formação em Bioenergias no Instituto Politécnico de Portalegre

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dossier sobre bioenergia

formação em Bioenergias no Instituto Politécnico de Portalegre Luiz Filipe Rodrigues1 e Paulo Brito2 1

Coordenador do CTeSP de Bioenergias e da Licenciatura em Tecnologias de Produção de Biocombustíveis

Coordenador do Mestrado em Tecnologias de Valorização Ambiental e Produção de Energias, do VALORIZA e da A4H2

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Enquadramento Os desafios colocados à Europa e à Portugal relativos à descarbonização da economia, à independência e à segurança energéticas, para as próximas décadas, só poderão ser encarados e vencidos através da construção e consolidação de um consistente portfólio de energias renováveis que inclua, para além das energias renováveis mais convencionais e estabelecidas, como a energia solar e a eólica, as bioenergias, nas suas variadas formas. Não há dúvidas de que, para ir ao encontro das metas estabelecidas a eletrificação de muitos setores de atividades, incluindo das domésticas, terá que ser amplamente estendida. Nesse sentido as componentes fotovoltaica, eólica e hídrica da geração de energia elétrica terão que ser reforçadas grandemente, até para se atender às necessidades de aumentos da produção de hidrogénio verde que estão também previstas. Mas, por outro lado, a enorme disponibilidade de biomassas, animais e vegetais, sobretudo das residuais, em particular o seu conteúdo em energia potencial química, faz imediatamente pensar na possibilidade do seu aproveitamento energético, como biocombustíveis de 2.ª geração e avançados, em especial no contexto da redução dos impactos ambientais dos resíduos. Biomassas residuais são geradas diariamente em quantidades significativas em diferentes ramos da atividade humana, seja na forma resíduos florestais, agrícolas, pecuários, agroindustriais, resíduos orgânicos domésticos, etc. Apresentam-se frequentemente como águas efluentes, chorumes, lamas, sobrantes de podas, frutas, legumes e outros alimentos rejeitados ou apodrecidos, entre outros. Se não forem tratados infligem enormes impactos ambientais. Por outro lado, o seu tratamento convencional requer da sociedade, como um todo, custos significativos em termos de recursos mobilizados para o seu processamento, deposição ou descarte apropriados. Neste contexto, uma alternativa óbvia será associar ao tratamento, desde logo, o aproveitamento energético, mas também de outros componentes que possam ser convertidos em produtos de valor acrescentado, numa perspetiva de biorrefinação, consentânea com o modelo da economia circular. Até mesmo para cobrir, pelo menos em parte, os custos do próprio tratamento. Foi sustentado na antecipação e acompanhamento da evolução da transição energética que tem de acontecer, aos níveis nacional, europeu e mundial, e tendo em conta a natureza dos resíduos gerados na região em que a Escola e o Instituto estão inseridos que a estratégia e desenvolvimento da oferta formativa em bioenergias do Departamento de Tecnologias da Escola Superior de Tecnologias e Gestão (ESTG), do Instituto Politécnico de Portalegre (IPPortalegre), foi delineada e tem vindo a ser implementada, há quase 10 anos . Esta estratégia assenta numa fileira de 3 cursos de níveis III, IV e V, nomeadamente, o Curso de Técnico Superior Profissional (CTeSP) de Bioenergias, a Licenciatura em Tecnologias de Produção de Biocombustíveis (LTPB) e o Mestrado em Tecnologias de Valorização Ambiental e Produção de Energias (MTVAPE), fundada também numa forte interligação e

articulação com a investigação desenvolvida no VALORIZA - Centro de Investigação para a Valorização de Recursos Endógenos (www.valoriza. ipportalegre.pt) e nos laboratórios industriais instalados na BioBIP – Incubadora de base tecnológica (www.biobip.pt). Mais recentemente, foi criada a Academia para o Hidrogénio - A4H2, que se dedica à conceção e realização de formação modular, taylor-made, de caráter muitiaplicada, na área das tecnologias do hidrogénio e com possibilidade micro credenciação. Neste contributo que pretende ser breve e não exaustivo, focaremos a nossa atenção, sobretudo na formação praticada na LTPB, fazendo no final breves apontamentos sobre o MTVAPE e o CTeSP de Bioenergias. A Licenciatura em Tecnologias de Produção de Biocombustíveis A LTPB é a primeira e, por enquanto, única licenciatura em Portugal que trata especificamente das questões da produção dos biocombustíveis, desde a origem das biomassas até à sua transformação em biocombustíveis sólidos, líquidos e gasosos, usando as diversas tecnologias atualmente disponíveis. Sem descurar, evidentemente, aspetos ambientais, económicos e até sociais relacionados com essa produção e com a utilização dos próprios biocombustíveis. É por essa razão que, para além das disciplinas de ciências fundamentais como a Matemática, a Física, a Química e a Biologia, e das unidades curriculares relacionadas com os processos de produção industrial de biocombustíveis, como a Termodinâmica Aplicada, os Processos Produtivos, Operações Unitárias, Controle Gestão da Qualidade, Métodos Analíticos Instrumentais e as duas disciplinas de Tecnologias de Produção de Biocombustíveis, fazem parte do plano de estudos de 3 anos (180 ECTS), matérias das ciências e engenharia agrária, como a Botânica e Zootecnia, Produção Agrícola e Recursos Florestais, que servem de base a um melhor conhecimento sobre fontes e origens

Figura 1 Vista geral do sistema de gasificação de biomassas de leito fluidizado do Centro de Bioenergias do BioBIP.

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