18 | Dossier sobre Nutrição
Obesidade no idoso: poderá ser benéfica? Médico interno de Medicina Geral e Familiar. USF Terras de Cira – Vila Franca de Xira
A
Luís Paulo Costa
obesidade tem implicações funcionais na população idosa, uma vez que pode exacerbar o declínio da capacidade física associada ao envelhecimento. A capacidade funcional do idoso, particularmente no que diz respeito à mobilidade, está significativamente comprometida em idosos obesos e com excesso de peso em relação a idosos com peso normal[1]. Sabe-se que a nutrição adequada é fundamental na promoção e manutenção da saúde, independência e autonomia dos idosos. A prevalência da obesidade nos idosos é um problema que requer preocupação. Estima-se que, em Portugal, 44,3% dos idosos apresentam excesso de peso e 38,9% têm obesidade[1]. O envelhecimento está associado ao aumento da massa gorda e a mudanças no seu padrão de distribuição. Ocorre um aumento de 20 a 30% na gordura corporal total e uma modificação na sua distribuição, tendendo à localização mais central, abdominal e visceral[3]. Classicamente, no sexo feminino, há mais tendência à deposição visceral, na região glú“O excesso de peso poderá ter algum tea e coxas, e nos hobenefício nos idosos[2], no entanto é mens localiza-se mais importante reconhecer e controlar as na região abdominal. O comorbilidades diretamente relacionadas envelhecimento assocom o excesso de peso, assim como evitar cia-se também a uma ganhos ou perdas involuntárias de peso.” maior infiltração de te-
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cido adiposo no fígado e nos músculos, que por sua vez se relacionam com insulinorresistência e intolerância à glicose. Além do aumento da massa gorda, o envelhecimento leva também a uma redução de 20 a 30% da massa muscular (sarcopénia) e da massa óssea (osteopénia/osteoporose). Estas alterações são observadas mesmo na ausência de alterações no peso corporal e no Índice de Massa Corporal (IMC). Desta forma, na população idosa, tanto o IMC como outros índices de obesidade devem ser interpretados com algum cuidado[2]. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda uma alteração na interpretação do IMC em idosos. Os pontos de corte de IMC que devem ser utilizados para a avaliação do estado nutricional dos idosos são: baixo peso (IMC <22 kg/m2), peso normal (IMC entre 22 a 27 kg/m2) e excesso de peso (IMC >27 kg/m2)[3]. A prevalência de muitas das complicações associadas à obesidade como Hipertensão Arterial (HTA), Diabetes Mellitus (DM), doença cardiovascular, Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) - também aumenta durante o envelhecimento. Vários estudos têm demonstrado que o excesso de peso em doentes idosos não se associa com aumento da mortalidade geral. Há alguns estudos que demonstram que o ex-