CO LU N A E M P R E E N D E R E I N OVA R E M P O RT U G A L
INOVAÇÃO, EMPREENDEDORISMO E INTERNACIONALIZAÇÃO: A RECEITA PARA SUPERAR OS CARANGUEJOS? Sempre que se aborda a temática do empreendedorismo existem diferentes dinâmicas que ressaltam e visam a motivação e o despertar para novas oportunidades ou novas saídas. Relacionar a inovação e o empreendedorismo parece logo à partida um exercício que desperta sentimentos positivos e nos transporta para uma dimensão onde o sucesso, a criatividade e a modernização promovem o crescimento e bem-estar, num ciclo altamente profícuo. Mas se assim é, porque será tão difícil passar do mundo dos sentidos para a realidade das nossas vidas, organizações ou mesmo do nosso País? Onde se escondem estes indivíduos iluminados capazes de transformar realidades, vidas ou mesmo economias? Será que serão pessoas que revelam uma personalidade especial ou, simplesmente têm uma atitude capaz de estimular e induzir comportamentos favoráveis à inovação? Segundo Peter Drucker, “o que todos os empreendedores de sucesso revelam não é uma qualquer personalidade especial, mas sim um empenhamento pessoal numa prática sistemática de inovação. A inovação é a função específica do empreendedor, quer surja num negócio clássico, numa agência pública, ou numa nova empresa criada numa garagem ou num vão de escada”. Muitos dizem que não é empreendedor quem quer. É preciso ter perfil…, na verdade, é importante aliar um conjunto de características específicas que nem todos teremos, mas muitos de nós - indivíduos ou organizações - conseguem criar mecanismos de aperfeiçoamento contínuo, comportamentos favoráveis à inovação sistemática que promovem certamente, o processo de modernização e o crescimento económico. Se tudo isto tiver algum fundamento, porque será que ainda assim, muitos não encontram os resultados pretendidos? Trabalhar na área da inovação constitui isto mesmo, promover todos os dias uma atitude que fomente o repensar das coisas e se possível, o “reinventálas” de forma a gerar mais valor e maior sustentabilidade. Só a partir de uma cultura comportamental que pressione a inovação constante é que se abrem oportunidades para empreender. No entanto, este percurso não é simples, antes pelo contrário, apesar de se ter a ideia certa e os recursos bem alocados esbarramo-nos com a falta de capacidade financeira para suportar muitos destes projectos na sua fase de concepção e desenvolvimento, obviamente, muito mais sentida nas PME´s. O capital de risco e/ou financiamento nestas situações será pois, muito importante e bem-vindo, permitindo desenvolver e potenciar a ideia/projecto, criar um primeiro produto/serviço e apresentá-lo no tempo certo e de forma adequada ao mercado. Face à conjuntura da nossa economia, o impacte esperado destes projectos pode ser claramente vantajoso, proporcionando o aumento da capacidade científica e tecnológica, o antecipar as necessidades de mercado e o posicionamento face à concorrência, bem como, ao acesso a novos mercados. Neste quadro é ainda fundamental o constante enriquecimento da capacidade de investigação e desenvolvimento, a diversificação do conhecimento, a
internacionalização, networking, liderança tecnológica e o desenvolvimento de parcerias estratégicas. Se queremos ser independentes e verdadeiramente empreendedores será premente a produção e exportação de produtos e serviços de qualidade valorizáveis nos mercados externos, pois o nosso mercado é pequeno, individualista e muitas vezes “preconceituoso”. Facilmente assistimos a empresas tecnológicas que dão provas nos mercados internacionais e só depois são reconhecidas internamente. Este é um problema cultural e faz-me lembrar a história dos caranguejos, não vale a pena tapar o balde pois, vai sempre existir um que não vai deixar o outro subir e saltar do balde. Contrariando esta cultura, será fundamental criar uma dinâmica de internacionalização onde as empresas com mais experiência e sucesso possam abrir portas às mais pequenas e sem experiência, se possível como parceiros estratégicos, e onde, a diplomacia económica potencie de forma eficiente o desenvolvimento de negócio além fronteiras. Será acima de tudo fulcral, pensar no valor partilhado para podermos ser mais fortes, competitivos e reconhecidos em sectores estratégicos para as nossas empresas.
>>>> [18] robótica
O ponto decisivo nos próximos anos vai ser o de encontrar soluções inteligentes e integradas que nos permitam vencer os “caranguejos” e conquistar o mercado global, com a criação de valor e o desenvolvimento de uma cultura de responsabilidade e união intelectual e empresarial.
Sérgio Paulo spaulo@isasensing.com Licenciado e mestre em Engenharia Mecânica pela Universidade de Coimbra, e doutorado pela Universidade de Aveiro em Gestão, com especialização em modelos de gestão para aumentar a competitividade das empresas. Com experiência significativa na direcção de equipas multidisciplinares em empresas multinacionais, e uma vasta experiência na gestão de projectos com problemas complexos e equipas técnicas de elevado rendimento, Sérgio Paulo é uma referência internacional da empresa de consultoria americana Frost & Sullivan. Desde Janeiro de 2011 ocupa o cargo de Managing Director Telemetry na ISA - Intelligent Sensing Anywhere, S.A.