ESPAÇO QUALIDADE 10
Momentos e factores críticos na implementação de Sistemas de Certificação da Qualidade por Pedro Lacerda Vale
Sendo as Auditorias uma ferramenta para a monitorização e verificação da implementação eficaz da Política da Qualidade, são também uma parte essencial das actividades de avaliação da conformidade com pressupostos anteriormente definidos pela Gestão. Em anterior artigo, abordei a “Implementação de um SGQ – Sistemas de Gestão da Qualidade – principais dificuldades”. Agora, e numa perspectiva mais dirigida, gostaria de evidenciar a minha opinião sobre alguns exemplos que geralmente se podem traduzir em dificuldades nesta matéria, tanto para as Empresas como para os Auditores.
Tende-se a construir uma estrutura sem conteúdo sustentado, visando apenas obter um certificado ao mais baixo custo, rapidamente, e muitas vezes sem a afectação dos necessários meios e recursos.
Exemplos: Para as empresas Motivações ligeiras Excessiva burocracia Mudanças superficiais
Para os Auditores Decisões da empresa, “faz de conta” para auditor ver
Deve reflectir-se com algum cuidado, de modo a tomar a decisão enquadrada nos objectivos estratégicos da empresa de forma a construir um sistema sólido e robusto.
Auditoria encarada como uma “inspecção”, como um “exame”
Tendência à acomodação Hierarquias, as responsabilidades, definições e departamentos excessivos ou mal definidos Falta de empenho efectivo da gestão de topo e das chefias intermédias Pouco envolvimento os colaboradores Reduzida utilização de ferramentas da Qualidade e de práticas estatísticas A ideia da complexidade das Normas Pouca persistência A euforia após Auditoria
Assim: 1. PARA AS EMPRESAS; › Motivações ligeiras Quando se decide enveredar pela certificação, sem a necessária reflexão, nomeadamente ao nível das mudanças organizacionais, das práticas instaladas, da definição clara de objectivos e se segue simplesmente a tendência dos incentivos financeiros, ou das exigências de clientes corre-se o risco de entrar na via do “facilitismo”.
› Excessiva burocracia Grande parte das entidades que se Certificam, queixam-se que um processo desta natureza implica muita burocracia. Na realidade não precisa de ser assim, pretendem-se sistemas “documentados” e não “sistemas documentais” É importante perceber que não são as normas em si mesmas que obrigam a criar suportes documentais muito pesados, só se justificando manter essa estrutura se for útil, por exemplo: › processos especiais (soldadura, formação, etc.) › planos de inspecção e ensaios para procedimentos operativos complexos (máquinas de controlo numérico, râmulas, etc.) Pode recorrer-se à aplicação de software de gestão documental, a fim de agilizar a gestão da documentação, ou ter como orientação a NP 4433/2003.