saúde financeira. Porém, é importantíssimo saber de onde tirar e para onde levar os recursos disponíveis. Cortar gastos com coisas supérfluas e funcionários subutilizados é de suma importância, assim como decidir se o excedente de dinheiro que está no banco deve ser aplicado em algum fundo de investimento ou ser usado, por exemplo, para adquirir um novo aparelho de anestesia inalatória. Para diminuir os custos na clínica de forma coerente e efetiva, separei algumas dicas que costumam auxiliar bastante na gestão de sua empresa:

1) Adote uma cultura de gerenciamento de gastos Independentemente de você ser proprietário de um grande hospital ou de uma pequena clínica veterinária, para implantar uma cultura de gerenciamento de gastos que funcione, é fundamental fazer com que todos os seus funcionários participem dela ativamente. Seus colaboradores precisam entender a necessidade de controlar os gastos e de cortar custos desnecessários, e para isso você precisará treiná-los e conscientizá-los. Somente com a ajuda de todos os envolvidos é que você conseguirá controlar melhor as despesas da empresa. Não se esqueça de explicar a eles que todos sairão ganhando com esse tipo de conduta de sustentabilidade e prevenção. 2) Administre os gastos básicos da clínica Implantando uma cultura de controle de gastos, seus colaboradores ficarão cientes da necessidade de regular o consumo. Assim, ficará muito mais fácil conter as despesas 128

da clínica, e o controle deve começar com os gastos básicos, como água, luz e telefone. É importante adotar hábitos como reutilizar papel para rascunho, imprimir documentos só quando for realmente necessário, apagar a luz ao sair dos ambientes, trocar as lâmpadas por modelos que consomem menos energia, ligar para celulares de clientes apenas por outro aparelho celular (e de preferência que seja da mesma operadora), pesquisar pacotes mais econômicos de internet, e por aí vai. Parecem pequenas ações, mas, quando somadas, fazem toda a diferença. Todos saem ganhando: você, seu bolso, sua empresa e o meio ambiente. 3) Contrate um bom contador Um bom contador – e insisto: bom! – não é um gasto, mas sim um investimento. O veterinário já precisa empreender, ser um bom gestor e um bom técnico na sua área, e por isso deve ter profissionais qualificados para ajudá-lo em assuntos que não são de sua alçada. Mesmo que tenha em sua equipe gerencial alguém que entenda de finanças, o auxílio de um contador será importante, pois ele poderá enxergar erros em seu planejamento financeiro, evitando prejuízos futuros para você e sua empresa. 4) Implemente um bom sistema de gestão em sua clínica A tecnologia da informação (TI), mais do que nunca, poderá ajudar você quando o assunto for controle de gastos. Bons sistemas de planejamento dos recursos da empresa (enterprise resource planning – ERP), quando corretamente alimentados por seus usuários, são excelentes ferramentas para auxiliar você na administração dos dados de todos os setores da clínica. Ele integra todos os processos da empresa, fazendo com que o levantamento das informações financeiras da clínica seja obtido de forma clara, rápida e integrada. Além de aperfeiçoar, organizar e tornar os processos mais rápidos, ele lhe mostra de forma global e setorial a geração e a saída de dinheiro que ocorrem na empresa.

Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 123, julho/agosto, 2016


5) Conheça e analise a tributação da empresa Eu concordo que o sistema tributário do país é confuso e, muitas vezes, injusto. Mas os impostos são parte importante das despesas de qualquer empresa, e por isso devem ser estudados e conhecidos a fundo. O regime de arrecadação de tributos escolhido para a empresa é algo que deve ser analisado com muita precisão, pois, dependendo do tipo adotado, pode acabar sendo inadequado para sua clínica ou petshop, fazendo com que você pague mais impostos desnecessariamente. Uma análise fiscal da empresa poderá fazer muita diferença em suas contas no final do mês. 6) Planeje a demissão de funcionários Uma das primeiras atitudes que muitos empresários tomam para cortar gastos é demitir funcionários. No entanto, esse tipo de decisão deve ser tomado com muita calma e planejamento. Demitir um funcionário envolve uma série de fatores, como custos com direitos trabalhistas, tempo, treinamento para reorganização da equipe e

