ARTIGO TÉCNICO
revista técnico-profissional
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o electricista
Custódio Dias Departamento de Engenharia Electrotécnica (DEE) do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP)
luminotecnia
{A LUZ E A COR} QUINTA PARTE
A percepção da cor é muito importante numas situações e pouco noutras. À primeira vista pode parecer que a percepção da cor depende apenas da coloração que possuem os objectos que estão a ser observados, mas isso não é verdade. A percepção de cor depende da luz que esta a iluminar os objectos observados.
1› INTRODUÇÃO Na escolha das fontes luminosas é necessário ter em consideração as necessidades de percepção da cor na área a iluminar. Há situações em que a correcta percepção da cor não é importante, esse é o caso da circulação rodoviária, por exemplo, em que o importante é perceber a existência de veículos, peões e obstáculos, não interessando qual a sua cor. Pelo contrário, há outras situações, tais como uma galeria de exposições ou uma simples vitrine, em que a correcta percepção da cor é fundamental para o sucesso da iluminação. De acordo com as necessidades de percepção, assim se deverá escolher uma fonte luminosa ou outra. Vamos neste trabalho explorar os conceitos relacionados com a cor, de forma a compreender a influência da luz sobre a percepção da cor.
2› CONCEITO DE COR É muito difícil dar uma definição exacta do que é a cor, porque este conceito se presta a uma dupla interpretação. Por um lado, a cor é um fenómeno físico e, como tal, como qualquer fenómeno físico pode ser medido. Por outro lado, a cor é uma sensação, ou
A radiação luminosa pode ser entendida como um fenómeno ondulatório, pelo que todos os conceitos relativos às ondas, introduzidos na parte inicial do artigo ABC das ondas electromagnéticas presente neste número da revista, se lhe aplicam. Podemos então falar de espectro da luz, de comprimento de onda, etc.
efeito da mistura de duas ou mais cores, com intensidades variáveis. Isto é o que acontece com a luz do sol que é uma mistura, em determinadas proporções, das seis cores referidas no parágrafo anterior. Uma forma simples de comprovar que a luz solar não constitui uma cor pura, mas é uma mistura, é fazê la incidir sobre um prisma triangular de cristal (figura 1). O feixe de luz solar incidente ao penetrar no prisma vai decompor se nos diversos comprimentos de onda devido ao fenómeno de refracção, que faz com que comprimentos de onda diferentes sofram desvios diferentes no interior do prisma.
O efeito da radiação luminosa varia com o seu comprimento de onda , ou seja, a cada comprimento de onda corresponde uma determinada de cor. Os limites de percepção do olho humano estão compreendidos entre 350 m e 760 m. Acima e abaixo destes limites, também existem radiações, só o olho humano não as consegue perceber. Começando pelo comprimento de onda de 350 m a sequência das sensações visuais são: violeta azul verde amarelo laranja roxo.
Figura 1 . Decomposição da luz solar
Para além destas cores simples, existe uma infinidade de sensações visuais que são o
As radiações luminosas de menor comprimento de onda (350 m) sofrem maior
seja, é a resposta a um estímulo luminoso, que se capta através de um orgão sensorial (o olho) e que depois é percebida pelo cérebro. A cor deve, então, ser estudada nesta dupla perspectiva.
3› ESPECTRO LUMINOSO