Manuel Rebelo ITRON – Vila Nova de Famalicão - Portugal Gilberto Santos Escola Superior de Tecnologia, Politécnico Cavado e Ave, Barcelos, Portugal
E S PA Ç O Q U A L I D A D E
INTEGRAÇÃO DA QUALIDADE, AMBIENTE E SEGURANÇA - UM CAMINHO PARA O SUCESSO SUSTENTADO INTRODUÇÃO Mais que nunca, hoje – na era da Globalização – está em causa a sustentabilidade das Organizações e o foco destas deve ser colocado muito para além dos resultados financeiros. Estes deixarão de se verificar se esse foco não priorizar também a satisfação contínuada, equilibrada, crescente e integrada dos Clientes e outras Partes Interessadas tomando como referenciais de orientação e actuação as vertentes da sustentabilidade - a económica, ambiental e social e os factores organizacionais e operacionais da competitividade [1]. Assim e desde logo, para haver qualidade e excelência nos produtos (ou serviços) e na gestão das Organizações que os fabricam (ou prestam), vem sendo imperativo que as mesmas adoptem e implementem normas de sistemas de gestão QAS (Qualidade, Ambiente e Segurança) de acordo com a ISO 9001, ISO 14001 e OHSAS 18001/NP 4397:2008, respectivamente, melhorem e optimizem continuamente esses mesmos Sistemas de Gestão, para que decorra dos mesmos, um verdadeiro valor acrescentado para as Organizações e suas Partes Interessadas, potenciando a sustentabilidade dos negócios.
COMO INTEGRAR OS SISTEMAS QAS (E OUTROS)? A série das Normas ISO 9000, teve a primeira publicação em 1987, tendo sido criada com um carácter flexível, de forma a ser revista periodicamente. Posteriormente apareceram outros referenciais normativos de que destacamos as Normas ISO 14001 em 1996 e as OHSAS 18001 em 1999 com a referente correspondência da NP 4397 em 2008. Esta é a sequência natural dos processos de certificação das organizações, ou seja, iniciando normalmente com a certificação do Sistema da Qualidade, seguido do Sistema Ambiental e depois o Sistema da Segurança e Saúde do Trabalho. Esta sequência reflecte também a ordem cronológica de publicação dos diferentes referenciais. As questões que se começaram a colocar são: Como integrar estes três Sistemas QAS? Podem eles ser integrados? Este é um problema que as empresas mais desenvolvidas começaram a colocar e foi abordado por diversos autores de que destacamos, de entre outros, McDonald [2] e Arifin [3]. Por outro lado, segundo Santos [4], as pessoas são o recurso mais valioso de qualquer empresa ou país, mas nem sempre o mais valorizado. Sendo assim, a maior riqueza de qualquer organização, qualquer região ou qualquer país, são as pessoas com as suas ideias e o seu saber-fazer. Daí que um outro Sistema de G>estão importante dentro das empresas seja o Sistema de Saúde e Segurança do Trabalho, certificado pela norma OHSAS 18001/NP 4397:2008, a qual foi desenvolvida por organizações ligadas à Saúde, Higiene e Segurança no Trabalho. Enquanto esta não é uma norma oficialmente reconhecida a nível internacional, tem a grande vantagem de ser adoptada por muitas organizações como uma abordagem lógica e complementar. De acordo com o Guide ISO 72:2001 [5], a experiência com normas de Sistemas de Gestão, produzidas pela ISO mostra que existe um número de elementos comuns, nos quais podem ser agrupados nos seguintes principais assuntos: política; planeamento; implementação e operação; avaliação da performance; melhoria e revisão pela gestão.
A ideia de um SIG - Sistema Integrado de Gestão - consistirá, em estabelecer correspondências e fazer combinar dois ou mais Sistemas de Gestão independentes, por exemplo, de acordo com a ISO 9001, ISO 14001, OSHAS 18001/NP 4397:2008. Isso mesmo é evidenciado na Tabela A.1 - do Anexo A - da OHSAS 18001:2007 [18] e até no Anexo A - da NP 4469-1 [6] que em Portugal corresponde à Responsabilidade Social. Apesar de terem origem em diferentes aspectos do desempenho da Empresa, a Qualidade, Meio ambiente e Sistemas de Gestão de Segurança têm muito em comum conforme referem Fresner [7] e Block [8], de entre outros autores. A integração destes Sistemas de Gestão é um caminho a seguir, e a Norma ISO 19011 - Guia para Auditorias Conjuntas do Ambiente e Qualidade [9] é um bom exemplo de que, o futuro está na integração destes Sistemas de Gestão, gerido apenas por uma equipe multidisciplinar com formação nas várias áreas, economizando recursos, quer financeiros quer humanos. De acordo com Pascal [10] e Bernardo [11], a melhor forma para iniciar a integração de Sistemas de Gestão é procurar pontos comuns nas diversas normas e fazer com que o maior número possível de procedimentos seja comum a outro Sistema de Gestão, ou, dito de outra maneira, procurar adaptar e depois integrar o máximo de procedimentos dentro dos diversos sistemas, ou seja, elaborar Procedimentos Combinados de Gestão (PCG-QA), entre o Sistema de Gestão da Qualidade e o Sistema de Gestão Ambiental ou outros sistemas. Apesar da convergência descrita, a finalidade, o enfoque, o campo de aplicação e o âmbito das actividades abrangidas pelos três referenciais de Sistemas de Gestão QAS são distintos conforme a Tabela 1. Essa distinção constitui uma dificuldade à integração, a qual não pode ser descurada. Como é natural, existem várias dificuldades para implementar um Sistema Integrado de Gestão. No entanto, Beckmerhgeni [12] destaca que “os sistemas de gestão implementados separadamente e de forma incompatível resultam em custos, aumento da probabilidade de falhas e enganos, esforços duplicados, criação de uma burocracia desnecessária e um impacto negativo junto das Partes Interessadas, em especial para os Trabalhadores e Clientes”. De acordo com Salomone [13] , uma mudança de cultura está a amanhecer e o número de empresas com mais do que uma certificação está a aumentar de forma constante e muitas delas estão a avançar com a integração. De acordo com o citado autor e outros, Karapetrovic [14], Beckmerhageni [12], vários países, como Inglaterra - PAS 99:2006 - [15], Nova Zelândia, Austrália, França, Holanda, Dinamarca - DS 8001:2005 IMS [16] e Espanha - UNE 66177:2005 [17], desenvolveram ou estão a desenvolver os seus próprios referenciais de SIG, abrangendo vários referenciais, funções das organizações e partes interessadas. Foram considerados, um conjunto de três referenciais normativos de Sistemas de Gestão – Qualidade, Ambiente e Segurança - aplicáveis a qualquer tipo de Organização e actividade. Vários outros existem. Seguramente, outros surgirão. Essas Normas cobrem um leque alargado de diferentes disciplinas, âmbitos e actividades de organização e funcionamento das Empresas incluindo os interfaces e satisfação de todas as suas Partes Interessadas. robótica [17]