mais algumas dores de cabeça inerentes ao processo. Por isso, antes de demitir um colaborador, avalie quais os motivos da dispensa. Verifique se não vale a pena remanejá-lo para outra função, mas lembre-se de analisar isso junto ao RH de sua clínica. Se o caso for realmente de dispensa, faça as contas e tente ter sempre uma reserva financeira para situações como essa. O uso racional dos recursos (ambientais, financeiros e humanos) é uma decisão muito sábia em qualquer ocasião, mas muito cuidado ao buscar somente as alternativas mais “baratas”, seja em relação a produtos, prestadores de serviço ou equipamentos. Sabe a história daquele cliente arrependido que voltou para sua clínica após consultar aquele colega “baratinho” e acabar gastando mais? Esse cliente poderá ser você! Renato Brescia Miracca renato.miracca@q-soft.net

Médico veterinário, bacharel em direito, MBA Q-soft Brasil Tecnologias da Informação www.qvet.com.br

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LANÇAMENTOS

ELIMINANDO O MAU HÁLITO Cooldent, lançamento da Virbac, O elimina o mau hálito dos cães e ajuda no controle da placa bacteriana. Ele

é indicado para cães de todas as raças e portes. O produto é constituído por uma combinação de concentrado de romã – ajuda a prevenir a formação da placa bacteriana –, inulina – reduz a formação de gases provocados pela fermentação intestinal –,

e óleos essenciais de hortelã-brava e salsa – que refrescam rapidamente o hálito. A novidade é fácil de administrar e altamente palatável. A caixa vem com 30 comprimidos e a recomendação de uso é de um comprimido por dia. Se necessário, podem ser administrados mais comprimidos ao dia, sendo recomendados no máximo 10 comprimidos.

Cooldent: embalagem com 30 comprimidos

DIAGNÓSTICO DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA teste rápido Kalazar Detect destina-se ao diagnóstico sorológico O qualitativo da leishmaniose visceral canina. O teste é baseado na imunocromatografia de fluxo lateral em membrana de nitrocelulose,

que detecta anticorpos anti-Leishmania do complexo L. donovani no soro ou sangue canino. Esse teste havia sido lançado no Brasil em 2013. Porém, em 2014, em função de novas regras determinadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), teve sua distribuição suspensa. Entretanto, com as novas exigências cumpridas, o produto voltou a ficar disponível e pode ser encontrado no endereço http://www.petfarma.com .

Kalazar Detect Canino

ASSOCIAÇÃO INÉDITA PARA O TRATAMENTO DE OTITE EXTERNA MSD Saúde Animal lançou Posatex™, que chega para compleA mentar a linha de otológicos da companhia, que já conta com Otomax , marca consolidada no segmento. “O primeiro é indicado ®

para tratar os casos complicados, tais como as infecções intensas e recorrentes causadas por Malassezia, que normalmente são de difícil adesão por parte dos proprietários, enquanto o segundo oferece uma opção de tratamento eficaz, segura e coerente no manejo das otites externas leves e moderadas”, explica Andrei Nascimento, Gerente Técnico da unidade Pet. Posatex™ oferece aos médicos veterinários uma combinação inovadora de três agentes: um agente antifúngico superior e único em saúde animal – o posaconazol (dez vezes mais potente in vitro que outros antifúngicos veterinários) –, um antibiótico de amplo espectro – o orbifloxacino (fornece concentrações locais até mil vezes superiores à concentração inibitória mínima da maioria dos patógenos bacterianos veterinários, o que reduz o risco de resistência) – e um anti-inflamatório – o furoato de mometazona, de elevada potência tópica e boa margem de segurança adrenal. Indicado para o tratamento de otite externa aguda e/ou recorrente, Posatex™ é uma solução segura e extremamente eficaz, com administração diária única, durante sete dias; permite maior adesão do proprietário ao tratamento e, consequentemente, resultados mais rápidos e efetivos. 130

Posatex™ está disponível em embalagem contendo 1 frasco com 17,5 mL (15 g)

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Clínica Veterinária Revista de educação continuada do clínico veterinário de pequenos animais

Instale o aplicativo (Android e iOs)


ANESTESIOLOGIA

BEM-ESTAR ANIMAL

25 a 29 de julho São Paulo - SP XXII Curso prático de anestesia em pequenos animais - CRMVSP http://www.migre.me/uaiqZ

