40 | Dossier sobre cuidados paliativos
Cuidados paliativos onde estamos e onde queremos estar Sara Pinto1, Catarina Simões2 Doutorada em Ciências da Enfermagem, Mestre em Cuidados Paliativos, Enfermeira especialista em Enfermagem;
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Médico-Cirúrgica Pessoa em Situação Paliativa; Professora Adjunta na Escola Superior de Saúde de Santa Maria; Coordenadora do curso de Pós-Graduação em Cuidados Paliativos; Investigadora integrada no CINTESIS - Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde. Doutoranda em Enfermagem, Mestre em Oncologia, Pós-Graduada em Cuidados Paliativos, Enfermeira especialis-
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ta em Enfermagem Médico-Cirúrgica Pessoa em Situação Paliativa e em Enfermagem Comunitária; Professora Adjunta na Escola Superior de Saúde Santa Maria; Coordenadora do Curso de Pós-Licenciatura Especialização Enfermagem Comunitária.
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atual crise pandémica por Covid-19, para além do significativo impacto nos setores económico e social, trouxe ao de cima importantes fragilidades no setor da saúde. Se é verdade que a saúde constitui uma determinante fundamental para a qualidade de vida e conforto da pessoa humana, é igualmente importante ressalvar que nunca os portugueses refletiram tanto sobre a importância dos cuidados de saúde e do respeito pela dignidade da vida humana. Assim, e um pouco por todo o mundo, assistimos no último ano ao aumento exponencial de uma doença de caráter agudo e infecioso, sobre a qual ainda pouco se conhece, mas que tem sido responsável por um elevado número de mortes, muitas vezes em contexto de medicina intensiva e sem a possibilidade de um contacto ou despedida com os entes queridos.[1-2] Podemos hoje afirmar que a pandemia por Covid-19 veio documentar o impacto do isolamento
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nos setores da economia, na saúde mental mas, sobretudo, a vulnerabilidade de toda a vida humana, nas diversas fases do ciclo de vida, e a complexidade das necessidades de cuidados dos nossos doentes em múltiplos contextos. Estas determinantes relembram-nos a importância dos pilares de atuação em Cuidados Paliativos (CP) que, não sendo novos, têm vindo a assumir um novo relevo: controlo de sintomas, comunicação eficaz, trabalho em equipa e cuidado à família, no qual se inclui o apoio no luto. Neste contexto, importa aqui relembrar que muito embora os CP sejam hoje considerados como um direito humano fundamental, continuam a constituir um importante problema de saúde na medida em que continuam a existir profundas assimetrias na provisão e no acesso a CP de qualidade.[3]
“Podemos hoje afirmar que a pandemia por Covid-19 veio documentar o impacto do isolamento nos setores da economia, na saúde mental mas, sobretudo, a vulnerabilidade de toda a vida humana, nas diversas fases do ciclo de vida (...)”