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produção doméstica de energia
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Ciclicamente somos confrontados com as chamadas crises energéticas, que independentemente da sua maior ou menor duração, afetam sempre de forma negativa a atividade económica das empresas e a vida do cidadão comum. Entenda-se a produção doméstica de energia de um país como o aproveitamento energético dos seus recursos endógenos. Quanto maior a capacidade de produção doméstica, menor a sua dependência energética do exterior, estando assim o país mais bem preparado para lidar com eventuais crises energéticas. No caso de Portugal, o país dispõe de variados recursos energéticos endógenos renováveis (ar, água, biomassa e geotermia) e também de recursos energéticos endógenos não renováveis (queima de pneus, parte não renovável dos resíduos sólidos urbanos, entre outros), sendo estes, residuais. Entre 2010 e 2020, a produção doméstica de energia em Portugal cresceu cerca de 20,5%. No mesmo período, a dependência energética desceu de 76,1% para 65,8% (este último valor está muito próximo da meta de 65% traçada para 2030 no Plano Nacional Energia e Clima). Contudo, devemos ter em atenção que o ano 2020 foi um ano caracterizado por uma forte contração económica devido aos efeitos da pandemia, com quebras históricas no consumo de energia nos setores da indústria e dos transportes, ainda muito dependentes da energia fóssil importada.
as duas últimas décadas onde se apostou fortemente no aumento da capacidade instalada para produção de energia elétrica renovável. Componentes da produção doméstica A produção doméstica de energia em Portugal provém quase na sua totalidade do aproveitamento dos recursos energéticos renováveis, tais como a eletricidade1, a biomassa2, solar térmico, biocombustíveis, resíduos não renováveis e bombas de calor que passaram a ser contabilizadas no Balanço Energético a partir de 2014. De acordo com a Figura 2, as principais componentes da produção doméstica são a biomassa e a eletricidade. Neste mix, a eletricidade é a componente mais suscetível à variação do seu valor anual, dada a incerteza da produção de hidroeletricidade (sempre dependente da qualidade do ano hidrológico).
Evolução da produção doméstica de energia Em 2020, a produção doméstica de energia atingiui os 6 657 ktep, valor máximo desde que há registo. Como podemos observar na Figura 1, o aproveitamento dos recursos endógenos tem aumentado consistentemente, ainda que por vezes oscile devido, sobretudo, à incerteza da produção de hidroeletricidade que depende da qualidade do ano hidrológico. O aumento consistente da produção doméstica de energia deve-se essencialmente ao maior aproveitamento dos nossos recursos energéticos endógenos, com destaque para
Figura 2 Componentes da produção doméstica de energia [2010, 2020].
1
Inclui lenhas e resíduos vegetais, resíduos sólidos urbanos, licores sulfitivos, biogás e outros renováveis.
2
Figura 1 Produção doméstica de energia [2010-2020].
4
Inclui a hidroeletricidade, eólica, fotovoltaica e geotérmica.