11 a 13 de agosto Itapiranga - SC Conferência internacional de bem-estar animal http://migre.me/ublRG

3 e 4 de setembro Rio de Janeiro - RJ Pós Graduação "lato sensu" em anestesiologia veterinária http://www.pos-anestesia.com.br

30 de agosto a 03/09/2017 Campos do Jordão - SP VegFest 2017 - VI Congresso Vegetariano Brasileiro http://www.vegfest.com.br

14 de setembro Recife - PE Tópicos sobre anestesiologia http://www.anclivepa-pe.com.br 13 a 15 de novembro Curitiba - PR XII Congresso Brasileiro de Anestesiologia Veterinária http://congressocbav.com.br

ANIMAIS SELVAGENS 13 a 16 de setembro Fortaleza - CE V Simpósio Cearense de Animais Selvagens - SIMCEAS http://www.uece.br/eventos/5simceas 8 a 10 de outubro Goiânia - GO • Gestão para empreendimentos de fauna ex situ • Ortopedia em animais selvagens • Medicina, manejo e conservação de carnívoros selvagens http://congressoabravas.com.br 10 a 14 de outubro Goiânia - GO XXV Encontro - XIX Congresso ABRAVAS 25 anos http://congressoabravas.com.br

AUXILIAR VET 6 de agosto a 27 de novembro Jaboticabal - SP XV Curso de capacitação técnica de auxiliar do médico veterinário - Funep http://www.migre.me/uag5N

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CARDIOLOGIA 15 a 17 de julho Jaboticabal - SP II Curso de Inverno: cardiologia de pequenos animais para alunos de graduação 2016 - Funep http://www.migre.me/uah2V

2016 - Funep http://www.migre.me/ubtHM 12 e 13 de novembro São Paulo - SP Simpósio internacional sobre síndrome cardiorrenal - SBCV http://www.sbcv.org.br 14 de novembro São Paulo - SP Simpósio Pan-Americano de arritmias cardíacas - SBCV http://www.sbcv.org.br

CIRURGIA

reconstrutiva em cães e gatos Funep http://www.migre.me/uafUW 24 de setembro a agosto de 2017 Jaboticabal - SP II Curso de aperfeiçoamento em cirurgia de pequenos animais eventos@funep.fcav.unesp.br 21 e 22 de outubro Recife - PE Minicurso sobre clínica cirúrgica do trato urinário - Anclivepa-PE http://www.anclivepa-pe.com.br

CLÍNICA

22 e 23 de julho São Paulo - SP Miscelâneas cirúrgicas tóraco-abdominais - CIPO (11) 3819-0594 http://www.cipo.vet.br

24 a 26 de julho Viçosa - MG Curso de práticas hospitalares em pequenos animais - CPT http://www.migre.me/ua91R

19 a 21 de agosto Curitiba - PR Curso cirurgia abdominal e torácica em pequenos animais http://www.migre.me/uaLhO

30 e 31 de julho São Paulo - SP Métodos de administração de fármacos à distância http://www.migre.me/uaKSs

Setembro de 2016 Campinas - SP Cirurgia de pequenos animais Pós graduação - IBVET http://migre.me/ubrHL

16 de agosto Belo Horizonte - MG Hematologia veterinária Jornada do Conhecimento 2016 http://www.tecsa.com.br

12 de outubro São Paulo - SP III Tópicos em imagenologia cardiovascular - SBCV http://www.sbcv.org.br

3 e 4 de setembro Jaboticabal - SP Curso prático de cirurgias para tratamento da ruptura do ligamento cruzado cranial (técnicas extracapsulares, TTA e TPLO) http://www.migre.me/uag0w

13 de setembro Belo Horizonte - MG Alergologia veterinária - Jornada do Conhecimento 2016 http://www.tecsa.com.br

14 e 15 de outubro Ourinhos - SP Curso de cardiologia: "descobrindo o eletrocardiograma e tratando as arritmias" - GEAC - FIO http://www.fio.edu.br

16 e 17 de setembro São Paulo - SP Tópicos em cirurgias da cabeça e pescoço - CIPO (11) 3819-0594 http://www.cipo.vet.br

26 a 30 de outubro Jaboticabal - SP Curso avançado de ecocardiografia em pequenos animais -

