A hidratação no idoso

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14 | Nutrição

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Assim, é necessário ter em atenção todos estes contributos para a manutenção da hidratação da população sénior. A desidratação é muito comum nos idosos portugueses principalmente em idades superiores a 85 anos (Bernstein, 2012), pelo que é uma realidade a combater. Amiúde os indivíduos desta faixa etária apresentam fatores de risco patológicos, iatrogénicos, sociais bem como ambientais, os quais se conjugam com as alterações fisiológicas próprias do processo de senescência, propiciando assim uma maior suscetibilidade a este distúrbio hidroeletrolítico. Por conseguinte, é de suma importância identificar os fatores de risco e os sinais de que o estado hídrico da pessoa idosa está comprometido. Fatores de risco de desidratação em idosos (Ferry, 2005)

Susana Arranhado Nutricionista e docente na Escola Superior de Saúde do Politécnico de Leiria e na Escola Superior de Saúde Ribeiro Sanches

Idade superior a 85 anos Redução da perceção da sede Falta de acesso a bebidas

É

sabido que a alimentação e a nutrição no geronte assumem um papel preponderante, tal como a hidratação, muitas vezes esquecida. A hidratação é um tema tão importante, quanto necessário, com especial relevo no idoso, pois os efeitos deletérios têm particularidades muito próprias e podem manifestar-se de formas distintas, conferindo dificuldade ao diagnóstico da desidratação. À semelhança da generalidade dos mamíferos, a água é um componente fundamental, apresentando o organismo humano um conteúdo em água entre 65 a 70%, que varia consoante a faixa etária, com inferior expressão nos idosos (50 a 55%). Das alterações fisiológicas próprias do envelhecimento fazem parte, entre outras, a diminuição da massa muscular e o aumento da massa gorda. A massa magra contém cerca de 73% de água, enquanto a massa gorda, apenas 10%. Aos 60 anos, cerca de 20% da água ligada à massa muscular perde-se (Ferry & Alix, 2004). Com o envelhecimento, ocorre uma redução de 0,3 L/ano desde a idade adulta até cerca dos 70 anos. É a partir desta idade que essa diminuição é mais acentuada, estando associada à perda de massa magra

Problemas cognitivos

caraterística desta faixa etária. Portanto, o indivíduo idoso vai apresentar uma diminuição da quantidade total de água corporal, associada à perda de massa magra. Deste modo, os idosos são um dos grupos etários mais suscetíveis à desidratação (as crianças e os portadores de patologias como a diabetes também) e pode até referir-se que o idoso é, tendencialmente, desidratado. São inúmeras as funções da água, entre as quais se destacam a regulação da temperatura corporal, a manutenção da pressão arterial pela volémia, constituinte principal do sangue e linfa (atuando como transportador de nutrientes, hormonas e outros compostos), eliminação de resíduos metabólicos através da urina, além de ter uma participação ativa em reações metabólicas e ser essencial para os processos fisiológicos de digestão e absorção, uma vez que é componente dos sucos digestivos. Importa referenciar que o estado hídrico não está apenas dependente da ingestão de líquidos. É, pois, também influenciado pela água presente nos alimentos consumidos e, em menor parte, pela água que provem do metabolismo de oxidação dos alimentos (Instituto de Hidratação e Saúde; Ferreira, 2005).

Problemas de comunicação Problemas de deglutição Falta de apetite Medicação como diuréticos, laxantes e sedativos Patologias agudas como febre, vómitos ou diarreia Viver sozinho Mobilidade reduzida Problemas visuais Falta de atenção e informação dos cuidadores

Pese embora a ausência de definição, entende-se por desidratação, a depleção de água corporal total devida a perdas patológicas de fluidos, à diminuição do consumo diário de água ou a uma combinação destes, e pode ser classificada em desidratação: isotónica, hipertónica e hipotónica. Resumidamente, a desidratação isotónica caraterizase por uma perda equilibrada de água e de sódio, com diminuição do volume do compartimento extracelular e aumento da viscosidade sanguínea, com natural prejuízo para a circulação. Este tipo deve-se principalmente a diarreia e vómitos. A desidratação hipertónica, também denominada hipernatrémica ou intracelular, carateriza-se por uma diminuição excessiva de água e, consequentemente, hiperosmo-


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