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Espaço Associação Nacional de Cuidadores Informais
from Resumo da revista Dignus nº7
by cie
Sexualidade e continência, uma relação de proximidade
Alexandre Frias Pinto
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Mestrado de Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). Especialista em Medicina Interna Geral (FMH, Suíça) e subespecialista em Geriatria (FMH, Suíça).
Artigo redigido no Antigo Acordo Ortográfico Asexualidade humana, independentemente da faixa étaria, é um domínio complexo, envolvendo aspectos culturais e religiosos, psicológicos e relacionais, assim como físicos, ligados ao funcionamento do nosso corpo. Mesmo no que diz respeito ao corpo humano, vários sistemas podem intervir, segundo os momentos e os indivíduos, sendo muito redutor restringirmo-nos aos orgãos genitais.
Sendo impossível abordar todos estes domínios de forma adequada num pequeno artigo, e reconhecendo a complexidade do tema em geral, inclusivamente que a sexualidade não se resume ao coito, tenciono focalizar-me num tema mais específico: a associação da incontinência urinária com a sexualidade. O objectivo deste artigo será portanto fazer um apanhado dos aspectos que podem ter em comum, como se podem influenciar e, acima de tudo, tentar transmitir a ideia que este problema não é uma inevitabilidade do envelhecimento, nem tão pouco algo sem solução.
A incontinência urinária, definida como a perda involuntária de urina numa quantidade suficiente para constituir um problema social ou de higiene (International Continence Society, 2001), pode ter muitos elementos em comum com disfunções sexuais e, mais especificamente, dos orgãos genitais e reproductores. Na realidade,
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a capacidade de nos mantermos continentes envolve muitos dos mesmos aspectos que participam na sexualidade humana. De forma resumida, para sermos continentes, necessitamos do funcionamento adequado dos seguintes grandes sistemas ou funções: » Uma bexiga capaz de se dilatar o suficiente, e de se esvaziar no momento certo; » Os esfíncteres, um sistema de contenção da urina, que possam manter-se fechados quando necessário, resistir a aumentos de pressão (por exemplo, tosse), e relaxar-se correctamente quando devem, isto associado a um sistema de esvaziamento em bom estado (comunicação entre a bexiga e o exterior); » Um sistema nervoso central e periférico intactos: a presença das estruturas responsáveis pelo controle dos elementos mencionados acima, assim como uma boa ligação e coordenação entre as diferentes estruturas, para que funcionem de forma sincronizada. Estas estruturas e nervos são praticamente as mesmas responsáveis pelo controlo e sensibilidade dos orgãos genitais e sexuais; » Cognição e humor suficientes: a capacidade para reconhecer quando devemos ir ao WC, de programarmos as nossas
Sociedade e sexualidade em idosos

Zaida Azeredo1, Assunção Nogueira2 e Ernestina Manuel3
1Médica de Clínica Geral/Medicina Familiar no Porto, Mestre em Gerontologia Social Aplicada pela Universidade de Barcelona e Doutorada em Saúde Comunitária pelo ICBAS. Membro integrado da RECI/IPiaget Viseu. 2Enfermeira, Doutorada, Professora Adjunta Principal da ESS do Vale do Sousa (CESPU), Investigadora na unidade de investigação IINFACTS, CESPU. 3Psicóloga em Angola, Mestre em Saúde e Intervenção Comunitária; Doutoranda no ISPA, Membro Investigador da RECI.
Introdução
A sexualidade humana faz parte da vida do Homem, exigindo uma maturação e adaptação ao longo de todo o ciclo vital. Assim, a sexualidade vai sofrendo transformações não só à medida que um indivíduo vai envelhecendo, mas também por mudanças socioculturais na sociedade onde este está inserido.
A forma como cada idoso vive a sua sexualidade vai depender da sociedade em que se desenvolveu, da família e de sua funcionalidade, do sexo e estado civil, mas sobretudo como viveu em criança e na adolescência a sua própria sexualidade (Pestana & Pascoa 1998).
Pode ainda depender de alterações fisiopatológicas que ocorrem com o processo de envelhecimento.
Objetivo
Baseado na literatura e na sua experiência profissional as autoras fazem uma reflexão sobre a sexualidade em idosos e seus constrangimentos à sua vivência.
Sexualidade
O conceito de sexualidade foi desenvolvido no seculo XIX por Sigmund Freud que com os seus trabalhos defendeu a teoria de que um individuo sofre um processo de desenvolvimento psicossexual (com zonas corporais eróticas específicas) que começa na criança e se estende ao longo de todo o ciclo vital, embora vá tendo expressões diferentes ao longo da vida.
Segundo a OMS (2001) a sexualidade é algo que nos motiva para encontrar amor, contacto, ternura e intimidade; ela integrase no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; é ser-se sensual e ao mesmo tempo ser-se sexual. É uma energia que motiva o Homem a encontrar amor, contacto e intimidade.
Esta organização considera a sexualidade (saúde sexual) como uma necessidade essencial ao bem-estar físico, psíquico e sociocultural de um indivíduo. O objetivo da sexualidade, é assim, a comunicação e a relação íntima com outra pessoa e não apenas a excitação e descarga da tensão sexual (OMS, 2001).
Em 2002 a OMS (OMS, 2002) consultou vários profissionais sobre o conceito de sexualidade tendo resultado a seguinte conclusão: A sexualidade é um aspeto central