17 de setembro a 19 de novembro Jaboticabal - SP Curso de aperfeiçoamento em cirurgia oncológica e

Agosto de 2016 São Paulo - SP X Encontro científico social - SBCV http://www.sbcv.org.br 8 de agosto a 29 de agosto São Bernardo do Campo - SP Curso básico de eletrocardiografia (11) 4122-3733 7 de setembro Curitiba - PR Curso internacional de nutrição em cardiologia - SBCV http://www.sbcv.org.br

Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 123, julho/agosto, 2016

24 de novembro Belo Horizonte - MG Hemoparasitas em cães e gatos Jornada do Conhecimento 2016 http://www.tecsa.com.br

COMPORTAMENTO 2016 Online - EAD Curso de terapia assistida por animais (TAA) contato@psicologiaanimal.com.br http://psicologiaanimal.com.br


COMPORTAMENTO 2016 Online - EAD Fisiologia do comportamento de cães e gatos: fundamentos http://psicologiaanimal.com.br 23 e 24 de julho Botucatu - SP Fundamentos do horsemanship http://www.bioethicus.com.br/Horsemanship

DERMATOLOGIA 30 e 31 de julho Santos - SP Dermatologia veterinária em pequenos animais http://www.migre.me/uaL9F 18 de outubro Belo Horizonte - MG Dermatologia Veterinária - Jornada do Conhecimento 2016 (31) 3281-0500 http://www.tecsa.com.br

FISIOTERAPIA 29 a 31 de julho Curitiba - PR Curso Intensivo de Fisioterapia Veterinária caramicofisiovet@gmail.com 6 e 7 de agosto Botucatu - SP IX Curso de pós-graduação lato sensu em fisiatria, fisioterapia e reabilitação veterinária http://goo.gl/FB1CL1 27 e 28 de agosto São Paulo - SP 8º Curso Extensivo de Fisioterapia Veterinária - Fisio Care Pet. Inscreva-se para prova de seleção no dia 05/06/2016 http://goo.gl/Ggk4qr 1, 2, 23 e 24 de outubro São Paulo - SP X Curso Intensivo de Fisioterapia Veterinária caramicofisiovet@gmail.com

GENÉTICA

IMAGENOLOGIA 25 de julho a 26 de agosto São Paulo - SP 35ª turma - Ultrassonografia em pequenos animais - IVI (11) 3016-0200 http://www.ivi.vet.br 2 de agosto a 18 de setembro São Bernardo do Campo - SP III Curso téorico-prático de ultrassonografia em pequenos animais (11) 4122-3733

6 e 7 de agosto Campinas - SP XXIV Curso de Especialização em Acupuntura Veterinária (19) 3208.0993 http://www.goo.gl/Peooxa 27 e 28 de agosto Botucatu - SP XI Curso de pós-graduação lato sensu em acupuntura veterinária - Instituto Bioethicus (14) 3814-6898 http://www.bioethicus.com.br

2 de agosto a 15 de dezembro São Paulo - SP Curso livre de especialização em radiodiagnóstico veterinário – 2º semestre (21ª Turma) http://www.ivi.vet.br

21 a 24 de setembro Belo Horizonte - MG XXIV Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil http://xxivspmb.qui.ufmg.br

29 de agosto a 28 de outubro São Paulo - SP Interpretação e diagnóstico em patologia clinica veterinária (11) 3016-0200 http://www.ivi.vet.br

19 a 21 de agosto Jaboticabal - SP III Encontro de Medicina Felina gepa.unespj@gmail.com

2 de setembro de 2016 a 5 de março de 2017 São Paulo - SP Ultrassonografia em pequenos animais – módulo final de semana (11) 3016-0200 http://www.ivi.vet.br 17 a 20 de outubro Salvador - BA IX Encontro de diagnóstico nacional veterinário endivet@evento.ufrb.edu.br 24 a 25 de novembro Florianópolis - SC VI Simpósio Internacional de Diagnóstico por Imagem Veterinário abrv@abrv.com.br

MEDICINA ALTERNATIVA 2016 Online - EAD 4 cursos de aperfeiçoamento em homeopatia a distância http://goo.gl/CKpqih

MEDICINA FELINA

27 e 28 de agosto São Paulo - SP Curso de atualização em oftalmologia nos felinos - VetMasters http://www.vetmasters.com.br

