DOSSIER
revista técnico-profissional
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o electricista Alberto Van Zeller Membro do CPI
DREEIP
{DOCUMENTO DE REFERÊNCIA DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA A ILUMINAÇÃO PÚBLICA}
Actualmente a iluminação pública desempenha um papel fundamental no espaço urbano, proporcionando visão nocturna, funcionando como elemento de interacção social, promovendo ambiências simbólicas e psicológicas, funcionando como linguagem visual, devendo interagir e respeitar a paisagem urbana nocturna, promovendo e potenciando zonas comerciais e ser um pólo de atractividade turística. INTRODUÇÃO Hoje um sistema de iluminação pública é mais de que um processo técnico e unidisciplinar para ser um processo politico e multidisciplinar. Em Portugal, a iluminação pública representa 3% do consumo total de energia eléctrica, cerca de 1,4 TWh. Tem um crescimento médio anual próximo do restante consumo, 4/5%. O número de pontos de luz ronda os 4 milhões (fonte EDP) dos quais mais de 70% estão sob gestão da EDP ao abrigo da portaria 454, de Maio de 2001. A maioria destes pontos de luz são com lâmpadas vapor de sódio alta pressão, apesar de tudo uma das lâmpadas mais eficientes da
Exemplo de instalação pouco eficiente.
actualidade (> 100 lm/W), de luz amarelada, e muito poucas lâmpadas ineficientes de vapor de mercúrio alta pressão e com tendência a desaparecerem rapidamente. Nos municípios portugueses, a iluminação pública é responsável pelo maior consumo de energia eléctrica, nalguns casos o valor do consumo ultrapassa 70% do total consumido por esses municípios. É um facto que mais de 50% desta energia gasta não resulta em luz útil. É o resultado de más práticas de projecto, ausência de formação específica no nosso sistema de ensino, manutenção precária, utilização de níveis excessivos de iluminação por razões culturais, políticas ou erros de projecto, aplicação de conceitos e sistemas obsoletos pouco eficientes, ausência de técnicos habilitados numa boa parte dos municípios, não obrigatoriedade de aplicação de normas europeias ou nacionais, limitações inerentes ao contrato de concessão entre a distribuidora e municípios, entre outras. Sabemos que a produção de 1 KWh implica a emissão de C02 para atmosfera numa percentagem que em Portugal se situa ao redor de 420 g/KWh. No entanto, a eficiência energética na iluminação pública não
significa poupança ou restrição mas o resultado da utilização inteligente e racional da tecnologia disponível e um exercício de responsabilidade social onde não cabe uma visão meramente comercial. Perante este cenário, a Rede Nacional de Agências de Energia, RNAE, alicerçada na consultoria da OE e do CPI, propõe no início de 2010 ao Ministério de Economia, Inovação e Desenvolvimento (MEID) a criação de um documento de referência de eficiência