ESPECIAL ENDIEL - ENTREVISTA ANIMEE
revista técnico-profissional
o electricista
108 Sandra Ribeiro
ANIMEE
{SECTOR ELÉCTRICO E ELÉCTRÓNICO - QUE PRESENTE, QUE FUTURO?} Numa altura conturbada, como aquela que o país está a atravessar, o ENDIEL 2005 servirá para agitar um sector que parece estar adormecido e onde já não restam muitos fabricantes nacionais. Um lugar por excelência para realizar negócios, que poderá impulsionar as vendas até ao primeiro semestre de 2006. A ANIMEE, Associação Portuguesa das Empresas do Sector Eléctrico e Electrónico, organizadora do evento em parceria com a Exponor, foi a entidade convidada pela revista "o electricista" para nos traçar o ponto de situação que o sector Eléctrico e Electrónico atravessa e fazer a antevisão do ENDIEL 2005. Assim, e na qualidade de Director-Geral da ANIMEE, o Dr. Rui Sobral Costa, será o nosso interlocutor nesta entrevista.
Qual a representatividade da ANIMEE no sector Eléctrico e Electrónico português? A representatividade da ANIMEE no sector Eléctrico e Electrónico advém das mais de 110 empresas, suas Associadas, que podemos configurar em 50% de PME e 50% de grandes empresas, com um valor de produção, em 2004, superior a 4 600 milhões de euros, e uma exportação na ordem dos 3.800 milhões de euros, empregando 35.000 trabalhadores, muito embora nos últimos 5 anos, se tenham perdido no Sector, mais de 13.000 postos de trabalho. Como caracteriza a indústria portuguesa de material Eléctrico e Electrónico? A indústria portuguesa de material Eléctrico e Electrónico é, hoje, muito mais reduzida do ponto de vista da diversidade dos sectores. A par de grandes empresas como a Siemens e a Efacec que apresentam um crescimento sustentado, baseado na Engenharia, no Design e na Tecnologia, outros subsectores, como o das Cablagens, apresentam claros riscos de redução drástica de mão de obra, em função das deslocalizações da Produção, já efectuadas, e de outras que são previsíveis. Algumas PME portuguesas apresentam casos de sucesso como são o caso da Schréder e da E.E.E. - Iluminação,
mas o facto é que cada vez temos menos unidades industriais, o que, seguramente, tem merecido por parte da ANIMEE uma forte crítica aos diversos Governos. Entendemos ser esta uma área a privilegiar no desenvolvimento do País, que sem os sustentos das Pescas nem da Agricultura não poderia ser só a mais valia do Comércio e parte dos Serviços, o crescimento de Portugal. O sector apresenta assim as mais diversas situações conforme as áreas de negócio, mas são cada vez menos as empresas ditas industriais que se apresentam em Portugal. Qual o peso exportador e importador da indústria portuguesa de material Eléctrico e Electrónico? Em referência aos principais países para onde se destinam as exportações do sector é de salientar em 1.º lugar a Alemanha com 24%, para a Espanha 15% e França 11%; significando portanto, aqueles 3 mercados, acerca de 50% das exportações. É de salientar, no entanto, que o valor das importações no sector também subiu e aos três países referidos, corresponde um valor de importações de cerca de 62%.
Quais são as ameaças que se colocam hoje a este sector? Se há subsectores que exportam para Espanha, para a UE e ainda outros países terceiros, outras empresas não encontram nem produtos, nem preços para se defrontarem com a crescente invasão da China e do Sudeste Asiático, que melhoraram claramente a respectiva qualidade e tecnologia, com preços impossíveis de acompanhar por parte dos fabricantes nacionais. Muitos daqueles países, com um dumping social acentuado, têm ainda subvenções à produção, e com preços de matérias-primas pré-fixados, ao contrário do que ocorre com os mercados de metais em constante subida, e totalmente fora do controle dos produtores dos diversos equipamentos. Mas nós também temos alguma culpa... É importante preservar, através de Organizações não estatais como são a CERTIEL (no domínio da certificação das instalações eléctricas e respectiva inspecção), da APCER (certificação de empresas e pessoas) ou da CERTIF (certificação de produtos), uma competitividade cada vez mais exigente dos mercados. Infelizmente, assistimos também, no domínio das compras do sector público, à aplicação de regras em que parece somente