NEUROLOGIA 5 a 7 de agosto Belém - PA Neurologia em cães e gatos Anclivepa - PA http://www.crmvpa.org.br 2 a 4 de setembro Botucatu - SP Simpósio internacional de neurologia e animais de companhia. Com participação do prof. dr. Ronaldo Casimiro da Costa http://goo.gl/AwkcaE

24 de novembro a 2 de dezembro Jaboticabal - SP VIII Curso teórico-prático de nutrição de cães e gatos: uma visão industrial http://goo.gl/TbMcAs

ODONTOLOGIA 18 de agosto a 30 de outubro Porto Alegre - RS Curso de terapia neural: odontologia neuro focal e acupuntura neural para médicos veterinários http://www.facebook.com/terapianeuralRS

OFTALMOLOGIA 27 e 28 de agosto São Paulo - SP Curso de atualização em oftalmologia nos felinos - VetMasters http://www.vetmasters.com.br 21 a 23 de outubro São Paulo - SP Curso intensivo em oftalmologia de pequenos animais http://www.migre.me/uaLHV

ONCOLOGIA 30 de julho São Paulo - SP Curso de oncologia básica cursos@vetcancer.com.br

NEFRO / UROLOGIA

28 de agosto São Paulo - SP Oncologia II: a contribuição do diagnóstico por imagem - ABRV http://www.migre.me/u9EW6

14 a 16 de outubro Botucatu - SP I Workshop de Nefrologia e Urologia de Pequenos Animais dcvet@fmvz.unesp.br

30 de setembro a 1º de outubro Rio de Janeiro - RJ Onco in Rio http://www.migre.me/u9IyS

NUTRIÇÃO

18 a 22 de julho Jaboticabal - SP XII Curso de inverno de genética Funep http://www.migre.me/uagTx

Inscrições abertas 2016 Belo Horizonte - MG Curso de formação de especialistas em homeopatia http://physishomeopatia.com.br

Agosto de 2016 Botucatu - SP Curso de dietoterapia chinesa para pequenos animais (14) 3814-6898 http://www.bioethicus.com.br

GERIATRIA

Agosto de 2016 Botucatu - SP X Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Acupuntura Veterinária http://www.bioethicus.com.br

10 e 11 de agosto Maringá - PR III SINPET - Simpósio de Nutrição de Animais de Companhia http://www.sinpet2016.com

22 e 23 de outubro São Paulo - SP Jornada geriátrica em cães e gatos http://www.spmv.org.br

28 de setembro Recife - PE Tópicos em nutrição animal & Palestra sobre "indicações clínicas da tomografia computadorizada abdominal" Anclivepa - PE http://www.anclivepa-pe.com.br

Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 123, julho/agosto, 2016

11 a 13 de novembro Ribeirão Preto - SP I Simpósio de oncologia de pequenos animais http://www.bioethicus.com.br/simposio-oncologia/

ORTOPEDIA 25 a 27 de agosto São Paulo - SP CIPO - Módulo básico de ortopedia (11) 3819-0594 http://www.cipo.vet.br

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ORTOPEDIA 20 a 22 de outubro São Paulo - SP CIPO - Módulo avançado de ortopedia http://www.cipo.vet.br 9 de novembro Recife - PE Palestras sobre ortopedia e células-tronco - Anclivepa - PE http://www.anclivepa-pe.com.br 2 e 3 de dezembro São Paulo - SP Módulo hastes e placas bloqueadas - CIPO http://www.cipo.vet.br

PATOLOGIA 12 e 13 de agosto Recife - PE Minicurso de patologia clínica com o Prof. Dr. Paulo Ricardo de Oliveira Paes (UFMG) http://www.anclivep-pe.com.br

29 de agosto a 28 de outubro São Paulo - SP Interpretação e diagnóstico em patologia clinica veterinária http://www.ivi.vet.br

REPRODUÇÃO 22 a 24 de julho Jaboticabal - SP Curso de ultrassonografia na reprodução animal - pequenos animais - Funep http://www.migre.me/ua8Te

RESGATE 26 a 28 de agosto Mairiporã - SP Seminário Selva K9. Sobrevivência na selva, cães de busca por odor específico e figuração para cães de busca unidadek9br@gmail.com

