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emissões de gases com efeito de estufa
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O Plano Nacional Energia e Clima 2030 (PNEC 2030) estabelece como meta nacional uma redução de emissões de CO2eq (sem LULUCF1) entre 45 e 55% face a 2005. No presente artigo, iremos analisar a trajetória das emissões de gases com efeito de estufa relativa aos últimos 20 anos, conhecer a sua origem e o peso do setor energético no total das emissões. A descarbonização da economia vai no bom caminho, mas esse caminho não depende apenas das políticas públicas para o setor da energia, é necessário o envolvimento de todos como veremos mais adiante. Evolução das emissões de gases com efeito de estufa Entre 2000 e 2019, as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) diminuíram em aproximadamente 22,3%. Esta redução deve-se sobretudo à forte aposta nas energias renováveis para a produção de eletricidade, as quais contribuíram simultaneamente para aumento gradual da potência elétrica total instalada do país e para a substituição (sempre que possível) da energia elétrica produzida por via de combustíveis fósseis. Como se pode observar na Figura 1, a trajetória das emissões de GEE tem diminuído progressivamente. Contudo, esta tendência depende sempre da maior ou menor capacidade de produção hidroelétrica - basta verificar o que ocorreu em 2017, ano de seca severa, para as emissões aumentarem de forma significativa.
Figura 1 Evolução das emissões de gases com efeito de estufa (sem LULUCF).
Origem das emissões As emissões de gases com efeito de estufa não se devem apenas à produção de eletricidade através dos combustíveis fósseis. As emissões totais de GEE são originárias de dois
grandes setores – o setor não energético, constituído pela agricultura, resíduos e processos industriais e uso de produtos, e o setor energético, constituído pela produção e transformação de energia, combustão na indústria, transportes, emissões fugitivas2 e outros. Peso das emissões do setor da energia O gráfico da Figura 2 indica que o setor energético é de longe o principal responsável pelas emissões de gases com efeito de estufa, representando de um modo geral, valores próximos ou superiores a 70% do total das emissões.
Figura 2 Peso das emissões do setor da energia no total das emissões.
As oscilações verificadas anualmente dependem e muito, quer da maior ou menor capacidade de produção de energia elétrica através das energias renováveis, quer da componente dos transportes, componente que depende muito do comportamento dos cidadãos. Através da observação da Figura 3, verifica-se que no ano 2000, a componente da produção e transformação de energia representava 26,6% das emissões totais de GEE e superava a componente dos transportes em cerca de 2,4 p.p. Nesse mesmo ano, a potência elétrica instalada renovável era pouco mais de um terço da potência instalada renovável em 2019. À época, recorria-se naturalmente mais à produção de eletricidade através das centrais térmicas não renováveis, mais geradoras de emissões de GEE. Vinte anos depois, os transportes passaram a ser a principal componente das emissões de GEE (28%), superando a componente da produção e transformação de energia em cerca de 7,5 p.p. Na presente década e no decurso da transição energética, a componente relativa aos transportes será a principal fonte das emissões nacionais de GEE.
Gases ou vapores de equipamentos sob pressão que ocorrem devido a vazamentos e outras libertações involuntárias/irregulares de gases principalmente oriundas das atividades industriais, que também contribuem em parte para o aumento de GEE. 2
LULUCF - Land Use, Land Use Change and Forestry (uso do solo, alterações de uso do solo e florestas).
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