Transtorno neurocognitivo: quais são as implicações?

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24 | Dossier sobre Perturbações Cognitivas e Envelhecimento

Transtorno neurocognitivo: quais são as LPSOLFD©·HV" 1

Mafalda Silva e 2José Manuel Silva

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Professora adjunta na Escola Superior de Saúde Santa Maria e enfermeira especialista em Saúde Mental

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Presidente do Conselho de Direção da Escola Superior Saúde Santa Maria e da Caregivers Portugal - Associação Portuguesa de Cuidadores

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envelhecimento populacional tem crescido de forma exponencial nos últimos anos. Verifica-se o aumento da esperança média de vida e da melhoria da qualidade de vida resultante de melhores condições socioeconómicas e dos avanços da medicina que tem contribuído para o progressivo aumento de doenças crónico-degenerativas e incapacitantes com elevados graus de dependência física e mental, entre elas o Transtorno Neurocognitivo. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que em todo o mundo existam 47,5 milhões de pessoas com transtorno neurocognitivo, número que pode atingir os 75,6 milhões em 2030 e quase triplicar em 2050 para os 135,5 milhões. O transtorno neurocognitivo devido a Alzheimer assume,

neste âmbito, um lugar de destaque, representando cerca de 60 a 70% de todos os casos de transtorno neurocognitivo (World Health Organization [WHO], 2015). Segundo o relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) publicado em novembro 2017 “Health at a Glance 2017” Portugal é considerado o 4.º país com maior número de casos por cada mil habitantes. Estima-se cerca de 205 mil pessoas com demência em Portugal. A média da OCDE é de 14,8 casos por cada mil habitantes e em Portugal a estimativa é de 19,9. As estimativas apontam para que até 2037 o número de caos subirá para os 322 mil casos. O transtorno neurocognitivo é uma síndrome, que implica deterioração da cog-

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nição, alterações do comportamento e prejuízo funcional (American Psychiatric Association, 2013). A evolução progressiva é fundamental para a estimulação cognitiva com o envolvimento das pessoas afetadas nas atividades de vida diária, de forma a manter as suas capacidades o maior tempo possível. Do ponto de vista clínico, o transtorno neurocognitivo inicia-se por volta dos 65 anos com a presença de estruturas anormais, de placas amilóides, que se acumulam no cérebro de forma progressiva e irreversível, que vai levando à destruição progressiva dos neurónios. A instalação de um quadro inicial insidioso dificulta a perceção dos cuidadores para esta situação clínica atempadamente. De acordo com a literatura são observadas as diferentes fases no transtorno neurocognitivo desde o défice cognitivo ligeiro; a fase ligeira, moderada e grave. Os cuidados prestados devem adaptar-se, necessariamente, a cada uma das fases, sendo fundamental uma avaliação cuidada das necessidades de cada pessoa, de forma a planear e desenvolver intervenções específicas e adequadas a cada caso. É também importante o reforço das capacidades e competências dos familiares e cuidadores que permita adequá-los melhor à sua forma de atuar e reagir a cada situação e manter a qualidade das relações familiares. De acordo


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