Fernando J. T. E. Ferreira é doutorado em Engenharia Eletrotécnica e autor de mais de 100 artigos técnico-científicos publicados em revistas e conferências, nacionais e internacionais, de reconhecido mérito. Já participou em diversos projetos de investigação europeus sobre sistemas elétricos de força motriz. Atualmente, é docente no Instituto Superior de Engenharia de Coimbra e investigador no Instituto de Sistemas e Robótica, Universidade de Coimbra. fernando@isec.pt
Figura 9. Subida de temperatura nas testas dos enrolamentos estatóricos de motores de 7,5 kW, 4 pólos, 400 V,
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50 Hz, de Classes IE2 (MIRG), IE3 (MIRG) e IE4 (LSPM).
robótica
O aumento do rendimento dos MIRGs implica a utilização de materiais ativos de melhor qualidade e/ou em maior quantidade e a sua otimização eletromagnética, daí que os modelos de alto rendimento são mais volumosos, pesados e caros. A otimização da geometria, a redução de imperfeições estato-rotóricas, a otimização e o aumento da secção dos enrolamentos estatóricos, a redução do comprimento das testas das bobinas e a utilização de chapas ferromagnéticas de elevada qualidade, são exemplos de medidas para aumentar o rendimento dos MIRGs. Como têm menos perdas, os motores de alto rendimento aquecem menos (Figura 9). Assim, como tipicamente incorporam sistemas de isolamento da mesma Classe daquele utilizado em motores de rendimento inferior (Classe F ou H), têm um tempo médio entre avarias (MTBF) mais longo. Todavia, devido à menor resistência elétrica do rotor, o binário de arranque resulta menor, conduzindo a uma maior corrente de arranque e a um menor deslizamento em regime permanente (Figura 10), conduzindo este último aspeto ao aumento da potência mecânica transmitida à carga que, mesmo com o aumento do rendimento, poderá implicar um aumento da potência ativa absorvida. Este aspeto deve ser cuidadosamente avaliado quando se substitui um motor standard por um de alto rendimento, sem VEV. Se a redução na resistência rotórica for conseguida através do aumento da secção dos condutores da gaiola, o volume do rotor e, consequentemente, a sua inércia, tendem a aumentar. Refira-se ainda que já
ARTIGO CIENTÍFICO
2.ª Parte
Fernando J. T. E. Ferreira Departamento de Engenharia Eletrotécnica, Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC) Instituto de Sistemas e Robótica, Universidade de Coimbra (ISR-UC)
Continuação da edição n.o 88 na secção de dossier
Visão Geral sobre os Acionamentos Eletromecânicos Industriais
Figura 10. Ponto de funcionamento dos motores assíncronos (MIRG) e síncronos (por exemplo, line-start PM) alimentados diretamente da rede.
há vários fabricantes a utilizar cobre em vez de alumínio5 em gaiolas fundidas e injetadas diretamente no núcleo ferromagnético rotórico. Apesar do cobre ser desde há muito utilizado em rotores com gaiola montada “peça a peça” (utilizados em motores de potência elevada), a injeção direta do cobre no rotor é uma solução relativamente recente e, naturalmente, mais cara. A vantagem da gaiola de cobre é a redução da resistência rotórica (e, consequentemente, das perdas rotóricas), sem se aumentar o volume e o peso do rotor (pode-se mesmo redu5
Curiosamente, a empresa WEG (www.weg.net), nos MIRGs de Classe IE3, optou por não utilizar cobre (utiliza apenas alumínio) nas gaiolas fundidas e injetadas diretamente no núcleo rotórico, conseguindo assim preços mais competitivos (note-se que o preço do cobre tem vindo a subir significativamente).
zir a sua inércia), permitindo um melhor desempenho dinâmico do motor, não sendo este aspeto importante para aplicações que não requeiram aceleração/ desaceleração rápidas, tais como bombas e ventiladores. Tendo em conta as limitações associadas à viabilidade económica do aumento da quantidade e qualidade dos materiais, bem como dos tamanhos de carcaça (ou de altura de veio) normalizados (Norma IEC60072), apesar das diversas melhorias que têm vindo a ser feitas, os MIRGs estão, na prática, limitados à Classe IE4. Para se atingir a Classe IE5, há necessidade de se recorrer a outras tecnologias, nomeadamente, aos motores PM e de relutância