ARTIGO TÉCNICO-COMERCIAL
revista técnico-profissional
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o electricista Sérgio Costa Gestor de Produto Infocontrol – Electrónica e Automatismo, Lda.
QENERGIA
{PROTECÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS}
Benjamin Franklin procedeu no século XVIII a um conjunto de experiências para captar um raio de uma descarga atmosférica. Criou assim o conceito de pára-raios e o princípio de funcionamento de um sistema de protecção contra descargas atmosféricas (SPDA). Ainda hoje estes princípios são seguidos, mas foram desenvolvidas nas últimas décadas novas tecnologias que permitem antecipar uma descarga atmosférica através da emissão de um traçador ascendente antes das tradicionais pontas de Franklin. A emissão deste traçador consiste na criação de um canal ionizado que define o percurso da descarga atmosférica até à terra.
› Pára-Raios Electrónicos Incorporam um circuito electrónico que gera vários impulsos eléctricos para iniciar o processo de ionização do ar circundante. A eficácia deste sistema depende do momento exacto em que os impulsos são gerados, das características eléctricas da descarga atmosférica e do sistema de alimentação do circuito eléctrico.
Desde a década de 50 até aos anos 80 os pára-raios radioactivos eram largamente utilizados para protecção contra descargas atmosféricas. No entanto, o seu uso passou a ser condenado por comprometer a segurança de pessoas devido ao risco de contaminação e exposição à radiação emitida. Na década de 80 surgiu uma legislação que proíbe o fabrico de dispositivos deste género. A Comissão Nacional de Protecção Contra Radiações e a DirecçãoGeral de Saúde recomendaram, então, a remoção dos pára-raios radioactivos instalados.
› Pára-Raios Piezoeléctricos Contêm um elemento piezoeléctrico que gera impulsos eléctricos para ionizar o ar circundante. O vento vai comprimir o elemento piezoléctrico, gerando uma tensão mecânica que será transformada numa tensão eléctrica, aplicada a um elemento amplificador. A eficácia dos pára-raios piezoeléctricos depende do momento exacto da emissão dos impulsos que originam a ionização do ar circundante. A dependência do vento nestes sistemas tornaos altamente susceptíveis a comportamentos anómalos devido às variações das tensões mecânicas geradas pelo vento.
A recolha e armazenamento dos captores radioactivos devem respeitar as directrizes básicas de Radioactividade, sendo essencial os cuidados especiais no manuseio destes artefactos por técnicos capacitados e treinados através de empresas especializadas para evitar o risco de contaminação. A necessidade de sistemas de protecção contra descargas atmosféricas economicamente viáveis, mas também mais seguros, levou a indústria mundial de pára-raios a desenvolver novos captores ionizantes, tendo surgido os pára-raios electrónicos, piezoeléctricos e de perfil especial, diferenciando-se uns dos outros pelo processo de emissão do traçador ascendente.
› Pára-Raios de Perfil Especial A chave desta tecnologia consiste na geometria e nos materiais utilizados. O pára-raios de perfil especial adopta o princípio de funcionamento de um dieléctrico. A energia do campo eléctrico aplicada ao dieléctrico origina uma diferença potencial numa zona estratégica. Na eminência da descarga atmosférica, a diferença de potencial atinge valores suficientemente elevados que originam uma disrupção eléctrica, ionizando o ar circundante. A eficiência dos pára-raios de perfil especial depende apenas do campo eléctrico gerado pela eminência da descarga atmosférica tornando-o altamente fiável e resistente.