SAÚDE PÚBLICA 23 a 28 de outubro Belém - PA

RITA 2016 - Rabies in the Americas Conference http://rita2016.iec.gov.br/rita2016 11 a 13 de novembro Belém - PA Doenças infectocontagiosas Anclivepa/PA (Mitika Hagiwara) http://www.crmvpa.org.br/eventos.php

VETERINÁRIA MILITAR Até 5 de agosto de 2016 Inscrição para concurso de admissão ao curso de formação de oficiais do quadro complementar em 2017 http://goo.gl/MmW9ie

SEMANAS ACADÊMICAS 15 a 17 de agosto Campinas - SP Semana Acadêmica de Medicina Veterinária da Unip Campinas SEMEVUC XIV - UNIP http://fb.com/semevuc

5 a 9 de setembro Tubarão - SC SEMAVET - UNISUL camvet.unisul@gmail.com 8 e 9 de setembro Belém - PA SEMAVET - UNISUL www.crmvpa.org.br 13 a 15 de setembro Bauru - SP Semana Acadêmica da Unip Campus Bauru http://www.unip.br 12 a 16 de setembro Leme - SP Semana da Veterinária da Faculdade Anhanguera cristine_stefani@hotmail.com 12 a 17 de setembro São Paulo - SP Jornada Acadêmica de medicina Veterinária – JOVET - FMU http://jovetfmu.wordpress.com

Foto: ASCOM / IDEFLOR-BIO / Fotos Públicas

Pará - Brasil. Áreas de preservação estão situadas nas regiões nordeste e sudoeste do PA. Ideflor será responsável por fomentar desenvolvimento sustentável. O 'Refúgio de Vida Silvestre Tabuleiro do Embaubal', em Senador José Porfírio, é considerado o maior local de desova de quelônios no Pará.

http://ideflorbio.pa.gov.br 136

Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 123, julho/agosto, 2016


SEMANAS ACADÊMICAS 19 a 23 de setembro Jaboticabal - SP X Elaboração e análise de artigos científicos e apresentações orais de trabalhos e palestras - Funep http://www.migre.me/uafJQ 17 a 21 de outubro Lages - SC Semana acadêmica da medicina veterinária - UDESC veterinariace@gmail.com 19 e 20 de outubro São Paulo - SP 24º Simpósio Internacional de Iniciação Científica da USP http://migre.me/ubiwh 27 e 28 de outubro Valença - RJ IV SemIC - Semana de Iniciação Científica - CESVA http://www.faa.edu.br/portal

14º CONPAVEPA / Vet Expo http://conpavepa.com.br

IV Jornada Veterinária Incrível http://www.spmv.org.br

5 a 7 de agosto Belo Horizonte - MG ExpoVet Minas http://www.expovet.com.br

7 e 8 de outubro Campinas - SP Encontro IBVET 2016 http://www.ibvet.com.br

13 a 15 de novembro Curitiba - PR XII Congresso Brasileiro de Anestesiologia Veterinária http://congressocbav.com.br

8 a 10 de agosto Belém - PA XIX Congresso Brasileiro de Parasitologia Veterinária http://www.xixcbpv.com/

21 a 23 de outubro Londrina - PR SIMVET 2016 http://www.simvet2016.com.br

FEIRAS & CONGRESSOS

30 de agosto a 1º de setembro São Paulo - SP Pet South America 2016 & Congresso Paulista das Especialidades http://www.petsa.com.br

23 a 28 de outubro Belém - PA RITA 2016 - Rabies in the Americas Conference http://rita2016.iec.gov.br/rita2016

7 a 10 de setembro Curitiba - PR XIV Congresso Brasileiro de Ecotoxicologia - Ecotox 2016 http://www.ecotox2016.com.br

2 a 4 de novembro Florianópolis - SC II Congresso Sul Brasileiro e 1º Encontro do Mercosul de Médicos Veterinários de Pequenos Animais http://www.anclivepasc.com.br

13 a 15 de setembro São Paulo - SP

5 de novembro São Paulo - SP

Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 123, julho/agosto, 2016

24 a 25 de novembro Florianópolis - SC VI Simpósio Internacional de Diagnóstico por Imagem Veterinário abrv@abrv.com.br 24 a 27 de novembro Águas de Lindóia - SP XII Congresso de Cirurgia http://cbcav.iweventos.com.br 28 de novembro São Paulo - SP 2ª Jornada Veterinária Incrível http://www.spmv.org.br 3 a 5 de maio de 2017 Recife - PE 38º Congresso Bras. da Anclivepa http://www.anclivepa2017.com.br

