A gestão e a utilização eficiente da energia: a importância da eficiência energética e o programa EC

Page 1

O progresso e o crescimento económico não ocorrem sem colocar graves problemas. A confrontação é inevitável quando se coloca a questão de saber se o crescimento contínuo do consumo da energia nos traz mais efeitos perversos do que benéficos, quer para a humanidade quer para o sistema ecológico.

Eng.º João de Jesus Ferreira Jesus Ferreira Consultores

'266,(5 *(67ê2 (1(5*·7,&$ ( $8720$¶ê2 ,1'8675,$/ UREËWLFD

A Gestão e a Utilização Eficiente da Energia A Importância da Eficiência Energética e o Programa ECO.AP

Uma comparação atual de opiniões, a propósito do consumo deixa antever, no mínimo, três cenários possíveis: › Responder à procura sem limitações; › Autolimitar a procura voluntariamente; › Limitar o consumo pelo constrangimento. A existência destes três cenários permite concluir que a questão energética não é matéria personalizada mas que ela se desempenha, também, no plano social: cada maneira de encarar o consumo de energia é remetida a um modelo (e consequentemente a uma opção) de sociedade. A problemática do consumo da energia ultrapassa o quadro puramente técnico já que são colocadas em jogo questões fundamentais que dizem respeito quer à atualidade como ao futuro da nossa sociedade. A energia desempenha um papel fundamental na economia e no seu desenvolvimento. Esta constatação, indiscutível, não justifica um crescimento indisciplinado, quer da procura como da oferta da energia. Problemas ecológicos e sociopolíticos impedem claramente o procedimento sobre a via da inflação energética. O presente artigo tem, assim, por objetivo demonstrar a importância da eficiência energética, com sendo o quarto cenário possível, mais eficaz quer do ponto de vista técnico quer do ponto de vis-

ta económico, e que permite responder à procura mantendo o mesmo nível das prestações energéticas. De referir que a gestão da energia é fundamental para a garantia de que as medidas de eficiência energética implementadas são devidamente controladas e sustentadas no tempo.

OS CONCEITOS O conceito de eficiência energética não é de fácil interpretação e não é definido como sendo uma tecnologia aplicável. A eficiência energética é, sobretudo, um estado de espírito que se reflete no comportamento humano face à utilização que é feita da energia. A eficiência energética tem 3 pilares fundamentais de aplicação e suporte: › Comportamental; › Tecnológico; › Gestão. Os efeitos e a sustentabilidade das medidas de eficiência energética que se venham a implementar só serão eficazes se estes 3 pilares estiverem presentes e aturarem em simultâneo. De realçar que o conceito de eficiência energética não pode ser confundido (pois nele não se inclui) com a produção de energia (térmica ou elétrica) com recurso a fontes de energia primária reno-

vável. A eficiência energética traduz-se na redução do consumo de energia nas suas utilizações finais, mantendo ou aumentando o nível das respetivas prestações. Assim, o impacto da eficiência energética é avaliado nos consumos específicos afetos à atividade. Não faz sentido o estabelecimento de metas de redução de consumos em valor absoluto, pois estas podem ter um efeito negativo no crescimento da atividade de qualquer setor. A avaliação de resultados (e as metas a propor) deverá ser baseada em indicadores adequados e deles retirados os efeitos não energéticos, tais como: › Intensidade Energética Final, referida ao consumo de energia final (CTEF); › Intensidade Energética Final, por setor de atividade económica; › Consumos específicos da atividade; › Outros. O Consumo Total da Energia Primária (CTEP) não deverá ser utilizado para avaliar efeitos da eficiência energética, dado que esta está afeta às utilizações finais, por definição. As referências à redução da intensidade energética primária têm a ver, fundamentalmente, com o mix de origem e a redução é obtida pela via dos fatores de conversão utilizados no balanço energético nacional. A produção de energia, pela via da utilização de fontes renováveis de energia primária, não deve ser contabilizada nem incluída na avaliação da eficiência energética gerada. Esta, em nada, contribui para a redução do consumo de energia nas suas utilizações finais. Apenas têm impacto na contabilização da energia primária.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.