Revista Terra Magazine - edição 46

Page 34

GRANDES MESTRES DA arquitetura

Carlos Fernando Pontual

um olhar histórico presente na arquitetura por Ana Paula Bernardes

N

a definição mais objetiva e real do que representa a arquitetura para si, Carlos Fernando Pontual procura enfatizar três aspectos: a questão ética, poética e técnica do ofício que permeia seus dias há 50 anos, celebrados, inclusive, neste 2018. Nesta trajetória, do alto do seu escritório no Recife Antigo, que abriga uma das mais belas vistas do centro da cidade, o arquiteto relembra sua formação pela Universidade Federal de Pernambuco, em 68. E ainda viaja na lembrança do tempo com seus primeiros trabalhos ao lado de outros importantes nomes do traço arquitetônico, como Sergio Bernardes, a quem Carlos Fernando traduz como uma grande angular em sua vida, onde ao seu lado realizou Projetos do Hotel de Tambaú, em João Pessoa e do Hotel de Manaus e alguns outros trabalhos que aprofundaram a valorização do verdadeiro sentido da arquitetura. Considerado um dos mestres deste ofício em Pernambuco, mas que grifa importantes obras não só em solos brasileiros, Carlos Fernando Pontual poderia dispensar apresentações, mas faz questão de relembrar seu primeiro escritório, o J &P Arquitetos ao lado de Jerônimo Cunha onde ganharam vários concursos , como o do edifício sede da IBM, em Recife, em Fortaleza, do Tribunal Regional Federal e da sede da Caixa Econômica Federal de João Pessoa, Fortaleza e Recife e com os prêmios de Cidade de Olinda e Cidade de Recife, na Bienal de Recife. A Pontual Arquitetos viria, em seguida, há exatos 22 anos. Fundada juntamente com Luciana Pontual e Marcílio Coutinho, logo somaram-se outros arquitetos, buscando uma arquitetura preocupada com o nível de qualidade e desempenho da obra construída em projetos que vagueiam entre aos mais diversos segmentos.

34| TERRA MAGAZINE

foto: Eduardo Kenji

Aqui tivemos um tripé de profissionais que eu diria que formou meus contemporâneos. Primeiramente Dr. Evaldo Coutinho, filósofo, diretor da escola de arquitetura e que conceituou a parte teórica de uma geração, bem como a participação dos professores Delfim Amorim e Acácio Borsoi, que juntos deixaram uma marca na cidade que foi fundamental, além de estruturarem todo um pensar desses meus arquitetos contemporâneos para a cidade do Recife”

Na manhã dedicada a esta entrevista, o arquiteto, ao olhar o desenho da nossa cidade, mergulhou também na referência que a capital tem no desenvolvimento da arquitetura e na igual importância da escola local, formadora de uma brava geração de colegas de profissão. “Aqui tivemos um tripé de profissionais que eu diria que formou meus contemporâneos. Primeiramente Dr. Evaldo Coutinho, filósofo, diretor da escola de arquitetura e que conceituou a parte teórica de uma geração, bem como a participação dos professores Delfim Amorim e Acácio Borsoi, que juntos deixaram uma marca na cidade que foi fundamental, além de

estruturarem todo um pensar desses meus arquitetos contemporâneos para a cidade do Recife”, ressalta nosso entrevistado. Ainda neste contexto histórico, Carlos Fernando nos acalenta ao reforçar que, apesar de todas as referências de grande peso no Brasil, Recife possui luz própria. “A arquitetura tinha uma referência da escola carioca e da paulista, com características muito específicas cada uma, mas é importante lembrar que Recife tem um importante papel na história da arquitetura brasileira, com caligrafia própria, mesmo porque Luís Nunes, mesmo lá nos anos 30, foi o primeiro arquiteto a estabelecer o modernismo


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.