24 | Dossier sobre sexualidade
Sexualidade e envelhecimento Carolina Antunes e Joana Alves Gerontóloga. Membros da Direção da Associação Nacional de Gerontólogos
O “(...) não se envelhece da mesma forma e ao mesmo ritmo como tal, cada pessoa encara o envelhecimento de forma distinta e a forma como vive a sua sexualidade.”
envelhecimento populacional é uma realidade mundial e na sociedade contemporânea. De acordo, com o aumento de longevidade da população portuguesa e, segundo as estimativas do Conselho da Europa, a população portuguesa terá, em 2050, 2,5 idosos com 65 anos ou mais anos para cada jovem com menos de 15 anos. No contexto português, caraterizado pelo progressivo aumento da expectativa de vida e, consequentemente, pelo aumento da longevidade, o processo de envelhecimento, é atualmente, uma área com particular interesse social, sobretudo pela importância que este fenómeno assume, também, na área económica, política e cultural. Para além dos dados demográficos e das projeções realizadas, torna-se fulcral que as pessoas mais velhas vivenciem o seu processo de envelhecimento com qualidade de vida e com saúde, mantendo a sua plena autonomia de vida e normalidade física, psicológica, cognitiva e social, integradas efetivamente na comunidade, pelo maior de tempo possível. A pertinência de abordar abertamente o tema da sexualidade na terceira idade, justifica-se pelas atuais mudanças da estrutura etária da população da generalidade das sociedades modernas, como também por estimular a reflexão acerca da vivência da sexualidade, nesta fase da vida. Assim, o conhecimento dos factos e das neces-
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sidades ao nível da sexualidade das pessoas mais idosas representa um assunto a abordar sem tabus ou preconceitos. O envelhecimento, enquanto processo vital, único e individual, é perspetivado e vivenciado de modo muito particular por cada indivíduo. É influenciado por uma multiplicidade de fatores (biológicos, psicológicos, sociais e ambientais), pela sociedade e pelo próprio indivíduo, ao longo do seu percurso de vida. Cada indivíduo é dotado de singularidades e especificidades, conferindo um caráter bastante heterogéneo a esta discussão – a sexualidade na terceira idade. Isto significa que, não se envelhece da mesma forma e ao mesmo ritmo como tal, cada pessoa encara o envelhecimento de forma distinta e a forma como vive a sua sexualidade. Por outro lado, a terceira idade, é compreendida como a última etapa do ciclo de vida e é perspetivada de forma subjetiva por cada pessoa. Chegar até aqui, é um processo inerente ao ser humano que deseja viver muitos anos, sendo por isso, um fenômeno dinâmico. Esta é definida como parte natural do desenvolvimento do ser humano. A partir destas definições, percebe-se que esta etapa, embora caracterizada pela existência de alterações físicas, na sua essência transcende este aspeto, acumulando vivências e experiências das várias etapas da vida.