Cuidadores Formais

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12 | A Voz de

Cuidadores Formais Alexandra Rodrigues

Diretora Técnica do Centro Social Paroquial de Mogos, Carrazeda de Ansiães

“Tudo que existe e vive precisa ser cuidado para continuar a existir. Uma planta, uma criança, um idoso, o planeta terra. Tudo o que vive precisa ser alimentado. Assim, o cuidado, a essência da vida humana, precisa ser continuamente alimentada. O cuidado vive do amor, da ternura, do carinho, da convivência e da formação.” (Boff, 1999)

Há 12 anos a gerir uma equipa de 26 Cuidadores Formais, considero que tenho mais do que experiência para falar deste tema, que carece de um acrescido interesse devido à importância dos cuidados às pessoas idosas, que principalmente no final de última década foram transferidos para as instituições. Antigamente as famílias cuidavam dos mais velhos, atualmente e devido a múltiplos fatores conhecidos por todos, como seja emancipação do papel da mulher, a sua profissionalização, alteração da estrutura familiar, exigência dos cuidados aos idosos decorrentes das “novas” doenças que foram surgindo, e acima de tudo a necessidade dos cuidados serem prestados por profissionais especializados, com saber, essencialmente sobre o envelhecimento e tudo que está relacionado com o mesmo. Nas Instituições Particulares de Solidariedade Social que conheço e no meu ponto de vista, de nada vale uma direção empenhada, uma Diretora Técnica cheia de saber, quando a equipa de Cuidadores Formais não funciona, está desalinhada, não conhece a missão, visão, valores, quando não tem um perfil de intervenção gerontológico. Os Cuidadores Formais estão na primeira linha. Na primeira linha de intervenção com os utentes quando lhe fazem uma higiene, quando os alimentam, quando os posicionam, quando lhes fazem uma transferência, quando os levam a uma consulta, a passear, quando atendem um telefonema a um fami-

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liar, quando reportam uma situação à enfermeira, à Diretora Técnica, à direção. Os Cuidadores Formais são o ponto essencial da intervenção gerontológica nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas. E, tal como referi, estes cuidadores devem cumprir um perfil, elencado por uma série de caraterísticas que os permitam conseguir intervir: » Compreender o envelhecimento: formação intensiva sobre o funcionamento da área em que o cuidador intervém, como sejam as ERPI (Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas, CD (Centros de Dia) e SAD (Serviço de Apoio Domiciliário). A maioria dos/as cuidadores/as desconhece qual o seu papel e a missão e valores destas respostas sociais. » Nível de escolaridade: um/a cuidador/a com escolaridade poderá ser um fator positivo no melhor executar das tarefas, ou seja, auxílio na toma da medicação, acompanhamento do/a idoso/a a consultas médicas, capacidade para compreender e transmitir orientações médicas, entre outros. » Ter formação na área do Trabalho Social e Orientação, bem como especia-

lizar- se em Agente de Geriatria, para que possa criar uma relação de atenção, respeito, cuidado e satisfação com os/as idosos/as. No entanto, ainda há muitas instituições no país que contratam estas pessoas, sem escolaridade, e sem formação, somente porque fica mais barato contratualizar um Contrato Emprego Inserção (os conhecidos CEI, que nem sequer podem contar para o quadro do pessoal, segundo as orientações da Segurança Social), por conhecimentos, dívida de favores, por serem familiares ou conhecidos, o que acarreta na realidade muitos problemas, uma vez que estes depois não são capazes de responder às necessidades das famílias e dos/as idosos/as. Não sabem transmitir uma informação, registar uma ocorrência, guardar sigilo (muitas vezes nem sabem o que a palavra significa), entre outras situações muito graves. » Paralelamente a maioria das instituições de Portugal, segundo dados da CNIS (2016) não tem implementado o sistema de avaliação de desempenho. Os colaboradores não sabem onde estão e para onde querem/devem ir, ao nível de objeti-


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