robótica
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OPINIÃO TECNOLÓGICA
Robots de resgate A DIFERENÇA COM A REALIDADE Os robots ocupam um lugar especial nas mentes de muitas pessoas, mas infelizmente, a maioria dos seus conhecimentos sobre robots provêm de Hollywood. É fácil imaginar que deve poder haver um robot, mas torná-lo possível é muito mais complicado. Vejamos um exemplo: num recente episódio de uma série policial de televisão aparecia um professor universitário que utilizava a matemática para esclarecer os crimes. Na história aparece um comboio descarrilado com passageiros dentro de um vagão esmagado por um camião cisterna cheio de produtos químicos com grande toxicidade. Perante tal casualidade, o professor de matemática tem à sua disposição um conjunto de robots inteligentes programados para encontrar sobreviventes e traçar uma rota para os tirar dos escombros. Evidentemente, não vemos estes maravilhosos veículos de seis rodas a abrir caminho entre a devastação, cooperando para chegar ao destino, reconhecendo rotas, superando obstáculos e mandando a informação vídeo para um portátil que está no exterior do vagão. A verdade é que estes robots inteligentes, com uma base a menos de 10 mm do solo, ficariam bloqueados com o primeiro pedaço de metal retorcido com que se deparassem. Não devemos duvidar que o corpo humano é uma máquina muito flexível que além de conseguir processar informação proveniente de uma grande variedade de sensores, também toma decisões baseando-se numa enorme base de dados de experiências passadas. Ao imitar o ser humano com metal e plástico será um desafio de elevadas proporções. No entanto, um robot “real” tem de ter algumas vantagens relativamente aos seres humanos em situações perigosas, e o recente desastre ocorrido na central nuclear de Fukushima, no Japão, é o terreno ideal para testar num campo real este hardware.
O INCIDENTE COMO CENÁRIO A central de Fukushima sofreu dois ataques naturais: um terramoto seguido de
Qualquer um que ouça a palavra robot imagina uma máquina humanóide inteligente e capaz de realizar qualquer tarefa que os seres humanos fazem, mas de uma forma muito melhor. Os mais velhos irão pensar em “Robbie” do filme “Planeta Proibido”. Os mais jovens recordarão a C3P0 da Guerra das Estrelas, e mais recentemente o exército de robots de “Eu, Robot” ou a “Data” em “Star Trek”: a nova geração. Qual o fator em comum? O resultado é óbvio: isto não é realidade mas fição científica.
uma inundação causada por um tsunami. Os perigos que suportam os danos nos edifícios, com passagens inundadas e salas, parcial ou totalmente bloqueadas pelos escombros, adicionados aos níveis de radiação, que passavam de toleráveis a letais em breves períodos de tempo. Como se isso não bastasse, os reatores eram instáveis e até os equipamentos de controlo e seguimento que não sofreram danos deixaram de funcionar porque deixou de haver fornecimento elétrico à instalação e os geradores de emergência estavam inundados.
ROBOTS DE RESGATE… OU NÃO Os robots têm de contribuir de forma importante para cada um destes pontos: 1. Reconhecimento para valorizar o tipo e a escala dos danos; 2. Resgate de sobreviventes; 3. Reparação de sistemas críticos para estabilizar a situação; 4. Resgate de vítimas; 5. Reconstrução de instalações. Atualmente não há robots que possam realizar todas estas tarefas, e a verdade é que apenas há resultados realmente úteis relativamente ao primeiro ponto, na função de reconhecimento. Os robots humanóides inteligentes e poderosos, como o “Data” do “Star Trek” seriam ideais. Tem-se começado a desenvolver máquinas que falam, correm, dançam,
sobem escadas, chutam uma bola e levantam-se quando caem. Mas não servem de muito em caso de ocorrer um acidente. O que temos são veículos telecomandados desenhados para uma utilização militar na desmontagem de bombas, como o Packbot de iRobot, e o Talon, criado por Foster-Miller. Pelo menos, este tipo de veículo pode salvar quantidades razoáveis de escombros e, inclusivamente utilizar um braço para nivelar o caminho de certa forma, enquanto oferece uma imagem televisiva ao operador. Estas máquinas possuem uma “inteligência” limitada, e a melhor forma de as descrever é como veículos de operação remota (ROV são as suas siglas em inglês). Estes têm de ser pesados e fortes para aguentar com possíveis escombros que lhes caíam em cima, mas isso não significa que não se possam mover em espaço limitados e causar mais danos aos possíveis sobreviventes que encontrem pelo caminho. Além disso, em Fukushima, têm de se proteger contra a radiação, pois os componentes eletrónicos são tão susceptíveis de sofrer danos como o corpo humano. Isto torna estas máquinas maiores e mais pesadas. Estas condições de trabalho dificultam, inclusivamente, o controlo por rádio, como pode garantir quem tenha tentado operar uma rede wi-fi num edifício com paredes grossas. Este conceito de “enxame” pode oferecer uma solução ao problema de comunicação, visto que