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Espaço ERPIS
from Resumo da revista Dignus nº7
by cie
A sexualidade no envelhecimento
Catarina Ribeiro
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Enfermeira e Counsellor Sexual da rede de residências sénior Círculo de Mestres
Desde sempre que o tema da sexualidade não é discutido o suficiente quando nos referimos à vida dos idosos. É sempre mais fácil presumir que o envelhecimento traz consigo mudanças irreversíveis e que a sexualidade se torna num assunto pouco importante ou até mesmo inexistente nesta etapa do ciclo de vida. A maioria dos cuidadores e profissionais de saúde desconhecem ou ignoram a saúde sexual do idoso, muitas vezes por falta de conhecimento sobre educação sexual, o que leva à formação de ideias pré-concebidas e mitos.
O conceito de sexualidade é um conceito abrangente e complexo que, segundo a Organização Mundial de Saúde (2001), pode ser definido como “uma energia que nos motiva para encontrar amor, contacto, ternura e intimidade; ela integra-se no modo como sentimos, movemos, tocamos e somos tocados, é ser-se sensual e ao mesmo tempo ser-se sexual.”
De acordo com a OMS, a sexualidade afeta a saúde física e mental, manifestandose em todo o ciclo vital, por isso os idosos necessitam que a sua busca por prazer seja respeitada. A definição da OMS lembra-nos que a sexualidade não deve ser negligenciada e que não deve ser alvo de discriminação, assim no caso dos idosos em contexto institucional não é exceção, e devemos salvaguardar o acesso aos mesmo direitos.
São muitas vezes as nossas atitudes e crenças que nos impedem de tratar com a naturalidade necessária este tema, é urgente eliminar vários mitos que nos condicionam a ter uma maior recetividade à vivência da sexualidade na 3ª idade, nomeadamente:
O idoso não está interessado em sexo. Consideramos que a vivência da expressão da sua sexualidade passa para segundo plano e que a preocupação com a sua sobrevida face às comorbidades ocupa um lugar primordial, sendo o desejo quase inexistente.
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» O idoso não é capaz de concretizar uma relação sexual. Predomina a ideia de que com o passar dos anos o individuo deixa de ter um desempenho sexual satisfatório, o facto de considerarmos que uma sexualidade completa se resume ao coito, faz com que a visão de sexualidade seja muito restritiva, principalmente no idoso. Este pode enfrentar limitações que o impedem de qualquer ato penetrativo, seja por falta de ereção, falta de lubrificação ou ate mesmo por dispareunia. O sexo não é só penetração, e muitas vezes a troca de carinhos, abraços, beijos e carícias podem ser suficientes. » O idoso pode já não reunir plenas capacidades para tomar decisões. Nem sempre conseguimos determinar a capacidade do idoso de tomar decisões sobre a sua sexualidade, no entanto podemos atuar preventivamente na segurança destes estando atentos a situações de possíveis oportunismos ou até mesmo