Espaço Associação de Farmácias de Portugal | 5
30 anos de proximidade e muitos desafios
Manuela Pacheco Presidente da Associação de Farmácias de Portugal
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Ao longo das últimas décadas, durante as quais exerço a profissão de farmacêutica, tenho assistido a uma enorme evolução em Portugal no que diz respeito à prestação de cuidados de saúde à população.
“É hoje inequívoco que o papel do farmacêutico não se reduz ao de natural fornecedor de medicamentos. Porque as farmácias comunitárias continuam a ser, por diversas vezes, o primeiro e último contacto dos cidadãos com o SNS.”
São inegáveis os inúmeros progressos alcançados em matéria de saúde e que se refletem em indicadores como a esperança média de vida, a taxa de mortalidade infantil ou mesmo o número de doenças que são atualmente controladas graças à existência de novas terapêuticas. Para tal, muito têm contribuído os extraordinários avanços científicos, em concreto a descoberta de novos medicamentos, novas terapias e mais avançadas técnicas e meios de diagnóstico. Mas esta melhoria da prestação de cuidados de saúde em Portugal assenta também no trabalho desenvolvido em articulação pelos diferentes agentes da saúde, nos quais se incluem os farmacêuticos. É hoje inequívoco que o papel do farmacêutico não se reduz ao de natural fornecedor de medicamentos. Porque as farmácias comunitárias continuam a ser, por diversas vezes, o primeiro e último contacto dos cidadãos com o SNS. Hoje, as farmácias comunitárias prestam um conjunto alargado de serviços, onde se incluem o aconselhamento prestado aos utentes; a preparação individualizada de medicamentos; a administração de vacinas; as consultas de acompanhamento de doenças crónicas ou a disponibilização de rastreios e de testes bioquímicos. E a pandemia tem, desde a primeira hora, sublinhado a importância das farmácias comunitárias na nossa sociedade, que chegam onde muitas vezes o SNS não chega. De facto, o contexto que vivemos tornou evidente que o Estado sozinho não tem os recursos necessários para atender a todas as necessidades de saúde da população.
Durante a pandemia, as farmácias comunitárias têm estado na linha da frente do combate ao vírus, tendo acrescentado à lista de serviços prestados a disponibilização de medicamentos hospitalares, a renovação de medicação crónica e, mais recentemente, a testagem da COVID, que contribui para a quebra de cadeias de transmissão e para a mitigação do novo coronavírus. Com este serviço em proximidade, todos os dias as farmácias acompanham os utentes, evitando deslocações desnecessárias aos hospitais, e contribuindo para melhorar as respostas em saúde aos nossos cidadãos. Este ano a Associação de Farmácias de Portugal assinala o seu 30.º aniversário. São trinta anos de desafios, mas sobretudo de muitas conquistas e de enorme crescimento. Lado a lado com as farmácias comunitárias, a AFP tem trabalhado ativamente para aumentar as respostas em saúde e tornar mais igualitário o acesso dos utentes aos cuidados de que necessitam. Ao longo destes trinta anos de existência da AFP, muito mudou e muito foi alcançado. Mas não tenhamos dúvidas de que são ainda muitos os desafios que se colocam ao setor da saúde em Portugal e, em particular ao setor farmacêutico, com vista à melhoria dos cuidados em saúde dos cidadãos.