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AGENDAInternacional 16 a 22 de julho Atlanta, Georgia - EUA International Conference on Diseases of Zoo and Wild Animals http://www.zoovetconference.org 23 de julho a 7 de agosto Columbus - Ohio - EUA Brain Camp 2016 http://migre.me/ubijg 19 de agosto Shanghai - China Petfood Forum China http://www.petfoodforumevents.com 20 e 21 de agosto Maldonado - Uruguai Curso abc trauma - LAVECCS http://www.laveccs.org 27 a 31 de agosto Berlim - Alemanha 12th Conference of the European Wildlife Disease Association (EWDA) http://goo.gl/WxTjUz

6 a 8 de outubro Belgrado - Sérvia EEVC - 1st Eastern European Veterinary Conference 2016 http://eevc.vet 18 a 21 de outubro Chicago, Illinois - EUA WINSS 2016: Growing Science in Pet Nutrition http://goo.gl/88NDCV 20 a 22 de outubro Granada - Espanha SEVC 2016 / Congreso Nacional AVEPA http://sevc.info

3 a 7 de dezembro New Orleans, Louisiana, EUA 2016 ACVP (American College of Veterinary Pathologists) and ASVCP (American Society for Veterinary Clinical Pathology) Concurrent Annual Meeting http://goo.gl/WXKavV 4 a 10 de dezembro Uvita - Costa Rica Veterinary workshops: cruciates in Costa Rica 2016 - Helping veterinarians excel in the art of surgery http://goo.gl/XBcMfi

23 a 28 de outubro Belém, Pará - Brasil RITA 2016 - Rabies in the Americas Conference http://rita2016.iec.gov.br/rita2016

2017 4 a 8 de fevereiro Orlando, Florida - EUA NAVC Conference 2017 http://navc.com

23 a 25 de novembro Santiago - Chile Congreso Veterinario de Santiago - CVDS 2016 http://migre.me/ubmSO

10 a 12 de março Berlim - Alemanha 5th International Berlin Bat Meeting: Are bats special? http://www.batlab.de/5th-ibbm

28 de setembro a 1 de outubro Berlim - Alemanha 11th International conference on behaviour, physiology and genetics of wildlife http://goo.gl/QqXW9Y 4 a 8 de septembro Kuala Lumpur, Malásia 26th International Conference of the Wold Association for the Advancement of the Veterinary Parasitology (WAAVP 2017) http://www.waavp2017kl.org 25 a 28 de setembro Copenhague - Dinamarca DSAVA and WSAVA 2017 http://www.wsava.org 26 a 28 de outubro Portland, Oregon - EUA Veterinary Cancer Society Annual Conference http://www.vetcancersociety.org 2018 Singapura - Malásia WSAVA 2018 http://www.wsava.org

7 a 10 de setembro León - México CVDL 2016 http://cvdl.com.mx 8 a 10 de setembro Gotemburgo - Suécia 26th ECVIN-CA- Congress of the European College of Veterinary Internal Medicine - Companion Animals http://www.ecvimcongress.org 15 a 17 de setembro Berlim - Alemanha 20th Congress of the European Society of Veterinary and Comparative Nutrition, ESVCN http://esvcn.eu/society/congress 19 a 21 de setembro Dorking - Inglaterra 1ª Conferência Internacional “Human Behaviour Change for Animal Welfare” http://goo.gl/QCj8Yg 20 a 24 de setembro Novara - Itália Small Animal Computed Tomography - ESAVS http://migre.me/uaUiT 27 a 30 de setembro Cartagena - Colômbia WSAVA 2016 http://wsava2016.com

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Foto: Fernanda Carvalho/ Fotos Públicas

San Juan Teotihuacán, Estado do México – México. Teotihuacán, foi um centro urbano da Mesoamérica pré-colombiana localizada na Bacia do México, 48 quilômetros a nordeste da atual Cidade do México, e que hoje é conhecida como o local de muitas das pirâmides mesoamericanas mais arquitetonicamente significativas construídas na América pré-colombiana. http://www.visitmexico.com/pt

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