o aproveitamento energético da biomassa e o combate aos incêndios rurais em Portugal

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especial sobre biomassa

o aproveitamento energĂŠtico da biomassa e o combate aos MRGsRHMSW rurais em Portugal 'PIQIRXI 4IHVS 2YRIW1 e Cristina Fernandes2 4VSJIWWSV 'EXIHVjXMGS HS -RWXMXYXS 7YTIVMSV 8qGRMGS

1

4VSJIWWSVE %Y\MPMEV HS -RWXMXYXS 7YTIVMSV 8qGRMGS

2

Introdução % jVIE GSFIVXE TSV žSVIWXEW HI TVSTVMIHEHI TVMZEHE EYQIRXSY GSRWMHIravelmente em Portugal nos últimos 40 anos devido ao abandono de muitas exploraçþes agrícolas em zonas montanhosas do interior. Assim, mais de HS XIVVMXzVMS TSVXYKYsW IWXj EKSVE GSFIVXS TSV žSVIWXEW SY QEXEKEMW Isto coloca Portugal dentro da mÊdia dos 28 países da EU (ICNF, 2015). Essa mudança no uso do solo resultou em maiores quantidades de subprodutos e resíduos de madeira e biomassa espalhados por grande parte do território que, juntamente com verþes mais quentes, aumentaram o risco HI MRGsRHMSW žSVIWXEMW QEMW TIVMKSWSW Consequentemente, e após os grandes incêndios rurais de 2003 e 2005, o governo abriu em 2006 um concurso para a construção de 15 centrais elÊtricas de biomassa a serem construídas em åreas de grande densidade žSVIWXEP )WXEW YRMHEHIW E WSQEV kW SYXVEW YRMHEHIW UYI Nj LEZMEQ WMHS projetadas antes de 2004, deviam queimar de forma útil e segura os subTVSHYXSW HEW žSVIWXEW I HI EXMZMHEHIW VYVEMW Infelizmente, a maioria destes projetos não foram implementados, e em junho e outubro de 2017 Portugal teve as maiores tragÊdias de incêndios žSVIWXEMW HE RSWWE ,MWXzVME GSQ E QSVXI HI GMHEHnSW De acordo com o estudo de P. Fernandes e T. VilÊn (2011), a incidência de incêndios aumentou fortemente nos últimos anos e Portugal tem tido YQE TVSTSVpnS QYMXS IPIZEHE HI MRGsRHMSW žSVIWXEMW RS GSRXI\XS IYVSpeu, conforme apresentado na 8EFIPE . A 8EFIPE mostra que Portugal teve a maior percentagem de årea UYIMQEHE TSV jVIE žSVIWXEP HI XSHSW SW TVMRGMTEMW TEuWIW IYVSTIYW HS Mediterrâneo, no período 1980-2008, com uma percentagem de årea queimada que Ê mais do dobro do segundo da lista, que Ê a Itålia, e 4 vezes mais do que os nossos vizinhos espanhóis. P. Fernandes e T. VilÊn

França

GrĂŠcia

ItĂĄlia

Portugal

Espanha

Ă…VIE žSVIWXEP *% (1000 ha)

17262

6532

10026

3867

28000

Ă rea ardida &% (ha/ano)

28460

49044

118022

109327

178043

EmissĂľes CO2 ) (kt/ano)

1341

359

5816

4409

1719

Perda de stock de C (kt/ano)

389

104

1666

1272

505

&% *%(ha/ano/1000ha)

1.7

7.5

12

28

6.36

) *%(kt C/ano/1000ha)

0.1

0.1

0.6

1.1

0.1

Tabela 1 Ă rea florestal e ĂĄrea ardida (1980-2008). Fonte: P. Fernandes e T. VilĂŠn (2011).

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tambĂŠm calcularam as emissĂľes mĂŠdias anuais de CO2 em incĂŞndios žSVIWXEMW IQ HMJIVIRXIW TEuWIW IYVSTIYW MRGPYMRHS 4SVXYKEP GSRJSVQI apresentado na 8EFIPE . A estimativa das perdas anuais de stock de carbono devido a incĂŞndios em Portugal foi de 1272 kt. O impacto ambiental dos incĂŞndios estĂĄ relacionado nĂŁo sĂł com as emissĂľes de carbono, mas tambĂŠm com a perda de biomassa viva responsĂĄvel pela absorção de carbono. 9QE HEW JSVQEW QEMW I½GE^IW HI VIHY^MV SW MQTEGXSW RIKEXMZSW HSW incĂŞndios rurais em Portugal ĂŠ reduzir a quantidade de matĂŠria combustĂ­vel que permanece na terra e que ĂŠ proveniente de subprodutos e resĂ­HYSW žSVIWXEMW I EKVuGSPEW 4EVE VIWuHYSW HI FMSQEWWE HI QEMSV HMlQIXVS E melhor solução ĂŠ o respetivo aproveitamento energĂŠtico. %W TVMRGMTEMW IWTqGMIW HE žSVIWXE TSVXYKYIWE E RSVXI HS VMS 8INS WnS S pinheiro e o eucalipto, e ambos precisam de ser “limposâ€? para crescerem de forma mais saudĂĄvel. Como ĂŠ proibido, por razĂľes de segurança, queimar lenha e resĂ­duos de biomassa ao ar livre, de abril a meados de outubro, isso WMKRM½GE UYI YQ KIWXSV žSVIWXEP QIWQS UYI XIRLE I\GIWWS HI FMSQEWWE durante esses 6 meses, tem apenas duas opçþes: • HIM\EV RS WSPS S UYI q QYMXS TIVMKSWS RS ZIVnS TSVUYI TSHI WIV MRžEmado por ato criminoso ou descuidado; • conduzir a biomassa para um equipamento de queima, para produzir calor ou eletricidade. Assim, a utilização energĂŠtica segura destes resĂ­duos de biomassa ĂŠ essencial para garantir a segurança destas populaçþes rurais, mas tambĂŠm para aumentar a utilização de energias renovĂĄveis primĂĄrias em Portugal, tanto para aquecimento como para produção de eletricidade.

% I\GIWWMZE HMQIRWnS HSW MRGsRHMSW žSVIWXEMW em Portugal Portugal foi em 2017 o maior emissor de CO2 E TEVXMV HEW žSVIWXEW IQ XSHSW SW TEuWIW HE YRMnS IYVSTIME GSRJSVQI WI TSHI ZIVM½GEV *MKYVE , devido aos terrĂ­veis fogos rurais que nesse ano devastaram o nosso paĂ­s. )WXE ½KYVE VIZIPE XEQFqQ E IRSVQI MQTSVXlRGME UYI SW JSKSW VYVEMW XsQ no aumento de emissĂľes de CO2, para alĂŠm dos dramas humanos e das enormes devastaçþes materiais que provocam. É tambĂŠm muito relevante a anĂĄlise da evolução do nĂşmero de incĂŞndios e da ĂĄrea ardida em Portugal, desde 1980 a 2018, e que se apresenta nas *MKYVEW I . Ao analisar a *MKYVE q TEVXMGYPEVQIRXI GLSGERXI ZIVM½GEV WI UYI S nĂşmero de incĂŞndios registados em Portugal ĂŠ muito mais elevado do


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