Entrevista | 39
António Malheiro “A comunicação permanecerá sempre!” texto por
No dia 01 de abril de 1986 nascia a Publindústria – Produção de Comunicação, a primeira empresa portuguesa totalmente dedicada à imprensa técnica, uma lacuna do mercado português identificada por António Malheiro que se tornou num sonho e num projeto que duram até hoje. Ao longo dos anos foram surgindo revistas e livros nos trilhos das indústrias metalomecânicas, elétricas, construção e, mais recentemente, agroalimentar, e assim foi sendo construído um grupo de comunicação técnica, onde a partilha de conhecimento e a relação com as universidades são pilares fundamentais. Trinta e cinco anos volvidos e António Malheiro identifica agora o Grupo Publindústria como um conjunto de empresas focadas na difusão do conhecimento técnico e científico, sendo este apoiado por uma forte relação entre a indústria e as instituições de ensino. Parabéns, Publindústria! Dignus: No mesmo ano em que Portugal entrava na CEE, nascia a Publindústria como editora de revistas e livros técnicos. Como surgiu a ideia para este projeto? António Malheiro (AM): Sempre tive a ideia de lançar um negócio próprio. Uma empresa de comunicação foi a circunstância que o ditou e não, de todo, uma ambição de partida. A entrada na CEE, sim. Naquele tempo vivia-se no país uma onda de ambição empreendedora bem presente na quantidade de registos de empresas que tinham referência à Europa na sua designação social. No caso, a circunstância (o lançamento da empresa de comunicação) decorre da experiência e vivência que eu tinha acumulado ao serviço da Revista TecnoMetal, uma publicação da Associação da Indústria Metalomecânica do Norte que ainda existe e na qual trabalhei em regime liberal durante quatro ou cinco anos. Os inputs que então ia recebendo na presença em feiras europeias, onde ia ao serviço da Revista TecnoMetal, sinalizou-me um défice de oferta em Portugal de imprensa especializada. Foi o clique! Dignus: É o projeto da sua vida? AM: Nunca encarei a vida pelo prisma de ambição e realização pessoal.
O meu projeto de vida estava, e está alinhado, em etapas e vai-se realizando de forma cumulativa numa abrangência que passa pela Publindústria, a família e a docência. A carreira profissional de professor que exerci durante 35 anos, e da qual me reformei depois de atingir o topo da carreira e a exaustão face à degradação das condições e estatuto da docência, é a única etapa que está totalmente encerrada.
Helena Paulino
Dignus: Em que etapa está agora? AM: Neste momento estou a fazer a transição geracional da Publindústria no quadro de uma estratégia que há anos tinha na cabeça. Esta passa por dar participação aos meus colaboradores na estrutura societária dos negócios do grupo e partir para outra etapa, que é viver sem agenda e sem relógio! Mais disponibilidade para mim, para a família e para os amigos, mas sem me deixar cair na armadilha de ser apanhado pelo stress do tédio. Trabalho remotamente e cumulativamente faço horticultura em Freixiel, Vila Flor, onde tenho uma propriedade agrícola que herdei dos meus sogros e onde já plantei centenas de árvores florestais. Dignus: Nessa transição geracional, qual o papel da família? AM: Quando lancei a Publindústria, a minha mulher entrou em pânico, ao que se sucedeu uma atitude preventiva de controlo financeiro apertado, dado o sentimento de risco associado à decisão. Compreendo o