Qualidade do ar: o ar - parte I

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FORMAÇÃO

revista técnico-profissional

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o electricista Texto cedido por Soler & Palau, Lda.

qualidade do ar

{O AR - PARTE I}

O ar é essencial para a existência dos seres vivos. Além disso, os seres humanos exigem certas condições que garantam a higiene do referido ar e um conforto adicional. O ar exterior é composto, essencialmente, por dois elementos, o Oxigénio e o Nitrogénio, e por outros gases cujas percentagens constam da Tabela 1. Se estes gases não ultrapassarem os valores da Tabela 2, pode considerar-se que o ar está “limpo”. Infelizmente, é comum os valores se elevarem muito acima destes limites, sobretudo nas grandes cidades, originando o ar “contaminado”, conforme indicado na segunda coluna da mesma tabela. Como é do conhecimento geral, a ventilação substitui uma parte do ar interior que se considera indesejável pela sua pureza, temperatura, humidade, odor, etc. por outro exterior, em melhores condições. Mas se o ar exterior estiver contaminado, é necessário recorrer à depuração para reter os elementos contaminantes, como se mostra no esquema da Figura 3. Com a crise do petróleo, em 1973, todos os países industrializados estabeleceram normas para conter o consumo de energia, especialmente o ligado aos sistemas de aquecimento e refrigeração. Aumentou-se o poder isolador das paredes e coberturas e melhorou-se o fecho de portas e janelas, para evitar as perdas por convexão. Em resumo, apareceram os edifícios herméticos, dotados de sistemas mecânicos de ventilação. Mas, para contribuir para a poupança de energia, fez-se a reciclagem de parte do caudal de ar extraído em percentagens crescentes até alcançar limites exagerados. Além disso, se não se limparem e desinfectarem as instalações regularmente, o que é habitual, prolifera a difusão de contaminantes e microrganismos em todo o edifício.

COMPONENTES DO AR SECO (1’2928 Kg/m3, a 0º C 760 mm) Símbolo

Em Volume %

Conteúdo no Ar (g/m3)

Nitrogénio

N2

76,08

976,30

Oxigénio

O2

20,94

299,00

Árgon

Ar

0,934

16,65

Dióxido de Carbono

CO2

0,0315

0,62

0,145

0,23

100,000

1292,80

Outros

Tabela 1

Ar contaminado μg/m2 Média anual numa grande cidade

Ar limpo μg/m2 Óxido de Carbono CO

máx. 1000 4

6000 a 225000

Dióxido de Carbono CO2

máx. 65.10

65 a 125.104

Dióxido de Enxofre SO2

máx. 25

50 a 5000

Comp. de Nitrogénio NOx

máx. 12

15 a 600

Metano CH4

máx. 650

650 a 13000

Partículas

máx. 20

70 a 700

Tabela 2

AR EXTERIOR

O leitor risonho da Figura 2, satisfeito por se ter isolado do exterior com uma janela hermética, evitando assim a entrada de contaminantes, poeiras e ruído, começará a sofrer, dentro de pouco tempo, de alergias, irritações, ardor nos olhos e enxaquecas. O homem moderno passa mais de 80% do seu tempo dentro de locais fechados, pelo que os factores referidos têm consequências imediatas: aumentam as doenças alérgicas e pulmonares e aumenta bastante a rapidez de difusão das doenças infecciosas entre os utilizadores de um mesmo imóvel, sobretudo se este dispõe de um sistema de ar condicionado. Nos EUA, produziram-se 150 milhões de dias/ano de absentismo laboral enquanto a OMS estima que cerca de 30% dos edifícios novos ou recuperados sofram deste defeito. Se os ocupantes que se sentem afectados chegarem a 20%, diz-se que se trata de um “edifício doente”.

Figura 1

Existem diversas causas que contribuem para esta situação, mas elegeu-se como principal e indiscutível uma ventilação insuficiente e inadequada. Em 1968, 144 pessoas de um edifício ligado ao Ministério da Saúde, em Pontiac, Michigan, EUA, contraíram uma doença


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