CILAD not´cias | 1 JULHO 2014 | Nº 5
CILAD
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O NEVO DISPLÁSICO OU DE CLARK: DOIS CONCEITOS E UM PACIENTE O paciente: mulher de 20 anos com mais de cem lesões pigmentadas assimétricas, de bordas difusas e vários tons de marrom. Podem ser aplicadas duas condutas médicas, refletindo diferentes bases teóricas: Modelo determinista: o caso é interpretado como uma síndrome do nevo displásico. Cada elemento constitui uma entidade clínico-patológica que é precursora de melanoma, determinada a tornar-se maligna. Representa um estado intermediário em que um melanócito amadurecido se desdiferencia sequencialmente até conformar a célula tumoral maligna. A lesão vai somando progressivamente critérios histológicos de displasia e adquire a morfologia clínica exemplificada pela mnemotecnia ABCD (assimetria, borda irregular, cor heterogênea, diâmetro superior a 6 mm). Esta hipótese leva a extirpar profilaticamente um, dois, três ou mais nevos por consulta conforme a atipia clínica.
Normal
Modelo estocástico: as lesões pigmentadas da paciente correspondem a nevos de Clark, ou seja, os nevos benignos mais frequentes. A atipia clínica não indica necessariamente displasia histológica. É englobado aqui a um conjunto heterogêneo de distintas populações névicas como nevos reticulares em remendos, nevos pretos, nevos mistos em crescimento, nevos fetais tardios, entre outros grupos predominantes e característicos de cada paciente.
Acionam um alerta: são marcadores de risco de melanoma. Cada elemento é a sua vez um simulador de melanoma. Sua morfologia é indistinguível deste tumor no início. Geram uma incerteza diagnóstica que não é incerteza biológica. A melanogênese é um processo estocástico –imprevisível-. Surge em uma célula-tronco epitelial, folicular ou inclusive dérmica que se diferencia a tumoral, frequentemente em pele saudável, mais raramente em um nevo. As mutações genéticas não têm necessariamente uma expressão fenotípica por isso o melanoma nem sempre é clinicamente atípico. Recentemente foram identificados “nevos ocultos”: mosaicos em áreas circunscritas de pele clinicamente saudável, identificáveis apenas por imunohistoquímica.
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O manejo prático que emana deste paradigma implica insistir na fotoeducação e controlar periodicamente o paciente e sua família através do exame clínico e das modernas técnicas de imagens. Reconhecer a evolução da “vida das lesões” em seu contexto permite identificar e extirpar na medida do possível só precocemente os tumores, que o anatomoclínico francês René Laënnec –além criador do estetoscópio- encontrou no século XIX tardiamente como metástase no pulmão de um cadáver e batizou melanoma.
Dante Chinchilla
CONTEÚDOS 2
Editorial
DERMATOLOGIA A ORIGEM
3
INFORMAÇÃO XX CILAD
4
Entrevista Magistral
5
PARTICIPAÇÕES CILAD
DRA. ANA KAMINSKY
Melanoma
Reportagem
6
ASOCOLDERMA E-BOOK
ANOMALIAS VASCULARES
7
Reportagem
CALENDÁRIO DE EVENTOS GOTAS DERMATOLÓGICAS