DOSSIER
revista técnico-profissional
o electricista
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Fernando Martins Director de Serviços . Securitas Systems
concepção de um sistema de videovigilância
Quando em 1949 é fundada a Securitas Alarm para ir ao encontro do mercado no que se refere ao interesse por tecnologias de segurança, tendo em vista o complemento dos serviços de vigilância humana, Erik Philip-Sörensen estaria longe de pensar que um dia as ruas iriam deixar de ser patrulhadas pelos seus vigilantes, e em vez disso existiriam câmaras de videovigilância a fazer o mesmo trabalho. Contudo, é extremamente redutor pensar na videovigilância apenas com o objectivo de reforçar ou substituir o olhar directo de um vigilante ou agente da autoridade. Muitas são as funções que um sistema de videovigilância pode desempenhar, e muitas são as que nem estão relacionadas com a função de simples monitorização ou gravação de imagem, ou algumas nem tão pouco têm a ver com a prevenção de actos antisociais, como os que criam a necessidade de implementar soluções de segurança privada, e que originalmente feita por vigilantes, começou a utilizar meios técnicos, tal como as imagens de vídeo. Este artigo aborda estas funções da videovigilância atrás referidas, numa perspectiva de ajudar ao desenho de sistemas destes, numa abordagem que permita dar exemplos práti-
cos a projectistas e instaladores que utilizem estes equipamentos no seu trabalho.
O DESENHO DE SISTEMAS DE VIDEOVIGILÂNCIA O desenho de sistemas de videovigilância é um tema subjectivo, pois pessoas diferentes tendem a desenhar sistemas diferentes, não sendo necessariamente uns melhores que outros. Tem de se pensar em duas coisas muito simples: na imagem que se quer ver e em como é possível ver essa imagem, começando por tentar fazê-lo com os nossos próprios olhos. Tipicamente um sistema de videovigilância é desenhado para identificar alguém durante um determinado acto. Faz-se o reconhecimento do espaço, e identificam-se os melhores locais para a colocação de câmaras. É seleccionado um local para as imagens serem monitorizadas em tempo real e à posteriori se necessário, e dimensiona-se o espaço de gravação em disco rígido, conforme a qualidade de imagem que se pretende. Também tipicamente, poucas pessoas ligam às câmaras e o que tem de acontecer, de lícito ou ilícito, acontece na mesma. Mas quando por exemplo no mesmo espaço se coloca vários monitores de dimensões generosas, que pode ser numa situação próxima de toda a gente poder ver o que toda a gente está a fazer, pode ser o suficiente para que o sistema se torne eficiente. O melhor exemplo disto são os espaços comerciais, onde nomeadamente em lojas de vestuário já todos repararam que o desenho do sistema de videovigilância se aproxima mais ou menos deste exemplo. Em sistemas com grande quantidade de câmaras é comum a necessidade de haver uma sala onde as imagens possam estar a ser monitorizadas em tempo real, como o caso de um centro comercial ou um aeroporto. As câmaras são muitas, o movimento de pessoas é elevado e é necessário identificar rapidamente alguma ocorrência onde seja necessário intervir. É sabido que quando um operador, de uma destas salas de segurança, está a olhar para imagens nos monitores, não estará necessariamente a ver alguma coisa, pois as imagens a verificar são muitas. Isto reduz imenso a eficácia de um sistema. O sistema tem de ser desenhado para que o operador apenas tenha de ver imagens quando alguma anomalia ocorre. O problema é como será isto possível? Como se pode saber a imagem que se quer ver, sem ser através do reconhecimento do espaço onde esta ocorre, tal como atrás se disse que seria necessário fazer?