A importância da formação na sustentabilidade das organizações sociais e adequabilidade às necessida

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A Voz de | 9

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Ricardo Pocinho, 1Vanessa Póvoa, 1,2Cristóvão Margarido, 1,2Rui Santos e 3Pedro Carrana

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Escola Superior de Educação e Ciências Sociais - Politécnico de Leiria, 2Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais (CICS.NOVA) - Politécnico de Leiria, 3ISEC - Politécnico de Coimbra

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om o atual quadro económico tornou-se perentório para as organizações adquirirem maior visibilidade e procurarem um maior nível de sustentabilidade. Esta é uma necessidade real e sentida nas organizações sociais, e deve-se, entre outras razões, ao acelerado ritmo de desenvolvimento tecnológico e científico, que tem provocado sucessivas reestruturações nas empresas e instituições, encontrando-se este desenvolvimento como pano de fundo na importância da qualificação profissional para o sucesso das organizações. Os anos 80 foram determinantes para uma mudança na abordagem em direção à profissionalização da gestão das Organizações Sem Fins Lucrativos (OSFL), como as organizações sociais. Segundo alguns autores, a dependência dos recursos públicos (em escassez), a competitividade instalada e a evolução dimensional das próprias organizações são apenas alguns fatores que as levaram a procurar as melhorias que justificassem a obtenção de recursos e a própria razão da sua existência (Anheier, 2000; Bernardes, 2008; Cunningham, 2001; 2005). Os recursos humanos, e evidentemente a sua gestão, vive atualmente uma situação desafiante do qual se sublinham as seguintes fontes de preocupação: (a) a existência de competição por trabalhadores qualificados, que constitui uma vantagem competitiva o facto de haver um quadro profissional

competente e alinhado aos valores da organização (Anheier, 2000), os profissionais com reconhecimento e qualidade a nível laboral faz com que se sintam valorizados, mas também tornam-se alvo de interesse por outros setores do mercado de trabalho; (b) a atração e retenção de empregados, uma vez que ao aumentar a concorrência, pressupõe-se a importância basilar de conseguir atrair mas também reter os bons profissionais; (c) o desenvolvimento de competências adicionais, isto é, os requisitos de competências tem aumentado, o que exige a melhoria contínua dos trabalhadores neste âmbito (o que também envolve a motivação, por exemplo); (d) existência de financiamento para formação, não obstante o reconhecimento da necessidade do desenvolvimento das competências dos recursos humanos, nem sempre os recursos estão disponíveis (e esta é, em momentos contextuais críticos, uma das áreas mais afetada); (e) segurança no emprego, uma vez que pouca segurança no emprego faz com que os trabalhadores procurem oportunidades em empregadores que lhes proporcionem mais estabilidade, melhores condições de trabalho e de desenvolvimento; (f) oportunidades limitadas de progressão na carreira – a estrutura horizontal destas entidades permite espaço para as chamadas promoções, tornando desafiante oferecer aos trabalhadores as soluções

alternativas que afetem, minimamente, o nível de satisfação com o próprio trabalho. Nas organizações sociais são os seus profissionais que fazem a instituição. Neste sentido, é importante e necessário que os seus dirigentes apostem nas formações destes, de forma a aumentar a qualidade dos serviços e das respostas sociais. Não cabe à instituição apenas a promoção de formação, a instituição tem cada vez mais um papel proeminente na constituição do capital humano e dos seus trabalhadores. Segundo De Sá (2010), a formação dos dirigentes e colaboradores das organizações sociais responde, simultaneamente, a dois aspetos essenciais: um organizacional, uma vez que permite colmatar uma necessidade de melhoramento das condições de produção de bens e de serviços; e outro individual, que diz respeito ao compromisso de desenvolvimento do capital humano assumido. A literatura tem revelado, de facto, que a formação é vista como essencial para a sobrevivência das OSFL, pois é considerada como um ponto-chave para a conquista de eficácia e eficiência no setor (Akingbola, 2006; Almeida, 2011; Cunnigham, 1999; Sousa, 2011). A importância e relevância da formação nas organizações sociais parece estar relacionada com a necessidade provocada pelas constantes mudanças do ambiente, que exigem às organizações capacidade de adaptação, inovação e criação de estratégias para que se tornem competitivas. Neste sentido é crucial garantir o desenvolvimento e a utilização de capacidades de nível elevado (Saunders, 2004). A formação constitui, também, o elemento de ligação entre a motivação intrínseca dos colaboradores e a missão da própria organi-

“A formação na área social é a chave para os profissionais que trabalham nas organizações sociais que dão apoio aos idosos.”


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