vozes de mercado
os desafios das centrais eólicas – e como os enfrentar
Martina Tomé Vice-President Power Systems Division Schneider Electric Iberia
Boas notícias: mais de metade da eletricidade gerada em Portugal nos primeiros 8 meses de 2021 foi de origem renovável. A energia hidroelétrica foi a principal responsável por esse impulso, representando 28% de toda a produção, seguida de perto pela eólica, responsável por 25%. Esta situação leva a que Portugal esteja entre os 10 países da União Europeia com maior percentagem de geração de energias renováveis; contudo, a potência de energia eólica instalada a cada ano está abaixo dos valores necessários para cumprir os objetivos estabelecidos pelo PNEC 2030. Quais são então, neste momento, os principais desafios do setor da energia eólica? O primeiro passa por reduzir os custos de capital e o tempo de comercialização. Cerca de 70% do custo nivelado da energia (LCOE, na sua sigla em inglês) está relacionado precisamente com a instalação – sendo que as turbinas eólicas são responsáveis por 64% a 84% desses custos. Os restantes 30% estão relacionados com os custos de operação e manutenção (O&M). Está, também, comprovado que os custos de manutenção das turbinas aumentam à medida que as centrais eólicas se aproximam do fim do seu ciclo de vida. O segundo desafio do setor da energia eólica é aumentar a eficiência da O&M, que representa 60% dos custos OPEX devido às interrupções inesperadas, manutenções corretivas e outras. Finalmente, é necessário otimizar a produção de energia, e a capacidade para o fazer é determinada essencialmente por 2 fatores: a qualidade dos recursos eólicos e a tecnologia utilizada pelas turbinas e pela central. Mais valor para as centrais eólicas Para continuar a promover a energia eólica é necessário enfrentar estes desafios com soluções integradas que apoiem as centrais ao longo de todo o seu ciclo de vida. A arquitetura EcoStruxure Power for Wind, por exemplo, é uma solução de energia de ponta a ponta. Durante a fase
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de projeto e construção da central, permite reduzir o tempo de implementação e o custo global, uma vez que melhora a engenharia e o design e simplifica a instalação e comissionamento, tirando partido da tecnologia de gémeos digitais e assegurando a conformidade com os padrões da indústria. Durante a fase de operação e manutenção, a solução maximiza as receitas e otimiza o funcionamento da central, focando-se na segurança das pessoas e dos ativos, na fiabilidade do sistema, na eficiência operacional e na cibersegurança. Para além disto, a central é equipada com uma camada digital no Edge para monitorizar o funcionamento da turbina e controlar o modo como a energia está a ser entregue, assegurando valor acrescentado com análises, aplicações e serviços. Outra solução, focada especialmente nas turbinas, oferece análises preditivas para otimizar a manutenção, melhorando assim a eficiência e a rentabilidade durante a operação. Como? Com recurso à Inteligência Artificial. Como referi no início deste artigo, os custos de operação e manutenção aumentam sobretudo devido ao envelhecimento das turbinas; é, por isso, importante tentar antecipar potenciais falhas de quaisquer componentes críticos nela – que não são só elétricos, mas também mecânicos. É aqui que o EcoStruxure Power for Wind acrescenta valor, com algoritmos que permitem aos utilizadores finais – os operadores de parques eólicos – realizar a monitorização e desenvolver diagnósticos precoces de potenciais falhas. Esta tecnologia pode conseguir uma redução de até 8% nos custos de O&M, poupando centenas de milhares de euros e aumentando em 10% o desempenho e a vida útil dos ativos. O futuro do setor das energias renováveis está marcado pelos objetivos europeus e do PNEC 2030. Portugal está bem posicionado e conta com tecnologia competitiva; contudo, é preciso continuar a promover a energia eólica para atingir o objetivo de alcançar uma capacidade eólica instalada de 9 megawatts de até 2030.