dossier sobre Solar + Eólico + Hídrica
a importância técnico-económica da flexibilidade na transição energética Atualmente, o principal desafio dos sistemas de energia assenta em 3 pilares: garantia da segurança de abastecimento, acessibilidade de preços e, simultaneamente, sustentabilidade, associada ao processo de transição energética. João Graça Gomes1,2,3, Bruna Tavares1,4, Juan Jiang2 1
Future Energy Leaders Portugal/Associação Portuguesa de Energia,
Sino-Portuguese Centre for New Energy Technologies (Shanghai) Co. Ltd.,Shanghai Investigation Design and Research Institute Co., Ltd.,
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Embaixador do Pacto Climático Europeu,
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Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência
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Esta questão central tem motivado discussões que podem ser sumarizadas em 3 considerações: 1) Pretende-se ter um sistema de abastecimento energético robusto e fiável. Por um lado, sabe-se que os combustíveis fósseis são um recurso finito e, com a evolução do seu processo de extração, verifica-se um aumento da complexidade e custo das operações. Por outro lado, será positivo para a economia mundial o processo de evolução do setor energético não continuar dependente de um conjunto restrito de países. A título de exemplo veja-se o conflito Russo-Ucraniano, desde o seu início que o preço do petróleo subiu 12%1 (de 90,48 $/Barril para 100,6 $/Barril) e o preço do gás natural aumentou 20%2 (de 95,82 €/MWh para 114,9 €/MWh). 2) Pela vertente da sustentabilidade é irrefutável o impacto provocado pela queima de combustíveis fósseis sobre o clima e, assim, a importância de minimizar este efeito, pelo que se afigura fundamental aumentar a produção elétrica com origem em fontes energéticas de baixo carbono. 3) No caso particular da economia portuguesa, é fundamental a redução da sua elevada dependência energética que atualmente ronda os 73%3. Portugal é um dos países europeus mais dependentes, o que acarreta um enorme volume de importações de hidrocarbonetos, bem como um sistema energético altamente sensível a disrupções geopolíticas.
1 Trading Economics, https://tradingeconomics.com/commodity/crude-oil (visto a 1 de abril de 2022)
Trading Economics, https://tradingeconomics.com/commodity/eu-natural-gas (visto a 1 de abril de 2022)
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3 Instituto Nacional de Estatística, www.ine.pt/ngt_server/attachfileu.jsp?look_parentBoui=530957667&att_display=n&att_download=y#:~:text=Fonte%3A%20INE%20%28Conta%20de%20Fluxos%20F%C3%ADsicos%20de%20Energia%29,condicionada%20pela%20 pluviosidade%20e%2C%20mais%20recentemente%2C%20tamb%C3%A9m%20pelo
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Uma das opções que se tem afigurado com maior relevância para flexibilizar o sistema eletroprodutor, e que tem vindo a ser implementada em Portugal, é o armazenamento da energia elétrica, em períodos de baixo preço, para equilibrar períodos de maior procura e, consequentemente, com preços mais elevados. Como resposta a este desafio, Portugal tem vindo a desenvolver a sua estratégia energética assente nos recursos endógenos e renováveis. O investimento nacional incidiu, especialmente, nas vertentes da energia eólica, solar e hídrica. No final de 2021, a geração de eletricidade nas centrais eólicas, solares e hídricas representava, cumulativamente, 55,3 %4 do total do consumo nacional. Porém, o aproveitamento destas fontes renováveis tem caraterísticas que diferem das fontes convencionais de geração de energia elétrica, podendo gerar conflito entre a oferta e a procura, devido ao seu caráter variável temporalmente. Estas idiossincrasias podem, contudo, ser ultrapassadas com o aperfeiçoamento das técnicas de previsão meteorológica e com o aumento da flexibilidade do sistema eletroprodutor. Uma das opções que se tem afigurado com maior relevância para flexibilizar o sistema eletroprodutor, e que tem vindo a ser implementada em Portugal, é o armazenamento da energia elétrica, em períodos de baixo preço, para equilibrar períodos de maior procura e, consequentemente, com preços mais elevados. Nesta área existem diversas tecnologias com caraterísticas distintas, das quais se salientam a bombagem hidroelétrica
Direção Geral de Energia e Geologia, https://dgeg.gov.pt/media/5fjpfuk1/dgeg-arr-2021-12_v2.pdf
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