14 | Dossier sobre sexualidade
Sociedade e sexualidade em idosos Zaida Azeredo1, Assunção Nogueira2 e Ernestina Manuel3 1
Médica de Clínica Geral/Medicina Familiar no Porto, Mestre em Gerontologia Social Aplicada pela Universidade de Barcelona e Doutorada em Saúde Comunitária pelo ICBAS. Membro integrado da RECI/IPiaget Viseu. Enfermeira, Doutorada, Professora Adjunta Principal da ESS do Vale do Sousa (CESPU), Investigadora na
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unidade de investigação IINFACTS, CESPU. 3
Psicóloga em Angola, Mestre em Saúde e Intervenção Comunitária; Doutoranda no ISPA, Membro Investigador da RECI.
Introdução A sexualidade humana faz parte da vida do Homem, exigindo uma maturação e adaptação ao longo de todo o ciclo vital. Assim, a sexualidade vai sofrendo transformações não só à medida que um indivíduo vai envelhecendo, mas também por mudanças socioculturais na sociedade onde este está inserido. A forma como cada idoso vive a sua sexualidade vai depender da sociedade em que se desenvolveu, da família e de sua funcionalidade, do sexo e estado civil, mas sobretudo como viveu em criança e na adolescência a sua própria sexualidade (Pestana & Pascoa 1998). Pode ainda depender de alterações fisiopatológicas que ocorrem com o processo de envelhecimento.
Objetivo Baseado na literatura e na sua experiência profissional as autoras fazem uma reflexão sobre a sexualidade em idosos e seus constrangimentos à sua vivência.
Sexualidade O conceito de sexualidade foi desenvolvido no seculo XIX por Sigmund Freud que com os seus trabalhos defendeu a teoria de que um individuo sofre um processo de desenvolvimento psicossexual (com zonas corporais eróticas específicas) que começa na criança e se estende ao longo de todo o ciclo vital, embora vá tendo expressões diferentes ao longo da vida. Segundo a OMS (2001) a sexualidade é algo que nos motiva para encontrar amor, contacto, ternura e intimidade; ela integrase no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; é ser-se sensual e ao mesmo tempo ser-se sexual. É uma energia que motiva o Homem a encontrar amor, contacto e intimidade. Esta organização considera a sexualidade (saúde sexual) como uma necessidade essencial ao bem-estar físico, psíquico e sociocultural de um indivíduo. O objetivo da sexualidade, é assim, a comunicação e a relação íntima com outra pessoa e não apenas a excitação e descarga da tensão sexual (OMS, 2001). Em 2002 a OMS (OMS, 2002) consultou vários profissionais sobre o conceito de sexualidade tendo resultado a seguinte conclusão: A sexualidade é um aspeto central