Análise comparativa de 4 tecnologias domóticas

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DOSSIER

revista técnico-profissional

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o electricista Renato Jorge Caleira Nunes Instituto Superior Técnico / INESC-ID

análise comparativa de 4 tecnologias domóticas Neste artigo abordam-se quatro tecnologias que podem ser aplicadas ao controlo e automação de habitações, nomeadamente, o X10, o CEBus, o LonWorks e o EIB / KNX. Estas tecnologias são das mais representativas actualmente, seja pela sua divulgação, pelas suas características técnicas e pelo facto de serem normalizadas a nível internacional ou de utilização livre. Estas tecnologias competem entre si, disputando o mercado, não existindo nenhuma que se possa considerar dominante. Procura-se neste artigo fazer uma análise comparativa das principais características de cada uma das tecnologias mencionadas, salientando-se os aspectos positivos e negativos de cada uma delas. Detalham-se aspectos técnicos ao nível dos protocolos de comunicação como, por exemplo, os meios de transmissão usados, o formato das mensagens e tipo de comandos suportados, ritmos de comunicação e capacidade de expansão dos sistemas. Por último é feita também uma abordagem de alto nível, procurando-se ilustrar como é constituído um sistema típico e como são configuradas as funcionalidades desejadas e que potencialidades são oferecidas. INTRODUÇÃO A domótica é uma área muito interessante que tem vindo a atrair um número crescente de pessoas. Está ligada ao controlo e automação de habitações, tendo como objectivos fundamentais oferecer um maior conforto e maior segurança, seja a nível da detecção de situações de emergência, tais como incêndios ou fugas de gás ou água, seja a nível da detecção e sinalização de situações de intrusão. No tocante ao conforto, as possibilidades são imensas referindose, por exemplo, a possibilidade de controlar a iluminação, o aquecimento ou ar-condicionado, o subir e o descer dos estores e o ligar e o desligar de equipamentos de acordo com programações horárias. Outra vertente também importante refere-se à gestão racional da energia (electricidade e gás, por

exemplo) e de outros recursos, como a água potável, com vista a optimizar os gastos e permitir poupanças. Torna-se também viável a gestão de meios de produção de energia na própria habitação, tais como painéis fotoeléctricos ou de aquecimento de água ou a gestão de mini-aerogeradores. Um outro aspecto que possui uma relevância crescente na nossa sociedade, em que a população idosa não pára de crescer, consiste em mecanismos de suporte às pessoas de idade mais avançada ou pessoas com restrições físicas, permitindo automatizar tarefas periódicas e reduzir as actuações físicas (ligar a luz, abrir a porta, subir o estore) e servir de auxiliar de memória chamando a atenção, por exemplo, se a porta da rua ficou aberta, se o fogão está ligado ou se está na hora de tomar os medicamentos.

Embora os benefícios associados à domótica sejam vários e genericamente reconhecidos, a penetração da domótica, em termos de mercado, tem sido pequena. As razões para este facto são múltiplas, podendo ser apontadas razões de ordem tecnológica, de ordem económica e factores humanos ligados à apetência por este tipo de tecnologias, facilidade de utilização e percepção do grau de utilidade. Em termos tecnológicos convém referir que existem soluções satisfatórias desde há cerca de três décadas. Porém, a existência de múltiplas alternativas, incompatíveis entre si, dificultou o processo de implantação. Para procurar ultrapassar estes problemas surgiram vários movimentos de normalização que deram frutos na década de noventa. De sa-


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